'Rainha da maçã do amor': como empreendedora transformou doces em negócio de R$ 10 mil por mês
Confeiteira fatura R$ 10 mil por mês com receita especial de maçã do amor
Em Araraquara, no interior de São Paulo, a confeiteira encontrou na simplicidade da maçã uma receita de sucesso.
Especialista no preparo da tradicional maçã do amor – agora com cores e acabamentos personalizados –, ela se tornou referência em festas e eventos da cidade, faturando cerca de R$ 10 mil por mês.
A história começou de forma inesperada. Prestes a se casar, buscava uma fonte extra de renda para custear a festa e decidiu vender doces.
“Me encantei com o suspiro, fui na internet, peguei uma receita e executei. Não casei, mas ganhei uma nova profissão”, lembra. O doce leve e de baixo custo foi o impulso para mergulhar no empreendedorismo, levando-a a fazer cursos e investir R$ 10 mil no negócio.
O sucesso maior, no entanto, veio com a maçã do amor. Insatisfeita com as versões tradicionais, ela se juntou a um grupo de confeiteiras de várias partes do Brasil em busca do “caramelo perfeito” – aquele que não derrete e mantém o brilho por mais de 24 horas.
Confeiteira fatura R$ 10 mil por mês com receita especial de maçã do amor
Reprodução/Tv Globo
Após muita pesquisa e testes, a receita ideal foi alcançada. Hoje, oferece maçãs personalizadas nas cores que o cliente quiser, e seu nome virou sinônimo do doce na cidade.
Para impulsionar as vendas, aposta nas redes sociais e parcerias com influenciadores locais. Também surfa em novas tendências, como o “morango do amor”, que rendeu vídeos com mais de meio milhão de curtidas.
Além da produção, aprendeu a precificar de forma estratégica, levando em conta todos os custos e insumos para garantir lucro.
O próximo passo é conquistar seu próprio ateliê, ampliar a produção e oferecer cursos para outras mulheres que desejam independência financeira.
“Eu busco muito. Parece que o que eu tenho ainda não é suficiente. Quero mais”, diz a confeiteira, que há quase uma década transforma açúcar, cor e criatividade em inspiração – e em um negócio cada vez mais doce.
Confeiteira fatura R$ 10 mil por mês com receita especial de maçã do amor
Reprodução/Tv Globo
Suspirando Suspiros
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Mega-Sena pode pagar R$ 3,5 milhões nesta quinta-feira
Mega-Sena
Marcelo Brandt/G1
O concurso 2.904 da Mega-Sena pode pagar um prêmio de R$ 3,5 milhões para os acertadores das seis dezenas. O sorteio ocorre às 20h desta quinta-feira (21), em São Paulo.
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No concurso da última terça (19), um bolão de 15 cotas levou o prêmio de R$ 63 milhões.
A aposta mínima para a Mega-Sena custa R$ 6 e pode ser realizada também pela internet, até as 19h – saiba como fazer a sua aposta online.
A Mega tem três sorteios semanais: às terças, quintas e sábados.
Entenda como funciona a Mega-Sena e qual a probabilidade de ganhar o prêmio
Para apostar na Mega-Sena
As apostas podem ser realizadas até as 19h (horário de Brasília) em qualquer lotérica do país ou por meio do site e aplicativo Loterias Caixa, disponíveis em smartphones, computadores e outros dispositivos.
É necessário ter 18 anos ou mais para participar. O pagamento, nesse caso, é realizado de forma online, com opção via PIX.
Probabilidades
A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada. Para um jogo simples, com apenas seis dezenas, que custa R$ 6, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa.
Já para uma aposta com 20 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 232.560,00, a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 1.292, ainda de acordo com a instituição.
Petrobras: Pietro Mendes, presidente do conselho de administração, renuncia ao cargo
Lula diz que Magda parece 'frágil', mas elogia competência da presidente da Petrobras
A Petrobras comunicou nesta quarta-feira (20) que recebeu a renúncia de Pietro Mendes aos cargos de presidente do conselho de administração e de membro do colegiado, conforme divulgado em fato relevante ao mercado.
A petroleira acrescentou que, de acordo com seu estatuto social, o conselho poderá eleger um substituto em eleição válida até a realização da próxima assembleia geral.
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A renúncia ocorre após o Senado Federal aprovar, na véspera, a indicação de Mendes para o cargo de diretor na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Em nota, a Petrobras afirmou que, ao deixar a companhia, Mendes agradeceu aos colegas de conselho, aos membros da diretoria executiva — liderados pela presidente da estatal, Magda Chambriard — e às demais equipes.
Pietro Mendes ocupava a presidência do conselho de administração da Petrobras desde abril de 2023, após eleição em assembleia de acionistas.
Ele também exerce o cargo de secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, no Ministério de Minas e Energia.
Pietro Mendes, em evento no Rio de Janeiro, em outubro de 2023.
Tomaz Silva/Agência Brasil
* Com informações da agência de notícias Reuters.
X, de Elon Musk, acusa Brasil de violar acordo jurídico com os EUA em ordens que exigem dados de usuários
Brasil responde à acusação dos EUA e nega práticas desleais de comércio
A rede social X, do bilionário Elon Musk, afirmou na terça-feira (19) que decisões da Justiça brasileira ignoram um acordo jurídico entre o Brasil e os Estados Unidos e colocam em risco a liberdade de expressão.
A empresa enviou comentários ao Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), que investiga o Brasil a pedido do presidente americano Donald Trump, sob alegação de "práticas comerciais desleais" contra os EUA.
O governo brasileiro enviou sua resposta ao USTR na segunda-feira (18), afirmando que não adota políticas discriminatórias, injustificáveis ou restritivas ao comércio com os EUA e que não há base jurídica ou factual para a imposição de sanções.
Em comunicado na rede social, o X disse que expressou "sérias preocupações quanto à necessidade de proteção da liberdade de expressão e aplicação justa [da lei] no Brasil".
"Os tribunais brasileiros estão ignorando o Tratado de Assistência Jurídica Mútua (MLAT) entre os EUA e o Brasil, forçando subsidiárias locais a entregar dados e comunicações – mesmo de usuários americanos – sem canais diplomáticos e mesmo que isso infrinja a lei americana".
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O X criticou ordens do Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender perfis e bloquear valores da Starlink, outra empresa de Elon Musk. A rede social disse que o "efeito cumulativo tem sido uma deterioração do ambiente regulatório e judicial para serviços digitais no Brasil".
A empresa alegou ainda que decisões judiciais recentes estão "minando" o Marco Civil da Internet, em referência ao julgamento no STF do artigo 19 da lei. O trecho diz que redes sociais são responsáveis pela postagem de um usuário se descumprirem ordem judicial que obrigue a derrubada do conteúdo.
O STF decidiu que o artigo 19 do Marco Civil da Internet é parcialmente inconstitucional e listou mais sete casos em que as plataformas devem derrubar posts criminosos por conta própria, isto é, sem precisar esperar uma ordem judicial.
"Essas novas decisões judiciais, que anulam aspectos significativos do MCI, ameaçam a liberdade de expressão, bem como o comércio digital nos EUA", disse o X.
"Isso aumenta os custos de compliance, incentiva a censura excessiva e coloca em risco a liberdade de expressão, inclusive para usuários dos EUA."
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Porto de Santos registrou recorde de contêineres às vésperas do tarifaço
O Porto de Santos, registrou movimentação recorde de contêiners em julho. Segundo a Autoridade Portuária de Santos (APS), parte desse resultado reflete o aumento de exportações motivado pelo anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de elevar a alíquota a 50% à compra de produtos brasileiros exportados ao país norte-americano. A medida entrou em vigor no início de agosto. De acordo com o levantamento da Autoridade Portuária, foram movimentados em julho 534,7 mil TEU (medida padrão para contêineres), o que representa aumento de 8,5% quando comparado ao mesmo período de 2024. No acumulado no ano, foram 3,3 milhões TEU, crescimento de 7,9% em relação aos primeiros sete meses do ano passado. O Porto de Itajaí, em Santa Catarina, também administrado pela Autoridade Portuária de Santos, acompanhou o aumento de exportações de cargas em julho. Segundo os dados, a movimentação de mercadorias registrou aumento de 29,3% em relação ao no mesmo mês em 2024. Cargas Levantamento da Autoridade Portuária aponta que o total de cargas movimentadas em julho foi o melhor mês da história, registrando 17,4 milhões de toneladas. Em julho de 2024, por exemplo, foram 16,4 milhões de toneladas. O chamado complexo de soja (grãos e farelo) destacou-se com 4,6 milhões de toneladas de soja embarcadas, o que significa um crescimento de 39,3% em relação ao mesmo período do ano passado. A celulose também foi um produto com números expressivos, com 836 mil toneladas (+26,5%). No setor de combustíveis, o destaque foi o óleo combustível, com 290 mil toneladas, um aumento de 12,4%. Desembarques Sobre os desembarques, o Porto de Santos teve crescimento de 1,4% em julho. "O total de cargas movimentadas no Porto de Santos em 2025, considerando embarques e desembarques, teve uma ligeira variação positiva de 0,1%, com o total de 105,7 milhões de toneladas", diz informe da Autoridade Portuária. Comércio exterior Os dados também apontam que a China continua como o principal parceiro comercial do Brasil, respondendo por 30,3% das transações feitas no Porto de Santos.
Alckmin anuncia alívio de ‘tarifaço’ dos EUA para produtos brasileiros derivados do aço e do alumínio
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O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), anunciou nesta quarta-feira (20) um alívio nas tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras derivadas do aço e do alumínio.
Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, participou de uma reunião na Câmara dos Deputados com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), para apresentar um conjunto de projetos de interesse do comércio exterior brasileiro.
Ao final do encontro, Alckmin anunciou a medida tomada pelo Departamento de Comércio dos EUA, que enquadrou exportações que contêm aço e alumínio na Seção 232 do Ato de Expansão Comercial.
“Isso melhora nossa competitividade na área industrial”, explicou o vice-presidente.
Aço e o alumínio já estavam sendo taxados em 50% pela tarifa anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Agora, os produtos quem têm aço e alumínio em sua composição também entram nesta taxa.
Geraldo Alckmin durante assinatura de MP que concede isenção da taxa de serviço metrológico para verificação de taxímetros.
Mateus Bonomi/Estadão Conteúdo
Isso significa que os produtos brasileiros vão pagar a mesma tarifa de outros países, o que melhora a competitividade dos manufaturados.
O vice-presidente ressaltou que máquinas, equipamentos e motocicletas estão entre os produtos mais impactados com a medida. Segundo Alckmin, o alívio atingirá US$ 2,6 bilhões dos US$ 40 bilhões exportados para os EUA, ou seja, 6,4% do total das exportações.
“Fizemos a conta e dá US$ 2,6 bilhões de inserção de aço e alumínio nas exportações brasileiras, de US$ 40 bilhões de dólares, ou seja, 6,4% das exportações saem dos 50% e vão para a sessão do 232, o que torna igual nossa competitividade com o resto do mundo. Isso vai dar uma melhor na competitividade industrial”, disse.
O tarifaço de Trump
O governo dos Estados Unidos anunciou um tarifaço sobre produtos brasileiros, impondo uma sobretaxa de 40% que eleva a alíquota total para 50%. A medida foi justificada pelo presidente Donald Trump como uma resposta a ações do governo brasileiro que, segundo ele, ameaçam a segurança nacional e a democracia americana.
Apesar de uma lista com quase 700 exceções, diversos produtos estratégicos da balança comercial brasileira foram incluídos na tarifa. Entre os mais afetados estão o café, a carne bovina e frutas como manga, uva e açaí.
Por outro lado, alguns produtos foram poupados da sobretaxa. Entre os itens isentos estão aeronaves civis e peças, veículos de passageiros, smartphones, fertilizantes, petróleo, gás natural, suco de laranja, castanha-do-brasil, ouro, prata, alumina, ferroníquel, livros, filmes e obras de arte.
O governo brasileiro já sinalizou que prepara medidas para mitigar os impactos econômicos da decisão americana, com foco nos setores mais atingidos pelas tarifas. A expectativa é de que o tarifaço afete significativamente as exportações brasileiras, especialmente nos segmentos agrícola e de proteína animal.
Ministério alerta para risco de retrocesso ambiental com decisão do Cade que suspende Moratória da Soja
Lavoura de soja em Roraima
Neto Figueredo/Secom/Divulgação
A suspensão preventiva da Moratória da Soja, determinada pela Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), gerou reação no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). O órgão afirma que a moratória teve resultados incontestáveis e foi fundamental na proteção da Amazônia.
➡️O que é a Moratória da Soja? Assinada em 2006, busca proteger a floresta amazônica ao impedir que traders de soja (empresas que comercializam o grão) comprem de produtores que tenham desmatado áreas na região após julho de 2008. O acordo foi firmado entre associações de produtores, empresas e organizações da sociedade civil, com apoio governamental.
O Cade determinou que os traders suspendam o acordo dentro de 10 dias, sob pena de multas pesadas. A medida foi tomada sob alegação de indícios de práticas anticompetitivas.
O MMA manifestou preocupação e afirmou que o compromisso, em vigor há quase duas décadas, apresenta resultados consistentes na proteção ambiental. "A perenidade do acordo indica seu sucesso e a ausência de elementos que possam, por si só, caracterizar um cartel de compra que motive uma medida preventiva", afirma o MMA.
Resultados da moratória
De acordo com os dados divulgados pelo ministério, entre 2006 e 2023 a área plantada de soja na Amazônia cresceu 427%, sem provocar novos desmatamentos. No mesmo período, a expansão em outras regiões do país foi de 115%. O levantamento aponta ainda que 97,6% do desmatamento registrado no bioma não teve relação com a soja.
"Os resultados alcançados são incontestáveis", afirma o ministério. "Longe de restringir o mercado, o acordo contribuiu para consolidar a imagem do Brasil como fornecedor confiável de soja produzida sem desmatamento e violações socioambientais."
O pacto estabelece três regras principais:
Utilização apenas de áreas consolidadas de desmatamento, conforme previsto no Código Florestal;
exclusão de áreas embargadas por infrações ambientais; e
proibição de produção em locais com trabalho em condições análogas à escravidão.
Disputa entre concorrência e meio ambiente
Na nota, o MMA ressalta que a Constituição de 1988 garante tanto a livre concorrência quanto a defesa do meio ambiente, e critica uma interpretação que privilegie apenas o aspecto econômico. O ministério argumenta que a experiência da Moratória da Soja mostrou ser possível aumentar a produtividade agrícola sem novos desmatamentos e com respeito à legislação.
Segundo a agência Reuters, a decisão do Cade foi motivada por uma investigação preliminar, após solicitação feita pelo comitê de agricultura da Câmara dos Deputados em agosto de 2024.
Em dezembro, a Aprosoja-MT, que representa produtores do grão no estado, fez uma denúncia contra a moratória no conselho.
Segundo a decisão, as medidas preventivas do Cade devem ser adotadas pelo grupo de trabalho da Moratória da Soja, que inclui Anec, Abiove e 30 empresas de grãos signatárias do programa.
A decisão também proíbe que os exportadores de soja coletem, compartilhem, armazenem e divulguem informações comercialmente sensíveis relacionadas ao comércio de soja e aos produtores com os quais mantêm negócios.
Governador fala sobre crescimento da soja em Roraima
Concurso da PF: consulta aos gabaritos definitivos é liberada; veja como acessar
Polícia Federal em Brasília
Divulgação/PF
Foi disponibilizada nesta quarta-feira (20) a consulta individual aos gabaritos oficiais definitivos das provas objetivas e ao caderno de provas do concurso da Polícia Federal.
O processo seletivo ofereceu 1 mil vagas para cargos administrativos, com remuneração de até R$ 26,8 mil. Com a divulgação dos resultados, os candidatos já podem verificar seu desempenho e se preparar para as próximas etapas. (veja o cronograma abaixo)
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A consulta deve ser feita diretamente no site do Cebraspe, banca organizadora do concurso.
Os candidatos que desejarem contestar o resultado provisório da prova poderão apresentar recurso até as 18h do dia 22 de agosto, também pelo site da banca.
As justificativas para alterações ou anulações dos gabaritos preliminares serão divulgadas em 27 de agosto.
O resultado final da prova discursiva está previsto para 5 de setembro. Nessa mesma data, será publicada a convocação para o Teste de Aptidão Física (TAF) e para a etapa de Investigação Social, ambas integrantes do processo seletivo.
As provas foram aplicadas em 29 de junho, nas 27 capitais do país.
📆Cronograma do concurso
Avaliação biopsicossocial e procedimento de heteroidentificação: 14/9/2025
Documentação para o desempate de notas: 15 e 16/10/2025
Resultado final no concurso: 5/11/2025
Polícia Federal publica edital com mil vagas e salários de até R$ 26,8 mil
'Febre' do Labubu deve fazer receita da Pop Mart chegar a US$ 4 bilhões em 2025
Labubu ou Lafufu? Saiba como diferenciar os monstrinhos
O diretor-presidente da Pop Mart, Wang Ning, afirmou na quarta-feira (20) que a empresa de brinquedos está no caminho para atingir a meta de receita de 20 bilhões de yuans (US$ 2,78 bilhões) em 2025 e que “30 bilhões (US$ 4,18 bilhões) neste ano também devem ser bastante fáceis”.
Fundada por Wang em 2010, a companhia divulgou na véspera resultados semestrais recordes. A fabricante da boneca Labubu registrou lucro líquido quase 400% maior, impulsionado pela forte demanda.
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Na quarta-feira, a Pop Mart foi a ação mais negociada em volume financeiro na Bolsa de Hong Kong. Os papéis avançaram mais de 12,5%, alcançando o maior fechamento desde a estreia da companhia no pregão, em dezembro de 2020.
Executivos também informaram que a empresa avalia expandir para mercados emergentes no Oriente Médio, Europa Central e América Latina.
“Em relação aos mercados internacionais, seguimos muito otimistas e acreditamos que ainda há amplo espaço para crescimento”, disse Wang. Ele acrescentou que, neste ano, as vendas na América do Norte e na Ásia-Pacífico devem, juntas, igualar as vendas da China em 2024.
Nos Estados Unidos, onde a companhia já possui cerca de 40 lojas, Wang afirmou que a Pop Mart entrará em uma fase de “abertura relativamente rápida de lojas” nos próximos um ou dois anos, com a previsão de inaugurar outras dez unidades até o fim de 2025.
O principal negócio da Pop Mart é a produção e venda de brinquedos colecionáveis, muitos desenvolvidos em parceria com artistas e comercializados em blind boxes — caixas-surpresa que custam entre US$ 10 e US$ 20, sem revelar ao consumidor qual versão do brinquedo está dentro.
O personagem Labubu, sorridente integrante da série The Monsters, criada por Kasing Lung, tornou-se um fenômeno global, conquistando celebridades como Rihanna e David Beckham. Até agora mais popular como acessório de bolsa, o brinquedo ganhará nesta semana uma versão mini, que pode ser acoplada a celulares.
Segundo a empresa, a série The Monsters arrecadou 4,81 bilhões de yuans (US$ 669,9 milhões) no primeiro semestre, representando 34,7% da receita total. Outras quatro linhas superaram 1 bilhão de yuans no período, incluindo Molly e Crybaby.
“Esperamos reposições de séries existentes e o lançamento de novas edições para sustentar o crescimento dos lucros no segundo semestre. Ainda assim, acreditamos que as ações seguem supervalorizadas, já que investidores ignoram o alto risco do negócio no longo prazo”, avaliou o analista Jeff Zhang, da Morningstar.
No acumulado do ano, os papéis da Pop Mart já saltaram mais de 230%, tornando a companhia mais valiosa que tradicionais gigantes do setor, como a fabricante da Barbie, Mattel (MAT.O), e a controladora da Hello Kitty, Sanrio (8136.T), com valor de mercado acima de US$ 50 bilhões.
O próximo objetivo da Pop Mart é construir um império nos moldes da Disney. Executivos afirmaram que a empresa está otimista quanto a oportunidades de levar seus personagens para filmes de animação e parques temáticos — ainda que, no curto prazo, essas iniciativas não devam gerar receitas diretas significativas.
Em busca de pauta positiva, Lula reúne ministros e tenta avançar com novo programa de distribuição de gás
Haddad confirma reunião com Lula para tratar de programa de distribuição de gás
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta quarta-feira (20) com ministros no Palácio da Alvorada para avançar nos preparativos do lançamento do programa Gás para Todos, idealizado para ampliar a distribuição de gás de cozinha a famílias de baixa renda.
Participaram do encontro na residência oficial da Presidência os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia), Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Sidônio Palmeira (Secom) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social), além dos presidentes do BNDES, Aloizio Mercadante, do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, e da Petrobras, Magda Chambriard.
Quaest: Lula se recupera entre os mais pobres
🔥O governo pretende lançar em setembro essa nova modalidade do Auxílio Gás, na qual as famílias beneficiadas poderão retirar o botijão. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou em recentes entrevistas a rádios da Bahia que o programa deve ser lançado em duas semanas.
A previsão anterior era ter lançado o Gás para Todos no começo de agosto, porém o ato foi adiado. Agora, Lula e ministros tentam fechar os detalhes para realizar o anúncio oficial do programa.
📈O Gás para Todos é considerado por auxiliares de Lula uma das principais apostas para ampliar a popularidade do presidente, em especial no próximo ano, quando o petista deve disputar a reeleição.
Saiba como economizar o gás de cozinha
💵Em entrevistas anteriores, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o programa deve beneficiar cerca de 17 milhões de famílias. A gratuidade no botijão deve ser limitada a um benefício por família.
Atualmente, o governo já conta com o Auxílio Gás, que diminuem o valor do botijão para famílias de baixa renda.
O governo vai ampliar o programa com uma nova modalidade do auxílio, direcionada para famílias inscritas no Cadastro Único, com renda igual ou inferior a meio salário mínimo por pessoa.
O benefício será exclusivo para retirada do botijão, sem a possibilidade da família utilizar o recurso em outro tipo de gasto.
As revendedoras de gás receberão pelo botijão um valor de referência regionalizado definido pelo governo.
Presidente Lula, em foto de agosto de 2025
Ricardo Stuckert/PR
'Beira do precipício': China aumenta compras de soja do Brasil e produtores dos EUA pedem ajuda a Trump
Colheita da soja no Brasil
Jaelson Lucas/Arquivo AEN
A Associação Americana de Soja enviou uma carta a Donald Trump dizendo que, após o tarifaço, a China trocou o grão norte-americano pelo brasileiro. No documento enviado na terça-feira (19), os produtores pedem que o presidente priorize o cultivo nas negociações com os chineses.
As compras de soja brasileira pela China realmente subiram, sendo 13,9% em julho, em comparação ao mesmo mês do ano passado, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (20) pela Administração Geral de Alfândega do país asiático.
Ao todo, a China importou 10,39 milhões de toneladas de soja do Brasil em julho, contra 9,12 milhões no mesmo mês de 2024. O volume representou 89% de todas as compras do país.
No mesmo período, as importações chinesas de soja dos Estados Unidos caíram 11,5%. Elas somaram 420,8 mil toneladas em julho, abaixo das 475,3 mil registradas no ano passado.
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"Devido à retaliação tarifária em curso, nossos clientes de longa data na China recorreram e continuarão a recorrer aos nossos concorrentes na América do Sul para atender à sua demanda. Uma demanda que o Brasil pode atender devido ao aumento significativo da produção desde a guerra comercial anterior com a China", afirmam os produtores.
De acordo com o documento, a soja norte-americana atualmente enfrenta uma tarifa 20% maior do que a soja da América do Sul nas compras chinesas.
"Infelizmente para os nossos produtores de soja, a China firmou um contrato com o Brasil para atender às necessidades dos próximos meses, evitando a compra de soja dos Estados Unidos", completa.
A associação diz ainda que os agricultores norte-americanos "estão à beira de um precipício comercial e financeiro”.
"Os produtores de soja dos EUA não podem sobreviver a uma disputa comercial prolongada com nosso maior cliente”, afirmou o presidente da associação, Caleb Ragland.
Os agricultores podem para que Trump coloque um fim nas tarifas retaliatórias da China e que feche um compromisso significativo de compra do produto.
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"As importações elevadas foram impulsionadas pela forte oferta brasileira e pelas preocupações persistentes com o comércio entre os EUA e a China, que estimularam a formação de estoques", disse Liu Jinlu, pesquisador agrícola da Guoyuan Futures a agência de notícia Reuters.
"Os riscos para o cenário estão nas negociações comerciais entre os EUA e a China e o impacto das políticas domésticas de controle da capacidade de suínos sobre a demanda", acrescentou.
Entre janeiro e julho, a China comprou 42,26 milhões de toneladas de soja do Brasil, queda de 3% em relação ao ano passado. Já as importações dos EUA subiram 31,2%, chegando a 16,57 milhões de toneladas.
Em julho, a China também importou 561 mil toneladas de soja da Argentina. De janeiro a julho, as compras somaram 672,6 mil toneladas, alta de 104,7% na comparação anual.
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Exportações de frango podem cair neste ano, mas vendas de ovos devem disparar, diz associação
Ovo
Unsplash / Mads Eneqvist
As exportações de frango do Brasil devem cair até 2% em volume, em 2025, para 5,2 milhões de toneladas, na comparação com o ano passado, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Entre janeiro e julho, a queda foi de 1,7%.
A previsão ocorre em meio aos embargos ao frango do país após um caso de gripe aviária em uma granja comercial em Montenegro (RS), em maio deste ano. Em junho, o Brasil se declarou livre da doença.
Apesar de o caso já ter sido encerrado e de o país não ter tido mais nenhum registro da doença em granja comercial, grandes importadores como a China e a União Europeia mantêm o bloqueio ao produto nacional.
De janeiro a julho, as exportações brasileiras de frango para os chineses caíram 32,2% em relação a 2024.
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Mesmo assim, a entidade prevê que as vendas a outros países devem voltar a crescer em 2026, em torno de 5,8%.
Ainda não há previsão de retomada das compras por China e União Europeia. Segundo o presidente da ABPA, Ricardo Santin, os chineses estão analisando documentos enviados pelo governo brasileiro.
Santin explicou que a China ainda tem estoques de frango e que está com uma boa produção, o que tem mantido os preços estáveis dentro do país.
Mas que, em algum momento, terá que voltar a comprar carne do Brasil, pois não será capaz de substituir o volume do consumo interno sem a carne nacional.
Um caso emblemático é o caso do pé de galinha, produto que a China produz bem menos do que o volume importado de outros países.
O Chile, por sua vez, informou que deve voltar a comprar nesta ou na próxima semana.
Enquanto isso, a produção nacional de frango deve continuar em expansão. A previsão é que ela cresça até 3% em 2025 e outros 2% em 2026.
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Vendas de ovos batem recorde antes do tarifaço
Ao contrário do frango, as exportações de ovos devem fechar o ano com crescimento recorde de 116,6% em relação a 2024, impulsionadas pela demanda dos EUA, que perdeu milhares de aves pela gripe aviária.
De janeiro a julho, as exportações de ovos para os EUA dispararam 1.419,3%, com 18.976 toneladas enviadas. O faturamento chegou a US$ 41 milhões.
O presidente da ABPA destacou que o crescimento nas vendas ocorreu antes do tarifaço de 50% imposto pelo presidente americano Donald Trump. "A gente não sabe em qual patamar vão ficar as exportações para os EUA após o tarifaço", disse Santin.
Mesmo assim, ele afirmou que a produção americana segue baixa.
Os norte-americanos também respondem por 2% das exportações globais de suinocultura do Brasil. É um percentual pequeno, mas que representou a entrada de USS 33 milhões ao setor brasileiro neste ano. "Não queremos perder isso", afirmou o presidente da ABPA.
O setor também trabalha com o governo brasileiro para tentar reverter o tarifaço.
Para 2026, a ABPA prevê crescimento menor, de 12,5%, nas exportações de ovos.
A produção nacional de ovos também deve continuar crescendo. Para este ano, a previsão é de alta de 7,5% e, para 2026, de 4,8%
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Ministério da Agricultura suspende uso de lotes de vacina após morte de mais de 100 animais no Piauí
Ministério da Agricultura suspende utilização da vacina Excell L10
O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) suspendeu, de forma imediata, o uso da vacina Excell 10, dos lotes 016/2024 e 018/2024. A medida foi tomada após a morte repentina de mais de 100 animais — entre bovinos, caprinos e ovinos — nos municípios de Simões e Curral Novo do Piauí.
A suspeita de que as mortes estejam ligadas à vacinação contra clostridiose está sendo investigada pelo MAPA, pela Agência de Defesa Agropecuária do Piauí (Adapi) e pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Até o momento, a causa exata das mortes não foi confirmada.
🔎 Clostridiose é o nome dado a doenças causadas por bactérias do gênero Clostridium, que podem provocar morte súbita em animais.
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O laboratório Dechra Brasil, responsável pela produção da vacina Excell 10, afirmou em nota que está apurando o caso com os órgãos competentes. Como precaução, suspendeu a distribuição dos lotes 016/2024 e 018/2024.
Com a decisão do MAPA, o uso da vacina está proibido mesmo nos casos em que o produto já havia sido adquirido antes da suspensão.
“Solicita-se aos Órgãos Executores de Sanidade Agropecuária alertar aos médicos veterinários, produtores rurais e revendedores de produtos veterinários sobre a necessidade de suspender imediatamente o uso”, reforça a nota de alerta.
O MAPA orienta que novos casos suspeitos sejam comunicados pelo canal FalaBR, disponível no site falabr.cgu.gov.br. Segundo o ministério, não há registros de problemas em outros lotes da vacina.
Mortes começaram em julho
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Rural de Simões, Rosenalvo Coelho, as mortes começaram a ocorrer cerca de 10 dias após a vacinação, em julho de 2025. No município, 11 produtores foram afetados.
O gestor afirma que além de Simões, os municípios de Curral Novo do Piauí, Jatobá do Piauí, São Francisco de Assis do Piauí e os estados de Sergipe, Rio Grande do Norte e Maranhão registraram mortes.
A Adapi informou que amostras dos animais mortos foram enviadas para análise na Universidade Federal do Piauí (UFPI) e na Universidade Estadual do Ceará (UECE). Os resultados devem ser divulgados em até 30 dias.
Veja nota da Dechra Brasil na íntegra
A Dechra Brasil informa que recebeu relatos de reações vacinais principalmente em caprinos e ovinos após a administração do produto Excell 10, lotes 016/24 e 018/24. As manifestações observadas incluem edema no local da aplicação, febretransitória, apatia, variando em intensidade e duração.
No momento, nossas equipes técnica e de qualidade estão conduzindo investigações detalhadas juntamente com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para identificar eventuais causas. De maneira preventiva, estamos solicitando que sejam interrompidas as vendas dos lotes 016/24 e 018/24 de Excell 10.
Estamos acompanhando a situação com máxima atenção e já tomamos todas as providências necessárias para identificar as causas. As análises estão em andamento e trabalhamos para que os resultados e atualizações sejam divulgados o mais breve possível.
Reiteramos nosso compromisso com a qualidade, eficácia e segurança de nossos produtos e com o apoio técnico aos profissionais e criadores que confiam em nossa marca.
Ovinos e caprinos são os mais afetados com a situação
Reprodução
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Paraná anuncia redução de 45% na alíquota do IPVA a partir de 2026; veja simulação por valor de veículo
Paraná anuncia redução de 45% na alíquota do IPVA a partir de 2026
O Governo do Paraná anunciou, na manhã desta quarta-feira (20), a redução de 45% na alíquota do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) a partir de 2026.
A redução será de 3,5% para 1,9% sobre o valor venal dos veículos e deve beneficiar cerca de 3,4 milhões de proprietários em todo o estado, conforme o governo. O projeto de lei será encaminhado à Assembleia Legislativa. Veja exemplos abaixo.
Fazem parte desse grupo automóveis, motocicletas acima de 170 cilindradas, caminhonetes, camionetas, ciclomotores, motonetas, utilitários, motorhomes, triciclos, quadriciclos e caminhões-tratores.
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Um veículo avaliado em R$ 50 mil, por exemplo, atualmente paga R$ 1.750 de IPVA. Com a nova base de cálculo, o imposto será de R$ 950.
A medida não altera a alíquota de veículos com valores diferenciados. Ônibus, caminhões, veículos de aluguel, utilitários de carga ou movidos a gás natural veicular (GNV) continuarão tributados em 1%.
Trânsito, IPVA, licenciamento, gravame, radar, multas, Paraná, Curitiba, semáforo, fiscalização, carros, Detran-PR, velocidade
Albari Rosa/Aen
Durante o anúncio, o governador Ratinho Junior (PSD) destacou que, com a mudança, o Paraná passará a ter a menor alíquota de IPVA do Brasil.
"O cidadão que vai ter o desconto de 45% vai poder usar pra pagar o seu IPTU, comprar o material escolar do seu filho, pra viajar pra praia, gastar no comércio, pagar uma conta de luz, de água. É um dinheiro que fica direto pro cidadão", disse.
O valor venal considerado para o cálculo continua sendo definido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), com base em levantamentos regionais de mercado divulgados anualmente.
Os donos de motocicletas com até 170 cilindradas não pagam IPVA
10:10
"Nós temos a noventena tributária, que é necessário sempre fazer com antecedência, nós vamos enviar para a Assembleia Legislativa essa análise, acredito que não vai ter problema [...] Assim que for aprovado, em janeiro entra em vigor
Equilíbrio fiscal
Para compensar a perda de arrecadação e manter o equilíbrio das contas públicas, o governo anunciou que fará algumas alterações no IPVA 2026.
Uma das mudanças será o aumento da multa por atraso do pagamento do imposto, que passará de 10% para 20%.
A cobrança de juros de mora e a multa diária de 0,33% ao dia (acrescida da taxa Selic) permanecem, mas a penalidade fixa de 20% será aplicada após 30 dias de atraso.
O estado espera aumentar a repatriação de veículos que são registrados em outros estados, principalmente em Santa Catarina, onde a alíquota é de 2%.
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Exemplos:
Valor do veículo - valor do imposto (de 3,5% para 1,9%)
R$ 35 mil - de R$ 1.225 para R$ 665
R$ 40 mil - de R$ 1.400 para R$ 760
R$ 45 mil - de R$ 1.575 para R$ 855
R$ 48 mil - de R$ 1.680 para R$ 912
R$ 50 mil - de R$ 1.750 para R$ 950
R$ 60 mil - de R$ 2.100 para R$ 1.140
R$ 80 mil - de R$ 2.800 para R$ 1.520
R$ 100 mil - de R$ 3.500 para R$ 1.900
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Preço do café nas alturas? Como tarifa sobre produto brasileiro está tirando o sono de importadores nos EUA
Saca de café em fazenda perto de Brasília em 15 de julho de 2025
Adriano Machado/Reuters
Durante décadas, o café entrava nos EUA praticamente isento de impostos. Mas agora o café do Brasil, maior fornecedor do produto aos EUA, está no rol de produtos com tarifa de 50% devido ao tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
As tarifas de Trump pressionam uma indústria que gera mais de um milhão de empregos nos EUA e estão prestes a provocar também um aumento nos preços da bebida comprada pelos americanos.
Um produto popular nos EUA é o blend de cafés, que depende de grãos brasileiros. E ele também está exposto ao imposto de importação de 50% ao produto brasileiro.
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Peter Longo é importador de café em Nova York. Sua empresa, a Puerto Rico Importing Company, trabalha no ramo desde 1907.
Ele calcula que os americanos que estiverem pagando cerca de US$ 15,99 por libra do café brasileiro — o equivalente a R$ 194 por quilo — passariam a pagar US$ 8 a mais com as tarifas de Trump.
Com esse aumento, o preço poderia subir para próximo de US$ 24 por libra — o equivalente a mais de R$ 290 por quilo.
"Isso é uma loucura. As pessoas não vão comprar café por quase US$ 30 a libra (o equivalente a US$ 66 por quilo ou R$ 365 por quilo). Isso é ridículo. Isso vai matar o mercado americano para o café brasileiro, que é, eu acho, o propósito disso tudo. Eles querem punir o Brasil por seja lá qualquer motivo e estão impondo uma tarifa draconiana."
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'Tirando o sono'
Trump diz querer reformular a ordem do comércio global com sua política tarifária, cobrando de importadores como Peter Longo uma taxa para trazer produtos de outros países como o Brasil.
O objetivo do presidente americano é tornar os produtos importados mais caros, para que os produtos locais fiquem mais competitivos e eventualmente acabem derrotando os estrangeiros na preferência dos consumidores.
Isso, por sua vez, estimularia maior produção de bens e geração de empregos localmente nos EUA.
"Mais produção doméstica significará maior concorrência e preços mais baixos para os consumidores", disse Trump ao justificar sua política de tarifas.
Mas o problema, no caso do café, é que o produto não é cultivado nos EUA.
E nem pode ser. O café é uma fruta tropical que cresce em uma estreita faixa de terra ao redor do Equador.
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Brasil registra queda nas exportações de café
Nos EUA, o café é cultivado em algumas partes do Havaí e Porto Rico e em uma pequena parte do sul da Califórnia. E isso não é nem de longe suficiente para abastecer as 450 milhões de xícaras de café que os americanos bebem todos os dias.
Por isso, praticamente todo café bebido nos EUA precisa ser importado.
E é por isso que as tarifas sobre os países produtores de café — e especialmente as tarifas de 50% sobre o Brasil, que fornece cerca de um terço de todo o café consumido nos EUA — são impactantes para pessoas que importam e vendem localmente o café, como Longo.
"Estou terrivelmente estressado. Isso me tira o sono porque você tem que tentar descobrir uma maneira de gerenciar seu fluxo de caixa para antecipar o que está por vir", diz o importador americano.
Os riscos eram altos antes mesmo de as tarifas serem anunciadas. Em fevereiro, o preço global do café do tipo arábica atingiu seu ponto mais alto já registrado.
Embora tenha caído um pouco desde então, o café torrado custava aos consumidores americanos 15% a mais no mês passado do que no ano anterior.
Tudo isso coloca pressão sobre importadores como Longo.
"É assim que eu ganho a vida. Se tivermos que encolher, encolheremos. E se tivermos que encolher a ponto de falir, não há nada que eu possa fazer a respeito. Faremos o melhor que pudermos."
Mas ele aposta que aquela xícara de café da manhã é algo pelo qual as pessoas continuarão pagando, mesmo que custe mais.
"Eu preciso de três espressos duplos só para conseguir funcionar. E sei que meus clientes são muito ritualizados quando se trata de seu café. Eles gostam. É algo que eles aguardam ansiosamente no dia. Então, não acho que o café vá desaparecer."
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Sede americana por café
A sede por café entre os americanos é enorme. O país é o maior importador e consumidor global da bebida, e também o maior destino das exportações brasileiras do produto.
Dois terços dos adultos americanos bebem café todos os dias, segundo dados da Associação Nacional de Café dos EUA. Cada americano que bebe café consome em média três xícaras por dia.
E essa sede vem crescendo. O consumo de café entre americanos cresceu 7% desde 2020. E o consumo de café gourmet cresceu 18%.
O café brasileiro é fundamental para abastecer as xícaras americanas.
Os EUA são o maior comprador dos cafés do Brasil, segundo dados dos primeiros sete meses deste ano divulgados este mês pelo Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
No período, os EUA importaram 3,713 milhões de sacas — o que corresponde a 16,8% das exportações brasileiras.
Existe uma corrida do setor do café no Brasil para tentar negociar com os EUA a inclusão do produto brasileiro na longa lista de exceções ao tarifaço de Trump.
Isso porque, graças aos estoques de importadores, os efeitos do tarifaço ainda está limitado por algum tempo.
"Até julho, não observamos de fato o impacto do tarifaço de 50% do governo dos EUA imposto para a importação dos cafés do Brasil, já que a vigência da medida começou em 6 de agosto", diz Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.
Mas os impactos do tarifaço poderão ser sentidos em breve, se não houver sucesso nas negociações.
"A partir de agora, as indústrias americanas estão em compasso de espera, pois possuem estoque por 30 a 60 dias, o que gera algum fôlego para aguardarem um pouco mais as negociações em andamento. Porém, o que já visualizamos são eventuais pedidos de prorrogação, que são extremamente prejudiciais ao setor."
* Com reportagem de Erin Delmore, da BBC News em Nova York
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Quando atletas começaram a devolver as medalhas que haviam ganhado nos Jogos Olímpicos de Paris de 2024, pois elas tinham sinais de corrosão, isso era um presságio do que estava por vir.
As medalhas foram projetadas pela joalheria francesa Chaumet, que pertence à gigante de artigos de luxo LVMH.
Embora elas tenham sido produzidas pela Casa da Moeda francesa, a má publicidade recaiu sobre a LVMH, que fez grande alarde sobre seu patrocínio aos Jogos Olímpicos.
Pioneira do luxo em dificuldades?
A LVMH, sediada em Paris, não está se corroendo, mas tampouco está indo muito bem.
No final de 2022, o valor de mercado da empresa disparou a ponto de tornar Bernard Arnault, seu fundador e presidente, que controla cerca de metade das ações da empresa, o homem mais rico do mundo.
Mas, desde então, o preço de suas ações sofreu uma queda notável. O conglomerado, que possui 75 marcas como Louis Vuitton, Dior e as joalherias Bulgari e Tiffany & Co., está sofrendo com a desaceleração das vendas.
Os resultados semestrais, divulgados em 24 de julho, mostram que a receita caiu 4% em comparação com o mesmo semestre de 2024. Já o lucro de operações recorrentes caiu 15%, para 9 bilhões de euros (R$ 58 bilhões de reais).
Setores como vinhos, destilados, moda e artigos de couro tiveram queda na receita e nos lucros operacionais no primeiro semestre do ano. Já seus negócios com relógios, joias, perfumes e cosméticos permaneceram estáveis.
O chefe da LVMH, Bernard Arnault (no fundo à direita, sem óculos e olhando para a esquerda), estava na posse de Trump, mas amizade entre ambos não o protegeu das tarifas
Shawn Thew/ABACAPRESS/IMAGO via DW
A LVMH disse que a empresa "mostrou boa resiliência e manteve seu forte impulso inovador, apesar de um ambiente geopolítico e econômico conturbado". A demanda na Europa foi "sólida" e "permaneceu estável" nos EUA.
Aumento de preços e excesso de estoque
Não é apenas a LVMH que está sofrendo. A Kering, também sediada em Paris e proprietária da Gucci, Bottega Veneta e Yves Saint Laurent, registrou queda significativa nas vendas no primeiro semestre do ano.
"O luxo está em uma espiral de morte", escreveu Katharine K. Zarrella em um artigo publicado em dezembro de 2024 no jornal americano New York Times. "Após uma década de crescimento quase irrestrito, o setor está em queda livre em todo o mundo. Analistas apontam que compradores menos abastados estão controlando seus gastos e diminuindo a demanda na China."
Zarrella, uma editora experiente do setor moda, viu maus presságios por toda parte, como aumento dos preços e baixa qualidade. Além disso, mais marcas estão vendendo estoques excedentes em lojas de descontos. Quanto mais onipresente o luxo se torna, menos desejável ele é.
"Estabelecimentos outrora reverenciados, que se orgulhavam de seu artesanato, serviço e cultivo de uma base de clientes exigentes e leais, tornaram-se máquinas de marketing de massa tão elegantes e exclusivas quanto a loja da M&M's na Times Square", concluiu ela.
Tarifas dolorosas dos EUA
A incerteza sobre as tarifas de importação é outra dor de cabeça para o setor. O governo Donald Trump impôs uma tarifa de 15% sobre os produtos da União Europeia e uma tarifa de 39% sobre os produtos suíços.
Isso pode ter consequências reais para o mercado americano, já que muitos produtos de luxo são fabricados na França ou na Itália e muitos relógios vêm da Suíça.
Geralmente, as pessoas gastam mais livremente em produtos pessoais de luxo quando estão otimistas em relação ao futuro. Mas essas tarifas podem subir, descer ou desaparecer. Ninguém sabe como as negociações comerciais irão evoluir, e muitos provavelmente vão apenas esperar para ver.
Chineses mais cautelosos
Enquanto na China algumas marcas estão indo bem, outras estão em baixa, diz Imke Wouters, sócia da consultoria Oliver Wyman e especialista em varejo com 15 anos de experiência na China.
Olhando para o futuro, Wouters acredita que o setor terá um crescimento mais moderado do que no passado recente. "Não é como nos dias de glória, quando todas as marcas de luxo estavam indo bem", disse ela à DW. Haverá vencedores e perdedores.
As tarifas dos EUA sobre produtos de luxo europeus não afetarão os compradores chineses, mas a incerteza geopolítica os mantém mais próximos de casa. No passado, os chineses compravam cerca de 40% de seus produtos de luxo no próprio país. Agora, Wouters acredita que cerca de 75% são comprados dessa forma.
Além disso, com as dificuldades da economia chinesa, muitos potenciais compradores desistiram, e os que restaram podem estar menos dispostos a gastar em itens de luxo.
Para atrair os compradores chineses que sobraram, as empresas de luxo têm de investir ainda mais nos seus clientes tradicionais e na experiência que eles têm com a marca, afirma Wouters. Elas precisam oferecer algo único e garantir que os aumentos de preço reflitam uma melhor qualidade.
Mais consumidores a caminho
Com muitos compradores retraídos, o setor de artigos de luxo pode estar enfrentando seu maior revés desde a crise financeira de 2008-2009, sem contar o choque da pandemia, segundo um novo relatório da consultoria Bain & Company.
No ano passado, as vendas de artigos de luxo caíram 1% globalmente. Houve um declínio ainda maior este ano. Os analistas da Bain preveem um declínio moderado de 2% a 5% para o setor até o final do ano. Mas acreditam que as perspectivas serão mais animadoras no futuro.
"O aumento da renda global, as transferências de riqueza entre gerações e um aumento projetado de 20% no número de indivíduos com alto patrimônio líquido expandirão ainda mais o grupo de potenciais compradores de artigos de luxo", escreveram Claudia D'Arpizio e Federica Levato em um comunicado à imprensa.
Mas ter um grupo maior de compradores não é suficiente, alertaram. "As marcas precisarão repensar como atrair os consumidores mais jovens, evitar a dependência excessiva dos grandes gastadores e construir conexões emocionais que vão além da lealdade transacional."
Aumentos de preços haviam impulsionado crescimento do setor nos últimos anos – mas será que essa fórmula ainda funciona?
Zeppelin/Avalon/Photoshot/picture alliance via DW
Dólar recua e fecha em R$ 5,47, com tensão Brasil-EUA e ata do Fed no radar; bolsa sobe
Ações dos bancos derretem após decisão do ministro Flávio Dino que proibiu as instituições de acatar ordens estrangeiras
O dólar fechou a sessão desta quarta-feira (20) em queda de 0,48%, cotado em R$ 5,4729. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, encerrou em alta de 0,17%, aos 134.667 pontos. O avanço do veio após o índice despencar mais de 2% na véspera.
Investidores continuaram a reagir à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, que proibiu restrições "decorrentes de atos unilaterais estrangeiros" por parte de empresas ou instituições que atuam no Brasil — o que pode influenciar a aplicação da Lei Magnitsky no país.
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A decisão é importante porque pode piorar a relação do Brasil com os Estados Unidos e interferir nas tentativas de negociação do governo brasileiro sobre as tarifas impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump. (Entenda mais abaixo)
▶️ O cenário tem aumentado o sentimento de cautela entre investidores, e analistas já avaliam que o clima de tensão deve perdurar ao longo desta semana. A maior percepção de risco trouxe uma valorização do dólar na véspera e a forte queda das ações do setor bancário, que resultou em uma perda de R$ 41,9 bilhões em valor de mercado ao setor.
Decisão de Dino: entenda as dúvidas geradas e como bancos podem ser afetados
Hoje, a maioria dos papéis do segmento financeiro fecharam em alta, recuperando parte das perdas de ontem. (Veja mais abaixo)
▶️ Em meio às tensões entre o STF e os EUA, e com o tarifaço como pano de fundo, a desaprovação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caiu, embora ainda represente 51% da população. Já a aprovação subiu três pontos percentuais, chegando a 46%.
A pesquisa também indicou que 55% dos brasileiros consideram que tanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quanto o seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) estão agindo mal diante do tarifaço de Trump.
▶️ Na agenda econômica doméstica, o Banco Central (BC) divulgou o fluxo cambial semanal, que mostra a entrada e saída de dólares no país. Em agosto, até o dia 15, o Brasil registrou um total positivo de US$ 149 milhões (R$ 815,4 milhões).
▶️ Já nos EUA, os investidores acompanharam a divulgação da ata do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, sobre a última reunião de política monetária.
O documento indicou que quase todos os participantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) consideraram apropriado manter os juros inalterados, indicando que levaria tempo para ter mais clareza sobre a magnitude e a persistência dos efeitos das tarifas de Trump sobre a inflação norte-americana.
O mercado busca sinais sobre os próximos passos do Fed, que podem reforçar ou frustrar as expectativas de corte de juros na reunião de setembro.
▶️ Ainda sobre os juros nos EUA, começa nesta quarta-feira o Simpósio de Jackson Hole, evento que reúne banqueiros centrais de diversos países. Na sexta-feira, está previsto o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana:+1,38%;
Acumulado do mês: -2,28%;
Acumulado do ano: -11,44%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -1,23%;
Acumulado do mês: +1,20%;
Acumulado do ano: +11,96%.
Decisão de Dino afeta bancos
A decisão de Dino proferida no início da semana continua a pesar nas ações do setor financeiro. Isso porque além de indicar que leis e determinações de outros países não têm validade automática no Brasil por uma questão de soberania nacional, o ministro também proibiu instituições financeiras brasileiras de atender ordens de tribunais estrangeiros sem autorização expressa do STF.
A decisão bate de frente com a imposição da Lei Magnitsky por parte do governo dos EUA e levanta dúvidas sobre os eventuais impactos para bancos e empresas que operam no Brasil e no exterior.
Com isso, os bancos sofreram uma forte queda no pregão de ontem, puxando o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, para baixo. No pregão de hoje, a maioria dos papéis de bancos fechou em alta, aliviando parte das perdas. Veja abaixo:
Banco do Brasil (BBAS3): +0,51%
Bradesco (BBDC4): +0,13%;
BTG (BPAC11): -1,15%
Itaú (ITUB4): +0,17%
Santander (SANB11): +2,08%
Nesta quarta-feira, em entrevista à agência de notícias Reuters, o ministro do STF Alexandre de Moraes afirmou que tribunais brasileiros podem punir instituições financeiras nacionais que bloquearem ou confiscarem ativos domésticos em resposta às ordens norte-americanas.
O ministro reconheceu que a atuação da Justiça dos EUA em relação aos bancos brasileiros que têm operações nos Estados Unidos "é da aplicação da lei norte-americana".
"Agora, da mesma forma, se os bancos resolverem aplicar a lei internamente, eles não podem. E aí eles podem ser penalizados internamente", disse à Reuters.
A sanção com a Lei Magnitsky foi imposta a Moraes em julho pelo governo de Donald Trump, bloqueando todos os eventuais bens do ministro nos EUA, assim como qualquer empresa que esteja ligada a ele. Moraes também não pode realizar transações com cidadãos e empresas norte-americanas — usando cartões de crédito de bandeiras do país, por exemplo.
Aprovação do governo Lula sobe
A aprovação do governo Lula (PT) subiu três pontos e chegou a 46%, segundo pesquisa Quaest divulgada hoje. Já a desaprovação oscilou dois pontos para baixo, mas ainda representa 51% da população.
Veja os números:
Aprova: 46% (eram 43% na pesquisa de julho);
Desaprova: 51% (eram 53%);
Não sabe/não respondeu: 3% (eram 4%).
A diferença entre aprovação e desaprovação é a menor desde janeiro de 2025, quando havia empate técnico: 49% desaprovavam o governo Lula, enquanto 47%, aprovavam naquele mês.
Fluxo cambial
Em meio à aversão ao risco dos investidores, durante a tarde o BC divulgou os dados semanais do fluxo cambial.
Em agosto até o dia 15, houve um total positivo de US$ 149 milhões, em movimento puxado pela via financeira.
Pelo canal financeiro, contabilizou-se entradas líquidas de US$ 687 milhões. Por este canal são realizados os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, as remessas de lucro e o pagamento de juros, entre outras operações.
Já pelo canal comercial, o saldo foi negativo em US$ 538 milhões.
Olhando para a semana passada, de 11 a 15 de agosto, o fluxo total foi positivo em US$ 31 milhões. No acumulado do ano, o Brasil registra fluxo cambial total negativo de US$ 14,692 bilhões
Ata do Fed
Os dois membros do Federal Reserve que discordaram da decisão do banco central dos Estados Unidos de deixar a taxa de juros inalterada no mês passado pareceram isolados em seu apoio à redução dos juros já naquele encontro, segundo a ata da reunião divulgada hoje.
"Quase todos os participantes consideraram apropriado manter a faixa da taxa de juros entre 4,25% e 4,50% nesta reunião", diz a ata do encontro de 29 e 30 de julho
Os diretores Michelle Bowman e Christopher Waller votaram contra a decisão de deixar os juros inalterados, favorecendo, em vez disso, uma redução de 0,25 ponto percentual para proteger a economia de um enfraquecimento ainda maior do mercado de trabalho. Foi a primeira vez desde 1993 que mais de um diretor discordou de uma decisão de política monetária.
Dados divulgados logo após o encontro reforçaram os alertas desses membros, ao mostrar uma criação de empregos abaixo do esperado, aumento do desemprego e queda na participação da força de trabalho — além de uma revisão que eliminou mais de 250 mil vagas antes contabilizadas.
No entanto, os dados desde então têm fornecido munição para o grupo mais preocupado com o risco de que o agressivo regime tarifário de Trump reacenda a inflação.
A redução dos juros nos EUA é uma pauta frequentemente defendida por Trump. O republicano já chegou a xingar o atual presidente da instituição, Jerome Powell, reiterando que o banqueiro central está atrasado na condução da política monetária norte-americana.
Em um novo capítulo, nesta quarta-feira, o republicano pediu que a diretora do Fed, Lisa Cook, renuncie, intensificando seus esforços para ganhar influência sobre o Fed — agora, com base em alegações feitas por um de seus aliados sobre as finanças pessoais da executiva.
"Cook deve renunciar, agora!!!", escreveu Trump em suas redes sociais.
Bolsas globais
Os principais índices de Wall Street operam em queda, com o Nasdaq atingindo o menor nível em duas semanas. A pressão sobre as ações de tecnologia, que vinham liderando a recuperação do mercado desde abril, reflete a cautela dos investidores diante do simpósio do Federal Reserve em Jackson Hole.
Com isso, na abertura dos mercados, o Dow Jones perdia 0,04%, o S&P 500 caía 0,62% e o Nasdaq recuava 1,28%.
Já os mercados europeus apresentam desempenho misto, refletindo a recente queda das ações de tecnologia nos EUA. Embora não haja um motivo específico para o movimento, analistas apontam fatores como o aumento da influência do presidente Donald Trump sobre o setor e um cenário global de maior cautela.
Entre os principais índices, o STOXX 600 registra leve alta de 0,14%, enquanto o DAX da Alemanha recua 0,38%. O FTSE 100 do Reino Unido sobe 0,27%, o CAC 40 da França avança 0,02% e o FTSE MIB da Itália apresenta queda de 0,20%.
Na Ásia, as ações da China subiram para o nível mais alto desde 2015, impulsionadas pela migração de fundos para o mercado acionário, em meio à redução das tensões comerciais e à atuação de Pequim contra a concorrência excessiva
O índice de Xangai avançou 1,04%, encerrando o dia em 3.766 pontos, enquanto o CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, teve alta de 1,14%, a 4.271 pontos. O índice Hang Seng, referência de Hong Kong, subiu 0,17%, a 25.165 pontos.
Em Tóquio, o índice Nikkei recuou 1,51%, a 42.888 pontos. Em Seul, o Kospi caiu 0,68%, a 3.130 pontos, e em Taiwan, o Taiex teve baixa de 2,99%, a 23.625 pontos. Já em Cingapura, o Straits Times se valorizou 0,08%, a 4.219 pontos, e em Sydney, o S&P/ASX 200 avançou 0,25%, a 8.918 pontos.
Cotação do dólar mostra menor confiança na economia brasileira devido a gastos e dívidas do governo
Jornal Nacional/ Reprodução
*Com informações da agência de notícias Reuters
Quaest: 64% acham que tarifaço de Trump vai aumentar preço dos alimentos no Brasil
Quaest: 51% desaprovam governo Lula, e 46% aprovam
Pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (20) mostra que 64% dos brasileiros consideram que o tarifaço de Donald Trump ao Brasil vai aumentar o preço dos alimentos no país. Desde 6 de agosto, parte dos produtos brasileiros pagam taxa de 50%, a mais alta do mundo, para entrar nos EUA.
Ainda segundo o levantamento, 18% dos entrevistados acreditam que o tarifaço vai fazer os preços dos alimentos diminuírem no Brasil. Para 13%, os preços serão mantidos, e 5% não sabem ou não responderam.
Veja os números:
As tarifas vão aumentar os preços: 64%
Diminuir: 18%
Manter: 13%
Não sabem/ não respondeu: 5%
A pesquisa Quaest foi encomendada pela Genial Investimentos e realizada entre os dias 13 a 17 de agosto. O levantamento ouviu 2.004 pessoas com 16 anos ou mais, em 120 municípios do país. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.
A pesquisa também mostra que 51% dos eleitores brasileiros desaprovam o governo Lula (PT), enquanto 46% aprovam. Ao considerar o limite da margem de erro, 1 ponto separa os indicadores, o que indica para a menor diferença desde janeiro de 2025, quando havia empate técnico: 49% desaprovavam o governo petista, enquanto 47%, aprovavam.
Segundo Felipe Nunes, diretor da Quaest, a aprovação do governo melhorou por dois motivos. "A melhora na aprovação do governo Lula em agosto resulta da combinação de fatores econômicos e políticos. De um lado, a percepção de queda no preço dos alimentos trouxe alívio às famílias e reduziu a pressão sobre o custo de vida. Do outro, a postura firme de Lula diante do tarifaço imposto por Donald Trump foi vista como sinal de liderança e defesa dos interesses nacionais."
A pesquisa sobre a tarifa de Trump mostra que:
51% acreditam que interesses políticos de Trump motivaram tarifaço
71% consideram que Trump está errado ao impor tarifas por acreditar que há perseguição a Bolsonaro;
55% acham que Bolsonaro, e 55% que Eduardo estão agindo mal diante do assunto
46% acham que Lula está agindo mal
77% dizem que as tarifas vão prejudicar suas vidas
Subiu para 67% o número de brasileiros que acham que o Brasil deve negociar
Caiu para 26% o número de brasileiros que consideram que o Brasil deve taxar os EUA
48% acham que Lula e o PT está fazendo o que é mais certo no embate
Trump durante reunião com líderes europeus e Zelensky na Casa Branca
ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
Notícia sobre o tarifaço
Segundo a Quaest, subiu o número de brasileiros que disseram saber da notícia sobre a carta de Trump a Lula anunciando a taxa de 50% ao país. Em julho, 66% sabiam da notícia. Agora, são 84%. Outros 16% responderam que não sabiam (eram 33% antes). Os que não responderam ou não sabiam responder não atingiram 1%.
Interesses políticos
A pesquisa Quaest mostra também que 51% dos entrevistados acreditam que interesses políticos de Trump provocaram o anúncio do tarifaço. Outros 23% consideram que a tarifa foi provocada pela defesa dos interesses comerciais americanos. Para 2%, motivos pessoais de Trump. Outros motivos, 2% também. E não responderam ou não sabem somam 22%.
Trump está errado
Para 71%, Trump está errado ao impor tarifas por acreditar que há perseguição a Bolsonaro (eram 72% em julho). Outros 21% consideram que ele está certo (19% em julho), e 8% não souberam ou não responderam (eram 9%).
Ação de Bolsonaro, Eduardo e Lula diante do tarifaço
O levantamento indica que 55% dos brasileiros consideram que tanto Jair Bolsonaro (PL) como Eduardo Bolsonaro estão agindo mal diante do tarifaço de Donald Trump ao Brasil. Já 46% consideram que Lula age mal frente às ações do presidente norte-americano.
O levantamento mostra que os números são mais negativos para a família Bolsonaro, que tem 31 pontos de desvantagem entre avaliação negativa e positiva, do que para Lula, que tem empate técnico entre os indicadores (46% responderam que Lula age mal e 44%, age bem).
Lado certo
A maioria dos entrevistados (48%) respondeu que Lula e o PT estão do lado que mais faz o que é certo no embate sobre o tarifaço de Donald Trump, enquanto 28% responderam Bolsonaro e seus aliados. Para 15%, nenhum dos lados é o mais certo. Outros 9% não souberam ou não responderam.
Vida prejudicada
De acordo com a pesquisa, os brasileiros que consideram que o tarifaço vai prejudicar suas vidas foi de 79% em julho para 77% em agosto. Para 20%, não vai prejudicar (eram 17% em julho). Não souberam ou não responderam são 3% (eram 4% antes).
Negociar ou taxar?
A Quaest mostra também que subiu para 67% o número de brasileiros que acham que o Brasil deveria reagir às taxas dos EUA negociando. Em julho, eram 61% os que defendiam a negociação. Já os que acham que o Brasil deve taxar os EUA caiu de 31% em julho para 26% agora.
Qual lado está fazendo certo?
A pesquisa Quaest também quis saber dos entrevistados qual lado está fazendo o que é mais certo nesse embate de Trump com o Brasil. Para 48% dos entrevistados, Lula e o PT estão fazendo o que é mais certo. O número oscilou positivamente no limite da margem de erro: eram 44% em agosto.
Outros 29% afirmam que são Bolsonaro e seus aliados estão fazendo o mais correto (eram 29% em julho). Para 15%, nenhum dos dois lados está (15% em julho). Não souberam ou não responderam foram 12% para 15%.
Quaest: 69% dizem que Eduardo Bolsonaro defende interesses próprios e da família
Quaest: 51% desaprovam governo Lula, e 46% aprovam
Pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (20) mostra que 69% dos brasileiros consideram que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) defende interesses dele e da família Bolsonaro com sua atuação nos Estados Unidos. Para 23%, Eduardo defende os interesses do Brasil.
A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
A pesquisa perguntou para os entrevistados se "Eduardo Bolsonaro defende os interesses do Brasil ou o interesse dele e da família Bolsonaro". Veja os números:
Os interesses próprios dele e da família Bolsonaro: 69%;
Os interesses do Brasil: 23%;
Não sabem/Não responderam: 8%.
Foto de arquivo de 28/03/2023 do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL- SP) em sessão da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
A pesquisa Quaest foi encomendada pela Genial Investimentos e realizada entre os dias 13 a 17 de agosto. O levantamento ouviu 2.004 pessoas com 16 anos ou mais, em 120 municípios do país. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.
A pesquisa também mostra que 51% dos eleitores brasileiros desaprovam o governo Lula (PT), enquanto 46% aprovam. Ao considerar o limite da margem de erro, 1 ponto separa os indicadores, o que indica para a menor diferença desde janeiro de 2025, quando havia empate técnico: 49% desaprovavam o governo petista, enquanto 47%, aprovavam.
Segundo Felipe Nunes, diretor da Quaest, a aprovação do governo melhorou por dois motivos. "A melhora na aprovação do governo Lula em agosto resulta da combinação de fatores econômicos e políticos. De um lado, a percepção de queda no preço dos alimentos trouxe alívio às famílias e reduziu a pressão sobre o custo de vida. Do outro, a postura firme de Lula diante do tarifaço imposto por Donald Trump foi vista como sinal de liderança e defesa dos interesses nacionais."
A pesquisa sobre a tarifa de Trump mostra que:
51% acreditam que interesses políticos de Trump motivaram tarifaço
71% consideram que Trump está errado ao impor tarifas por acreditar que há perseguição a Bolsonaro;
55% acham que Bolsonaro e Eduardo estão agindo mal diante do assunto
46% acham que Lula está agindo mal
77% dizem que as tarifas vão prejudicar suas vidas
Subiu para 67% o número de brasileiros que acham que o Brasil deve negociar
Caiu para 26% o número de brasileiros que consideram que o Brasil deve taxar os EUA
48% acham que Lula e o PT está fazendo o que é mais certo no embate
Notícia sobre o tarifaço
Segundo a Quaest, subiu o número de brasileiros que disseram saber da notícia sobre a carta de Trump a Lula anunciando a taxa de 50% ao país. Em julho, 66% sabiam da notícia. Agora, são 84%. Outros 16% responderam que não sabiam (eram 33% antes). Os que não responderam ou não sabiam responder não atingiram 1%.
Preço dos alimentos no Brasil
O levantamento mostra que 64% dos brasileiros consideram que o tarifaço vai aumentar o preço dos alimentos no país. Desde 6 de agosto, parte dos produtos brasileiros pagam taxa de 50%, a mais alta do mundo, para entrar nos EUA.
Ainda segundo o levantamento, 18% dos entrevistados acreditam que o tarifaço vai fazer os preços dos alimentos diminuírem no Brasil. Para 13%, os preços serão mantidos, e 5% não sabem ou não responderam.
Interesses políticos
A pesquisa Quaest mostra também que 51% dos entrevistados acreditam que interesses políticos de Trump provocaram o anúncio do tarifaço. Outros 23% consideram que a tarifa foi provocada pela defesa dos interesses comerciais americanos. Para 2%, motivos pessoais de Trump. Outros motivos, 2% também. E não responderam ou não sabem somam 22%.
Trump está errado
Para 71%, Trump está errado ao impor tarifas por acreditar que há perseguição a Bolsonaro (eram 72% em julho). Outros 21% consideram que ele está certo (19% em julho), e 8% não souberam ou não responderam (eram 9%).
Ação de Bolsonaro, Eduardo e Lula diante do tarifaço
O levantamento indica que 55% dos brasileiros consideram que tanto Jair Bolsonaro (PL) como Eduardo Bolsonaro estão agindo mal diante do tarifaço de Donald Trump ao Brasil. Já 46% consideram que Lula age mal frente às ações do presidente norte-americano.
O levantamento mostra que os números são mais negativos para a família Bolsonaro, que tem 31 pontos de desvantagem entre avaliação negativa e positiva, do que para Lula, que tem empate técnico entre os indicadores (46% responderam que Lula age mal e 44%, age bem).
Eduardo Bolsonaro
A pesquisa mostra que 69% dos brasileiros consideram que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) defende interesses dele e da família Bolsonaro com sua atuação nos Estados Unidos. Para 23%, Eduardo defende os interesses do Brasil.
Lado certo
A maioria dos entrevistados (48%) respondeu que Lula e o PT estão do lado que mais faz o que é certo no embate sobre o tarifaço de Donald Trump, enquanto 28% responderam Bolsonaro e seus aliados. Para 15%, nenhum dos lados é o mais certo. Outros 9% não souberam ou não responderam.
Vida prejudicada
De acordo com a pesquisa, os brasileiros que consideram que o tarifaço vai prejudicar suas vidas foi de 79% em julho para 77% em agosto. Para 20%, não vai prejudicar (eram 17% em julho). Não souberam ou não responderam são 3% (eram 4% antes).
Negociar ou taxar?
A Quaest mostra também que subiu para 67% o número de brasileiros que acham que o Brasil deveria reagir às taxas dos EUA negociando. Em julho, eram 61% os que defendiam a negociação. Já os que acham que o Brasil deve taxar os EUA caiu de 31% em julho para 26% agora.
Qual lado está fazendo certo?
A pesquisa Quaest também quis saber dos entrevistados qual lado está fazendo o que é mais certo nesse embate de Trump com o Brasil. Para 48% dos entrevistados, Lula e o PT estão fazendo o que é mais certo. O número oscilou positivamente no limite da margem de erro: eram 44% em agosto.
Outros 29% afirmam que são Bolsonaro e seus aliados estão fazendo o mais correto (eram 29% em julho). Para 15%, nenhum dos dois lados está (15% em julho). Não souberam ou não responderam foram 12% para 15%.
Prejuízos no Estado mais atingido pelo tarifaço de Trump ameaçam rede de 32 mil pescadores artesanais: 'Estão assustados'
Tarifaço causa estragos no setor do pescado no Brasil
O Ceará exportou US$ 93,8 milhões em pescados em 2024, o maior valor entre todos os Estados do país, conforme os dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
Contêineres abastecidos especialmente de lagosta, atum e os chamados peixes vermelhos (pargo, cioba, ariacó, guaiúba) foram embarcados para 44 países.
O principal mercado, de longe, foram os Estados Unidos, destino de 46,85% do total (US$ 52,8 milhões).
A concentração fez o setor de pescados cearense ganhar atenção no noticiário em meio às discussões em torno da sobretaxa de 50% imposta pela gestão de Donald Trump a milhares de produtos brasileiros.
Depois de ferro e aço, a categoria é a segunda mais importante no comércio bilateral entre os EUA e o Ceará, Estado que envia 44,9% de tudo o que vende para o exterior para os americanos e que, por isso, deve ser o mais afetado em termos proporcionais pelo tarifaço americano.
Apesar de ser fortemente exportadora, a indústria de pescados do Ceará não é abastecida por embarcações robustas servidas por ferramentas tecnológicas.
Por trás dos grandes números, na ponta inicial da cadeia de produção estão cerca de 32 mil pescadores artesanais, conforme os registros do Ministério da Pesca e Aquicultura.
Quase 90% dos pescadores do Ceará têm renda mensal inferior a R$ 1.045
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São homens em sua maioria com pouca instrução, que muitas vezes passam dias no mar em embarcações de pequeno e médio porte que geralmente pertencem a terceiros e vendem praticamente tudo o que produzem a intermediários na praia, chamados localmente de "marchantes", ou aos donos dos barcos.
Conforme os especialistas e trabalhadores do setor ouvidos pela BBC News Brasil, são essas duas figuras que, via de regra, repassam os pescados para a indústria, que faz seu beneficiamento e os distribui ao mercado interno ou vende ao exterior.
27 contêineres deixam de embarcar do Ceará para os Estados Unidos no 1º dia de tarifaço
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Maioria tem renda inferior a um salário mínimo
Dos 32 mil pescadores artesanais reunidos no Painel Unificado do Registro Geral da Atividade Pesqueira e cadastrados no Ceará, 88,5% (28.931) têm renda mensal inferior a R$ 1.045 e 60% (19.646) têm ensino fundamental incompleto.
Cerca de 25% (8.378) trabalham embarcados e aproximadamente 36% (11.881) são mulheres.
"Recentemente ouvi de alguns deles que, quando a pesca é boa, eles tiram um salário mínimo por mês — isso trabalhando dois períodos, de manhã e à tarde", diz Caroline Feitosa, professora do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), referindo-se a dados que coletou em trabalho de campo no último mês de março.
A pesquisadora explica que o nível de infraestrutura de que os pescadores artesanais do Ceará dispõem para trabalhar varia conforme o tipo de atividade à qual eles se dedicam.
Aqueles que abastecem o mercado interno são os que geralmente usam embarcações bastante simples, à vela ou movidas por um motor de rabeta e sem sistema de refrigeração a bordo.
"Mas mesmo esse pescador se desloca muito hoje em dia", ressalta a professora. "Ele percorre praticamente toda plataforma continental [porção que vai da costa até o início da parte mais profunda do oceano]", completa.
Nesses casos, o que é pescado geralmente é comercializado na praia, vendido a atravessadores que vão distribuir para as barracas de praia, mercados e restaurantes.
No outro extremo está a pesca de espécies como o atum, que é bastante voltada à exportação e pode acontecer em embarcações um pouco maiores e "mais confortáveis", munidas de equipamentos como GPS e sonda e com autonomia para ficar até 40 dias no mar.
Nesse nicho, os donos dos barcos geralmente negociam diretamente com a indústria a compra do que for pescado.
Boa parte das embarcações de médio porte usadas na captura para exportação de outros peixes, contudo, é mais simples: "Eles usam basicamente um GPS, marcação em pontos de terra [usadas como referência]...e a experiência."
E há, ainda, a pesca da lagosta, que também é muito voltada para o mercado externo e que pode acontecer com pequenos botes motorizados e até jangada, ainda de acordo com a pesquisadora, que é também coordenadora do Laboratório de Dinâmica Populacional e Ecologia de Peixes Marinhos (Dipemar), que se dedica ao estudo da pesca artesanal.
Peixes vermelhos como pargo, cioba e guaiúba são bastante exportados
Getty images
Elo mais fraco
Independentemente da dinâmica de trabalho, Feitosa ressalta que os pescadores são o elo mais vulnerável da cadeia e, por isso, correm o risco de sentir os principais efeitos negativos do tarifaço.
"O pescador é quem mais trabalha, quem mais sofre e quem menos ganha", ela pontua.
O diretor técnico e presidente do Coletivo Nacional da Pesca e Aquicultura (Conepe), Carlos Eduardo Villaça, faz análise parecida. Dada a importância da exportação na atividade de pesca no Estado, "todos esses pescadores vão ser impactados de alguma forma" pela tarifa de 50% imposta aos produtos embarcados aos EUA, ele avalia.
No momento, as colônias de pescadores do Ceará tentam entender como esse impacto vai se desenhar.
Ainda que o tarifaço tenha entrado em vigor no último dia 6 e que a embarcação de alguns contêineres de pescado tenha sido suspensa, o efeito dominó de uma possível redução das vendas aos EUA ainda não foi plenamente sentido nessa ponta da cadeia.
A pesca no Ceará geralmente arrefece nesta época do ano, marcada por fortes ventos no litoral.
Maria Cristina de Sousa, presidente da Colônia de Pescadores Z-8 de Fortaleza, conta que muitos a têm questionado nos últimos dias sobre o que esperar, depois de terem "escutado alguma coisa na televisão ou de terem ouvido de parentes" que seu trabalho poderia ser negativamente afetado por uma decisão do presidente dos EUA.
"Eles estão assustados", diz ela, que foi marisqueira, é filha de pescador e desde o ano passado representa 2,6 mil pescadores artesanais da capital cearense.
O assunto, segundo Sousa, vai ser discutido na próxima segunda-feira (25/8) em uma reunião entre pescadores, proprietários de barcos, empresários e agentes do poder público na sede da colônia.
Um dos temores dos pescadores é que eles sejam pressionados pelos intermediários a vender o que tiram do mar a preços ainda mais baixos do que os praticados hoje.
Esse é um cenário possível, na avaliação de Felipe Matias, que é cientista-chefe da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agrário do Ceará no setor de Aquicultura e Pesca Artesanal.
Poderia acontecer caso a indústria tentasse reduzir o preço de venda em dólar para compensar em parte a tarifa de 50%, ele exemplifica. Ou mesmo que conseguisse redirecionar uma parte da produção antes destinada a exportação para o mercado doméstico, que tradicionalmente, por conta do câmbio, paga mais barato pelos pescados.
Nesses casos, as empresas que beneficiam os pescados podem buscar atenuar a redução em suas margens de lucro tentando negociar preços mais baixos com os atravessadores que, por sua vez, podem repassar essa pressão aos pescadores.
Pesca artesanal da lagosta, com barcos muito simples, também é exportada
Getty images
Feitosa também avalia que esse é um desdobramento possível. "Claro que vai diminuir da ponta do pescador", ela comenta.
O governador do Estado, Elmano de Freitas (PT), anunciou quatro medidas para tentar reduzir o impacto do tarifaço americano, entre elas a compra de produtos das empresas afetadas pelo governo.
No caso dos pescados, eles seriam direcionados, por exemplo, para programas como o Ceará Sem Fome e para escolas e hospitais.
O governador já afirmou, contudo, que o Executivo não pagaria o preço de exportação dos itens.
O declínio da pesca industrial no Ceará (e no Brasil)
A predominância da pesca artesanal na cadeia de produção de pescados no Ceará — e na maioria dos Estados do país — se deve a uma mudança profunda no ecossistema marinho do litoral brasileiro últimas décadas.
A pesca industrial chegou a ser praticada em larga escala décadas atrás. O pai de Maria Cristina de Sousa, inclusive, foi pescador nesse contexto, contratado formalmente por uma empresa.
A superexploração dos animais, contudo, levou à redução significativa da população de diversas espécies.
"Diminuiu a lagosta, diminuíram os peixes de forma geral... e aí as embarcações foram diminuindo, porque as mais caras não eram mais viáveis", explica Felipe Matias, que é engenheiro de pesca.
Hoje, praticamente só Pará e Santa Catarina trabalham com embarcações maiores, concentrando boa parte dos 4,4 mil pescadores industriais que constam no registro do Ministério da Pesca e Aquicultura. Os pescadores artesanais no país somam cerca de dois milhões, segundo a base de dados.
Apesar de vasto, litoral do Brasil não tem peixes em abundância
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Matias acrescenta que, apesar de extenso, o litoral do Brasil não é abundante em peixes (ou "piscoso", no jargão do setor).
"Nós temos uma grande diversidade de espécies, mas em pouca quantidade", aponta.
Já o Peru, ele compara, tem uma variedade bem menor de espécies, mas quantidades abundantes.
Enquanto o Brasil produz cerca de 800 mil toneladas de pescado a partir da pesca, o país vizinho, que tem um litoral um pouco maior que o do Ceará, produz entre sete e nove milhões de toneladas.
"Lá é piscoso, pelos nutrientes da água, pela corrente [marítima] de Humboldt e outros fatores", explica.
Matias destaca que o cenário turbulento atual é transitório e vê o momento como uma oportunidade de o setor reduzir a dependência do mercado americano e buscar novas praças.
Uma delas seria, em sua visão, a União Europeia, que interrompeu as compras do Brasil por volta de 2017 alegando questões sanitárias depois de uma vistoria realizada em barcos de pesca em Santa Catarina.
Internet no campo cresce, mas qualidade da conexão é baixa: 'Fui educado que não me pertencia’, diz produtor
'Fui educado que não me pertencia', Internet no campo cresce, mas qualidade é baixa
Em uma época em que o celular é como uma parte das pessoas, as zonas rurais vivem um cenário desigual: ainda existe muita gente desconectada — e não por escolha própria.
No campo, a tecnologia avança com a chamada agricultura 5.0. Ela usa inteligência artificial para aplicar insumos com mais precisão e até tratores autônomos.
Enquanto isso, muitos produtores ainda não conseguem nem checar a previsão do tempo, para saber quando plantar.
🛜 Como a chegada da internet mudou a vida de agricultores em 4 anos
Mais de 1,3 milhão dos domicílios rurais não tinham acesso à internet em 2024, o equivalente a 15% do total, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Veja o avanço da internet nos domicílios rurais em quase 10 anos
arte g1
A qualidade da internet que chega até as pessoas do campo é pior: 52% dos imóveis rurais não têm acesso às redes 4G ou 5G em 2025, de acordo com o levantamento da Associação ConectarAGRO em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV).
O número é ainda menor quando se considera a área disponível para uso agrícola: apenas 34% das lavouras possuem esse tipo de sinal.
O cafeicultor Ademar Pereira cresceu sem acesso à internet ou sinal de celular. A conexão só chegou a cidade em 2021, após o início do projeto Semear Digital, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
O g1 visitou Caconde em julho, para entender a diferença que a internet fez na vida dos trabalhadores rurais.
E os problemas não se limitam à lavoura: sem a conectividade, os acessos à saúde, educação e segurança também são precários, aponta Durval Dourado Neto, pesquisador da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq – USP).
Mas por que falta conexão? Isso acontece, principalmente, pelas dificuldades de achar um modelo que funcione em todo o país, considerando as diferenças estruturais dele. Com isso, é preciso ter diversas estratégias e um alto investimento para atender todas as regiões. Veja os detalhes a seguir.
Onde falta conexão
Em 2025, o Amazonas é o estado onde mais falta conexão no campo. Já o Distrito Federal lidera o uso de internet rural. Os dados são do Indicador de Conectividade Rural (ICR), desenvolvido pela ConectarAGRO e a UFV.
Veja o índice de conectividade rural por estado
Arte / g1
Os dados foram calculados com base em informações públicas e georreferenciamento. Os pesquisadores avaliaram a conexão nos seguintes locais:
áreas agricultáveis, ou seja, onde pode ter alguma atividade agrícola, como plantio e criação de animais;
escolas;
postos de saúde;
domicílios de agricultura familiar;
territórios indígenas;
área de preservação ambiental.
O objetivo do estudo é apoiar políticas públicas para ampliar o acesso à internet no campo.
Saiba também: Por que a fome persiste no Brasil mesmo com tanto alimento disponível?
O que impede a conexão rural?
O tamanho do Brasil e a variedade de terrenos dificultam levar internet para todo o país. Segundo Neto, pesquisador da Esalq, esses dois obstáculos causam outros problemas. Entenda abaixo.
Formação do país: o Brasil é formado por diferentes relevos; existem áreas montanhosas e de floresta, onde é difícil levar a internet a cabo, por exemplo. Dessa forma, em cada região pode funcionar um tipo diferente de sinal, como satélite ou rádio.
Alto investimento: quanto maior a infraestrutura que precisa ser instalada, maior é o custo.
Precisa ser um investimento interessante: o gasto precisa compensar. Para o governo, isso depende do número de pessoas atendidas. Para empresas, da atividade econômica local.
Mas o desafio não para na chegada da internet: a tecnologia deve ser usada para melhorar a produção, por exemplo, usando aplicativos com inteligência artificial, drones e tratores autônomos.
“Eu acho que conectividade no campo só faz sentido, do ponto de vista agrícola, se eu tiver tecnologia digital associada”, afirma Luciana Romani, coordenadora de parcerias do projeto Semear Digital.
Mas, para isso acontecer, os agricultores ainda enfrentam barreiras. O pesquisador da Embrapa e autor de uma pesquisa sobre agricultura digital no Brasil, Edson Bolfe, mostra os principais desafios apontados por eles:
70% citaram o alto custo para comprar máquinas, equipamentos e aplicativos;
quase 50% disseram que é a falta de internet ou baixa conectividade dentro da propriedade;
cerca de 40% apontaram o valor para contratar um serviço especializado;
aproximadamente 40% afirmaram não saber qual tecnologia usar.
As empresas que oferecem soluções tecnológicas no campo também listaram obstáculos parecidos:
61% apontaram problemas ou falta de conexão à internet;
quase 60% disseram que valor do investimento é alto;
cerca de 50% citaram a falta de mão de obra qualificada;
mais de 40% relataram falta de acesso dos usuários a capacitação tecnológica.
Esse último ponto é considerado fundamental para a pesquisadora da Embrapa.
“Não adianta nada você ter isso tudo [de tecnologia], se o agricultor não sabe usar”, diz Romani.
Qualidade ruim é o principal problema
Parte da população rural pode até ter internet, mas o sinal muitas vezes oscila muito, é fraco ou ainda nem chega até a lavoura. Esse obstáculo em infraestrutura pode limitar a forma como o produtor vai utilizar a tecnologia.
A pesquisa realizada por Edson Bolfe, da Embrapa, aponta que os produtores rurais podem ser enquadrados em três grupos:
Iniciantes: ainda que não tenham acesso à internet na propriedade, quando conseguem conexão, a usam para se informar, comprar insumos (como defensivos e fertilizantes), vender seus produtos, consultar GPS e sistemas de perguntas e respostas automáticas.
Intermediário: usam redes de sensores na lavoura, para avaliar, por exemplo, qualidade do solo e da água. Fazem uso de imagens de satélite ou drones e de aplicativos que auxiliam nas tomadas de decisões na lavoura.
Avançado: usam inteligência artificial, robótica e automação. Também fabricam peças 3D para solucionar problemas nos próprios maquinários. Essas propriedades são conhecidas como “smart farms”, ou, em português, “fazendas inteligentes”.
A internet no campo também ajuda o meio ambiente. Por exemplo, o uso de aplicativos que permitem a chamada “agricultura de precisão”. Eles informam aos produtores o quanto usar dos insumos (agrotóxicos, fertilizantes, ração, entre outros), para evitar desperdícios e aumentar a produtividade.
No caso dos agrotóxicos, é possível gerar uma economia de até 90%, aponta Durval Dourado Neto, da Esalq.
A conectividade também é uma arma no combate aos incêndios no campo. “É uma verdadeira catástrofe quando você não tem a conectividade: você demora para saber onde tem o fogo, você não sabe o que você vai fazer”, diz Galvão, da UFV.
A conexão também melhora a vida de quem vive no campo, com mais acesso à saúde, educação e segurança.
O piscicultor Tiago Oliveira, por exemplo, sofria com roubos de tilápias frequentes em sua represa em Caconde (SP). O prejuízo chegava a R$ 20 mil por gaiola perdida.
Os assaltos só pararam em 2022, quando ele conseguiu sinal de internet e instalou câmeras de monitoramento.
Outro problema comum no campo é a falta de mão de obra, que piora em áreas sem internet.
“Quando o operador vai escolher em qual fazenda vai trabalhar, ele prefere uma que tenha internet, porque ele pode estar mais próximo da família, continuar fazendo treinamentos. E aí, quanto mais tecnologia a gente tem, mais suporte esse operador tem no campo”, diz Paola Campiello, presidente da Associação ConectarAGRO.
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Por que uma queda nas exportações para os EUA pode não deixar a carne mais barata no Brasil?
Prato do Futuro: como o acesso à internet melhora a vida no campo
Internet no campo melhora a produção; veja FOTOS
Caconde passou a ter acesso a internet após participação no projeto Semear Digital
Fábio Tito
Mais do que drones sobrevoando a lavoura: como a chegada da internet mudou a vida de agricultores em 4 anos
Prato do Futuro: como o acesso à internet melhora a vida no campo
“Pertencimento”, “inclusão social”, “revolucionário”: esses são alguns dos termos usados por moradores da cidade de Caconde, no interior de São Paulo, após terem acesso à internet — o que só aconteceu em 2021.
O g1 foi até o município para ver como a chegada da tecnologia transformou a rotina de quem vive e trabalha no campo.
➡️ Esta reportagem faz parte do quarto episódio da série "PF: Prato do Futuro", onde o g1 mostra soluções para desafios da produção de alimentos no Brasil.
Para o agricultor, a internet não é apenas para entretenimento ou trabalho, ela também é fundamental para a segurança, a saúde e para o seu aprimoramento, aponta Aziz Galvão, professor na Universidade Federal de Viçosa (UFV).
O uso de internet no campo é importante, inclusive, para a sustentabilidade. Existem aplicativos que orientam o produtor sobre a dose certa de agrotóxicos, evitando desperdícios e reduzindo a poluição.
A falta de conectividade não foi (nem é) exclusiva de Caconde. Em 2024, 15% dos domicílios rurais brasileiros ainda não tinham acesso à internet, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
🛜Internet no campo cresce, mas qualidade da conexão é baixa
Mesmo onde a internet chega, a qualidade ainda é um problema. Apenas 52% dos domicílios rurais possuem conexão 4G e 5G. Nas lavouras, a cobertura é ainda menor: só 34% têm esse tipo de conexão, aponta o levantamento da Associação ConectarAGRO em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Para mudar este cenário, o projeto Semear Digital, encabeçado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), busca levar conectividade a algumas cidades rurais do Brasil. Desde 2020, 10 cidades já foram beneficiadas por ele.
Como levar internet para o campo
Levar internet para comunidades rurais amplia a comunicação delas com o mundo, afirma Luciana Romani, coordenadora de parcerias do Semear Digital.
Um exemplo disso é o aumento de vendas pela internet entre os produtores que passam a usar redes sociais. Para eles, há ainda outras novidades que, para quem é da zona urbana, são corriqueiras, como usar aplicativos de banco.
“O pessoal não consegue mensurar o quanto isso faz falta. Até uma previsão do tempo: a gente não conseguia ver em que dia eu poderia fazer uma adubação”, afirma Ademar Pereira, que também é presidente do Sindicato Rural de Caconde.
Caconde, no interior de São Paulo, foi a cidade piloto do Semear Digital.
O projeto é desenvolvido pela Embrapa, em parceria o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), a Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), o Instituto Agronômico (IAC), o Instituto de Economia Agrícola (IEA), o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) e a Universidade Federal de Lavras (UFLA).
Para escolher qual município vai ser beneficiado, a equipe analisa mais de 34 indicadores, como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o número de propriedades, o nível de conectividade, entre outros.
Cada cidade possui uma razão diferente para não ter internet, por exemplo, por ser área de floresta ou de relevo difícil.
No caso de Caconde, a cidade é rodeada de montanhas, com a altitude variando entre 800 e 1.300 metros.
Por isso, cada local exige uma solução diferente. Em Caconde, a internet chegou via rádio, com antenas repetidoras.
Mais da metade das quase 2.500 pequenas propriedades do município já tem internet.
No caso da ilha do Marajó, no Pará, foi necessário levar a conectividade usando satélites, por causa da floresta.
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Tem que ter tecnologia
Além de decidir qual será o meio ideal para levar internet, a Embrapa busca saber as necessidades do agro, para fazer sugestões de tecnologias que serão mais uteis para a cidade.
No caso de Caconde, a decisão foi apoiar o cultivo de café e as criações de tilápia e de gado leiteiro.
Para disseminar o uso de tecnologia, são escolhidas algumas propriedades para servirem de exemplo para os vizinhos.
Nesses locais, a Embrapa oferece treinamentos para mostrar como usar as inovações e quais são os benefícios de aderir a elas.
“Sempre tem aqueles que são incrédulos, acham que isso não funciona. Mas, se você mostra, demonstra com números e ele começa a sentir isso no convívio, ele acaba vindo também”, afirma a coordenadora do projeto.
Drones na lavoura
Drone de pulverização resolve falta de mão de obra nos cafezais
Uma das tecnologias levadas pela Embrapa a Caconde foi o drone de pulverização. Ele aplica defensivos agrícolas (agrotóxicos ou biológicos) e fertilizantes.
Em Caconde, o drone foi essencial por causa do relevo. A cidade tem montanhas com cerca de 45 graus de inclinação. Isso tornava o trabalho manual difícil, considerando também que os equipamentos são pesados. Além disso, o declive impede a entrada de maquinários.
Somado ao drone, o Semear Digital ajudou a instalar uma fábrica de defensivos biológicos no Sindicato Rural de Caconde. Isso permitiu aos produtores de café trocar os agrotóxicos por alternativas mais sustentáveis.
“A gente não tem mais a jornada exaustiva do trabalhador, não tem mais essa exposição química do trabalhador junto a esses produtos toxicológicos. Tem a questão da preservação ambiental, de não contaminar as águas”, diz Pereira, presidente do sindicato.
Porém, essa tecnologia é cara: cada kit com três baterias, uma estação de recarga e o drone custou R$ 135 mil para o sindicato. Em Caconde, os produtores se revezam no uso do equipamento.
Mas, segundo Pereira, valeu a pena. Com o drone, ficou mais fácil controlar pragas no tempo certo, o que melhorou a produção e a qualidade do café.
Contagem de gado com IA e drone: conheça tecnologia que minimiza perda de bois
Os drones também podem ser usados de outras formas na agricultura e na pecuária.
Na Embrapa Agricultura Digital, em Campinas, pesquisadores desenvolvem um drone que usa câmera e inteligência artificial para contar o rebanho.
O líder do estudo, Jayme Barbedo, explica que pecuaristas com propriedades grandes têm dificuldades em controlar o rebanho.
“Os animais são roubados, são perdidos, morrem e eles nem ficam sabendo”, exemplifica o pesquisador.
Essa contagem conseguiu ser melhorada com uma solução simples: a câmera do drone fica em um ângulo inclinado, ou seja, diferente de quando está apenas virada para baixo. Assim, o drone consegue ver uma área maior e contar mais animais de uma vez.
O estudo está na segunda e última fase de desenvolvimento. A ideia é que o drone também identifique o estado de saúde dos animais e suas medidas corporais. Isso ajudaria a definir o melhor momento para o abate, diz Barbedo.
Técnica na palma da mão
Sem técnicos, aplicativos servem de conselheiros para produtores rurais
O Semear Digital também apresenta aplicativos de precisão desenvolvidos pela Embrapa para os agricultores e criadores de animais. Eles são gratuitos e funcionam em celulares Android.
Na criação de peixes, o aplicativo se chama “Aquicultura Certa”. Já para a pecuária leiteira, é o “Roda da Reprodução”.
Apesar de diferentes, os dois funcionam de forma parecida: os criadores inserem informações básicas sobre os animais e o sistema oferece orientações.
Por exemplo, o produtor informa quanto os animais comem, peso e dados mais específicos, como o pH da água, no caso dos peixes, e o período de lactação, para as vacas.
A partir dessas informações, o sistema informa se os parâmetros são os ideais e, caso não sejam, diz como eles devem proceder.
“A gente não tem um técnico aqui na piscicultura diariamente. Então, o aplicativo nos auxilia demais. [Com a internet], no meio da água, eu consigo ter informações”, afirma Tiago Oliveira, criador de tilápias.
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Conectividade e segurança
A internet também é fundamental para a segurança no campo. Na piscicultura do Tiago, por exemplo, aconteciam roubos constantemente. As perdas chegavam a R$ 20 mil por gaiola com tilápias perdida.
Depois da chegada da internet, ele instalou um monitoramento por câmeras, acompanhadas por uma central. Quando algo suspeito é identificado, a polícia é acionada.
Desde 2022, quando ele comprou o equipamento, os roubos não aconteceram mais.
A conectividade também é uma arma no combate aos incêndios no campo. “É uma verdadeira catástrofe quando você não tem a conectividade: você demora para saber onde tem o fogo, você não sabe o que você vai fazer”, diz Galvão, da UFV.
Isso porque é por meio do celular que os grupos de combate são mobilizados e coordenam a ação.
Mais tecnologia
A tecnologia tem se tornado cada vez mais presente no campo: em 2024, o número de startups que oferecem soluções tecnológicas inovadoras para o setor, conhecidas como agtechs, cresceu mais de 75% na comparação com 2019, aponta a pesquisa Radar Agtech Brasil 2024, elaborada pela Embrapa, Homo Ludens e SP Ventures.
O estudo divide essas empresas em três grupos:
Antes da fazenda: oferecem tecnologias para processos anteriores à produção, como compra de insumos e máquinas. Essa categoria responde por 18,6% das startups mapeadas.
Dentro da fazenda: agtechs que trabalham com soluções dentro da propriedade, como monitoramento do uso da água e controle de insumos. O grupo é o maior entre o setor, representando 41,5% do total.
Depois da fazenda: categoria mais voltada para processos como logística, distribuição e comercialização. É o segundo tópico mais visado pelas startups, sendo 39,9% das agtechs.
A expansão acontece também com o Semear Digital. O próximo passo do projeto é levar a estratégia para a Argentina, o Chile, o Paraguai e o Uruguai, com a implementação de 1 Dat por país a partir de 2026.
A iniciativa é financiada pelo Programa Cooperativo para o Desenvolvimento da Tecnologia Agroalimentar e Agroindustrial do Cone Sul (Procrisur), formado por institutos de pesquisa dos 4 países e do Brasil e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
No Brasil, o projeto está em fase de discussão com órgãos brasileiros para chegar a mais estados, principalmente no Nordeste.
O Semear Digital é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) desde 2023. A Fapesp forneceu R$ 26,7 milhões à Embrapa, para serem usados até 2027.
Antes disso, a aplicação do projeto em Caconde foi feita com recursos do Ministério da Agricultura.
Além dos projetos como o Semear Digital, o Governo Federal tem o programa Rural + Conectado, com o objetivo ampliar o acesso à internet em povoados e cidades de baixa densidade demográfica.
A última novidade do programa aconteceu em 2023, quando foi anunciada uma linha de crédito de R$ 1,2 bilhão para ampliação do acesso, aumento da velocidade e qualidade dos serviços de internet. O foco era em 2.315 pontos no Norte e no Nordeste do país.
O g1 procurou o Ministério da Agricultura para saber os resultados do programa, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
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Caconde passou a ter acesso a internet após participação no projeto Semear Digital
Fábio Tito / g1
Por que os jovens pedem mais demissão? Saiba o que cada geração valoriza e por que pensam tão diferente
Por que os jovens pedem mais demissão? Veja como pensa cada geração
Aurélio Santana e Raphaella Abrahão têm algo em comum: passaram por seis empresas ao longo da vida. Acontece que ele tem 66 anos, e ela, 22.
Hoje aposentado, o economista é o exemplo clássico da geração baby boomer (que nasceu entre 1946 e 1964). Ele construiu praticamente toda a carreira em uma única firma: foram 43 anos na Anfavea.
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Já a jovem, formada em relações públicas, é o novo estereótipo da geração Z (nascidos entre 1997 e 2012). Nos últimos seis anos, mudou de emprego seis vezes.
A comparação entre Aurélio e Raphaella mostra uma das transformações mais profundas no mercado de trabalho ao longo do tempo: o conceito de sucesso profissional está sendo redefinido.
O g1 ouviu profissionais de várias idades, especialistas e sociólogos para entender esse fenômeno. Também conversou com empresas para saber como lidam com esse mercado plural.
💵 Estabilidade e salário deixaram de ser os maiores desejos do trabalhador ou sinônimos de realização.
🚀 Os mais jovens priorizam ambientes flexíveis, empresas com propósito genuíno e oportunidades de crescimento acelerado.
"Estabilidade nunca foi meu objetivo. Meu foco é estar em lugares onde eu aprenda e me desenvolva", diz Raphaella, que representa o perfil inquieto de sua geração.
Aurélio, obviamente, pensa diferente: "O importante é chegar ao fim da carreira com conforto financeiro, saúde e poder ajudar os filhos. Olhar para trás e saber que você teve uma vida útil, que impulsionou sua família. Isso é sucesso".
Números já mostram a mudança
No Brasil, os jovens de 18 a 24 anos permanecem, em média, apenas 12 meses no mesmo emprego, segundo levantamento do Ministério do Trabalho. Em 2024, a rotatividade dessa faixa etária chegou a 96,2%.
A busca por novas oportunidades (38%), a falta de reconhecimento (34%) e questões éticas (28%) estão entre os principais motivos que levam os jovens a pedir demissão. Estresse, problemas de saúde mental e baixa flexibilidade também aparecem na lista.
A rotatividade de empregos, que marca a geração Z, é chamada de job hopping (salto de emprego). O termo descreve a prática de mudar de empresa em poucos meses.
E não se trata de instabilidade, mas de uma busca deliberada por aprendizado rápido, oportunidades de crescimento, e coerência entre valores pessoais e trabalho.
"Minha geração não quer ficar 20 anos no mesmo lugar. Fico enquanto estiver aprendendo e entregando. Job hopping não significa indecisão, mas buscar algo que faça sentido" afirma Raphaella.
É uma mentalidade que tem forte contraste com a de outras gerações, inclusive dos pais dos GenZ. Para a geração X (1965 – 1980), a estabilidade ainda pesa, embora com mais flexibilidade do que é visto nos baby boomers.
Sylene Nakano, que trabalha na Ford há 19 anos, não se vê mudando de emprego tão rápido. Mas mostra que entende o racional dos mais jovens: "Eles têm outras aspirações e acreditam que oportunidades aparecem fácil".
Entre os millennials (1981 – 1996), o que importa é a motivação, não o tempo na empresa. Marcela Bruno, na Cosan há uma década, acredita que a pressa pode fazer os jovens perderem chances valiosas de aprendizado.
💭 Mas o que explica visões tão diferentes entre gerações? Segundo Ricardo Nunes, sociólogo do trabalho, o comportamento da geração Z é fruto direto das transformações estruturais econômicas nas últimas décadas.
🔎 Se os baby boomers cresceram sob a lógica do "trabalhar agora para viver melhor depois" — com aposentadoria garantida e estabilidade como promessa —, os jovens de hoje nasceram em um mundo marcado pela precarização, pela automação e pela lógica do "se vire", explica o sociólogo.
“As novas gerações aprendem desde cedo: vou ter que me virar para sobreviver”, resume Antunes
A ideia de uma carreira linear, numa única empresa, perdeu força diante de um mercado que oferece menos garantias e exige mais adaptabilidade.
O job hopping, portanto, não é apenas uma escolha, mas uma resposta a um cenário em que a fidelidade à empresa não garante segurança e nem crescimento.
E essa mentalidade representa um desafio extra para as organizações, que precisam encontrar novas formas de atrair e reter jovens profissionais, sem perder de vista os talentos de gerações que ainda valorizam fatores tradicionais.
O que cada geração valoriza em sua carreira?
A trajetória profissional deixou de seguir um único caminho. Segundo os especialistas, cada geração carrega valores moldados pelo seu tempo, pelo contexto econômico e pelas transformações sociais.
As gerações mais antigas, por exemplo, cresceram com um modelo de emprego baseado na estabilidade e na promessa de recompensa futura. "O lema era: trabalho agora para viver melhor depois", explica Ricardo Nunes.
Esse pensamento era sustentado por um mercado que oferecia vínculos duradouros, direitos garantidos e uma lógica de ascensão por tempo de serviço.
Foi nesse ambiente que surgiram os baby boomers, como Aurélio, que só depois da aposentadoria passou a fazer o que ama: estudar idiomas e se dedicar à marcenaria.
A geração X, por sua vez, valoriza o equilíbrio entre estabilidade e crescimento. Formada em Química, Sylene começou na Ford na área de recursos. Em 19 anos, foi promovida até virar gerente de projetos, cuidando de acessórios de veículos produzidos nos Estados Unidos.
Essa geração viu a chegada da tecnologia e aprendeu a se adaptar, mas manteve raízes tradicionais.
"Estabilidade é importante para construir o futuro (...) e a gente viu que podia continuar sendo flexível. Equilíbrio é bom", pontua.
Já os millennials buscam propósito e desafios constantes. Marcela, que atua no setor jurídico da Cosan, só permaneceu por tanto tempo na empresa porque encontrou um ambiente dinâmico e oportunidades de crescimento.
A geração Z, por sua vez, quebrou quase todos os padrões. Raphaella, que já passou por seis empresas, não vê problema nisso.
Para esses jovens, o trabalho precisa fazer sentido, refletir seus valores e oferecer aprendizado constante. Quando isso não acontece, é hora de partir.
Como o job hopping é visto por recrutadores?
Trocar de emprego em menos de dois anos já foi visto como um grande problema no currículo. Hoje, esse olhar mudou, principalmente quando se trata dos nascidos a partir de 1997.
Para muitos recrutadores, o job hopping deixou de ser sinônimo de instabilidade e passou a indicar inquietação produtiva, busca por propósito e vontade de crescer.
Ana Paula Prado, CEO da Redarbor (dona das plataformas de recrutamento Catho e Infojobs), explica que o mercado está mais aberto a trajetórias não lineares.
“O importante é a coerência entre o discurso e a experiência real do profissional”, afirma.
Segundo ela, mudanças frequentes não são um problema, desde que o profissional saiba contextualizar suas decisões e apresentar resultados concretos.
⚠️ Mas há um limite. Mudanças com menos de seis meses, por exemplo, podem ser mal interpretadas.
"Com menos de 9 meses, o profissional não passa nem por um ciclo de desempenho completo", alerta Ana Paula. A recomendação é que haja tempo suficiente para aprendizado e contribuição.
Para Angélica Madalosso, da consultoria de marca empregadora I Love My Job, o mercado precisa olhar além dos números no currículo.
"O job hopping não significa descomprometimento. Eles [os jovens] querem se sentir realizados mais rápido do que as gerações anteriores", pontua.
O desafio para as empresas, segundo ela, está em transformar essa inquietação em vantagem competitiva, criando espaços em que os jovens consigam aplicar essa energia e vontade de aprender, antes que decidam partir para a próxima oportunidade.
Quais são os impactos da alta rotatividade para as empresas?
A alta rotatividade tem se tornado um dos principais desafios para as empresas. De acordo com a pesquisa "Desligamentos voluntários 2024", do Ministério do Trabalho, mais de 780 mil pessoas passaram por duas demissões voluntárias em apenas 16 meses.
Mais da metade delas (53%) tinha até 29 anos. Além disso, 42% dos trabalhadores que pediram demissão e conseguiram um novo emprego já foram desligados novamente, e quase metade saiu por vontade própria.
Esse movimento acontece, em parte, porque conseguir outro emprego está cada vez mais rápido: 71% dos profissionais se recolocam em até 60 dias.
Com mais oportunidades à disposição, muitos trabalhadores, especialmente da geração Z, não pensam duas vezes antes de trocar de empresa quando percebem que algo não está alinhado com seus valores ou expectativas.
Essa movimentação gera impactos diretos e indiretos.
Financeiramente, o custo de uma cadeira vazia é alto: envolve recrutamento, treinamento e perda de produtividade.
Culturalmente, a saída frequente de funcionários dificulta a construção de um ambiente coeso e de projetos de longo prazo, afirma Ana Paula Prado, da Redarbor.
Ela destaca que a fidelidade à empresa, hoje, está mais ligada à coerência entre discurso e prática do que ao tempo de casa. "A empresa só vai mudar quando sentir a dor — quando não conseguir mais atrair ou reter talentos", afirma.
Para lidar com esse cenário, as companhias precisam ir além do salário. Flexibilidade, reconhecimento, propósito e oportunidades de desenvolvimento são fatores decisivos para manter os jovens talentos, acrescenta a especialista.
, cada geração carrega valores moldados pelo seu tempo, pelo contexto econômico e pelas transformações sociais
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Como promover convivência saudável entre gerações?
Com quatro gerações atuando simultaneamente no mercado de trabalho, promover uma convivência saudável se tornou uma missão. É que cada grupo traz consigo valores, ritmos e expectativas diferentes e, muitas vezes, conflitantes.
Raphaella, que é GenZ, já sentiu isso na prática. "Eu tinha plena certeza do que estava falando, mas às vezes precisava pedir para um homem ou alguém mais velho intervir", conta.
Aurélio, por exemplo, olha com desconfiança para a pressa dos mais jovens. "As ambições são grandes, mas a dedicação é pequena."
"A gente, quando é jovem, acha que somos melhores do que realmente somos. Pensamos que já podemos sentar na janelinha. Mas nós não temos a experiência necessária. A primeira dificuldade que você tem, você corre".
Apesar dos atritos, especialistas garantem que é possível transformar essas diferenças em força. O segredo está na empatia e na escuta ativa.
Sylene é mentora de jovens profissionais, e reforça o papel do diálogo. " A gente tem que ser flexível e entender o que podemos fazer para que este seja o melhor lugar para eles", defende.
“A gente tem que ser flexível e entender o que podemos fazer para que este seja o melhor lugar para eles", afirma.
Angélica, que faz diagnósticos de cultura organizacional e de marca empregadora, sugere ações práticas. Para ela, mentorias reversas, programas de inclusão e projetos intergeracionais ajudam a criar pontes entre os diferentes perfis.
Quando bem conduzida, a diversidade geracional deixa de ser um problema e vira um ativo poderoso. Gera inovação, aprendizado mútuo e um ambiente mais rico, resume a CEO.
O que as empresas estão fazendo para reter talentos da geração Z?
Alguns dos benefícios mais valorizados pelos jovens são o home office, um plano de carreira bem definido, apoio à saúde mental, folga no aniversário e até plano de saúde para pets, destaca Ana Paula, da Redarbor.
Mas só oferecer benefícios não garante a permanência. "A fidelidade acontece quando a empresa está alinhada aos objetivos de carreira do colaborador", afirma ela.
Por isso, muitas empresas têm apostado em planos de crescimento mais transparentes e em oportunidades de movimentação interna.
A Cosan, dona da Raízen, Compass e outras marcas, permite que efetivos, aprendizes e estagiários circulem entre diferentes empresas do grupo, adquirindo novas experiências sem trocar de empregador.
"Às vezes, o próximo passo não está na empresa em que você está, mas em outra do portfólio, com um desafio que faça sentido para o seu momento de carreira", explica Fabi Chagas, gerente de Identidade e Desenvolvimento Organizacional.
Esse espaço para testar novas funções e se desenvolver é um dos fatores mais citados por especialistas como essencial para reter a geração Z. A Ford também tem apostado nisso com treinamentos para gestores, principalmente os de primeiro nível.
Outro aspecto importante para os mais jovens é sentir que sua opinião é valorizada. "Mentorias internas e projetos entre áreas só funcionam quando existe um ambiente aberto ao diálogo", afirma Angélica.
Na Cosan, por exemplo, os novos funcionários são incentivados a liderar projetos, apresentar tendências e questionar processos. Já os mais experientes contribuem com uma visão estratégica. Hoje, o tempo médio de permanência no grupo é de seis anos.
Na Ford, experiências que aproximam os colaboradores da marca — como participar de lançamentos de veículos e de eventos com clientes — também ajudam a fortalecer o vínculo emocional.
Além disso, benefícios que afetam diretamente a rotina continuam em destaque. A montadora oferece trabalho híbrido, horários flexíveis, short Friday e programas de mentoria.
"Quando você tem essa conexão, retém as pessoas. Elas têm dificuldade de aceitar um novo emprego porque se sentem bem aqui", explica Fernanda Ramos.
Por que tantos profissionais preferem se demitir a deixar o home office?
EUA dizem à OMC que algumas medidas do tarifaço imposto ao Brasil são temas de Segurança Nacional
EUA dizem à OMC que algumas medidas do tarifaço imposto ao Brasil são temas de Segurança Nacional
A Organização Mundial do Comércio divulgou detalhes da resposta do governo Trump à ação do Brasil contra o tarifaço.
Os Estados Unidos aceitaram o pedido de consultas feito pelo Brasil, mas disseram que algumas medidas não estão sujeitas à revisão na OMC por serem temas de segurança nacional.
A resposta americana não especifica quais ações poderão ser negociadas.
OMC divulga resposta dos EUA à ação do Brasil contra tarifaço
Reprodução/TV Globo
Mega-Sena, concurso 2.903: bolão leva prêmio de R$ 63 milhões
G1 | Loterias - Mega-Sena 2903
O concurso 2.903 da Mega-Sena foi sorteado na noite desta terça-feira (19), em São Paulo. Um bolão do município de Caxias, no Maranhão, acertou as seis dezenas e levou o prêmio de R$ 63.090.150,68.
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Segundo a Caixa Econômica Federal, o bolão de 15 cotas foi registrado presencialmente em uma lotérica da cidade. Os participantes apostaram em 7 dezenas.
Veja os números sorteados: 20 - 24 - 27 - 46 - 50 - 54
A quina teve 51 apostas ganhadoras, e cada uma vai embolsar R$ 52.488,22.
Já a quadra teve 3.737 vencedores, que vão levar R$ 1.180,75 cada.
O próximo sorteio da Mega será na quinta-feira (21), com prêmio estimado em R$ 3,5 milhões.
Mega-Sena, concurso 2.903
Reprodução/Caixa
Entenda como funciona a Mega-Sena e qual a probabilidade de ganhar o prêmio
Para apostar na Mega-Sena
As apostas podem ser realizadas até as 19h (horário de Brasília) em qualquer lotérica do país ou por meio do site e aplicativo Loterias Caixa, disponíveis em smartphones, computadores e outros dispositivos.
O pagamento da aposta online pode ser realizado via PIX, cartão de crédito ou pelo internet banking, para correntistas da Caixa. É preciso ter 18 anos ou mais para participar.
Probabilidades
A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada.
Para um jogo simples, com apenas seis dezenas, que custa R$ 6, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa.
Já para uma aposta com 20 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 232.560,00, a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 1.292, ainda de acordo com a instituição.
Bilhetes da Mega-Sena, em imagem de arquivo
Marcelo Brandt/G1
Para bancos, mensagem de Dino é para não limitar contas de Moraes
A decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que reiterou nesta terça-feira (19) que leis estrangeiras não podem ser aplicadas no Brasil sem homologação da Justiça, está sendo analisada por instituições financeiras. Na leitura delas, Dino determinou que os bancos não devem adotar medidas por iniciativa própria – como limitar contas de autoridades – sem antes consultar o STF. A medida atinge diretamente o caso do ministro Alexandre de Moraes, incluído na lista da Lei Magnitsky, dos Estados Unidos. O blog ouviu CEOs de bancos e integrantes do sistema financeiro, que avaliaram que a situação ficou grave e incerta. Segundo eles, o principal problema não é a aplicação da lei norte-americana no Brasil, mas o risco de sanções nos EUA contra instituições que descumprirem a Magnitsky. O reflexo imediato foi sentido na bolsa: as ações de bancos puxaram a queda do mercado nesta terça. O tombo foi mais acentuado nos papéis do Banco do Brasil, o que, segundo analistas, pode indicar percepção de maior exposição da instituição, controlada pelo governo, a decisões em defesa de autoridades já atingidas ou que podem vir a ser incluídas na lista dos EUA. Em nota, o BB afirmou ter mais de 80 anos de atuação no exterior. Dino afirma que sanções de outros países não valem no Brasil Limbo jurídico Pelas regras atuais, bancos têm o direito de encerrar contas de seus clientes. Mas a decisão de Dino, segundo dirigentes do setor, cria uma trava e abre um limbo jurídico: como proteger os negócios nos EUA sem descumprir a determinação brasileira? Quase todos os bancos brasileiros têm filiais nos Estados Unidos ou operações que passam pelo sistema financeiro americano. O receio é que, se não cumprirem a lei Magnitsky, sejam punidos com encerramento de contratos e restrições para atuar nos EUA, onde concentram parte relevante dos negócios. Empresários do setor avaliam que ignorar a legislação americana poderia gerar prejuízos severos, até com risco de quebra. Próximos passos Até o momento, não houve notificação oficial do OFAC – o escritório do Tesouro americano que controla ativos estrangeiros. Mesmo assim, bancos querem esclarecer as formas de atuação junto ao STF e ao governo brasileiro antes que qualquer comunicado chegue dos Estados Unidos.
Decisão de Dino: entenda as dúvidas geradas e como bancos podem ser afetados
Decisão de Flavio Dino impede aplicação de sanções americanas a Alexandre de Moraes sem a permissão do STF
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, decidiu nesta segunda-feira (18) que leis e determinações de outros países não têm validade automática no Brasil, por uma questão de soberania nacional. Na esteira desse processo, também proibiu instituições financeiras brasileiras de atender ordens de tribunais estrangeiros sem autorização expressa do STF.
Embora não cite diretamente a Lei Magnitsky — sanção dos EUA aplicada contra o ministro Alexandre de Moraes em julho —, essa parcela da decisão de Dino foi interpretada como uma resposta a ela, e levantou dúvidas sobre os impactos para bancos e empresas que operam no Brasil e no exterior.
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Com a percepção de maior risco aos negócios, o impasse fez as ações dos bancos brasileiros caírem em bloco nesta terça. O g1 consultou especialistas para explicar como a decisão do Supremo pode afetar as instituições financeiras brasileiras.
Veja a seguir:
Quais princípios jurídicos garantem a soberania brasileira diante de sanções e leis estrangeiras?
Empresas e bancos brasileiros com negócios nos EUA são obrigados a cumprir a Lei Magnitsky?
De que forma a decisão e a Lei Magnitsky podem afetar instituições financeiras brasileiras?
Bancos e empresas que atuam em vários países devem seguir qual legislação?
O Brasil pode ser excluído do sistema financeiro internacional se empresas descumprirem leis estrangeiras?
A decisão fere acordos internacionais ou tratados multilaterais?
Empresas americanas, como Visa, Mastercard e redes sociais, podem deixar de operar no Brasil?
O que dizem as instituições brasileiras citadas na decisão?
1. Quais princípios jurídicos garantem a soberania brasileira diante de sanções e leis estrangeiras?
Em entrevista à GloboNews, o doutor em Direito Internacional pela USP Rabih Nasser afirmou que a decisão do ministro já está prevista na Constituição, e também trata do “princípio da territorialidade”.
“Ou seja, as leis de cada país valem dentro do seu território. Em situações excepcionais, podem até produzir efeitos fora dele”, diz o especialista.
O que diz a lei:
🔎 Princípio da soberania nacional (artigo 1º da Constituição Federal): “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”
🔎 Princípio da territorialidade (artigo 5º do Código Penal): “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.”
Segundo Nasser, a decisão do ministro Flávio Dino, no caso da ação do Ibram, declarou sem efeito uma medida de um tribunal inglês, tomada em março deste ano.
“Ele entendeu que houve violação da soberania nacional, já que municípios brasileiros estavam litigando em tribunal estrangeiro, embora façam parte do Estado brasileiro. Por isso, afirmou que eles devem litigar aqui, no Brasil, porque os fatos ocorreram aqui”.
Mas, na avaliação do especialista, a decisão do STF de ampliar a proibição para bancos e instituições financeiras “parece claramente voltada às sanções impostas pelos EUA”.
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2. Empresas e bancos brasileiros com negócios nos EUA são obrigados a cumprir a Lei Magnitsky?
Charles Nasrallah, advogado especializado em direito empresarial, avalia que a decisão do STF de barrar determinações estrangeiras no Brasil cria um conflito.
“Na teoria, bancos e empresas devem obedecer à lei brasileira. Na prática, para operar no mercado internacional, ninguém pode simplesmente ignorar a legislação dos EUA, que controla o sistema financeiro global”, afirma.
Segundo ele, o Supremo adotou uma decisão que pode soar nacionalista, mas que, na prática, coloca as empresas brasileiras em uma encruzilhada difícil de resolver.
“O cenário para empresas que atuam no Brasil é complexo, pois elas se veem entre duas ordens diferentes”, avalia.
Para Marcos Camilo, CEO da Pulse Capital, a legislação americana — incluindo a Lei Magnitsky — não tem aplicação imediata no Brasil. “O país mantém sua soberania nacional. Uma lei ou decisão estrangeira precisa ser validada em território brasileiro para ter eficácia”, afirma.
Ele ressalta que autoridades dos EUA podem sancionar empresas brasileiras apenas em território americano, em caso de descumprimento de leis ou decisões locais. “O Brasil não é obrigado a aplicar medidas estrangeiras em seu território”.
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3. De que forma a decisão e a Lei Magnitsky podem afetar instituições financeiras brasileiras?
Rabih Nasser acredita que as empresas precisarão continuar medindo riscos e definindo o que podem ou não fazer conforme a legislação de cada país — sobretudo nos EUA.
“Em princípio, as sanções dos EUA valem apenas para empresas americanas. Ou seja, cidadãos e companhias dos EUA não podem se relacionar com a pessoa sancionada, e as restrições podem atingir transações que passem pelo sistema financeiro americano.”
Já Eduardo Terashima, doutor em relações internacionais econômicas e sócio da NHM Advogados, alerta que o descumprimento de normas internacionais pode gerar consequências severas para as empresas no cenário global, como:
bloqueio de ativos no exterior;
restrições de acesso a sistemas de pagamento em dólar;
aumento do custo de captação fora do país.
Ele lembra especificamente do caso do BNP Paribas, maior banco da França, que foi multado em US$ 8,8 bilhões (cerca de R$ 48 bilhões) em 2014 por descumprir embargos dos EUA a Irã e Cuba, por exemplo.
O advogado Charles Nasrallah, especialista em direito empresarial, afirma: “Esses precedentes mostram que, em matéria de sanções, é a jurisdição americana que dita as regras do jogo internacional — e não a brasileira”.
Por isso, bancos brasileiros com operações nos EUA, como BB Américas (controlado pelo Banco do Brasil), BTG Pactual, XP e Itaú, continuam em dúvida se suas atividades e subsidiárias no país podem ser afetadas caso se considere que houve descumprimento de ordens do governo americano.
“Embora não haja efeito direto no Brasil, pode haver sanções contra empresas controladas por companhias brasileiras caso o governo americano entenda que houve descumprimento da lei”, explica Marcelo Godke, sócio do Godke Advogados e especialista em direito internacional empresarial.
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4. Bancos e empresas que atuam em vários países devem seguir qual legislação?
De acordo com o advogado Daniel Toledo, especialista em direito internacional, empresas que atuam em vários países devem seguir a legislação de cada território. Uma companhia que faz negócios nos EUA deve respeitar a lei americana, enquanto uma brasileira precisa cumprir as normas nacionais.
“O mesmo vale para operações na Rússia ou em qualquer outro país, sempre considerando os tratados internacionais em vigor”, afirma Toledo.
Na mesma linha, o advogado criminalista Antônio Gonçalves explica que empresas e bancos devem seguir a legislação brasileira para atos praticados no país e a legislação internacional para operações no exterior.
“Ou seja, é uma obediência a ambas as legislações”, resume.
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Ministro do STF Flávio Dino
Gustavo Moreno/STF
5. O Brasil pode ser excluído do sistema financeiro internacional se empresas descumprirem leis estrangeiras?
A exclusão de um país do sistema SWIFT é vista como uma medida extrema, adotada apenas em situações excepcionais — como ocorreu com Rússia e Irã.
🔎 O SWIFT é uma rede global que garante comunicação segura entre instituições financeiras e facilita transferências internacionais. Funciona como um sistema de mensagens para instruções de pagamento, sem gerenciar ou reter fundos. Mais de 11 mil instituições em mais de 200 países utilizam o SWIFT.
“O Brasil não está sob sanções do Conselho de Segurança da ONU, mantém laços comerciais sólidos com China, EUA e União Europeia, e não há precedente de exclusão do país em situação semelhante”, explica Eduardo Terashima.
Segundo ele, o risco provável é o encarecimento das transações financeiras internacionais e uma postura mais cautelosa de empresas estrangeiras ao negociar com o Brasil.
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6. A decisão fere acordos internacionais ou tratados multilaterais?
Em novo despacho, o ministro Flávio Dino reafirmou a validade da decisão, esclarecendo que sua determinação não se aplica aos chamados tribunais internacionais.
Como o Brasil não é signatário de tratados internacionais que o obriguem a adotar a legislação sancionatória dos EUA, a decisão do STF não viola acordos internacionais.
Daniela Poli Vlavianos, especialista em direito civil e empresarial, diz que só haveria descumprimento se houvesse tratado bilateral ou multilateral que previsse a aplicação de sanções semelhantes.
“O que existe são compromissos em instâncias como ONU e OEA. Mesmo nesses casos, as sanções dependem de resoluções vinculantes aprovadas pelos organismos, e não de leis unilaterais de um país estrangeiro”, explica a advogada.
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7. Empresas americanas, como Visa, Mastercard e redes sociais, podem deixar de operar no Brasil?
A saída de empresas norte-americanas do Brasil é considerada uma “consequência drástica” por Marcelo Godke — e, em sua avaliação, improvável.
“As empresas não encerrarão suas operações no Brasil, mas poderão enfrentar sanções significativas nos EUA, incluindo multas multibilionárias, caso descumpram determinações do governo americano”, afirma o especialista.
Na prática, porém, essas empresas terão de decidir a quem obedecer: ao governo americano ou, eventualmente, às ordens do Judiciário brasileiro. “Acredito que tenderão a seguir as diretrizes do governo americano, diante do potencial impacto financeiro das sanções”, acrescenta.
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8. O que dizem as instituições brasileiras citadas na decisão?
No processo, o ministro do STF determinou que o Banco Central e outras instituições financeiras fossem comunicados da decisão, diante dos “riscos e possibilidades de operações, transações e imposições indevidas”.
As entidades notificadas foram:
Federação Brasileira de Bancos (Febraban);
Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF);
Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg).
Procurada pelo g1, a CNseg afirmou em nota que “tomou conhecimento da recente decisão e, no momento, está avaliando o caso”.
“A entidade reforça que, por se tratar de um tema novo e ainda em exame, não é possível apresentar um posicionamento definitivo neste momento. A CNseg seguirá acompanhando os desdobramentos e se manifestará oportunamente, após a devida avaliação técnica”.
Até a publicação desta reportagem, a Febraban e a CNF não haviam se manifestado.
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EUA aceitam consulta do Brasil na OMC, mas dizem que tarifaço é tema de 'segurança nacional'
Ao criticar tarifas, Brasil tem apoio de 40 países na OMC
Os Estados Unidos aceitaram o pedido de consulta do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC). No entanto, na resposta os EUA afirmam que as alegações do Brasil dizem respeito, em parte, a temas de segurança nacional do país.
"A solicitação do Brasil diz respeito, em parte, a certas ações dos Estados Unidos relacionadas à segurança nacional que não são suscetíveis de revisão ou capazes de resolução pela solução de controvérsias da OMC", afirmou o governo norte-americano, em tradução livre.
As alegações do Brasil na OMC dizem respeito ao tarifaço de Donald Trump, presidente norte-americano, que cobra uma sobretaxa de 50% para entrada de produtos brasileiros no país. Além disso, também tratam da investigação comercial aberta contra o país pelos EUA, que inclui uma ameaça ao Pix.
🔎 A solicitação de consultas inicia formalmente uma disputa na OMC. As consultas dão às partes a oportunidade de discutir a questão e encontrar uma solução sem prosseguir para um julgamento. Caso as consultas não resolvam a disputa dentro de 60 dias, o reclamante — no caso, o Brasil —poderá pedir que um painel da OMC decida sobre o caso.
"Questões de segurança nacional são questões políticas não suscetíveis de revisão ou resolução por meio de solução de controvérsias na OMC. Cada membro da OMC mantém a autoridade para determinar por si próprio as medidas que considera necessárias à proteção de seus interesses essenciais de segurança", afirmou os EUA em outro trecho do documento.
A consulta é uma etapa anterior à eventual abertura de um painel, mecanismo de julgamento dentro da organização. A avaliação do caso na OMC é um processo longo e não há garantia de sucesso.
A organização teve sua atuação esvaziada e especialistas ouvidos pelo g1 avaliam que a decisão do Brasil de acionar a OMC tem mais efeito "simbólico", "político" e "moral" do que prático.
O mecanismo da OMC tem o objetivo de assegurar que os países cumpram os acordos comerciais e que medidas consideradas incompatíveis possam ser contestadas.
Donald Trump durante evento em que anunciou uma tarifa para chips e semicondutores importados
REUTERS/Jonathan Ernst
Resposta dos EUA
No documento, os EUA afirmam que as ações tarifárias determinadas por Trump eram necessárias.
"Para lidar com a emergência nacional decorrente das condições refletidas nos grandes e persistentes déficits anuais de mercadorias dos EUA com parceiros comerciais, ameaçando a segurança nacional e a economia dos Estados Unidos", diz o governo dos Estados Unidos.
O documento também cita que "políticas, práticas e ações recentes do governo do Brasil minam o Estado de Direito e ameaçam a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos".
Pedido do Brasil
O Brasil solicitou consultas à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre as tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros importados pelo país em 11 de agosto.
No documento, o Brasil alega que as medidas tomadas por Trump são inconsistentes com as obrigações dos EUA sob várias disposições do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT, na sigla em inglês) e do Entendimento sobre Solução de Controvérsias (DSU, na sigla em inglês).
Isso porque as medidas de Trump buscam reparação por meio da imposição de tarifas, em vez de recorrer às regras e procedimentos dos acordos já firmados.
Lula fala sobre linha de crédito para empresas afetadas pelo tarifaço
Adriano Machado/Reuters
O que diz o Brasil na consulta?
Entre as principais reclamações do Brasil contra os EUA estão:
Violação do princípio de nação mais favorecida — ao isentar certos parceiros comerciais ao mesmo tempo que impõem tarifas adicionais sobre produtos brasileiros, os EUA deixam de cumprir com as regras do GATT, que dizem que qualquer vantagem dada a um país deve ser dada de forma igual e imediata aos outros membros da OMC;
Tarifas acima dos limites acordados — a alíquota total de 50% imposta ao Brasil excede as tarifas previstas pela lista de concessões dos EUA na OMC;
Tratamento menos favorável ao comércio brasileiro — com a cobrança das taxas, o Brasil alega que os EUA também estão quebrando outra regra do GATT, que diz que o Brasil deve receber um tratamento comercial tão favorável quando o que está garantido na lista oficial de concessões norte-americana;
Descumprimento das regras de solução de controvérsias do DSU — o Brasil defende que os EUA agem contra as regras de comércio porque afirmaram que uma violação de regras aconteceu e decidiram impor tarifas por conta própria sem usar o procedimento oficial para solução de disputas.
No documento, o Brasil também se reservou o direito de apresentar fatos, medidas e alegações adicionais ao longo das consultas e em qualquer futuro pedido de um painel pela OMC, inclusive sob outras disposições de acordos cobertos.
Relator apresenta texto da reforma administrativa; veja principais pontos
Relator apresenta texto da reforma administrativa; veja principais pontos
O relator da proposta de reforma administrativa, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), apresentou em entrevista à GloboNews pontos de seu texto. Dentre eles, o fim de férias de 60 dias para categorias de servidores que hoje têm esse direito, limitar os salários iniciais à metade do que pode ser alcançado no fim da carreira e a criação de tabelas claras de remuneração para todos os cargos de cada poder: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Segundo o deputado, o objetivo é corrigir privilégios do funcionalismo público, reduzir desigualdades salariais e dar mais transparência ao serviço prestado à população.
Grupo na Câmara discute reforma administrativa
Veja os principais pontos abaixo:
Limite para salário de entrada
Um dos pontos centrais da proposta é a criação de uma tabela única de remuneração para o serviço público, que vai da base da carreira até os chefes dos Três Poderes.
O salário de ingresso seria limitado a cerca da metade do que o servidor pode alcançar no fim da carreira.
“Hoje existem dezenas de tabelas e carreiras distintas, o que amplia a desigualdade entre os servidores. Com a tabela única, vamos colocar lado a lado o técnico de enfermagem, o presidente da República, um ministro do STF e o servidor mais humilde. É uma medida para combater a lógica do ‘andar de cima’ contra o ‘andar de baixo’ no serviço público”, disse o relator.
Fim das férias de 60 dias
Outro ponto da reforma é o fim das férias de 60 dias, benefício restrito a menos de 0,3% dos servidores – cerca de 30 mil pessoas em um universo de 12 milhões.
Segundo o deputado, a medida é importante para reduzir privilégios e dar mais legitimidade à proposta.
Relator da proposta de reforma administrativa, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ)
Reprodução/GloboNews
Regras mais específicas para verbas indenizatórias
A reforma também estabelece limites e definições claras para as verbas indenizatórias, evitando que sejam incorporadas de forma permanente aos salários. O objetivo é que tenham caráter temporário e estejam ligadas apenas à continuidade do serviço público.
Transparência e metas
Pedro Paulo destacou ainda que todos os chefes de governo – presidentes, governadores e prefeitos – terão até 180 dias após a posse para apresentar um plano de metas para os quatro anos de mandato.
Essas metas deverão ser acompanhadas por indicadores claros. O relator explicou que haverá pagamento de bônus por desempenho para órgãos e servidores que conseguirem resultados.
“Se uma escola melhora a nota do Ideb, o professor, o porteiro e a diretora devem receber o bônus. Isso beneficia diretamente o cidadão, que poderá escolher morar perto de uma escola que comprovadamente melhora seu desempenho”, exemplificou.
Limite para municípios
Nos municípios com arrecadação reduzida, haverá ainda limitação no número de secretários e no valor dos salários pagos a eles, como forma de conter gastos administrativos.
Impacto e reputação
O relator afirmou que são cerca de 70 propostas reunidas no texto, mas destacou que algumas têm impacto simbólico importante:
“Medidas como o fim das férias de 60 dias, a tabela única e a disciplina sobre verbas indenizatórias são fundamentais no aspecto reputacional da reforma administrativa. Elas dão a mensagem de que o serviço público precisa oferecer mais transparência, eficiência e justiça”, declarou.
Próximos passos
O texto da reforma administrativa deve ser protocolado oficialmente nas próximas semanas e discutido em comissão especial antes de seguir ao plenário da Câmara. O relator avalia que a medida, assim como a reforma tributária, tem potencial para ser uma das principais mudanças estruturais do país nos próximos anos.
Tarifaço: Alckmin diz que plano de socorro às empresas terá baixo impacto nas contas públicas
Exportadoras brasileiras atingidas pelo tarifaço negociam custo extra com clientes americanos
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta terça-feira (19) que as medidas de apoio aos setores afetados pelo tarifaço dos Estados Unidos terão um "impacto fiscal pequeno".
O plano “Brasil Soberano” foi lançado na última quarta-feira (13) pelo governo brasileiro, com ações para socorrer exportadores que vendem para os EUA. O destaque é a criação de uma linha de crédito de R$ 30 bilhões, condicionada à manutenção de empregos.
O plano também inclui:
Prorrogação por um ano o prazo para exportar mercadorias com insumos beneficiados pelo “drawback” — mecanismo que suspende ou isenta tributos sobre insumos usados na fabricação de produtos exportados;
A Receita Federal poderá adiar a cobrança de impostos das empresas mais afetadas pelo tarifaço, prática já adotada na pandemia da Covid-19;
Empresas exportadoras terão crédito tributário para desonerar vendas externas: até 3,1% de alíquota para grandes e médias, e até 6% para micro e pequenas.
"O que nós estamos fazendo é antecipar a reforma tributária", disse Alckmin. "Exportei? Imediatamente dou crédito [tributário] de 3%. Isso tem efeito fiscal? Esse dinheiro não é do governo, é do setor privado. Exportação não pode pagar imposto. Eu tenho que devolver. Mas, ao invés de devolver em 10 anos, vou fazer uma devolução imediata para ajudar a empresa."
Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
Arte/g1
Apesar da declaração de Alckmin, analistas ouvidos pelo g1 afirmaram que, mesmo sendo um “alívio” para empresas afetadas — especialmente pequenos e médios negócios —, o plano de socorro do governo pode gerar aumento da dívida pública e efeitos nos juros e no câmbio.
“O Brasil enfrenta um elevado nível de endividamento, com a dívida pública já demonstrando sinais de insustentabilidade”, declarou Victor Borges, especialista em investimentos da Manchester.
Segundo ele, a dívida nominal hoje corresponde a cerca de 76% a 77% do Produto Interno Bruto (PIB). “Com um cenário fiscal já fragilizado, o governo propõe mais gastos. Esse é o ponto central”, avalia Borges.
Negociações com os EUA
Em evento promovido pelo banco Santander, Alckmin também reforçou que o governo trabalha pela exclusão de produtos da tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump e pela redução da alíquota cobrada sobre os itens brasileiros.
"O nosso trabalho — e nós estamos fazendo isso permanentemente — é aumentar a exclusão, fazer com que mais produtos saiam da tarifa e reduzir essa alíquota", disse.
O vice-presidente destacou que a balança comercial é favorável aos EUA no comércio com o Brasil e acrescentou que a negociação com o país é possível.
"Tive três encontros por videoconferência com o secretário de comércio, Howard Lutnick, e destaquei que o Brasil é um bom parceiro, porque há 15 anos os EUA têm superávit comercial com o Brasil", declarou Alckmin.
"Os EUA têm déficit enorme de comércio: US$ 1,2 trilhão de dólares [em 2024]. Mas, entre os países do G20, os norte-americanos só têm superavit com três: Brasil, Reino Unido e Austrália", concluiu.
* Com informações da agência de notícias Reuters.
O vice-presidente, Geraldo Alckmin, durante cerimônia de assinatura de medida provisória que concede isenção da taxa de serviço metrológico para verificação de taxímetros.
Mateus Bonomi/Estadão Conteúdo
Veja 5 pontos da resposta do Brasil à investigação comercial dos EUA
Brasil apresenta defesa contra investigação comercial dos EUA
O governo brasileiro entregou nesta segunda-feira (18) uma resposta oficial à investigação aberta pelo Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR), que acusa o país de prejudicar empresas americanas com práticas "desleais" na economia.
No documento de 91 páginas assinado pelo ministro brasileiro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e divulgado no site do USTR, o Brasil negou que adote medidas discriminatórias, injustificáveis ou restritivas ao comércio com os EUA, voltou a defender o PIX e contestou a legitimidade da ação do órgão americano, afirmando que ela não tem base jurídica ou factual.
Também pediu à USTR que "repense a abertura da investigação" e apelou por um "diálogo construtivo".
"Medidas unilaterais previstas na Seção 301 podem comprometer o sistema multilateral de comércio e ter consequências adversas para as relações bilaterais", afirma o governo brasileiro.
A investigação do USTR foi aberta em meados de julho por ordem do presidente americano Donald Trump com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 dos EUA, com o objetivo declarado de apurar eventuais ações do Brasil que prejudiquem empresas americanas, especialmente em setores como sistemas de pagamento digital, acesso ao mercado de etanol, pirataria, desmatamento e aplicação de leis anticorrupção.
O Brasil foi informado sobre a investigação em 15 de julho, dias depois de Trump anunciar uma tarifa de 50% para produtos brasileiros – medida que entrou em vigor em 6 de agosto.
À época, Trump disse agir em solidariedade ao ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) acusado de tramar um golpe de Estado – o processo dele está na reta final e o julgamento deve ser concluído ainda em setembro.
O tarifaço também foi anunciado como retaliação a outras decisões supostamente injustas da corte, inclusive contra plataformas de rede social americanas, e às "práticas desleais" posteriormente listadas pela USTR.
A depender do resultado da investigação do órgão comercial americano, o Brasil poderá ser retaliado com tarifas ainda mais pesadas, prejudicando as exportações aos EUA.
Lula em imagem de arquivo
Adriano Machado/Reuters
Veja, a seguir, os principais pontos da resposta do Brasil à investigação do USTR.
PIX
O governo brasileiro afirma que o PIX – tecnologia criada pelo Banco Central para pagamentos instantâneos sem cobrança de taxas – visa à segurança do sistema financeiro, sem discriminar empresas estrangeiras, e que a administração pelo BC garante neutralidade ao sistema.
Também ressalta que outros Bancos Centrais, inclusive o Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) testam ferramentas parecidas.
"De fato, diferentes governos estão tomando a iniciativa de fornecer a infraestrutura para pagamentos eletrônicos instantâneos, incluindo a União Europeia, a Índia e os Estados Unidos. O Federal Reserve dos Estados Unidos, em particular, introduziu recentemente o FedNow, um sistema que oferece funcionalidades semelhantes ao PIX", destacou o Itamaraty em sua resposta à USTR.
Segundo o Brasil, o PIX aumentou a concorrência no mercado de pagamentos eletrônicos, com maior participação empresas privadas, inclusive americanas.
O PIX irritou a Casa Branca ao abocanhar parcela considerável de um mercado dominado por bandeiras de cartão de crédito ou débito, como a Mastercard e a Visa, ambas sediadas nos EUA, e por sistemas de pagamento eletrônico como Google Pay e Apple Pay, também americanos.
À época do anúncio da investigação da USTR, uma das possíveis explicações ventiladas na imprensa brasileira para a ação era a suspeita de que o Banco Central brasileiro tenha usado seu poder indevidamente para prejudicar concorrentes da tecnologia.
"A participação de mais de 900 prestadores de serviços de pagamento no PIX demonstra a eficácia da abordagem do Banco Central do Brasil. Além disso, o marco de participação do PIX – que inclui modelos de negócios como a iniciação de pagamentos – cria oportunidades para grandes empresas de tecnologia interessadas em operar no sistema. Notadamente, a iniciação de pagamentos por provedores terceiros vem crescendo a uma taxa mensal de 25% neste ano, sendo o Google Pay o maior iniciador, processando aproximadamente 1,5 milhão de transações via PIX no mês passado", afirma o governo brasileiro na resposta.
Redes sociais e atuação do Judiciário
O governo Trump também questiona o bloqueio de redes sociais americanas e a suspensão de perfis nessas plataformas por ordem da Justiça brasileira.
O governo brasileiro nega que decisões judiciais, inclusive ordens do STF, tenham resultado em medidas discriminatórias que prejudiquem o direito de companhias americanas de atuar no Brasil ou competir em mercados globais.
Também aponta que a responsabilização de plataformas pela remoção de conteúdos da internet baseia-se em lei que regula a responsabilidade jurídica de todas as empresas, independentemente de sua origem, sem visar especificamente os Estados Unidos – critério necessário para a aplicação de medidas punitivas de acordo com a Seção 301.
Segundo o Itamaraty, o julgamento recente do STF que definiu as condições de responsabilização de plataformas por conteúdos postados em redes sociais estabeleceu "padrões mínimos" que não sobrecarregam "significativamente" essas empresas nem permitem que a lei seja usada para acabar com a liberdade de expressão.
O Brasil argumenta ainda que a imposição de multas e outras medidas coercitivas é um recurso padrão para assegurar o cumprimento de decisões judiciais legítimas, e que o país faz uso desse instrumento assim como os EUA e outras nações onde vigora o princípio do Estado de Direito.
Outro ponto criticado por Trump e levantado pelo USTR é a emissão de ordens judiciais "secretas" pelo STF. O governo brasileiro pontuou que autoridades americanas como o FBI também recorrem a instrumentos semelhantes quando demandam de provedores de serviços de comunicação "informações específicas relevantes para os interesses de segurança nacional", e que essa prática tem sido avalizada pelos tribunais americanos sem menções a violações à liberdade de expressão.
"Ainda assim, a natureza confidencial das ordens judiciais não viola nenhum direito dos indivíduos ou entidades sujeitas àquelas ordens", afirma o governo brasileiro, citando que os direitos à legítima defesa seguem mantidos. "As partes, seus advogados e a promotoria têm total acesso a todos os arquivos do caso, provas e documentos [...]. As partes, portanto, têm acesso ao devido processo mesmo quando a ação é confidencial."
Pirataria
Sobre a acusação de que o Brasil permite a venda de produtos falsificados, o Itamaraty argumenta que o país mantém e reforça "robustamente" um regime legal abrangente para proteger os direitos de propriedade intelectual, trabalhando para inibir esse tipo de comércio ilegal.
O governo brasileiro sustenta que cumpre padrões internacionais e mantém marcos regulatórios em linha com os acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Segundo o documento, as reformas promovidas pelo governo brasileiro em setores considerados sensíveis pelos EUA tiveram como objetivo alinhar-se às regras multilaterais, sem prejuízo à competitividade ou aos interesses americanos.
Desmatamento e etanol
Em relação ao etanol, o Brasil afirma que suas políticas são alinhadas aos compromissos multilaterais. O documento ressaltou que, historicamente, o país tem mantido tarifas sobre a importação de etanol abaixo do patamar de 35% acordado com a OMC, e que os EUA atualmente impõem uma tarifa muito mais alta ao etanol brasileiro.
O Brasil também destacou que produtos aeronáuticos americanos se beneficiam de "tarifa zero", e que empresas brasileiras do ramo têm criado empregos nos EUA.
Quanto ao desmatamento, o governo alega que suas ações ambientais não constituem restrições comerciais ou obstáculos à competitividade de empresas americanas, e que se esforça para preservar o meio ambiente sem prejudicar a livre circulação de produtos ou promover discriminação.
Investigação do USTR é "instrumento unilateral"
Em nota, o governo brasileiro afirma que a seção 301 é um "instrumento unilateral [...] inconsistente com as regras e o sistema de solução de controvérsias" da OMC, e que os EUA, longe de serem prejudicados no comércio, têm " expressivo e crescente superávit comercial" com o Brasil.
Também disse que a resposta encaminhada à USTR "comprova que as políticas brasileiras investigadas são transparentes, não discriminatórias, estão em plena conformidade com as melhores práticas internacionais e com as obrigações" do Brasil na OMC.
Cade suspende Moratória da Soja e abre investigação contra empresas que fazem parte do acordo
Cade suspende Moratória da Soja e abre investigação sobre signatários
Divulgação.
A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) determinou na última segunda-feira (19) que traders de soja (empresas que comercializam o grão) suspendam o acordo da "Moratória da Soja" dentro de 10 dias, sob pena de multas pesadas.
A medida, que instaura um processo administrativo contra as associações e empresas que são signatárias do acordo, é preventiva.
O Brasil é o maior exportador de soja do mundo e a decisão divide os setores envolvidos nesta cadeia. Produtores de soja e indústria divergem sobre a moratória, que é defendida por ambientalistas (saiba mais).
➡️O que é a Moratória da Soja? Assinada em 2006, busca proteger a floresta amazônica ao impedir que traders de soja comprem de produtores que tenham desmatado áreas na região após julho de 2008.
Para o Cade, o pacto "constitui um acordo anticompetitivo entre concorrentes que prejudicam a exportação de soja".
"Essas práticas, se comprovadas, resultam na aquisição de produtos em condições mais desvantajosas ou por valores acima daqueles que seriam encontrados em mercados efetivamente competitivos", diz a Superintendência-Geral, em nota.
Segundo a agência Reuters, a decisão do Cade foi motivada por uma investigação preliminar, após solicitação feita pelo comitê de agricultura da Câmara dos Deputados em agosto de 2024.
Em dezembro, a Aprosoja-MT, que representa produtores do grão no estado, fez uma denúncia contra a moratória no conselho.
Empresas e entidades do setor como a Anec e a Abiove, que representam comerciantes globais de grãos como ADM, Cargill, Bunge, Louis Dreyfus e Cofco, têm 10 dias para cumprir a determinação.
Soja do Brasil foi tema de polêmicas em 2024, com nova lei europeia
Proibições
Segundo a decisão, as medidas preventivas do Cade devem ser adotadas pelo grupo de trabalho da Moratória da Soja, que inclui Anec, Abiove e 30 empresas de grãos signatárias do programa.
A decisão também proíbe que os exportadores de soja coletem, compartilhem, armazenem e divulguem informações comercialmente sensíveis relacionadas ao comércio de soja e aos produtores com os quais mantêm negócios.
Além disso, o Cade determina a retirada de todas as informações sobre a Moratória da Soja e da publicidade relacionada disponível online.
Na tarde desta terça (19), um site com informações sobre a Moratória da Soja foi retirado do ar.
Segundo a agência Reuters, o superintendente-geral do Cade, Alexandre Barreto de Souza, determinou uma investigação completa sobre os signatários do acordo, no qual as empresas compartilham informações comercialmente sensíveis.
As empresas que quiserem utilizar os critérios da Moratória da Soja na compra de grãos produzidos na Amazônia devem fazê-lo "de maneira independente, adstritos à legislação nacional", escreveu o superintendente.
Segundo a Reuters, embora o Cade possa levar anos para concluir a investigação e emitir um parecer final sobre a legalidade da moratória, as empresas podem fazer acordos com o conselho durante o curso da investigação.
Se os comerciantes forem considerados culpados de violar a lei da concorrência, seus grupos comerciais poderão sofrer multas de até R$2 bilhões. Para os próprios comerciantes, as multas podem chegar a até 20% da receita bruta da empresa no último ano fiscal antes do início da investigação.
Como milho e soja vêm tomando área de arroz e feijão há 19 anos
Repercussão
Para o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), a moratória teve resultados incontestáveis e foi fundamental na proteção da Amazônia.
O órgão manifestou preocupação: "A perenidade do acordo indica seu sucesso e a ausência de elementos que possam, por si só, caracterizar um cartel de compra que motive uma medida preventiva", disse.
O grupo ambientalista Greenpeace afirmou à Reuters que a decisão foi resultado de pressão do setor agropecuário, comprometendo quase 20 anos de avanços.
"Ao suspender a moratória, o Cade não apenas estimula o desmatamento, mas também silencia o direito do consumidor de escolher produtos que não contribuam para a devastação da Amazônia", disse a organização.
Segundo o Greenpeace, os ataques ao pacto “são políticos e favorecem justamente quem mais lucra com a destruição da Amazônia."
Já a WWF Brasil disse que as associações "que estão questionando a Moratória" têm o objetivo de "manter a expansão desordenada da agropecuária na Amazônia, destruindo a floresta e colocando em risco o futuro do Brasil."
"O resultado desta ação, que visa investigar supostas práticas anticompetitivas, não pode ignorar o papel crucial que a Moratória tem desempenhado na proteção ambiental e na reputação do agronegócio brasileiro no cenário global", acrescentou.
Para a Aprosoja Mato Grosso, a decisão do Cade foi considerada “histórica”. Em dezembro de 2024, a entidade apresentou uma denúncia formal contra a Moratória ao Cade.
"Há anos, um acordo privado, sem respaldo legal, vinha impondo barreiras comerciais injustas aos produtores... impedindo a comercialização de safras cultivadas em áreas regulares e licenciadas”, afirmou a entidade em nota.
A Anec disse à Reuters que recebeu a decisão com "extrema preocupação" a decisão e afirmou que vai adotar as medidas administrativas cabíveis para recorrer da decisão.
Segundo a associação, o programa é um "pacto multissetorial", assinado com a sociedade civil, o Ministério do Meio Ambiente e o Ibama, e deve ser mantido.
Já a Abiove, que representa as indústrias esmagadoras de oleaginosas, disse ter ficado “surpresa” com a recomendação de uma investigação aprofundada e a imposição de medidas preventivas, acrescentando em nota que tomará medidas para comprovar a legalidade do pacto.
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Benefícios fiscais do governo têm em 2024 primeira queda em quatro anos, diz Planejamento
O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão informou nesta terça-feira (19) que os benefícios fiscais, financeiros e creditícios somaram R$ 678 bilhões no ano passado — o equivalente a 5,78% do Produto Interno Bruto (PIB).
Isso representa queda na comparação com 2023, quando os benefícios fiscais somaram 6,1% do PIB — comparação que é considerada mais apropriada por especialistas.
"Essa redução é importante por consolidar a quebra da tendência de expansão observada desde 2020", avaliou o Ministério do Planejamento.
A redução de benefícios fiscais é um dos objetivos do governo para tentar reequilibrar suas contas, que registraram rombo de R$ 43 bilhões em 2024. O saldo negativo correspondeu a 0,36% do PIB.
A meta deste ano é zerar o déficit fiscal, mas o próprio governo projeta que as contas seguirão no vermelho até o fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por conta das exceções à meta fiscal, como precatórios e, mais recentemente, a ajuda aos setores afetados pelo tarifaço.
Conforme o Ministério do Planejamento, houve redução nos gastos tributários e nos benefícios creditícios (recursos alocados a fundos, programas ou concessões de crédito, com juros subsidiados).
Mas houve aumento dos subsídios financeiros (gastos com, por exemplo, assunção de dívidas pela União).
"Essas oscilações não alteram o panorama geral de dominância dos subsídios tributários, que representam mais de 83% do orçamento total de subsídios da União. Dentre os tributários, destacam-se os valores do Simples Nacional (17,4% do total de subsídios), o apoio à agricultura e agroindústria (11,4%) e a não tributação de rendimentos de pessoas físicas (rendimentos isentos, não tributáveis e deduções de rendimentos somam 14,2%)", diz o Ministério do Planejamento.
Haddad fala sobre possíveis cortes nas isenções fiscais
Nos últimos anos, após decisão judicial, o governo negociou com o Congresso Nacional o fim progressivo da desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia e, em 2025, acabou o benefício fiscal para o setor de eventos, chamado de Perse.
A área econômica, porém, também propôs o aumento de benefícios tributários para a classe média, com a desoneração de rendas de até R$ 5 mil da cobrança do Imposto de Renda, beneficiando 10 milhões de pessoas em um ano eleitoral (se aprovada), além da isenção parcial para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil.
A medida vai beneficiar 32% dos trabalhadores brasileiros, aqueles que ganham atualmente mais de dois salários mínimos (valor já desonerado pelo governo em 2025).
Para compensar a perda de arrecadação com a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para rendimentos até R$ 5 mil mensais, o governo pretende taxar os super ricos, ou seja, aqueles com renda mensal superior a R$ 50 mil — o equivalente a R$ 600 mil por ano.
O Ministério do Planejamento já divulgou avaliação formal de que as deduções no Imposto de Renda de gastos em saúde e educação, que vigoram atualmente, favorecem os mais ricos. Entretanto, o governo não propôs alterá-las neste momento.
O que pode ser cortado?
Ministra do Planejamento, Simone Tebet, fala em coletiva de imprensa sobre o bloqueio do Orçamento e elevação do IOF
Diogo Zacarias/MF
Em audiência pública no Senado, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, lembrou do objetivo – mas não meta formal – que consta da chamada PEC Emergencial, aprovada em 2021 pelo Congresso Nacional, reduzir os benefícios fiscais pela metade, para 2% do PIB, em até oito anos, ou seja, até 2029.
Ela lembra, porém, que a reforma tributária sobre o consumo, aprovada em 2023 pelo Legislativo, blinda alguns gastos tributários da possibilidade de redução.
Entre as despesas blindadas, por exemplo, estão o Simples Nacional e a Zona Franca de Manaus. Ao todo, os benefícios que terão de ser preservados somam pouco mais da metade (52,7%) do total de gastos tributários.
Simone Tebet elencou, por outro lado, os benefícios passíveis de serem cortados nos próximos anos. Entre eles, estão deduções para pessoas físicas e para o setor automotivo. Veja a lista abaixo:
Benefícios tributários passíveis de corte nos próximos anos
Ministério do Planejamento
Ibovespa despenca 2% com queda de bancos após decisão de Dino que pode afetar Magnitsky; dólar sobe a R$ 5,49
Zelensky agradece 8 vezes em 1 minuto durante encontro com Trump na Casa Branca
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, encerrou em queda de 2,10% nesta terça-feira (19), aos 134.432 pontos. Já o dólar fechou em alta de 1,19%, cotado a R$ 5,4993.
O mercado reagiu à decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiu restrições “decorrentes de atos unilaterais estrangeiros” por parte de empresas ou instituições que atuam no Brasil.
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Dino destacou ainda que bloqueio de ativos, cancelamento de contratos ou outras medidas “dependem de autorização expressa” do Supremo Tribunal Federal (STF). Para os investidores, a decisão pode suspender os efeitos da Lei Magnitsky, imposta pelas autoridades dos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes.
Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, explica que, diante do impasse entre o Brasil e os EUA, investidores estão se "protegendo" e movendo os recursos do setor bancário para o dólar.
"A valorização do dólar, que também subiu ontem, reflete essa postura de precaução. Os investidores tendem a buscar refúgio em ativos considerados mais seguros, como o dólar e o ouro."
▶️ Com a percepção de maior risco, o dólar subiu e as ações dos principais bancos brasileiros recuaram em conjunto, pressionando o Ibovespa.
Confira as quedas:
Banco do Brasil (BBAS3): -5,79%
Bradesco (BBDC4): -3,79%;
BTG (BPAC11): -4,04%
Itaú (ITUB4): -3,97%
Santander (SANB11): -4,88%
🔎 Quando as ações dos bancos caem juntas, o Ibovespa costuma cair também. Isso acontece porque o setor financeiro tem muito peso no índice e está entre os mais negociados da bolsa.
Dados compilados por Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria, mostram que as cinco instituições, somadas, perderam R$ 41,98 bilhões em valor de mercado nesta terça — montante próximo ao valor da Caixa Seguradora, atualmente avaliada em R$ 40,74 bilhões.
▶️ Os investidores também analisaram os primeiros resultados da reunião do presidente dos EUA, Donald Trump, com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, e aliados europeus, na Casa Branca.
Trump afirmou estar preparando um encontro trilateral com Zelensky e Vladimir Putin, em data e local ainda indefinidos. Enquanto o americano demonstrou otimismo sobre o fim da guerra na Ucrânia, Zelensky e os líderes europeus pediram garantias firmes de que a Rússia não volte a invadir o país no futuro.
Nesta terça, a Rússia sinalizou pela primeira vez que pode aceitar um encontro com Zelensky. O chanceler Sergei Lavrov afirmou nesta manhã que “a Rússia não rejeita nenhum formato para discutir o processo de paz na Ucrânia”.
▶️ Ainda com os EUA no foco, os investidores acompanharam o discurso de Michelle W. Bowman, integrante do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) e um dos nomes considerados para a chefia do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) após o fim do mandato de Jerome Powell.
Bowman expressou apoio a pelo menos três cortes nas taxas de juros dos EUA neste ano, em linha com os apelos de Trump por menores custos de empréstimos.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana:+1,87%;
Acumulado do mês: -1,81%;
Acumulado do ano: -11,01%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -1,40%;
Acumulado do mês: +1,02%;
Acumulado do ano: +11,76%.
STF impede restrições estrangeiras
Sem citar a Lei Magnitsky, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino proibiu na segunda-feira (18) restrições "decorrentes de atos unilaterais estrangeiros" por parte de empresas ou outros órgãos que operam no Brasil.
A determinação consta de uma ação movida pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) contra ações judiciais movidas por municípios brasileiros na Inglaterra.
O ministro, entretanto, estabeleceu que esse impedimento vale, também, para "leis estrangeiras, atos administrativos, ordens executivas e diplomas similares", e afirmou que qualquer bloqueio de ativos, cancelamento de contratos ou outras operações "dependem de expressa autorização" do STF.
🔎 A Magnitsky é uma lei dos Estados Unidos que permite punir financeiramente cidadãos estrangeiros. Ela permite, por exemplo, impedir que uma pessoa tenha cartão de crédito de grandes bandeiras que operam nos Estados Unidos ou que contrate serviços de empresas que atuem no país.
Seu uso contra o ministro Alexandre de Moraes foi imposto no dia 30 de julho por um ato administrativo do Departamento do Tesouro dos EUA com base numa ordem executiva de 2017 de Trump.
Após a decisão de Dino, proferida na véspera, a Embaixada norte-americana afirmou — sem citar o ministro — que nenhum tribunal estrangeiro pode anular as sanções impostas pelos EUA ou proteger alguém das severas consequências de descumpri-las.
Guerra entre Rússia e Ucrânia
Após a reunião com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e líderes europeus na véspera, Trump, deu detalhes nesta terça-feira (19) sobre a partilha dos territórios ucranianos atualmente ocupados pela Rússia.
Em entrevista à rede de TV norte-americana Fox News, ele disse que a Ucrânia ficará "com muito território", em referência às regiões atualmente ocupadas por tropas russas, mas não especificou quais.
O presidente norte-americano tem tentado mediar o fim da guerra entre os dois países. Além do encontro com Zelensky, na véspera, Trump também havia se encontrado com o presidente russo, Vladimir Putin, na última sexta-feira.
Ontem, após a reunião na Casa Branca, o republicano disse estar costurando uma reunião trilateral entre ele, Putin e Zelensky, mas não deu detalhes sobre o local e a data desse encontro. Nesta terça, a Rússia deu a primeira sinalização de que pode aceitar o encontro.
O chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta manhã que"a Rússia não rejeita nenhum formato para discutir a po processo de paz na Ucrânia".
Bolsas globais
Os mercados de Wall Street encerraram a sessão desta terça-feira em queda, enquanto investidores se preparam para o que Powell, presidente do Fed, dirá sobre a trajetória dos juros norte-americanos no simpósio em Jackson Hole.
"Há uma preocupação com os comentários de Powell em Jackson Hole", disse Ross Mayfield, estrategista de investimentos da Baird Private Wealth Management, à Reuters. "Alguns investidores temem que o Fed esteja um pouco atrasado e que taxas de juros mais altas tenham um grande impacto nas ações de crescimento."
Com isso, o S&P 500 caiu 0,6% na sessão, enquanto o Nasdaq encerrou com um recuo de 1,5%. O Dow Jones, por sua vez, fechou praticamente estável, após atingir brevemente uma máxima histórica.
Já na Europa, os mercados fecharam em seu nível mais alto em mais de cinco meses nesta terça-feira, com investidores avaliando as chances de um fim da guerra na Ucrânia, após as negociações de segunda-feira em Washington entre líderes dos Estados Unidos, Ucrânia e Europa.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,69%, a 557,81 pontos. Em Londres, o índice Financial Times avançou 0,34%, a 9.189,22 pontos; em Frankfurt, o índice DAX subiu 0,45%, a 24.423,07 pontos; e em Paris, o índice CAC-40 ganhou 1,21%, a 7.979,08 pontos.
Na Ásia, os índices acionários da China e de Hong Kong fecharam em baixa nesta terça-feira, com os investidores realizando lucros e antes de uma reunião do banco central dos Estados Unidos nesta semana, que poderá fornecer pistas sobre a trajetória de sua política monetária.o
A única alta foi em Cingapura, onde o índice Straits Times avançou 0,69%, a 4.216 pontos.
Já entre as quedas, o índice Kospi de SEUL registrou a maior desvalorização do dia, com baixa de 0,81%, a 3.151 pontos.
Em Tóquio, o Nikkei perdeu 0,38%, a 43.546 pontos, mesma variação registrada pelo CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, aos 4.223 pontos. Em Hong Kkong, o Hang Seng recuou 0,21%, a 25.122 pontos.
Cédulas de dólar
bearfotos/Freepik
*Com informações da agência de notícias Reuters
Com tarifaço, empresários preveem exportar US$ 5,4 bilhões a menos em 2025, diz CNI
Fábrica de calçados em Franca (SP); setor foi um dos afetados pelo tarifaço de Trump
Reprodução/EPTV
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reduziu nesta terça-feira (19) a projeção para as exportações brasileiras neste ano de US$ 347,3 bilhões para US$ 341,9 bilhões, uma queda de US$ 5,4 bilhões em relação ao previsto no primeiro trimestre deste ano.
A nova estimativa, divulgada no Informe Conjuntural do segundo trimestre deste ano, foi feita em meio ao tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros.
Cálculos da entidade mostram que mais da metade dos produtos brasileiros vendidos aos EUA terão uma sobretaxa de 50%.
"Grande parte da redução nas exportações se deve ao aumento das tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros. É importante que essas taxas adicionais sejam reduzidas, pois as medidas compensatórias anunciadas pelo governo são positivas, mas não são capazes de substituir o mercado americano para um número grande de empresas e setores", afirmou o diretor de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles.
A equipe econômica do governo divulgou na semana passada um pacote para atenuar o seu impacto para as empresas exportadoras, com linhas de crédito subsidiadas, seguro às exportações de empresas brasileiras, adiamento no prazo de pagamento de tributos e crédito tributário para as vendas externas, entre outras.
Entretanto, apesar de a medida provisória (MP) do pacote já ter sido publicada, a maior parte das medidas ainda não está em vigor, pois depende de votação pelo Congresso Nacional ou de regulamentação e adequação de sistemas bancários para sair do papel.
Crescimento menor da indústria
Exportadoras brasileiras atingidas pelo tarifaço negociam custo extra com clientes americanos
Diante da estimativa de que as exportações serão menores, e do cenário de juros ainda altos, a CNI projetou um crescimento menor para o PIB industrial e também para a indústria de transformação em 2025.
A projeção para a expansão do PIB industrial passou de 2% para 1,7%, enquanto a expectativa de crescimento somente da indústria de transformação recuou de 1,9% para 1,5% neste ano.
"A demanda por bens industriais não apresenta o mesmo ritmo do ano passado, o que impactou a produção e o faturamento do setor nos últimos meses. A CNI avalia que os juros altos, o ritmo aquecido das importações e a provável queda das exportações – por causa da nova política comercial dos EUA – vão restringir a atividade industrial", informou a entidade.
Para o diretor de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, a perda de ritmo da indústria de transformação é preocupante.
"Mesmo com várias medidas acertadas, como a Nova Indústria Brasil e o Programa de Depreciação Acelerada, o crescimento da indústria de transformação deve cair muito em comparação ao ano passado" avaliou Telles.
"Isso se deve, principalmente, à taxa de juros elevadíssima e ao aumento das importações, em parte por causa da política comercial americana", completou o analista da CNI.
Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
Arte/g1
Vanguarda, inclusão e usado até pelo Google: como Brasil defende Pix em investigação comercial dos EUA
Putin conversa com Lula por telefone e faz relato sobre encontro com Trump
O governo brasileiro apresentou nesta segunda-feira (18/08) resposta a uma investigação comercial aberta em julho pela gestão de Donald Trump na Casa Branca.
Por meio do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que as acusações dos EUA são "improcedentes".
O Brasil defendeu que suas políticas investigadas pelos EUA são "transparentes" e "em plena conformidade com as melhores práticas internacionais e com as obrigações do País na OMC [a Organização Mundial do Comércio]".
No mês passado, o governo Trump anunciou que o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), uma agência do governo federal, iniciaria uma investigação sobre o que chamou de práticas comerciais "desleais" do Brasil.
A investigação faz parte de um conjunto de medidas anunciadas por Trump contra o Brasil — que ele acusa de promover uma "caça às bruxas" política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Além da investigação comercial, os EUA também adotaram tarifas mais altas contra o Brasil e sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
A USTR apontou alguns alvos da investigação, como as tarifas concedidas pelo Brasil, supostos problemas na proteção à propriedade intelectual e o desmatamento no país sul-americano.
A resposta brasileira foi dada em uma carta de 91 páginas enviada na segunda-feira (18/08). Ela é endereçada ao embaixador do comércio dos EUA, Jamieson Greer, e assinada pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira.
No documento, o Brasil "rejeita veementemente as alegações feitas" pelos EUA de que e diz que "seus atos, políticas e práticas não são, de forma alguma, irracionais, discriminatórios ou onerosos para o comércio dos EUA".
O Brasil apresenta defesas de diversas acusações feitas pelos EUA: sobre restrições de liberdade de expressão em plataformas de redes sociais, acordos comerciais brasileiros que supostamente prejudicariam produtos americanos, falta de combate à corrupção e desrespeito à propriedade intelectual.
Um dos pontos principais do documento é a defesa que o governo brasileiro faz do sistema de pagamentos Pix, que estaria sendo investigado nos EUA por supostas práticas desleais ao favorecer "serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo".
A carta brasileira faz 58 referências ao Pix — defendendo o sistema brasileiro de pagamentos das acusações americanas.
A investigação sobre o Pix teve grande repercussão no Brasil, já que o sistema de pagamentos é muito popular. O ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse em entrevista à BBC News Brasil que o Pix é "rápido e eficiente" e "melhor do que todo o sistema de pagamento" americano.
Confira abaixo alguns pontos que estão na resposta do governo brasileiro sobre o Pix.
Soberania e inclusão
Na resposta à investigação americana, o Brasil negou que haja qualquer discriminação contra fornecedores de serviços de pagamento digital dos EUA — afirmando que qualquer empresa nacional ou estrangeira precisa ter autorização do Banco Central para operar e deve se submeter às regulamentações brasileiras.
O Pix foi desenvolvido como parte de sua soberania brasileira enquanto autoridade monetária, acrescenta o documento, assinado pelo ministro Mauro Vieira, das Relações Exteriores.
Segundo o texto, o Pix, lançado em 2020 pelo Banco Central, é um projeto de acesso aberto que busca modernizar o mercado de pagamentos, diminuir os custos transacionais e impulsionar a competição e a inclusão financeira — alcançando "milhões de brasileiros antes excluídos do sistema bancário tradicional"
Governo brasileiro alega que Pix aumentou inclusão bancária
Getty Images via BBC
O governo brasileiro apresentou alguns números sobre o Pix:
Em menos de um ano de seu lançamento, em novembro de 2020, o Pix foi usado por 104,4 milhões de pessoas, o que representa 62,4% da população adulta do Brasil.
Desses usuários, 45,6 milhões nunca haviam realizado uma transferência bancária.
Em quatro anos, o Pix foi usado por 165 milhões de usuários e teve 19,2 milhões de empresas cadastradas (dado de fevereiro de 2025), processando 63,5 bilhões de transações e movimentando R$ 26,4 trilhões em 2024 — a custos menores do que os métodos de pagamento tradicionais.
Em 6 de junho de 2025, o Pix atingiu o recorde diário de 276,7 milhões de transações.
Segundo o governo brasileiro, o Pix "desempenhou um papel fundamental na redução da dependência de pontos bancários físicos e no aumento do uso de canais digitais em áreas antes carentes".
"Na Região Norte do Brasil, 72,3% dos adultos já possuem um relacionamento bancário formal."
Vanguarda tecnológica
A defesa brasileira aponta que vários governos pelo mundo estão conduzindo sistemas de pagamento semelhantes, como na União Europeia, Índia e Estados Unidos.
"O desenvolvimento do Pix, portanto, está na vanguarda de uma tendência global para a qual o próprio Federal Reserve [banco central] dos Estados Unidos está contribuindo ativamente", diz o texto assinado por Vieira.
O documento destaca ainda que as conquistas do Pix foram reconhecidas por empresas privadas americanas e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
E ressalta que os próprios EUA estão usando sistemas com funcionalidades semelhantes ao Pix. É o caso do FedNow, lançado em 2023, e que permite pagamentos instantâneos entre pessoas e instituições.
"O desenvolvimento do Pix, portanto, está na vanguarda de uma tendência global para a qual o próprio Federal Reserve dos EUA [o Banco Central americano] está contribuindo ativamente."
Usado até pelo Google
O Pix também teria facilitado pagamentos para empresas americanas como o Google no Brasil, segundo o governo.
Desde 2021, o Pix possui um sistema de iniciação de pagamentos — que permite que empresas que não são as instituições financeiras envolvidas no Pix deem início ao processo de pagamento via Pix, ao, por exemplo, direcionar automaticamente o usuário para o aplicativo de seu banco para autenticar a transação.
Segundo o governo brasileiro, o Google é o maior "iniciador" de Pix, tendo processado cerca de 1,5 milhões de transações Pix no último mês.
"(...) A empresa de tecnologia americana Google, por meio do Google Pay, tornou-se a maior iniciadora de pagamentos no sistema Pix, oferecendo transações por aproximação. A participação como iniciadora de pagamentos permanece aberta a todas as empresas qualificadas, independentemente da origem do capital", respondeu o Brasil.
Além disso, o pagamento do Pix através do QR Code também é "amplamente" usado por empresas americanas de tecnologia, como WhatsApp e Uber, acrescenta o documento.
Brasil citou o Google como empresa que se beneficia do Pix
Getty Images via BBC
O texto ressalta que "as políticas e medidas do Brasil não restringem as operações nem prejudicam a competitividade das empresas americanas que atuam em serviços de pagamento eletrônico".
"O Brasil não aplica tratamento diferenciado a provedores de pagamento estrangeiros, nem impõe barreiras de licenciamento ou operacionais especificamente a provedores americanos", afirma a resposta brasileira.
"Não há proibição para plataformas digitais — como WhatsApp, Facebook ou Instagram — oferecerem seus próprios serviços de pagamento digital."
"Essas plataformas também não são obrigadas a usar o Pix, embora quaisquer serviços de pagamento digitais proprietários ou alternativos que desejem oferecer devam receber a aprovação do Banco Central do Brasil. Esse procedimento de aprovação é consistente com a prática de bancos centrais em outras jurisdições."
O documento conclui que "as evidências apresentadas aqui deixam bem claro que o Pix não discrimina e não prejudica injustamente empresas dos EUA envolvidas em comércio digital ou serviços de pagamento eletrônico".
Governo Lula apresentou uma defesa de investigação iniciada pelos EUA contra o Brasil
Reuters via BBC
Por que bairro em que você nasceu determina até onde você vai subir na vida, segundo pesquisador
Brasil perde espaço no ranking de riqueza global
Qual o peso de nascer no bairro em que você nasceu para a sua trajetória? E das condições socioeconômicas da sua família?
O economista Michael França, 37 anos, nasceu e cresceu no bairro Costa Teles 1 em Uberaba, Minas Gerais. Filho de uma trabalhadora doméstica que estudou até o primeiro colegial, França se tornou doutor em Teoria Econômica pela Universidade de São Paulo (USP) e foi pesquisador visitante em universidades como Columbia e Stanford.
Sua biografia poderia ser lida como uma narrativa clássica de ascensão pela educação. Mas, ao pesquisar as desigualdades sociais, França percebeu que a realidade é mais complexa.
Embora reconheça que o estudo abra portas, ele mostra em sua pesquisa que a escolaridade, sozinha, não basta para compensar o peso de fatores como gênero, raça e lugar de nascimento. Esse conjunto de circunstâncias é o que chama de "loteria do nascimento".
"Pontos de partida desiguais fazem com que a loteria de nascimento seja determinante. Se você nasceu numa família rica, sendo um homem branco, hétero, numa cidade de um país desenvolvido, suas chances são muito maiores do que, por exemplo, as de uma mulher lésbica de uma favela do interior do Acre", afirma.
Na USP, França foi o único aluno negro de sua turma de mestrado e doutorado. "Se eu soubesse lá atrás o quão rara era aquela minha presença ali, talvez tivesse desanimado. Talvez eu não teria me esforçado", afirma o pesquisador.
Nas últimas décadas, o avanço das políticas públicas afirmativas nas universidades mudou a cara das universidades no Brasil. O Programa Universidade para Todos (Prouni), por exemplo, completou 20 anos em 2025, custeando a formação de 3,5 milhões de estudantes em todo o país.
Mas o economista, hoje coordenador do Núcleo de Estudos Raciais (Neri) do Insper, defende que isso ainda não foi suficiente para alterar, de fato, a desigualdade da sociedade brasileira.
"A expectativa é que quem não tem patrimônio familiar, mas conquista educação, terá alta renda, começará a acumular riqueza e romperá o ciclo. Mas não é bem assim", diz.
"Existe a ideia de que a desigualdade existe porque não há educação de qualidade — e não porque o sistema tributário é injusto, ou porque o governo é mais benevolente com os ricos, ou porque valores culturais, cor ou gênero favorecem determinados grupos."
França, que já venceu o Prêmio Jabuti Acadêmico, lança nesta quarta-feira (20/8) o livro A Loteria do Nascimento: filha do porteiro termina universidade, mas não alcança filho do rico (Editora Jandaíra), em São Paulo. A obra é em coautoria com o sociólogo Fillipi Nascimento.
Abaixo, confira a entrevista com o pesquisador.
O economista Michael França se debruça em estudar desigualdades no Brasil
Arquivo Pessoal via BBC
BBC News Brasil - O que é a "loteria do nascimento"?
Michael França - A loteria do nascimento é a ideia de que as circunstâncias pelas quais você nasceu — o local, a família, o gênero, a raça — influenciam nas chances e oportunidades que você vai ter na vida.
Isso é bem documentado pela literatura empírica, aquela baseada em dados e análises estatísticas robustas. Há muitos estudos nos Estados Unidos, mas também no Brasil e na Europa.
Esses estudos mostram que, por mais que as pessoas queiram colocar o esforço como determinante central, ele ajuda, mas só até determinada parte dos resultados que você vai atingir na vida. Porque, dependendo do local em que você nasce, do seu gênero, sexualidade, raça ou classe socioeconômica, isso vai afetar seus resultados.
Claro, se você tem um irmão gêmeo, vindo de uma situação muito semelhante, é evidente que aquele que se esforçou mais tende a ter resultados melhores nas áreas em que se dedicou. Isso gera o que alguns estudiosos chamam, no debate sobre desigualdade, de desigualdade justa: as oportunidades são parecidas e as diferenças vêm das escolhas e do esforço de cada um.
Mas, no caso brasileiro, grande parte da desigualdade é injusta, porque os indivíduos têm pontos de partida muito diferentes. Esses pontos de partida desiguais fazem com que a loteria de nascimento seja determinante.
Se você nasceu numa família rica, sendo um homem branco, hétero, numa cidade de um país desenvolvido, suas chances são muito maiores do que, por exemplo, as de uma mulher lésbica de uma favela do interior do Acre.
Por mais que essa mulher se esforce, a chance de ela atingir determinados resultados será mais baixa. Não quer dizer que ela não vá conseguir, mas terá que colocar muito, muito mais esforço.
BBC News Brasil - O subtítulo do livro traz o título de uma coluna sua na Folha: "Filha do porteiro termina universidade, mas não alcança filho do rico". Pensando nas políticas públicas que tivemos nos últimos anos, que melhoraram alguns acessos, como ao das universidades, quais são ainda os obstáculos para a mobilidade social no Brasil?
França - Escrevi esta coluna na Folha justamente com esse nome e ela viralizou quando publiquei, especialmente no LinkedIn. Percebi que havia ali um certo sentimento de frustração.
Nos anos 1980 e 1990, as universidades no Brasil eram o parque de diversões das elites, basicamente. Não havia tantas universidades, a porcentagem da população com ensino superior era muito baixa e o prêmio salarial para quem tinha diploma era muito alto. A ideia era que, se você tivesse ensino superior, estaria em outro patamar de status na sociedade, já que era algo escasso.
Nos anos 2000, se inicia um processo de democratização, com a construção de mais universidades públicas, a criação de muitas privadas (mesmo de baixa qualidade), programas como Prouni e Fies, e as ações afirmativas das cotas. Muitos indivíduos de origens desfavorecidas viram a universidade como a grande oportunidade de ascender socialmente. Havia essa ideia de que, se você terminasse a faculdade, estava feito — ficaria rico no Brasil.
Essas pessoas fizeram um superesforço: estudavam, trabalhavam, moravam longe, pegavam transporte público. Conseguiram se formar. Alguns melhoraram muito de vida e, na média, todos tiveram alguma mobilidade social em relação a seus pais. Mas houve quem não avançasse muito, quem ficasse desempregado durante a crise de 2015, quem não conseguisse trabalhar na área desejada, virasse motorista de aplicativo ou entregador.
A ideia do livro é trazer essa discussão: mesmo com nível educacional elevado, classe social, raça e gênero continuam influenciando o mercado de trabalho. A educação não zera a loteria de nascimento.
A expectativa é que, quem não tem patrimônio familiar, mas conquista educação, terá alta renda e começará a acumular riqueza. E romperá com um ciclo. Mas não é bem assim.
Podemos deixar de lado a questão racial e de gênero e olhar só para a classe: um indivíduo rico e outro de baixa renda, ambos formados, excelentes alunos e produtivos. Mesmo com qualificação igual, o de alta renda tem uma rede de contatos melhor, o que lhe garante oportunidades superiores.
E mesmo que ambos tivessem a mesma rede de contatos, o patrimônio familiar muda tudo: quem é rico pode arriscar mais, estudar no exterior durante crises, esperar por empregos melhores. Já quem é de baixa renda sente pressão para começar a trabalhar rápido, manter um estágio mesmo sem gostar, sustentar a família.
Além disso, mesmo que filho do rico e filho do porteiro entrem no mercado de trabalho em uma mesma função, o rico terá mais oportunidades, pois seu background cultural é mais próximo ao das lideranças da empresa. Ele sabe falar sobre viagens internacionais, música erudita — códigos culturais distantes da realidade do filho do porteiro. Essa diferença de referências cria afinidade com quem está no poder.
Quem vem de fora precisa assimilar valores, cultura, forma de falar e vestir para se sentir pertencente — e, muitas vezes, não quer abrir mão da própria identidade, o que pode gerar crise existencial.
A saúde mental entra aí: muitos jovens de baixa renda não têm histórico familiar de discutir saúde mental. Isso melhorou um pouco após a pandemia, mas antes não era comum. Enquanto isso, jovens ricos muitas vezes já têm acompanhamento psicológico desde cedo e acesso à medicação.
Também há a penalidade pela maternidade, que impacta fortemente mulheres no mercado de trabalho, e o assédio, que torna muitos ambientes tóxicos e afasta profissionais.
BBC News Brasil - Sobre saúde mental, você já falou um pouco do custo social para quem ascende e faz essa mobilidade. Qual o custo para quem "ganha" nessa loteria do nascimento?
França - Quem nasce em família rica não tem culpa disso. Mas pode haver dois caminhos.
Você pode ter aquela pessoa preguiçosa, que não faz nada, só quer viver do patrimônio dos pais e quase nada produz de bom — nem para a sociedade, muitas vezes nem muito para si. E há aquelas que nascem em ambiente privilegiado, mas aproveitam as oportunidades que têm, se desenvolvem como seres humanos, tentam aprender várias habilidades. Enfim, têm uma certa preocupação social e tentam ajudar na medida do possível.
Mas, ao mesmo tempo, em vários casos existe uma pressão. Num país muito desigual, ser muito privilegiado afeta também afeta o lado psíquico dessas pessoas.
Muitas vezes, no íntimo, elas são muito frágeis. Por exemplo: a pessoa nasce herdeira e tenta se esforçar, mas, por algum fator, não vai muito bem na escola ou faz escolhas pouco assertivas, por motivos biológicos ou não.
Olhando de fora, parece que ela teve todos os privilégios — e, de fato, teve —, mas ainda assim enfrenta dificuldades. E, claro, são pouquíssimas histórias assim.
Mas há também o inverso: pessoas que saíram de condições muito desfavorecidas e cresceram na vida.
Tem também a questão da autoestima: muitas vezes, pessoas de baixa renda, apesar de mais resilientes, e sei que esse termo é chato de usar porque muitas vezes essa resiliência vem de muito sofrimento e esforço, têm autoestima menor.
E, em outros casos, pessoas mais ricas têm um "poço" de autoestima. Essas questões psicológicas são muito curiosas, e eu queria estudá-las mais. Mas, no mundo da economia, não dá para aprofundar tanto assim.
BBC News Brasil - Recentemente Lula tem explorado o discurso entre ricos e pobres, principalmente em torno da pauta da taxação das grandes fortunas. E tem sido acusado, por outro lado, de fazer "nós contra eles". Como você avalia a forma que o governo tem usado esse debate?
França - O governo vinha cometendo várias "bolas fora" em diferentes questões durante um bom tempo. Agora, com essa pauta, retomou uma bandeira um pouco mais à esquerda, e isso foi uma "bola dentro" no sentido de gerar ganho de visibilidade e popularidade para Lula. É um tema um percentual alto da população apoia.
O "nós contra eles" é, a meu ver, um subterfúgio das classes dominantes para continuar sem abrir espaço. O problema central do Brasil é que o país não é só desigual na forma como taxa as pessoas — com os mais pobres pagando um esforço fiscal muito maior do que os mais ricos —, mas também é desigual na forma como gasta.
O Estado é um grande motivador do mecanismo de reprodução das desigualdades. Se olharmos para como ele opera na educação pública, nos gastos, nas desonerações, veremos que favorece muito mais as pessoas mais ricas. O pobre acaba atuando no orçamento mais amplo pegando as migalhas, apenas.
Para mudar estruturalmente essa situação, precisamos avançar muito nesses dois componentes do Estado: a forma como tributa e a forma como gasta. Esse é o centro da questão.
Não sou especialista em orçamento, mas quanto mais estudo desigualdade social e econômica, mais chego à constatação de que resolver este problema passa necessariamente por reformar tributação e gastos.
Muitas elites se apresentam como grandes entusiastas da educação. Eu mesmo sou um entusiasta: a minha grande mobilidade social veio pela educação. Mas percebo que esse discurso muitas vezes funciona como subterfúgio.
Existe a ideia de que "a desigualdade existe porque não há educação de qualidade" — e não porque o sistema tributário é injusto, ou porque o governo é mais benevolente com os ricos, ou porque valores culturais, cor ou gênero favorecem determinados grupos.
Essa narrativa serve para desviar do debate sobre tributação e privilégios. Vejo que parte disso acontece por ignorância: pessoas que realmente não entendem esses mecanismos por viverem em uma bolha muito específica ou terem formação técnica restrita a determinadas áreas. Mas parte é pura hipocrisia. Saber distinguir até que ponto é ignorância ou má-fé é difícil.
Governo Lula explorou discurso de ricos X pobres com a pauta a taxação dos super-ricos
Ricardo Stuckert / Presidência da República via BBC
BBC News Brasil - E por que essas propostas, como a taxação de grandes fortunas e a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, enfrentam resistências e são tão difíceis de avançar no Congresso Nacional?
França - A meu ver, um dos aspectos centrais é a disputa pela opinião pública. Muitas vezes, o brasileiro não entende as próprias desvantagens, e fatores culturais acabam favorecendo quem já tem vantagens.
Se a gente comparar com os Estados Unidos, durante um bom tempo havia ali uma mobilidade social maior — que vem diminuindo nas últimas décadas —, mas ainda existia a possibilidade de alguém de origem desfavorecida chegar à classe média ou até enriquecer. Era o famoso "sonho americano": tudo dependia do esforço individual. A economia era mais dinâmica, e havia planos de vida possíveis a partir desse esforço.
O Brasil não é assim. Aqui, a estratificação social é muito alta, com grupos que estão muito à frente de outros, acumulando vantagens históricas. Só que boa parte da população não entende isso, e acaba comprando a ideia de que basta esforço para progredir. Quando não consegue avançar, a pessoa se culpa. E isso gera um ressentimento latente, que foi muito bem explorado pela extrema-direita. A narrativa passa a ser: "você não avança por causa da esquerda". Isso reforça a polarização.
Falta mais conscientização sobre esses mecanismos. As pessoas tendem a achar que os ricos são ricos por competência, esquecendo o peso da herança familiar e de como a estrutura social favorece alguns grupos.
Não é à toa que somos um dos países mais desiguais do mundo. Existe um processo de naturalização da desigualdade: o privilégio é visto como mérito, e a falta de mobilidade, como culpa individual. Contornar isso é muito difícil. Seria preciso mudar toda a engenharia social de um país tão desigual, o que envolve processos que se retroalimentam ao longo do tempo.
BBC News Brasil - Para quem argumenta que basta 'se esforçar' para vencer na vida, independentemente da origem, qual é sua principal resposta com base nos dados do livro?
França - Bom… e se essa pessoa tivesse "perdido" na loteria do nascimento, nascido pobre numa favela, por exemplo? Para entender, a gente precisaria do contrafactual dessa pessoa, o que nós não temos.
O exercício seria: para entender o quão meritocrática foi determinada trajetória, você teria que retirar dela o fator "nascer pobre" ou "nascer rico".
Mas temos o contrafactual gerado por várias pesquisas, que fazem experimentos com grupos de tratamento e de controle.
As pessoas têm dificuldade de entender isso, porque exige certa complexidade de pensamento. E não se estuda esse tema. O Brasil é superdesigual e deveríamos ensinar sobre isso desde a escola. Mas ninguém estuda. Todo mundo opina com base em achismo.
Discutir pobreza, riqueza e desigualdade não é simples. Infelizmente, existe sempre quem repita discursos meritocráticos, independentemente do mérito real envolvido.
BBC News Brasil - E mexe também com o desejo da pessoa, né? Ela quer acreditar nessa mobilidade. Se você fala que existe a meritocracia, é mais fácil achar que vai conseguir ascender. Mas se você diz que há outros fatores além da meritocracia, essa mobilidade parece mais difícil…
França - É um ponto muito importante que você citou. Se eu tivesse essa consciência mais cedo, talvez não tivesse me esforçado tanto. Minha mãe foi empregada doméstica e estudou só até o primeiro colegial.
Eu era o único aluno negro na minha turma na USP. Se eu soubesse lá atrás o quão rara era aquela minha presença ali, talvez tivesse desanimado. Talvez eu não teria me esforçado.
Também me incomoda ser usado como referência do tipo: "Se ele conseguiu, qualquer um consegue". Não se considera todo o esforço e o custo que isso teve para mim. Abri mão da juventude, fiquei trancado em bibliotecas. Estudei fora, mas paguei um preço alto. Hoje tenho uma carreira ótima, mas o custo não deveria ser tão alto para pessoas de origem desfavorecida.
Outra coisa que me preocupa é que, às vezes, pessoas mais favorecidas focam muito no lado negativo de suas vantagens e acabam paralisadas, sem avançar. Vejo gente com todos os recursos, mas sem desenvolver habilidades práticas, o que as impede de competir de fato.
A militância é importante, mas também é importante investir em competências e argumentos sólidos. O Brasil é muito complexo nesse sentido — não basta só "bater" no sistema, é preciso também ter ferramentas para navegar nele.
Economista discute como raça, gênero e origem social ainda definem trajetórias no Brasil
Getty Images via BBC
Sem destino certo para bezerros machos, criadores de gado leiteiro investem em carne; veja as diferenças na criação
Sem destino certo para bezerros machos, criadores de gado leiteiro investem em carne
Você já parou para pensar o que acontece com bezerros machos que nascem em fazendas de gado leiteiro? Normalmente eles são descartados, ou seja, vendidos ou doados.
Para mudar esse cenário, produtores passaram a apostar na produção conjunta de leite e carne. Mas as criações têm diferenças. Confira abaixo.
🐄Raça
No geral, as raças leiteiras não têm boa musculatura para a produção de carne. Por isso, os produtores que querem fazer essa diversificação precisam inseminar algumas vacas com raças com carne de qualidade, como a aberdeen angus.
A produção que foca nessa mistura é chamada de "beef on dairy", em português "carne na leiteria".
O processo ajuda também a deixar apenas vacas com alta produtividade no laticínio, direcionando as outras para reprodução de gado de corte.
A mistura das raças pode gerar uma carne com mais marmoreio, que é a gordura entre as fibras, que dá sabor e maciez.
🌱Alimentação
Novilhas de leite são criadas com forragem e leite mais rico em gordura e proteína, para fortalecer a imunidade.
Já o animal de corte precisa de uma alimentação que dê mais energia, para ter mais carne, músculo e gordura.
Veja a reportagem completa no vídeo abaixo.
Projeto inédito no Brasil une gado de leite e de corte na mesma propriedade
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Leilão de veículos tem Honda Civic mais barato que iPhone e Range Rover blindada a R$ 40,1 mil
Honda Civic com lance inicial mais barato que iPhone
divulgação/Copart
A Copart, empresa privada de leilões, divulgou a agenda de próximos leilões de veículos. O mais próximo acontece já nesta terça-feira (19), com lances iniciando em R$ 7.600 para um Fiat Palio 2015 e alcançando R$ 365 mil para levar uma Porsche 911 Turbo S.
Há também lances que chamam atenção, como R$ 40.100 para uma Range Rover Evoque blindada e Honda Civic LXS 1.8 16V por R$ 12,4 mil, R$ 3.099 mais barato que um iPhone 16 Pro Max de 1 TB (R$ 15.499).
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O lance mínimo é o valor de partida para as ofertas. A avaliação estimada para cada veículo é calculada com base nos valores praticados pelo mercado e no estado de conservação da unidade.
A sessão pública deste leilão acontece de forma online, mas o pátio responsável pelos veículos está na cidade de São Paulo (SP).
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Como funcionam os leilões
Neste leilão, existem:
🚗 68 veículos aptos a circular;
🔧 4 modelos listados como "irrecuperáveis", mas podendo servir como peças sobressalentes para outros veículos.
Segundo o leilão, um veículo apto a circular significa que ele pode retornar a andar em via pública, ficando o comprador responsável pelo registro perante o órgão ou entidade executivo de trânsito, com o pagamento das respectivas taxas em no máximo 30 dias.
O leilão não é responsável pelas peças e afirma que o comprador já está ciente da situação mecânica do veículo, não aceitando posteriores reclamações.
Porsche 718 Cayman em leilão da Copart
divulgação/Copart
Veja outros destaques do leilão
Chevrolet Onix LTZ 1.4 de 2014
Lance inicial: R$ 15.200
Toyota Hilux SW4 SRX 2.8 de 2016
Lance inicial: R$ 101.000
Honda Civic EXL 2.0 16V i-VTEC de 2018
Lance inicial: R$ 65.000
BYD Seal de 2024
Lance inicial: R$ 70.050
Toyota Corolla XEI 2.0 16V DUAL VVT-I de 2013
Lance inicial: R$ 26.050
Renault Duster Dakar 1.6 de 2016
Lance inicial: R$ 20.250
Porsche 911 Turbo S de 2011
Lance inicial: R$ 285.000
Porsche Cayenne Coupe GT 4.0 de 2022
Lance Inicial: R$ 284.050
Audi Q3 1.4 16V TFSI TURBO de 2020
Lance inicial: R$ 86.500
Hyundai HB20 Premium 1.6 de 2015
Lance inicial: R$ 26.500
BMW M5 M xDrive 4.4 de 2020
Lance inicial: R$ 195.000
Range Rover Evoque Dynamic 2.0 Si4 Turbo blindada em leilão
divulgação/Copart
Veja dicas para participar de leilões
Como em qualquer leilão, é preciso analisar minuciosamente cada item para saber qual faz sentido na sua garagem. Para te ajudar, o g1 reuniu as principais dicas e as opiniões de especialistas para que você tome a melhor decisão.
Existem dois tipos de leilões: os particulares e os públicos. A primeira pergunta que o consumidor pode se fazer é: de onde vêm esses veículos?
Os leilões públicos costumam ofertar modelos que foram apreendidos ou abandonados. De acordo com Otávio Massa, advogado tributarista, esses veículos têm origem em operações de fiscalização aduaneira e foram retidos por questões legais, fiscais ou por abandono em recintos alfandegados.
Existem também os carros inservíveis de órgãos públicos, como os que já não têm mais utilidade para o propósito governamental e são vendidos para reutilização ou como sucata.
“Os veículos são vendidos no estado em que se encontram, sem garantias quanto ao seu funcionamento ou condições, e o arrematante assume todos os riscos”, explica Massa.
Em meio aos riscos, há excelentes preços. Porém, existe um passo a passo para verificar o estado do carro, que vamos falar adiante.
Diferentemente das revendas oficiais ou multimarca, não é oferecida uma garantia para o produto. É nesse momento que o consumidor tem que ligar o alerta: produtos de leilões particulares podem ter garantia para apenas alguns itens. Os públicos, por sua vez, não têm garantia.
Por isso, é importante checar se é possível fazer uma vistoria presencial no modelo antes de pensar no primeiro lance.
Luciana Félix, que é especialista em mecânica de automóveis e gestora da Na Oficina em Belo Horizonte, lembra ainda que a burocracia pode ser um grande empecilho para o uso do item leiloado. Um exemplo que ela cita é o de um carro aprendido, que pode ter problemas na documentação.
“Esses carros já vêm com burocracias devido ao seu histórico. (...) Às vezes, são carros que necessitam de uma assistência jurídica. Você tem que contratar um advogado para fazer toda a baixa dessa papelada”, alega a especialista.
Leilões particulares
De acordo com a especialista em mecânica automotiva Luciana Félix a maioria dos pregões particulares oferece carros de seguradoras (geralmente de sinistros, com perdas totais ou parciais), de locadoras, e de empresas com pequena frota, que colocam a antiga para leilão quando precisam fazer a substituição.
Simplificando o conceito:
🔒Leilões particulares: frotas de empresas, devoluções de leasing, de seguradoras
🦁Leilões da Receita Federal: apreendidos, confiscados ou abandonados.
Tipo de compra
Segundo Ronaldo Fernandes, especialista em Leilões da SUIV, empresa que possui um banco de dados de peças automotivas, é fundamental entender que existem duas maneiras de adquirir automóveis ofertados em leilões: para restaurar ou utilização; e aqueles voltados exclusivamente para empresas de desmanche legal.
“Não há um tipo específico de veículos que vai a leilão, mas é muito importante verificar qual o tipo de venda que está sendo oferecida para o veículo de interesse, pois alguns veículos poderão circular normalmente e outros servirão somente para desmonte ou reciclagem devido à sua origem”, afirma Fernandes.
Nos casos em que os carros são vendidos para desmanches, a origem deles se dá por conta do tamanho do sinistro. “Dependendo do tamanho do sinistro, o automóvel só poderá ser vendido como sucata, ou seja, sem documentação para rodar novamente”, afirma Fernandes.
Critérios para venda
Segundo o advogado tributarista Otávio Massa, os critérios para que um carro vá a leilão incluem:
Valor comercial: veículos com valor residual significativo que justifique a venda;
Condição recuperável: mesmo que parcialmente danificados, se ainda tiverem peças reutilizáveis ou puderem ser reparados;
Procedimento legal: veículos apreendidos ou abandonados que legalmente devem ser vendidos em leilão público.
Resumindo, o que define se um veículo vai ser leiloado é o quanto ele ainda pode despertar o interesse financeiro de novos compradores. Thiago da Mata, CEO da plataforma Kwara, afirma que é feita uma avaliação prévia para determinar o valor a ser cobrado.
“Normalmente, ativos que possuem débitos superiores ao seu valor de mercado são considerados sucata e vão para descarte. Da mesma forma, veículos cujo estado de conservação seja muito crítico podem ter o mesmo destino para que possam ser aproveitadas as peças”, argumenta.
Otávio Massa corrobora com a visão de da Mata ao afirmar que “não há uma porcentagem mínima específica estabelecida por lei, mas o critério principal é se o veículo tem valor comercial residual. Veículos sem valor ou severamente danificados podem ser descartados”.
Carros, caminhões, ônibus e outros modelos destinados a desmanche têm seus respectivos números de chassis cancelados. É como se o automóvel deixasse de existir.
Prudência e dinheiro no bolso
De acordo com Thiago da Mata, da Kwara, inspecionar o veículo é de suma importância. Afinal, os carros podem ter distintos estados de conservação, o que tem que entrar na lista de preocupações de quem participa de um pregão.
“[Os veículos] podem tanto estar em bom estado de conservação, como também é possível que tenham ficado em pátio público durante um período de tempo importante”, afirma.
Os carros podem ter marcas provocadas pelo período em que ficaram expostos ao clima: pintura queimada, oxidação da lataria, manchas provocadas pela incidência solar. E esses reparos também precisam entrar no planejamento financeiro do comprador.
Idealmente, a inspeção deve ser feita de forma presencial, segundo os especialistas consultados nesta reportagem.
Ao verificar um carro, por exemplo, é preciso verificar tudo: bancos, painéis de porta, console central, volante, conferir os equipamentos, a quilometragem, ligar o carro, abrir o capô, checar a existência de bateria de 12V e, se possível, levar um especialista ou mecânico de confiança para checar as partes técnicas e prever possíveis custos extras com manutenção.
Luciana Félix, que é especialista em manutenção, diz que o consumidor precisa ver até o histórico de manutenção, se possível. E documentar tudo com fotos.
“Comprar carros em leilão é tipo um investimento de risco, você pode se dar muito bem ou muito mal, pois você não poderá andar com o carro para saber como está o seu motor ou câmbio, pois todos os veículos estão lacrados”, argumenta a proprietária da Na Oficina.
É importante ressaltar que essa é a mesma verificação que se faz ao comprar um automóvel usado, seja presencial ou via marketplace: deve ser feita uma avaliação técnica, além de checagem da quilometragem rodada e documentação do ativo.
“Importante que seja feita a verificação de débitos ou algum tipo de bloqueio para venda, pois a responsabilidade por estes pagamentos pode ser diferente de leilão para leilão. Estas informações devem estar presentes no Edital, que deve ser lido com atenção antes que qualquer lance seja dado”, alerta Thiago da Mata, da Kwara.
Quando a compra é feita pela internet e não existe a possibilidade de visitar o produto, é indicado solicitar uma vídeo-chamada para fazer essa inspeção. Não é o ideal, mas já ajuda a verificar o estado do carro, mesmo que seja à distância.
O que verificar:
Documentação: incongruências jurídicas;
Custos para regularização;
Estado de conservação do carro;
Custos para restauro;
Condições de compra;
Inspeção mecânica e de equipamentos.
Assim, se você vai participar de um leilão pela primeira vez, atente-se para os seguintes passos.
Estude: leia o edital e entenda as regras do leilão;
Verifique a procedência: se certifique que o veículo não tem pendências legais;
Defina um orçamento: estabeleça um limite máximo de gastos;
Inspecione: se possível, veja o veículo pessoalmente ou solicite um relatório detalhado;
Experiência: participe de leilões menores para entender a lógica de funcionamento.
▶️ LEMBRE-SE: Utilize apenas canais oficiais para se comunicar com o leiloeiro e verifique sempre a autenticidade das mensagens. Evitar fraudes já é um bom começo.
MEI, Microempresa, EPP ou Nanoempreendedor? Entenda regras para cada tipo de negócio
Microempreendedor Individual (MEI)
acervo Sebrae/CE
A tramitação de um projeto de lei, que visa ampliar o faturamento anual dos Microempreendedores Individuais (MEIs), e a criação de uma nova categoria de empreendedores, isentos de alguns impostos previstos na reforma tributária, têm gerado ainda mais dúvidas entre aqueles que desejam formalizar seu próprio negócio.
Afinal, no Brasil há diversos enquadramentos empresariais. Além de MEIs, Microempresas (ME), Empresas de Pequeno Porte (EPP), mais recentemente surgiu a figura dos nanoempreendedores.
Cada uma dessas categorias possui características únicas, como limite de faturamento, número de funcionários e impostos a serem pagos.
Confira as principais diferenças na tabela abaixo.
Comparação de Categorias de Negócios
Para ajudar a entender as regras e os benefícios desses quatro tipos de formalização de pequenos negócios, o g1 conversou com especialistas em direito empresarial.
Abaixo, você confere mais detalhes sobre:
Nanoempreendedores
Microempreendedores Individuais (MEIs)
Microempresas (ME)
Empresas de Pequeno Porte (EPP)
Nanoempreendedores
Entenda o que são nanoempreendedores
Os nanoempreendedores são uma nova categoria, prevista na reforma tributária sancionada em janeiro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Esse grupo será formado por pessoas físicas que operam em pequena escala e possuem uma receita bruta anual inferior a R$ 40,5 mil (metade do limite dos MEIs).
🧑🌾 Trabalhadores informais, como vendedores ambulantes, jardineiros, cozinheiros, artesãos e agricultores familiares, são alguns exemplos que se enquadram nessa categoria. Profissionais autônomos em setores informais, como mototaxistas, também podem ser incluídos.
Os empreendedores enquadrados nesse grupo não pagarão o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual criado pela reforma tributária, que substitui o ICMS, ISS, PIS, Cofins e IPI.
A ideia é evitar que pequenos empreendedores sejam sobrecarregados com impostos, mantendo-os na formalidade, explica o advogado Carlos Schenato. A isenção não significa que eles não pagarão nenhum imposto a partir de 2026. Contribuições previdenciárias e impostos sobre propriedade ainda podem ser cobrados.
O regime dos nanoempreendedores promete ser mais simplificado, com menos burocracia e foco na autodeclaração. Não será exigida a emissão de notas fiscais em todas as transações, reduzindo custos administrativos, afirma o advogado Leonardo Roesler.
Outra diferença é que o nanoempreendedor não precisa registrar uma personalidade jurídica, e pode atuar como pessoa física. O MEI e outras modalidades, como Empresário Individual (EI), exigem a obtenção de um CNPJ.
🔎 Como o governo vai qualificar os nanoempreendedores? O controle será feito por sistemas integrados de cadastramento e monitoramento do faturamento anual. O governo deve usar plataformas digitais específicas ou otimizar o sistema do MEI.
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Microempreendedores Individuais (MEIs)
Os Microempreendedores Individuais (MEIs) têm limite de receita bruta anual maior, chegando a R$ 81 mil. Mas eles também fazem parte do regime do Simples Nacional, que unifica diversos impostos.
O MEI é ideal para quem deseja iniciar um negócio e sair da informalidade. Ao se cadastrar, a empresa obtém um CNPJ, além de adquirir obrigações e direitos de uma pessoa jurídica.
Para se tornar MEI, o empreendedor não pode ter participação em outra empresa e pode empregar, no máximo, um funcionário. A adesão não impede que a pessoa tenha um emprego formal simultaneamente.
A formalização é simples e pode ser feita em poucos minutos, totalmente online.
Primeiro, é necessário obter uma senha de acesso ao gov.br, portal de serviços do governo federal. Quem não tem a senha deve clicar em "Fazer Cadastro".
Depois, com a senha em mãos, acessar o Portal do Empreendedor, consultar se a atividade exercida é permitida ao MEI, clicando em "Quem pode ser MEI?".
Se a atividade for permitida, clicar em "Quero ser MEI" e depois em "Formalize-se".
Por fim, preencher o cadastro online.
Embora a formalização seja gratuita, os MEIs precisam pagar uma taxa mensal, recolhida pelo Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS), que varia conforme a atividade exercida. As contribuições mensais foram reajustadas em fevereiro.
Veja os valores atualizados:
R$ 75,90 para o MEI em geral (5% do salário mínimo),
R$ 182,16 para o MEI caminhoneiro (12% do salário mínimo).
Os MEIs que atuam no comércio e na indústria pagam R$ 1 a mais referente ao ICMS, enquanto os ligados a serviços pagam R$ 5 a mais, referentes ao ISS.
⚠️ ATENÇÃO: O DAS inclui a contribuição previdenciária e os impostos devidos pelos MEIs. O valor total do documento tem acréscimo de R$ 1 para atividades sujeitas ao ICMS (comércio e indústria) e de R$ 5 para atividades sujeitas ao ISSQN (prestação de serviços).
Estar formalizado como MEI traz diversas vantagens, começando pelo baixo custo mensal. O empresário fica isento dos tributos federais, como imposto de renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL, tendo como única despesa o pagamento mensal do DAS.
Além disso, o MEI se torna segurado da Previdência Social, garantindo direitos como aposentadoria por idade ou invalidez, auxílio-doença, auxílio-maternidade e pensão por morte para a família.
Outra vantagem é a facilidade para o negócio, pois o MEI ganha maior credibilidade com os clientes, acesso a descontos na compra de produtos e matéria-prima, e a possibilidade de ter uma maquininha de cartão de crédito.
A formalização também melhora a relação com os bancos, permitindo ao MEI abrir conta bancária e ter acesso a crédito com juros mais baixos, graças ao CNPJ.
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Microempresas (ME)
A Microempresa (ME) é destinada a negócios com faturamento anual entre R$ 81 mil e R$ 360 mil. A ME possui uma estrutura mais flexível que o MEI, permitindo uma maior diversidade de atividades comerciais.
As microempresas podem optar por três regimes de pagamento de impostos: Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real. O Simples Nacional costuma ser mais vantajoso para muitas MEs, pois simplifica o pagamento de diversos impostos de uma só vez.
Além disso, as MEs podem contratar mais funcionários. Empresas de comércio e serviços podem ter até nove empregados, enquanto as do setor industrial podem ter até 19 funcionários.
As MEs podem ser constituídas como Sociedade Empresária Limitada (Ltda.), Sociedade Simples, Sociedade Limitada Unipessoal (SLU) ou Empresário Individual (EI). Nas duas primeiras, é possível ter sócios no negócio.
Para abrir uma microempresa, é necessário definir o tipo jurídico e realizar uma consulta de viabilidade para verificar a disponibilidade do nome escolhido. O registro é feito na Junta Comercial do estado, com a apresentação de documentos como contrato social e cópias dos documentos dos sócios.
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Empresas de Pequeno Porte (EPP)
A Empresa de Pequeno Porte (EPP) é aquela com faturamento bruto anual entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões. Elas são incluídas no Simples Nacional, um regime tributário que favorece a atividade da companhia.
As EPPs têm uma limitação no número de funcionários, variando de 10 a 99, dependendo do setor. As EPPs do setor de exportação têm direito a um faturamento anual superior ao limite das demais, até R$ 4,8 milhões.
Para se tornar uma EPP, é indispensável contratar um contador para realizar o processo de legalização.
É necessário definir a natureza jurídica da empresa, escolher um nome exclusivo, indicar as áreas de atuação conforme o CNAE, verificar restrições para a instalação do empreendimento, elaborar o Contrato Social, registrar a empresa na Junta Comercial, realizar a inscrição municipal e estadual, e efetuar a Conectividade Social no site da Caixa Econômica Federal.
O registro da marca no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) é opcional.
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Mega-Sena pode pagar R$ 65 milhões nesta terça-feira
Mega-Sena
Marcelo Brandt/G1
O concurso 2.903 da Mega-Sena pode pagar um prêmio de R$ 65 milhões para os acertadores das seis dezenas. O sorteio ocorre às 20h desta terça-feira (19), em São Paulo.
Clique aqui para seguir o canal de Loterias do g1 no WhatsApp
No concurso do último sábado (16), ninguém levou o prêmio máximo.
A aposta mínima para a Mega-Sena custa R$ 6 e pode ser realizada também pela internet, até as 19h – saiba como fazer a sua aposta online.
A Mega tem três sorteios semanais: às terças, quintas e sábados.
Entenda como funciona a Mega-Sena e qual a probabilidade de ganhar o prêmio
Para apostar na Mega-Sena
As apostas podem ser realizadas até as 19h (horário de Brasília) em qualquer lotérica do país ou por meio do site e aplicativo Loterias Caixa, disponíveis em smartphones, computadores e outros dispositivos.
É necessário ter 18 anos ou mais para participar. O pagamento, nesse caso, é realizado de forma online, com opção via PIX.
Probabilidades
A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada. Para um jogo simples, com apenas seis dezenas, que custa R$ 6, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa.
Já para uma aposta com 20 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 232.560,00, a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 1.292, ainda de acordo com a instituição.
Brasil entrega resposta aos EUA, defende o PIX, a soberania do STF, e diz que não adota práticas desleais no comércio
Brasil responde aos EUA sobre acusação de práticas comerciais desleais
O governo brasileiro protocolou nesta segunda-feira (18) sua resposta oficial ao Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) na investigação aberta sob a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974.
No documento, o Brasil afirma que não adota políticas discriminatórias, injustificáveis ou restritivas ao comércio com os EUA e que não há base jurídica ou factual para a imposição de sanções.
A apuração foi iniciada em julho, a pedido do governo do presidente Donald Trump, que alega que políticas brasileiras prejudicam empresas norte-americanas em áreas como sistemas de pagamento digital (PIX), etanol, propriedade intelectual e políticas ambientais relacionadas ao desmatamento.
Em sua resposta, o Brasil listou uma explicação para cada tópico da acusação dos Estados Unidos e pede "diálogo construtivo".
"O Brasil insta o USTR a reconsiderar o início desta investigação e a iniciar um diálogo construtivo. Medidas unilaterais previstas na Seção 301 podem comprometer o sistema multilateral de comércio e ter consequências adversas para as relações bilaterais", escreveu o governo brasileiro.
Caso o órgão dos EUA conclua que há práticas desleais, o governo Trump poderá impor mais sobretaxas a produtos brasileiros.
A ação do governo nos EUA ocorre no contexto do tarifaço de 50% imposto por Trump a uma série de produtos brasileiros, praticamente inviabilizando as exportações desses itens.
Ao anunciar o tarifaço, Trump criticou decisões do Supremo Tribunal Federal do Brasil: o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (aliado do presidente dos EUA) por tentativa de golpe de Estado; e medidas para adequar as empresas de redes sociais (norte-americanas) à lei brasileira.
O Brasil viu motivações ideológicas no tarifaço de Trump, mas decidiu não retaliar e manter negociações.
Veja abaixo o que o Brasil disse sobre tópicos da acusação dos EUA:
Argumento geral do Brasil
Na manifestação enviada ao USTR, o Itamaraty defendeu que o comércio bilateral é mutuamente benéfico e que os Estados Unidos registram superávit histórico na relação. O Brasil também ressaltou que promoveu reformas em setores apontados pelos EUA e que todas são compatíveis com normas multilaterais.
“Não há prejuízo às empresas norte-americanas em comparação com companhias de outros países”, diz o texto. Para o governo brasileiro, medidas unilaterais como sobretaxas seriam ilegítimas e contrárias às regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).
PIX e propriedade intelectual
Lula sugere que Trump faça uma experiência com o PIX nos EUA
Sobre o PIX, a defesa destacou que as regras de operação do sistema visam segurança, estabilidade e proteção do consumidor, sem restrições discriminatórias a empresas estrangeiras. Já em relação à propriedade intelectual, o Brasil sustentou que cumpre padrões internacionais e mantém marcos regulatórios em linha com os acordos da OMC.
Na defesa do PIX, o governo destacou que o sistema ampliou a participação dos brasileiros no sistema bancário e foi elogiado por entidades como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O documento também destaca que o PIX amplicou a concorrência no mercado de pagamentos eletrônicos, o que levou a um aumento na participação de empresas privadas no tema, incluindo companhias americanas.
O governo brasileiro também destacou que outros países têm adotado iniciativas que se assemelham ao PIX, como a União Européia, a Índia e mesmo os Estados Unidos. Segundo o documento, um sistema chamado FedNow, oferecido pelo banco central americano, "oferece funcionalidades semelhantes ao PIX".
"A participação de mais de 900 prestadores de serviços de pagamento no PIX demonstra a eficácia da abordagem do Banco Central do Brasil. Além disso, o marco de participação do PIX — que inclui modelos de negócios como a iniciação de pagamentos — cria oportunidades para grandes empresas de tecnologia interessadas em operar no sistema. Notadamente, a iniciação de pagamentos por provedores terceiros vem crescendo a uma taxa mensal de 25% neste ano, sendo o Google Pay o maior iniciador, processando aproximadamente 1,5 milhão de transações via PIX no mês passado", afirma o governo brasileiro na resposta.
Resposta sobre o STF
O governo afirma que nenhuma decisão do STF ou ordem judicial relacionada ao tema resulta em medidas discriminatórias que prejudiquem os direitos fundamentais de qualquer parte ou a capacidade de empresas norte-americanas competirem no Brasil ou no mercado global.
"Em resumo, nenhuma das alegações em relação à decisão do STF ou às ordens judiciais subjacentes resulta em medidas discriminatórias que afetem de forma indevida os direitos fundamentais de qualquer parte ou a capacidade das empresas norte-americanas de participar competitivamente nos mercados brasileiro ou global."
O Brasil reforçou que o uso de multas e medidas coercitivas para garantir o cumprimento da lei é uma prática judicial padrão em qualquer país com Estado de Direito, inclusive nos Estados Unidos.
O documento destaca que é prática normal que legislações nacionais estabeleçam requisitos formais para o funcionamento de empresas estrangeiras em seu território, visando questões de responsabilidade jurídica.
Ou seja, o Brasil sustenta que o artigo 19 não é uma barreira direcionada contra empresas dos EUA, mas uma norma geral para todos que atuam no país.
Segundo a resposta, a objeção apresentada pelos EUA parece mirar os esforços legítimos do Brasil para equilibrar direitos fundamentais e combater crimes online, de acordo com seu sistema jurídico e valores sociais.
Por isso, não se trata de uma conduta discriminatória contra o comércio americano — condição necessária para a aplicação de medidas punitivas dentro da Seção 301.
Trump durante reunião com líderes europeus e Zelensky na Casa Branca
ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
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No caso do etanol, o governo afirmou que adota políticas compatíveis com compromissos multilaterais e lembrou que o país pratica “tarifa zero” para produtos aeronáuticos, em referência às regras aplicadas à indústria da aviação.
Quanto ao desmatamento, o Itamaraty argumentou que a política ambiental brasileira não constitui barreira comercial nem restringe a competitividade de empresas americanas.
CNI e Embraer também se manifestam
Além do governo, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Embraer enviaram manifestações paralelas à investigação. A CNI afirmou que não há base jurídica ou factual para medidas restritivas e recomendou que as divergências sejam resolvidas via diálogo bilateral e cooperação técnica.
Já a Embraer destacou sua relevância no mercado americano, lembrando que um terço dos voos no Aeroporto Nacional Ronald Reagan, em Washington, é operado com aeronaves da empresa brasileira. A companhia também ressaltou sua contribuição à defesa e à mobilidade aérea dos EUA e classificou eventuais tarifas contra seus produtos como “contrárias aos interesses norte-americanos”.
Próximos passos
O processo segue em análise pelo USTR. Uma audiência pública está marcada para 3 de setembro, quando representantes de empresas, entidades e governos poderão apresentar argumentos adicionais. Até lá, a pressão política deve continuar a crescer, com risco de novas tensões no comércio bilateral.
Acusação dos EUA
Veja os principais pontos da acusação formal dos EUA:
Comércio digital e serviços de pagamento eletrônico: Segundo o documento, o Brasil pode estar prejudicando a competitividade de empresas americanas nesses setores, ao adotar medidas de retaliação contra companhias que se recusam a censurar discursos políticos ou ao impor restrições à sua atuação no mercado nacional.
Tarifas injustas e preferenciais: O documento afirma que o Brasil concede tarifas reduzidas e vantajosas a determinados parceiros comerciais estratégicos, o que colocaria as exportações dos EUA em desvantagem competitiva.
Aplicação de medidas anticorrupção: “A falha do Brasil em aplicar medidas de combate à corrupção e de transparência levanta preocupações em relação às normas internacionais contra suborno e corrupção”, afirma o texto.
Proteção da propriedade intelectual: Segundo o documento, o Brasil aparenta falhar na garantia de proteção eficaz e fiscalização rigorosa dos direitos de propriedade intelectual, o que impacta negativamente os trabalhadores americanos que atuam em setores baseados em inovação e criatividade.
Etanol: “O Brasil recuou de seu compromisso de oferecer tratamento praticamente livre de tarifas ao etanol dos EUA e agora impõe tarifas substancialmente mais altas às exportações americanas”, afirma o texto.
Desmatamento ilegal: De acordo com o texto, “o Brasil aparentemente não está fazendo cumprir de maneira eficaz as leis e regulamentações destinadas a combater o desmatamento ilegal, o que compromete a competitividade dos produtores americanos de madeira e produtos agrícolas”.
CNI defende Brasil em investigação nos EUA e nega práticas comerciais 'discriminatórias'
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) protocolou nesta segunda-feira (18), no Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), um documento em que afirma que o Brasil não adota práticas “injustificáveis, discriminatórias ou restritivas” ao comércio com os EUA. O texto é uma manifestação paralela à defesa do governo brasileiro, que também deve ser enviada nesta segunda. A investigação foi aberta em julho pelo governo Donald Trump para apurar se políticas brasileiras estariam prejudicando o comércio norte-americano. Questionamentos dos EUA Os Estados Unidos alegam ter identificado “práticas comerciais desleais” do Brasil, mas não apresentaram provas. Entre os pontos levantados estão questões sobre o PIX, o desmatamento e a proteção à propriedade intelectual. Uma audiência pública sobre o tema está marcada para 3 de setembro. Defesa da CNI No documento assinado pelo presidente da CNI, Ricardo Alban, a entidade argumenta que as preocupações do USTR não justificam medidas restritivas com base na chamada Seção 301 da lei comercial norte-americana. “Não há base jurídica ou factual para a imposição de tarifas adicionais. O comércio bilateral entre Brasil e EUA é mutuamente benéfico, com superávit para os Estados Unidos e tarifas baixas. Medidas unilaterais enfraquecem essa parceria estratégica”, diz a CNI. A instituição acrescenta que empresas americanas não foram prejudicadas em detrimento de outras companhias e recomenda que eventuais divergências sejam resolvidas por meio de diálogo bilateral e cooperação técnica. Embraer também se manifesta A Embraer, empresa brasileira de aeronáutica, também enviou uma carta nesta segunda-feira (18) ao governo de Donald Trump em reação à investigação. No documento, a empresa destaca a importância que exerce no país americano, seja empregando profissionais seja operando as principais companhia áreas em atividade nos Estados Unidos. E, sobretudo, gerando lucros líquidos para os Estados Unidos. "Apenas para dar um exemplo, aproximadamente um terço dos voos de e para Aeroporto Nacional Ronald Reagan, em Washington, são operados por aeronaves comerciais da Embraer", diz Francisco Gomes Neto, presidente da Embraer, que assina a carta. A Embraer foi incluída na lista de exceções à sobretaxa de 50% à compra dos produtos exportados do Brasil aos Estados Unidos. Especialistas que acompanham o tema já esperavam pela exclusão da empresa, visto a importância que a empresa exerce no país. Um deles, sob reserva, disse não seria fácil para os norte-americanos encontrar um novo fabricante tão rápido e que levasse à credibilidade da Embraer. Gomes Meto também argumenta que a Embraer apoia a defesa nacional dos Estados Unidos e a inovação em mobilidade área americana. Além disso, destacou que o Brasil há "muito tempo adere a uma abordagem de tarifa zero para produtos de aeronaves civis com todos os seus parceiros comerciais". Segundo o presidente, usar a Seção 301 para impor tarifas à Embraer seria "contrário aos interesses dos Estados Unidos". "Portanto, usar a Seção 301 para impor tarifas sobre nossos produtos e cadeias de suprimentos seria contrário aos interesses dos EUA. Instamos o Governo a reconhecer os enormes benefícios que a Embraer gerou para os Estados Unidos e a evitar tarifas ou outras restrições à importação que apenas serviriam para comprometer esse sucesso".
Em carta, Embraer reage à investigação americana que apura práticas 'desleais' e afirma que tarifaço é contrário aos interesses dos EUA
Camarotti: governo enfrenta dilema no tarifaço
A Embraer, fabricante brasileira de aviões, enviou uma carta nesta segunda-feira (18) para o governo dos Estados Unidos reagindo à investigação americana que apura práticas desleais de comércio. Os EUA abriram uma investigação contra o Brasil e, embora não seja diretamente investigada, a empresa se antecipou, fazendo declarações sobre a parceria comercial que a Embraer tem com o país norte-americano.
No documento, a empresa - que ficou fora do tarifaço extra de 40% dos EUA, mas enfrenta uma tarifa anterior de 10%, e luta por tarifa zero - afirmou que impor tarifas de exportações à Embraer é algo “contrário aos interesses dos EUA”.
A carta foi assinada pelo presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, em resposta ao julgamento da Seção 301, mecanismo usado pelos EUA para adotar medidas unilaterais contra o que consideram práticas comerciais desleais.
Em julho, o governo americano divulgou que o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) iniciou uma investigação comercial contra o Brasil a pedido do presidente Donald Trump, sob alegação de que o país comete “práticas comerciais desleais”.
Na carta, a Embraer apontou que “embora tenha sede no Brasil, possui importantes operações nos Estados Unidos”, destacando que a empresa americana EAH, que produz jatos executivos e presta serviços de aviação, é uma subsidiária integral da Embraer fundada em 1979 na Flórida.
Segundo a Embraer, “a imposição de restrições à importação de produtos da Embraer seria diretamente contrária aos interesses dos EUA”, destacando que nenhum dos atos, políticas e práticas investigados pela Seção 301 “têm qualquer relação com a Embraer ou seus negócios”.
“Por exemplo, o comércio de produtos para aeronaves civis da Embraer não se beneficiou de supostas tarifas preferenciais injustas, pois o Brasil há muito adere a uma abordagem de tarifa zero para produtos de aeronaves civis com todos os seus parceiros comerciais. Em suma, as alegações em questão são irrelevantes para as ações da Embraer no Brasil e nos Estados Unidos”, defendeu a empresa brasileira.
“Além disso, o Comitê da Seção 301 deve estar ciente de que a Embraer e suas afiliadas nos EUA geram enormes benefícios líquidos para os Estados Unidos. Na ausência de interrupções tarifárias, a Embraer pretende comprar mais de [valor omitido pela empresa] em bens e serviços de empresas americanas entre 2025 e 2030, e a maioria dessas compras representaria exportações dos EUA para o Brasil”, disse na carta.
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E-190 da Embraer.
Divulgação/Embraer
Ainda no documento, sem revelar valores, a Embraer destacou que as exportações do Brasil para os EUA seriam menores do que o volume de exportações americanas para solo brasileiro.
A Embraer destacou também que gera cerca de 12,5 mil empregos nos EUA, sendo 2,5 mil de forma direta e outros 10 mil indiretos, e tem projeções de abrir mais 5 mil postos de trabalho nos Estados Unidos.
“Assim, no que diz respeito à Embraer, os Estados Unidos estavam a caminho de um superávit de US$ 8 bilhões entre 2025 e 2030 em um cenário de tarifa zero. As compras da Embraer mencionadas nos próximos cinco anos gerarão 5 mil empregos adicionais, além dos atuais 12,5 mil. Os funcionários diretos trabalham em 17 instalações da Embraer nos Estados Unidos, incluindo unidades de produção na Flórida e centros de serviço no Arizona, Geórgia, Tennessee e Texas”, pontuou a Embraer.
A fabricante brasileira afirmou também que 88% dos acionistas da Embraer estão sediados nos Estados Unidos e 44% do total de suas ações são negociadas na Bolsa de Valores de Nova York.
“Nossas operações de produção de jatos executivos em Melbourne, Flórida, geram mais de US$ 600 milhões em exportações para os EUA por ano. Ao todo, a Embraer tem presença tributável em 32 estados americanos”, destacou.
A Embraer disse também que as aeronaves da empresa transportam 100 milhões de passageiros nos Estados Unidos todos os anos, representando cerca de 10% de todo o tráfego aéreo do país, e que mais de 2 mil aeronaves comerciais da Embraer operam atualmente nos Estados Unidos, para companhias aéreas americanas como American, Delta, United e Alaska Airlines.
Por fim, a Embraer disse que apoia a defesa nacional dos EUA, destacando que deve investir mais no país se o cargueiro KC-390 for selecionado para a Força Aérea Americana, e que “a Embraer e a EAH contribuem significativamente para o fortalecimento da aviação e da economia dos EUA”.
“Portanto, usar a Seção 301 para impor tarifas sobre nossos produtos e cadeias de suprimentos seria contrário aos interesses dos EUA. Instamos o Governo a reconhecer os enormes benefícios que a Embraer gerou para os Estados Unidos e a evitar tarifas ou outras restrições à importação que apenas serviriam para comprometer esse sucesso”, finalizou a Embraer na carta.
Até a última atualização desta reportagem, o governo dos Estados Unidos ainda não havia se manifestado sobre a carta enviada pela Embraer.
Vista da sede da Embraer, em São José dos Campos, interior de SP
Luis Lima Jr./Futura Press/Estadão Conteúdo
Jato comercial E175-E2 em São José dos Campos
Embraer/Divulgação
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São Paulo Beyond Business: acompanhe ao vivo a Première Edition do SP2B
São Paulo Beyond Business: acompanhe ao vivo a Première Edition do SP2B Programação com Yuval Noah Harari, Hugh Forrest e Gilberto Gil neste domingo (17) antecipa evento completo, previsto para 2026. A cidade de São Paulo recebe neste domingo (17) e na segunda (18), a Première Edition do SP2B – São Paulo Beyond Business, evento de inovação, empreendedorismo e transformação urbana.. A iniciativa antecipa a edição completa do evento, prevista para 2026, e que ocupará o Parque do Ibirapuera.. Neste domingo (17), o Auditório do Ibirapuera recebe uma conversa entre Rafael Lazarini e Hug Forrest, diretor do SXSW, o professor e escritor Yuval Noah Harari e um show de Gilberto Gil.. Na segunda (18), haverá um painel sobre investimentos em startups com Dawn Powell, Pogos Saiadian , Ricardo Kanitz, Michael Safdie e Jason Tan.
Entenda por que tarifaço preocupa citricultor brasileiro mesmo após isenção do suco de laranja
Tarifaço do Trump: anúncio de isenção da taxa de 50% alivia produtores de suco de laranja
Os contratos que envolvem a laranja da safra 2025/26 seguem em ritmo lento. A observação é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq) do campus da USP em Piracicaba (SP). O motivo para o receio recai, em partes, pelas incertezas geradas pelo tarifaço de Trump. Entenda cenário, abaixo.
Diferente do que era comum ocorrer logo no fim da safra, os citricultores consultados demonstram cautela antes de fechar negócios.
Mas se o suco de laranja foi um dos produtos excluídos da lista de itens brasileiros taxados, por que os agentes do setor seguem incertos?
O Cepea explica que, embora o suco de laranja brasileiro tenha sido excluído da aplicação da sobretaxa de 40% dos EUA, subprodutos fundamentais da cadeia, como óleos essenciais e células cítricas, ainda seguem taxados em 50%.
Em anos anteriores, os contratos já eram fechados no primeiro semestre e, em 2025, estão sendo postergados, sobretudo por conta da safra tardia, dos preços em queda após março e, mais recentemente, pelas incertezas quanto ao tarifaço norte-americano.
"Os citricultores ainda aguardam uma movimentação mais consistente por parte da indústria, que continua ajustando os valores no spot e prefere acompanhar as evoluções de oferta e demanda antes de definir novos acordos", aponta o Cepea.
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Menor volume exportado
O volume de suco de laranja exportado pelo Brasil na safra 2024/25, finalizada em junho deste ano, foi o menor em quase 30 anos, mas a receita com os embarques foi recorde. O futuro do setor de citrus, no entanto, segue incerto. Agentes do mercado nacional demonstram incerteza quando o assunto é o o tarifaço imposto pelos Estados Unidos. - Entenda mais, abaixo.
Na comparação com a safra anterior, a receita cresceu 28,4%, totalizando US$ 3,48 bilhões, conforme dados do boletim do Cepea.
Oferta restrita: apesar do cenário de incerteza quanto à recuperação plena do consumo externo de suco e de uma safra 'turbulenta', nas palavras dos pesquisadores da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq-USP), o impacto da elevação de 10% nas tarifas foi minimizado pela oferta restrita do Brasil, que sustentou os embarques.
Carta de Trump ao Brasil tem a tarifa mais alta
Agentes do setor de citricultura, consultados pelo Cepea, demonstraram receio de que demanda internacional não se restabeleça completamente.
"Ora devido à estagnação do consumo, ora pelos efeitos ainda indefinidos dos aumentos tarifários implementados pelo governo Trump sobre produtos brasileiros", analisam.
"No entanto, permanece incerta a magnitude dos efeitos de um possível aumento tarifário para patamares de até 50% sobre o suco de laranja, especialmente diante da perspectiva de maior produção nacional nas próximas temporadas", destacam.
Assim, ainda conforme o Centro de Pesquisas, o acúmulo de divisas oriundas das exportações na temporada 2024/25 foi extremamente favorável, permitindo ao setor uma capitalização importante frente aos desafios futuros.
Suco de laranja tem menor volume exportado na safra 24/25, mas atinge receita recorde
Jornal Nacional/ Reprodução
Limeira: cidade produtora faz campanha contra greening
Desde junho de 2025, Limeira, uma das cidades do interior de São Paulo que polo produtor de laranja, realiza campanha para combater “greening”, doença causada por bactéria e que afeta a citricultura – um dos destaques econômicos do município.
A ação visa alertar e incentivar a população para substituir as murtas (Murraya paniculata), plantas conhecidas também como damas-da-noite. As árvores ornamentais são hospedeiras da bactéria transmissora da doença (saiba mais, abaixo).
Laranjas afetadas pelo greening
Jefferson Barbosa/EPTV
Regiões
A prefeitura de Limeira informou que as regiões com maior incidência de murtas no município estão nas áreas urbanas, como as centrais e os bairros mais antigos da cidade, onde a espécie foi utilizada como cerca viva e para arborização de calçadas.
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Calor e greening impactam safra da laranja e preço da fruta alcança maior patamar em 30 anos em São Paulo, aponta estudo da USP
O que é o greening
O greening é uma bactéria considerada a mais destrutiva da citricultura mundial. Os sintomas dela podem ser observados nas folhas de pés de laranja, por exemplo, que apresentam um aspecto amarelado, e nas flores, que ficam secas e murchas. A bactéria afeta a saúde da planta e a produção de frutos.
"A doença é transmitida por um inseto vetor, pelo psilídeo, e é justamente nessa região de Limeira, Avaré e Bebedouro, esse 'miolo' do estado de São Paulo, onde são capturadas as maiores população de inseto. Consequentemente a gente tem as maiores taxas de transmissão", explica Guilherme Rodriguez, supervisor de projetos do Fundecitrus, em entrevista à EPTV em setembro de 2024.
Greening aumenta nas laranjeiras da região de Limeira e contribui para alta de preços
Preço do suco de laranja nos EUA
Os EUA tornaram-se mais dependentes das importações de suco de laranja nos últimos anos devido a um declínio acentuado na produção doméstica, por causa de furacões, períodos de temperaturas muito baixas e da doença greening.
O greening afeta os pomares e diminui a qualidade e a produtividade da fruta. O estado da Flórida é o mais afetado. Ele representa 90% do suco de laranja americano. Os prejuízos por lá causaram uma retração de 28% na produção do país na safra 2024/2025.
Os preços do suco de laranja vêm enfrentando altas seguidas. A lata de 473 ml atingiu o preço recorde de US$ 4,49 em fevereiro deste ano (equivalente a R$ 24,84).
Preço do suco de laranja nos EUA.
Arte/g1
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BC alerta sobre movimentação atípica no mercado com possível ataque a sistema de pagamentos
Confissão de suspeito preso por ataque hacker detalha esquema que desviou mais de R$ 540 milhões
Fantástico
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou nesta segunda-feira (18) que recebeu um alerta do Banco Central do Brasil (BC) sobre uma “movimentação atípica no mercado” relacionada à busca por operadores da criptomoeda Tether.
A movimentação, segundo a Febraban, estaria associada a um possível ataque a participantes do sistema de pagamentos brasileiro. O alerta foi emitido na tarde de domingo.
“De imediato, a Febraban comunicou aos seus bancos filiados que participam de seus Comitês de Prevenção a Fraudes e de Cyber Segurança para que tomassem todas as iniciativas possíveis para se evitar o possível ataque”, disse, por meio de nota.
Procurado pela Reuters, o BC não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Essa foi a segunda vez em menos de dois meses que o BC emitiu um alerta de ataque ao sistema financeiro.
BC informa ataque hacker contra C&M Software, que interliga bancos aos seus sistemas e ao PIX
Em outro episódio, registrado no início de julho, o BC informou que a provedora de serviços de tecnologia C&M Software, que atende instituições financeiras sem infraestrutura de conectividade, relatou um ataque cibernético aos seus sistemas.
À época, o BC precisou determinar o desligamento do acesso das instituições às infraestruturas operadas pela C&M. O ataque cibernético afetou pelo menos seis bancos e causou alvoroço no mercado financeiro.
Segundo a polícia informou na época, o ataque desviou mais de R$ 500 milhões por transferências via PIX em menos de três horas, e ficou marcado como um dos maiores ataques hacker ao sistema financeiro brasileiro.
*Com informações da agência de notícias Reuters
Imóveis têm recorde de lançamentos no 1º semestre, mas estoque encolhe e vendas estabilizam
Nunes diz que deve regularizar 100 mil imóveis até 2028 na cidade de São Paulo
O mercado imobiliário brasileiro bateu recorde de lançamentos no primeiro semestre de 2025.
Segundo a pesquisa Indicadores Imobiliários Nacionais, da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), houve um aumento de 6,8% em relação ao mesmo período de 2024, alcançando 186,5 mil unidades — o melhor resultado desde o início da série em 2006.
Enquanto isso, as vendas no período subiram 9,6% quando comparado com o mesmo período do ano passado, totalizando 206.903 unidades. Foram movimentados R$ 123 bilhões no período.
De acordo com dados da CBIC, quando se analisa os movimentos trimestrais, as vendas apresentam um comportamento de estabilidade, variando entre 100 mil e 108 mil unidades nos últimos 5 trimestres.
Já as ofertas finais — que respondem pelas unidades restantes de um empreendimento que estão sendo vendidas antes da entrega — recuaram 4,1% no primeiro semestre, mostrando que há menos imóveis sobrando no estoque.
Na avaliação do economista-chefe do Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Administração de Imóveis (Secovi-SP), Celso Petrucci, responsável pela apresentação da pesquisa, o mercado caminha para um cenário de “estabilidade”, após atingir patamares recordes.
Ele lembra que, no acumulado dos últimos 12 meses, foram mais de 414 mil imóveis residenciais lançados. Em 2020, o número acumulado foi de 244,6 mil unidades.
“De 2020 paca cá, o mercado cresceu 180 mil unidades. São praticamente 15 mil unidades que se vende por mês a mais do que se vendia há cinco anos.”
Demanda aquecida
Em linha com a ponderação, no 2º trimestre de 2025 houve queda nos lançamentos de 6,8% em relação com o mesmo período de 2024, totalizando 93.319 unidades. Mas, na comparação trimestral, o avanço foi de 0,1% frente aos três primeiros meses deste ano.
Já a oferta final recuou 4,1% em relação ao mesmo trimestre de 2024, e 3,4% frente ao primeiro trimestre de 2025, somando 290.086 unidades em junho.
Ao todo, foram comercializados 102,9 mil imóveis entre abril e junho, movimentando R$ 68 bilhões no setor.
histórico trimestral de lançamentos, vendas e oferta
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Apesar disso, os dados indicam um mercado consumidor mais aquecido do que o ofertante no período, registrando a menor taxa de escoamento já registrada no indicador nacional.
🔎 Com o volume atual de vendas e sem novos lançamentos, o estoque disponível se esgotaria em 8,2 meses.
“No segundo semestre, podemos ter um represamento dos lançamentos, e o volume de contratação de julho e agosto deve ser maior do que uma estabilidade ou redução por conta da subida natural dos preços”, apontou Clausens Duarte, vice-presidente de Habitação de Interesse Social da CBIC.
Minha Casa, Minha Vida
A pesquisa ainda aponta uma inversão na participação entre o "Minha Casa, Minha Vida" (MCMV) no último trimestre.
Embora ainda responda por um número significativo, o programa perdeu espaço para os demais padrões de imóveis — voltados aos públicos de classe média e da alta renda.
🔎 A fatia do MCMV caiu de 53% para 47% do total entre o primeiro e o segundo trimestre de 2025.
No primeiro semestre do ano, comparado com 2024, os lançamentos do programa cresceram 7,8%, as vendas avançaram 25,8%, e a oferta final, teve alta de 5,7%.
Em relação aos resultados do segundo trimestre, na comparação anual, os lançamentos caíram 15,5%, enquanto as vendas e a oferta final subiram 11,9% e 5,7%, respectivamente.
unidades lançadas pelo MCMV x demais padrões
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Frente aos três primeiros meses de 2025, houve queda em todos os indicadores: lançamentos caíram 10,1%, vendas recuaram 3,3%, e a oferta final teve baixa de 4,3%.
Segundo Petrucci, os números do primeiro trimestre “puxaram” os bons resultados do programa social no primeiro semestre de 2025.
Ainda assim, o economista-chefe da Secovi alerta que, considerando que a última atualização das regras, feita em julho de 2023, por meio da Lei nº 14.620, o MCMV pode estar passando pela necessidade de “novas adequações”.
“O tempo está passando, e o custo de construção vai subindo, perdendo o efeito do que foi melhorado no programa. Isso pode ser um alerta de que o programa possa estar necessitando de uma releitura dos seus limites e dos descontos que oferece.”
Cerimônia de entrega de Unidades Habitacionais do Minha Casa, Minha Vida em Fortaleza.
Ricardo Stuckert/PR
Novo T-Cross Extreme está ainda mais T-Cross
Novo T-Cross Extreme tem nova tonalidade exclusiva com tiragem limitada.
Divulgação
A Volkswagen traz uma novidade com inovação e surpresas, na sua linha. A marca acaba de lançar o novo T-Cross Extreme, que passa a ocupar o topo da linha do SUV compacto mais vendido do Brasil.
Produzido em São José dos Pinhais (PR), o modelo chega para quem busca tecnologia, segurança e conforto, mas sem abrir mão de design. O design do T-Cross Extreme é o carro ideal para o equilíbrio entre vida urbana e atividades ao ar livre.
As novidades começam pela cor. O novo modelo será o primeiro veículo produzido em série no Brasil com pintura fosca de fábrica. O acabamento exclusivo, na cor Cinza Oliver, é inspirado no tom verde
Novo Volkswagen T-Cross Extreme
Nova dianteira do T-Cross Extreme conta com detalhes em laranja.
Divulgação
A nova versão para o líder entre os SUVs vai além da pintura. O visual externo do T-Cross Extreme reforça sua proposta aventureira: rodas de 17 polegadas com novo design e acabamento escurecido, maçanetas e retrovisores em preto ninja, além de detalhes em laranja no para-choque dianteiro e no emblema lateral “Extreme”.
A coluna C, comum em outros modelos da versão aventureira, também recebe um badge exclusivo. Na linha 2026, a novidade é um light strip na grade frontal, conectando os faróis e reforçando a assinatura de iluminação característica da VW.
Interior renovado e conectado
Modelo traz painel digital de 10 polegadas integrado à central VW Play Connect.
Divulgação
Por dentro, o T-Cross Extreme traz novos revestimentos nos bancos, com costura laranja e o nome da versão estampada nos encostos. Um painel digital de 10 polegadas acompanha a nova central multimídia VW Play Connect, ampliando as possibilidades de conectividade a bordo.
O novo T-Cross Extreme já está disponível para pedidos em toda a rede de concessionárias Volkswagen. O modelo disponibiliza uma paleta de cinco cores: Branco Puro e Preto Ninja (sólidas), Cinza Platinum (metálica), além da Cinza Ascot e da Cinza Oliver, oferecidas em fosco e metálico, exclusivas da versão.
Nos modelos com pintura Cinza Oliver Fosca, o teto acompanha a cor da carroceria. Já a opção de teto preto passa a ser uma exclusividade da versão Extreme a partir da linha 2026.
EUA querem impor ao Brasil solução legalmente impossível, diz Haddad sobre tarifaço
Camarotti: governo enfrenta dilema no tarifaço
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (18) que a negociação tarifária entre Brasil e Estados Unidos não evolui porque o país norte-americano quer impor aos brasileiros uma solução “constitucionalmente impossível”, ou seja, legalmente inviável.
Em um evento organizado pelo canal Times Brasil e pelo Financial Times, Haddad afirmou acreditar que o comércio entre os dois países tende a diminuir ainda mais.
"As negociações só não ocorrem porque os Estados Unidos estão tentando impor ao Brasil uma solução constitucionalmente impossível, que é o Executivo se imiscuir em assuntos de outro Poder, que é o Poder Judiciário", disse Haddad.
A tarifa de 50% sobre diversos produtos brasileiros foi aplicada pelo governo de Donald Trump no início deste mês, sob o argumento de que o ex-presidente Jair Bolsonaro enfrentava uma “caça às bruxas” por parte do Judiciário brasileiro.
Durante o evento, Haddad afirmou que o Brasil está aberto a negociações comerciais com os EUA, mas que Washington não demonstra disposição para dialogar.
Ele acrescentou que não acredita que o impasse com os EUA dure anos, respondendo a uma pergunta sobre a capacidade da economia brasileira de resistir às tarifas elevadas.
"Eu não acredito que isso vai acontecer, em primeiro lugar. Em segundo lugar, hoje o comércio com os EUA representa metade do que representava no começo do século", afirmou.
"E pelo andar dos acontecimentos, eu acredito, infelizmente, que o comércio bilateral vai cair ainda mais", previu.
Haddad destacou, contudo, que Brasil e EUA possuem grande potencial de parceria e que o governo Lula pretende avançar nessas cooperações com Washington.
Como o Brasil responde ao tarifaço?
Na semana passada, o governo brasileiro anunciou a primeira fase de um pacote de medidas para apoiar empresas impactadas pelo tarifaço.
O governo vai criar uma linha de crédito de R$ 30 bilhões, adiar a cobrança de impostos para as empresas mais afetadas e reduzir tributos sobre exportações, com alíquotas de até 3,1% para grandes e médias empresas e até 6% para micro e pequenas, entre outras medidas.
Além do pacote de apoio às exportadoras, o governo Lula deve enviar nesta segunda-feira a Washington um relatório sobre investigações nas áreas financeira, comercial, digital, ambiental (relacionadas ao desmatamento), combate à corrupção e propriedade intelectual.
A medida ocorre após os EUA anunciarem uma investigação contra o Brasil com base na Seção 301 da Lei de Comércio. Até o PIX e o comércio popular da Rua 25 de Março, em São Paulo, foram incluídos no radar das autoridades americanas.
Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
Arte/g1
O desafio do arcabouço fiscal do governo
Além do tarifaço, uma das principais preocupações do mercado é a meta fiscal do governo. Segundo o ministro da Fazenda, o governo Lula cumprirá o objetivo este ano e também em 2026.
“Esperem que vamos cumprir o que está pactuado. Sobre cumprimento da meta de gastos, cumprimos ano passado, vamos cumprir esse ano, e também no ano que vem”, disse.
📈 A meta fiscal é o compromisso do governo de equilibrar receitas e despesas públicas, indicando se o país terá superávit, déficit ou equilíbrio no ano. O arcabouço fiscal, aprovado em 2023, estabelece regras e gatilhos para controlar os gastos e manter as contas públicas sustentáveis.
O ministro também afirmou que poucos acreditavam que, neste governo, o Brasil cresceria, aumentaria a renda da população e sairia do Mapa da Fome — mas isso aconteceu. “Tudo isso é resultado de decisões complexas que tivemos que tomar”, destacou.
No entanto, o governo Lula enfrenta dificuldades para reduzir despesas, já que grande parte do orçamento é obrigatória — como aposentadorias, salários, benefícios sociais e transferências a estados e municípios — e só pode ser modificada com aprovação do Congresso.
* Com informações da agência Reuters
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fala em coletiva de imprensa sobre o bloqueio do Orçamento e elevação do IOF
Diogo Zacarias/MF
'Prévia do PIB' do Banco Central indica expansão de 0,3% no 2º trimestre, com forte desaceleração
Divulgação | Morini
O Banco Central (BC) informou nesta segunda-feira (18) que o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado a "prévia" do Produto Interno Bruto (PIB), registrou crescimento de 0,3% no segundo trimestre deste ano.
O resultado pelo BC foi calculado após ajuste sazonal — uma espécie de "compensação" para comparar períodos diferentes. A comparação foi feita com o primeiro trimestre de 2025.
O dado divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central mostra forte desaceleração da economia. Isso porque, no primeiro trimestre deste ano, o IBC-BR teve uma expansão bem maior: de 1,5%.
O crescimento do IBC-Br no 1º trimestre 2025 foi o sétimo resultado positivo seguido. A última retração do indicador foi registrada no terceiro trimestre de 2023 (-0,6%).
Os dados do BC mostram que o setor de serviços foi o principal "motor" do ritmo de crescimento da economia no segundo trimestre deste ano. Ao mesmo tempo, após forte expansão nos três primeiros meses do ano, a agropecuária mostrou retração no último trimestre.
Veja abaixo o desempenho setor por setor:
Agropecuária: - 3,1%
Indústria: + 0,1%
Serviços: + 0,7%
PIB do Brasil pode perder até R$ 175 bilhões com tarifa de 50% de Trump, diz estudo
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. O resultado oficial do período, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), será divulgado em 2 de setembro.
Se o PIB cresce, significa que a economia vai bem e produz mais. Se o PIB cai, quer dizer que a economia está encolhendo. Ou seja, o consumo e o investimento total é menor. Entretanto, nem sempre crescimento do PIB equivale a bem-estar social.
Desaceleração esperada da atividade
A desaceleração da atividade econômica no segundo trimestre deste ano já era esperada tanto pelo mercado financeiro quanto pelo Banco Central, diante do elevado nível da taxa de juros.
Fixada pelo Banco Central para conter as pressões inflacionárias, a taxa Selic está, atualmente, em 15% ao ano — o maior patamar em quase 20 anos.
A instituição tem sinalizado que os juros permanecerão neste patamar por um "período bastante prolongado" de tempo. Os analistas dos bancos esperam cortes somente em 2026.
O mercado financeiro estima uma taxa de crescimento do PIB 2,21% em 2025, contra 3,4% no ano passado. O BC projeta uma expansão de 2,1% neste ano.
▶️O BC tem dito claramente que uma desaceleração, ou seja, um ritmo menor de crescimento da economia, faz parte da estratégia de conter a inflação no país. Avalia que isso é um "elemento necessário para a convergência da inflação à meta [de inflação, de 3%]".
▶️Na ata da última reunião do Copom, divulgada no início de agosto, o BC informou que o chamado "hiato do produto" segue positivo. Isso quer dizer que a economia continua operando acima do seu potencial de crescimento sem pressionar a inflação.
▶️O Banco Central também informou que a atividade econômica doméstica "tem indicado certa moderação no crescimento e, ao mesmo tempo, apresentado dados mistos entre os setores e indicadores".
Mês de junho
De acordo com o Banco Central, em junho deste ano, na comparação com o mês anterior, o IBC-Br registrou uma contração de 0,1%.
Mesmo assim, houve melhora na comparação com maio, quando o indicador teve retração maior: de 0,7%.
Esse também foi o segundo mês seguido de queda do indicador. A última alta mensal do índice foi em abril (0,1%).
Na comparação com junho de 2024, a chamada prévia do PIB do BC teve alta de 1,4% (sem ajuste sazonal).
Ainda segundo o Banco Central, o IBC-Br apresentou crescimento de 3,2% na comparação com os seis primeiros meses de 2024.
E, em 12 meses até junho, a expansão foi de 3,9%. Nesses casos, o índice foi calculado sem ajuste sazonal.
PIB X IBC-Br
Os resultados do IBC-Br são considerados a "prévia do PIB". Porém, o cálculo do Banco Central é diferente do cálculo do IBGE.
O indicador do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos, mas não considera o lado da demanda (incorporado no cálculo do PIB do IBGE).
O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros do país. Com o maior crescimento da economia, por exemplo, pode haver mais pressão inflacionária, o que contribuiria para conter a queda dos juros.
Dólar sobe e fecha em R$ 5,43, após encontro entre Trump e Zelensky e à espera de resposta do Brasil aos EUA
Trump recebe Zelensky para discutir guerra na Ucrânia
O dólar fechou o primeiro pregão da semana em alta de 0,68%, cotado a R$ 5,4348. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, encerrou com uma alta de 0,72%, aos 137.322 pontos.
Investidores passaram o dia atentos aos desdobramentos do encontro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, e aliados europeus. A expectativa é que a conversa faça avançar as tratativas para o fim da guerra com a Rússia. (Entenda mais abaixo)
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▶️ Já no cenário interno, os investidores aguardam o envio do documento do governo brasileiro em resposta à investigação comercial aberta pelos Estados Unidos, a pedido de Trump.
Em julho, o representante de Comércio dos EUA informou a abertura da investigação, solicitada por Trump. O processo misturou argumentos comerciais e políticos para justificar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, citando questões como desmatamento, o uso do PIX e até o comércio popular da rua 25 de Março.
▶️ Também nesta segunda-feira, Vladimir Putin telefonou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em uma chamada de 30 minutos. Segundo o Palácio do Planalto, o presidente russo compartilhou informações sobre a reunião que teve na sexta-feira com Trump, a respeito da guerra entre Rússia e Ucrânia.
▶️ Na agenda de indicadores internos, o Banco Central divulgou na manhã desta segunda-feira o boletim Focus, com projeções de economistas para inflação, Produto Interno Bruto (PIB), Selic e câmbio. Pela primeira vez desde janeiro, o mercado reduziu a estimativa de inflação de 2025 para abaixo de 5%.
Já o IBC-Br — indicador do Banco Central que funciona como prévia do PIB — apontou crescimento de 0,3% no segundo trimestre deste ano.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana:+0,68%;
Acumulado do mês: -2,96%;
Acumulado do ano: -12,05%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: +0,72%;
Acumulado do mês: +3,19%;
Acumulado do ano: +14,17%.
Brasil responde aos EUA
Está previsto para esta segunda-feira o envio de um documento do governo brasileiro em resposta aos Estados Unidos, referente à investigação comercial aberta em julho pelo governo Trump contra o país.
O documento de resposta está sendo preparado por um grupo de trabalho no Itamaraty, composto por diplomatas com experiência nos temas envolvidos pela investigação do Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR).
Na defesa, os técnicos vão responder aos questionamentos levantados, como medidas de combate ao desmatamento, e argumentar de que o PIX não prejudica as empresas americanas.
Trump se reúne com Zelensky
Também nesta segunda-feira, Donald Trump recebeu em Washington o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky — que foi acompanhado por sete líderes europeus.
Em entrevista a jornalistas após o encontro, Trump firmou que acredita que um acordo para o final da guerra entre a Ucrânia e a Rússia pode sair ainda nesta segunda-feira (18), destacando que busca "o quanto antes" uma reunião trilateral com os líderes russo e ucraniano para alinhar os termos de um acordo.
"Tivemos um dia de muito sucesso até o momento", afirmou Trump no início da reunião com os líderes europeus e Zelensky, sem dar mais detalhes.
A reunião com Zelensky aconteceu apenas dois dias após o norte-americano se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin, no Alasca. Naquele momento, Trump também declarou ter visto “grande progresso” em direção ao fim da guerra.
A reunião foi vista pelo mercado como um grande teste para medir até onde Trump está disposto a pressionar Zelensky e se a Ucrânia aceitará discutir pontos que até agora tratava como inegociáveis.
Para Trump, a chance é de transformar uma promessa de campanha em triunfo diplomático. Para Zelensky, o risco é sair de Washington com menos apoio político e militar, caso se recuse a ceder.
Boletim Focus e IBC-Br
O boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, mostra que os analistas do mercado financeiro reduziram, pela primeira vez desde janeiro deste ano, a estimativa de inflação de 2025 para um valor abaixo de 5%.
De acordo com analistas, o tarifaço implementado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros está ajudando neste movimento —pois tende a conter a atividade e gerar um impacto baixista na inflação deste ano.
➡️ A estimativa de inflação para 2025 caiu de 5,05% para 4,95%, ainda bem acima do teto da meta, que é de 4,5%.
➡️ A projeção do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 permaneceu em 2,21%.
➡️ Para o fechamento de 2025, a projeção permanece em 15% ao ano — atual nível da taxa básica de juros.
➡️ Sobre o dólar, a projeção para a taxa de câmbio no fim de 2025 permaneceu em R$ 5,60.
➡️ A projeção para a balança comercial é de superávit da balança comercial em 2025 foi mantida estável em US$ 65 bilhões.
➡️ Já a previsão para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil em 2025 foi mantida em US$ 70 bilhões.
Já o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado a "prévia" do Produto Interno Bruto (PIB), registrou crescimento de 0,3% no segundo trimestre deste ano.
O dado mostra forte desaceleração da economia. Isso porque, no primeiro trimestre deste ano, o IBC-BR teve uma expansão bem maior: de 1,5%.
Bolsas globais
As ações europeias tiveram pouca movimentação nesta segunda-feira, antes de reuniões de líderes da Ucrânia e europeus com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após uma cúpula entre a Rússia e os EUA que terminou sem um acordo imediato.
O destaque positivo do dia ficou com Lisboa, onde o índice PSI20 avançou 1,28%, alcançando 7.880,25 pontos. Em Londres, o índice Financial Times também registrou alta, com ganho de 0,21%, a 9.157,74 pontos.
Já entre as quedas, Paris liderou as perdas: o CAC-40 recuou 0,50%, para 7.884,05 pontos. Em seguida vieram Frankfurt, onde o DAX cedeu 0,18%, a 24.314,77 pontos, e Madri, com baixa de 0,17% do Ibex-35, a 15.251,70 pontos.
Na Ásia, as ações da China fecharam em seu nível mais alto desde 2015 nesta segunda-feira, ampliando os ganhos de meses em meio ao alívio das tensões comerciais e pela abundância de liquidez, ao mesmo tempo em que levaram a capitalização de mercado a um pico recorde.
No fechamento, o índice de Xangai teve alta de 0,85%, atingindo o nível de fechamento mais alto desde agosto de 2015.
O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 0,88%, atingindo um pico de dez meses, enquanto o índice Hang Seng, de Hong Kong, caiu 0,37%.
Dólar
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*Com informações da agência de notícias Reuters
Boletim Focus: pela 1ª vez desde janeiro, mercado vê estimativa de inflação de 2025 abaixo de 5%
Os analistas do mercado financeiro reduziram, pela primeira vez desde janeiro deste ano, a estimativa de inflação de 2025 para um valor abaixo de 5%.
As projeções fazem parte do boletim "Focus", divulgado nesta segunda-feira (18) pelo Banco Central (BC), com base em pesquisa realizada com mais de 100 instituições financeiras na última semana.
De acordo com analistas, o tarifaço implementado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros está ajudando neste movimento, pois tende a conter a atividade e gerar um impacto baixista na inflação deste ano.
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➡️ A estimativa de inflação para 2025 caiu de 5,05% para 4,95%, ainda bem acima do teto da meta, que é de 4,5%.
➡️ Para 2026, a projeção recuou de 4,41% para 4,40%.
➡️ Para 2027, a expectativa foi mantida em 4%.
➡️ Para 2028, a previsão permaneceu em 3,80%.
A inflação no Brasil registrou leve alta em julho, mas veio abaixo do esperado pelo mercado
Desde o início de 2025, com a adoção do sistema de meta contínua, o objetivo é manter a inflação em 3%, sendo considerado dentro da meta se variar entre 1,5% e 4,5%.
Pelo sistema de metas, cabe ao Banco Central ajustar os juros para manter a inflação dentro do intervalo estabelecido.
Para isso, a instituição olha para frente, pois a Selic demora de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
Neste momento, por exemplo, o BC já considera a expectativa de inflação acumulada em 12 meses até o primeiro trimestre de 2027.
Desde janeiro, a inflação acumulada em 12 meses passou a ser comparada com a meta e seu intervalo de tolerância.
Se a inflação permanecer fora desse intervalo por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.
Caso a meta de inflação não seja atingida, o BC deve enviar uma carta pública ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando os motivos (leia mais abaixo).
Com a inflação acima do teto do sistema de metas por seis meses consecutivos até junho, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, precisou enviar uma carta pública ao ministro Fernando Haddad explicando os motivos do novo descumprimento da meta.
Segundo ele, a inflação brasileira ultrapassou o teto da meta (4,5%) no acumulado de 12 meses até junho devido à atividade econômica aquecida, da variação cambial, do custo da energia elétrica e de anomalias climáticas.
🔎 Por que isso importa? Quanto maior a inflação, menor o poder de compra da população — especialmente entre quem recebe salários mais baixos. Isso ocorre porque os preços sobem, mas os salários não acompanham esse aumento.
Inflação x vida real: por que os preços do dia a dia podem subir muito mais do que o IPCA
Produto Interno Bruto
A projeção do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 permaneceu em 2,21%.
Para 2026, a projeção de crescimento do PIB continuou em 1,87%.
➡️ O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e é utilizado para medir o desempenho da economia.
Notas, moeda, Real, dinheiro, notas de dinheiro
Reprodução/Pixabay
Taxa de juros
Economistas do mercado financeiro mantiveram a projeção para a taxa básica de juros em 2025.
Para o fechamento de 2025, a projeção permanece em 15% ao ano — atual nível da taxa básica de juros.
Para o fim de 2026, a projeção foi mantida em 12,50% ao ano.
Para o fechamento de 2027, a projeção do mercado também permaneceu em 10,50% ao ano.
Outras estimativas
Veja abaixo outras estimativas do mercado financeiro, segundo o BC:
Dólar: a projeção para a taxa de câmbio no fim de 2025 permaneceu em R$ 5,60. Para o encerramento de 2026, a estimativa foi mantida em R$ 5,70.
Balança comercial: a projeção é de superávit da balança comercial em 2025 foi mantida estável em US$ 65 bilhões. Para 2026, a estimativa de saldo positivo caiu de US$ 69 bilhões para US$ 68,4 bilhões.
Investimento estrangeiro: a previsão para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil em 2025 foi mantida em US$ 70 bilhões. Para 2026, a estimativa também permaneceu inalterada, em US$ 70 bilhões.
Unicamp abre concursos para cargos com salários de R$ 4,9 mil a R$ 9,7 mil; saiba como se inscrever
Unicamp abre concurso público para 26 vagas.
Antoninho Perri/Ascom/Unicamp
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) abre, na segunda-feira (18), inscrições para 21 vagas em concursos públicos para diversos cargos, entre eles médico, enfermeiro, farmacêutico, engenheiro e técnicos. As oportunidades são para profissionais com níveis superior e médio e os salários variam de R$ 4.929,44 a R$ 9.759,85.
As inscrições podem ser feitas das 9h desta segunda (18) até as 23h59 de 18 de setembro, exclusivamente pela internet. São 17 editais ao todo. [Veja abaixo]
Segundo a organizadora Funcamp, as oportunidades oferecidas são para:
Cirurgião Dentista Odontopediatra
Cirurgião Dentista Endodontista
Enfermeiro
Eletrotécnico
Farmacêutico Bioquímico
Médico Clínico Geral
Médico Geneticista
Médico Pediatra
Médico Nefrologista
Meteorologista
Engenheiro Mecatrônico
Tecnólogo em Construção Civil
Protético Dentário
Técnico em Radiologia e Imagenologia
Técnico Químico
Técnico de Edificações
Tecnólogo em Radiologia Médica
Acesse o edital completo na site da Funcamp. Confira os detalhes dos cargos abaixo.
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Cirurgião Dentista Odontopediatra
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 24 horas semanais
Salário: R$ 9.759,85
Cirurgião Dentista Endodontista
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 24 horas semanais
Salário: R$ 9.759,85
Enfermeiro
Quantidade de vagas: 3 vagas
Jornada de trabalho: 30 horas semanais
Salário: R$ 9.295,09
Eletrotécnico
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 40 horas semanais
Salário: R$ 4.929,44
Farmacêutico Bioquímico
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 40 horas semanais
Salário: R$ 9.295,09
Médico Clínico Geral
Quantidade de vagas: 3 vagas
Jornada de trabalho: 24 horas semanais
Salário: R$ 9.759,85
Médico Geneticista
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 24 horas semanais
Salário: R$ 9.759,85
Médico Pediatra
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 24 horas semanais
Salário: R$ 9.759,85
Médico Nefrologista
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 24 horas semanais
Salário: R$ 9.759,85
Meteorologista
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 40 horas semanais
Salário: R$ 9.295,09
Engenheiro Mecatrônico
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 40 horas semanais
Salário: R$ 9.295,09
Tecnólogo em Construção Civil
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 40 horas semanais
Salário: R$ 9.295,09
Protético Dentário
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 40 horas semanais
Salário: R$ 4.929,44
Técnico em Radiologia e Imagenologia
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 24 horas semanais
Salário: R$ 4.929,44
Técnico Químico
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 40 horas semanais
Salário: R$ 4.929,44
Técnico de Edificações
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 40 horas semanais
Salário: R$ 4.929,44
Tecnólogo em Radiologia Médica
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 24 horas semanais
Salário: R$ 9.295,09
'Sua Chance': saiba como deixar o currículo atualizado e adequado para garantir vaga
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Vai dar certo? Chevrolet Onix 2026 ganha nova correia banhada a óleo e especialistas avaliam a mudança
Correia banhada a óleo do Onix: especialistas explicam a origem da polêmica
No início de julho, o Chevrolet Onix passou por uma reestilização para voltar a ser uma opção atrativa, já que atualmente vende apenas 40% do volume que alcançava em seus melhores momentos.
O modelo ganhou um visual mais moderno, mas manteve uma característica controversa que ajudou na queda das vendas: o motor com correia dentada banhada a óleo. Embora esse componente seja mais durável que a versão seca, ele exige cuidados específicos para que sua vida útil não seja reduzida.
O g1 ouviu especialistas para esclarecer a controvérsia e listar os principais prós e contras da correia dentada banhada a óleo.
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Chevrolet Onix 2026
divulgação/GM
Como funciona a correia
Correia dentada banhada a óleo (esq.) e seca (dir.)
Arte/g1
A correia, seja banhada a óleo ou seca, tem a função de sincronizar os movimentos do virabrequim e do comando de válvulas.
Imagine que o virabrequim é um músico e o comando de válvulas é outro, cada um com seu instrumento e ambos tocando na mesma orquestra. Eles precisam atuar em perfeita sincronia para a música soar como o público espera e pagou para ouvir.
A correia dentada é o maestro. Ele garante que ambos os músicos toquem no tempo certo, evitando qualquer descompasso que comprometa a harmonia da obra.
A principal diferença entre a correia lubrificada por óleo e a seca está no local de funcionamento. A primeira opera no motor e é constantemente lubrificada pelo próprio óleo, aumentando sua durabilidade. Já a correia seca funciona externamente, está exposta às condições climáticas, atrito e, por isso, precisa ser substituída com mais frequência.
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O problema da correia banhada a óleo
Correia dentada banhada a óleo
André Fogaça/g1
Segundo os mecânicos consultados, o problema não está na correia em si, mas na manutenção inadequada. Eles concordam que a polêmica em torno da correia dentada banhada a óleo do Onix está relacionada ao uso incorreto do óleo do motor, que deve ser trocado a cada 10 mil quilômetros ou um ano de uso.
O uso de um óleo inadequado é o ponto de partida para os problemas. “A correia incha, começa a soltar resíduos, filamentos e fibras. Isso entope o sistema e, com o tempo, o motor pode travar”, explica Bruno Bandeira, mecânico e proprietário da Oficina Mecânica Na Garagem.
Bruno acrescenta que muitos proprietários não realizam a troca completa do óleo do motor, apenas completam o nível que baixou — seja para economizar com mão de obra e o custo do óleo, ou por falta de orientação adequada do próprio mecânico.
“O óleo errado, ele faz com que a correia se degrade, ela esfarela, tem a composição completamente comprometida. Acaba estourando e dá problema", comenta Alexandre Dias, mecânico e proprietário das oficinas Guia Norte.
“A cada 60 mil quilômetros é preciso fazer visualização técnica, contato visual. Como que você vai desmontar tudo aqui só para olhar? Ninguém vai parar o carro só para olhar. É uma mão de obra longa, um trabalho de horas”, comenta Bruno.
Motor de um Onix aberto, mostrando o local da correia dentada banhada a óleo
André Fogaça/g1
Como a correia dentada banhada a óleo funciona dentro do motor, é necessário desmontar parcialmente o conjunto para inspecionar ou substituir o componente. Alexandre também ressalta que se trata de um serviço demorado.
“Não é que tem que desmontar o motor todo, não precisa de tanto. É mais complicado [que a seca]? É, mas não é um bicho de sete cabeças” complementa o mecânico.
Quando o problema com a correia já está instalado, o reparo pode ser bastante caro. Bruno relata que, em um serviço realizado em um Ford Ka, que também utiliza correia banhada a óleo, o custo total para desobstruir o motor e devolvê-lo ao cliente chegou a R$ 40 mil.
Motor do Chevrolet Tracker RS 2026, que também utiliza correia banhada a óleo
divulgação/Chevrolet
“A correia desfiou todinha, entupiu e o motor quebrou até o bloco. Cabeçote também foi danificado. Só a bomba de óleo nova, para trocar, foi R$ 7 mil”, comenta Bruno.
Em entrevista ao g1, Emerson Fischler, diretor de engenharia da GM América do Sul, apontou que outras partes são afetadas quando o óleo incorreto é utilizado, servindo como indícios que apontam os problemas com a correia.
“O pedal de freio vai ficando um pouco mais duro, pois a assistência de vácuo [com entupimento pelo farelo da correia] começa a diminuir. Como o mesmo vácuo alimenta a turbina, você começa a ter sinais de perda de potência”, revela o executivo.
De acordo com o manual dos veículos Chevrolet que utilizam correia banhada a óleo, é obrigatório o uso do óleo 0W20 com certificação Dexos 1 Gen 2, aprovada pela própria GM.
Em uma pesquisa rápida entre varejistas, este óleo não está entre os mais baratos. Na mesma loja online, o litro do produto recomendado pelo manual do Onix custa R$ 59, enquanto versões não homologadas pela GM, ainda que de marcas consagradas pelo mercado, são vendidas por cerca de R$ 39.
O Onix utiliza quatro litros de óleo, o que significa que a troca completa (considerando apenas o valor do óleo) pode custar R$ 156 com um produto fora das especificações do manual, ou R$ 238 para quem segue rigorosamente a recomendação.
Como alguns mecânicos apontaram que há motoristas apenas completando o nível, o custo com mão de obra pode cair significativamente.
Diminuir os gastos com manutenção pode ser uma maneira de economizar para quem já lida com as parcelas de um carro popular, por exemplo.
Existem pontos positivos?
Para Alexandre, as vantagens desse tipo de correia “são todas”. “Ela dura pra caramba, faz a mesma função da correia dentada a seco, com a vantagem de estar sempre lubrificada. Acho um baita projeto”, aponta.
De fato, a correia banhada a óleo apresenta maior durabilidade. O próprio manual do Onix comprova a longevidade do novo componente: enquanto a versão seca deve ser trocada a cada 60 mil quilômetros, a lubrificada só precisa ser substituída a cada 240 mil quilômetros.
Considerando apenas a quilometragem, para cada troca da correia banhada a óleo no Chevrolet Onix, a versão seca já teria sido substituída quatro vezes.
Bruno Bandeira também destaca a durabilidade da correia banhada a óleo. Outro benefício, segundo ele, é que, por ser lubrificada, ela gera menos vibração no bloco do motor — o que também contribui para reduzir o ruído característico dos motores de três cilindros.
Emerson, da GM, revelou que o Onix não deve receber um novo tipo de correia dentada. Segundo ele, a eficiência energética alcançada não compensa uma mudança de projeto.
"A gente acredita na eficiência dessa correia. Nós fizemos a troca da composição química dela, para que consiga suportar óleos de baixa qualidade de forma mais eficiente. A correia não ficou imune, mas ela vai resistir mais tempo”, afirma Fischler.
Onix já teve outra correia
A correia banhada a óleo não está presente desde o lançamento do Chevrolet Onix no Brasil. Na primeira geração do hatch, lançada em 2015, o sistema de comando utilizava uma correia seca.
Na primeira geração, a correia funcionava externamente ao motor, sem contato com o óleo lubrificante do sistema. De acordo com o manual do veículo, a inspeção deveria ser realizada anualmente ou a cada 10 mil quilômetros, com substituição recomendada a cada seis anos ou 60 mil quilômetros.
Em 2019, com o lançamento da segunda geração do Onix, houve uma mudança significativa: a correia passou a ser instalada dentro do motor, em contato direto com o óleo lubrificante — característica que lhe confere o nome “banhada a óleo”.
Correia banhada a óleo está em mais carros
Ford Ka também adotava a correia banhada a óleo
divulgação/Ford
O Chevrolet Onix não é o único carro vendido no Brasil que utiliza o sistema de correia dentada banhada a óleo. Dentro da própria GM, todos os modelos equipados com motor CSS de três cilindros, nas versões 1.0 ou 1.2 — aspiradas ou turbinadas — utilizam esse componente. São eles:
Chevrolet Onix;
Chevrolet Montana;
Chevrolet Tracker.
Ambos os mecânicos afirmam que a polêmica se concentra no Onix por um motivo simples: ele tem um volume de vendas muito maior.
De acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), mesmo com uma queda em relação aos anos anteriores, em 2025 o Onix vendeu quase 23% mais unidades que o SUV Tracker e registrou 257% mais emplacamentos do que a picape Montana:
Chevrolet Onix: 42.078 emplacamentos;
Chevrolet Tracker: 34.212 emplacamentos;
Chevrolet Montana: 11.784 emplacamentos.
Além dos modelos da Chevrolet, outros veículos também utilizam correia dentada banhada a óleo:
Ford Ka
Ford Ka Sedan
Ford EcoSport
Ford Fiesta
Peugeot 208 (com motor 1.2, três cilindros)
Citroën C3 (com motor 1.2, três cilindros)
O que diz a Chevrolet?
Mesmo nas versões mais recentes do Onix e do Tracker, a GM não realizou mudanças significativas na correia banhada a óleo. Segundo a montadora, a única alteração foi em um componente químico da composição.
O objetivo da mudança é tornar a correia mais resistente ao uso de óleos que não seguem as especificações do manual do Onix e do Tracker. Além disso, a Chevrolet ampliou recentemente a garantia do motor desses dois modelos, que agora é de cinco anos.
A nova garantia também pode ser revalidada para veículos usados, desde que o comprador de um Onix seminovo leve o hatch ou o sedã para avaliação em uma concessionária da Chevrolet.
Segundo a GM, a avaliação da correia custa R$ 660 e inclui a desmontagem parcial do motor e a verificação de componentes como o filtro da bomba de vácuo. Se não forem encontrados problemas, o óleo é totalmente substituído e a bomba também é trocada.
Se a inspeção identificar problemas na correia, é cobrado um valor adicional de R$ 700 para a substituição do chamado “kit da correia”, segundo a GM.
Ao g1, a montadora informou que esse pacote inclui mais de 20 itens, como a correia dentada, a bomba de vácuo, juntas, além de limpeza completa do motor e troca de óleo.
Questionada sobre os problemas enfrentados pelo Onix, a GM enviou uma nota oficial reconhecendo a situação.
Veja a seguir a íntegra do comunicado:
A correia banhada a óleo é uma tecnologia moderna, que oferece benefícios ao motor e ao consumidor, como menor consumo de combustível, redução de ruído e maior durabilidade em comparação a sistemas tradicionais.
É importante destacar que a manutenção adequada do veículo, com o uso de lubrificantes nos intervalos e especificações definidos pelo fabricante, é essencial para o desempenho e a longevidade de qualquer motorização.
Diante da crescente presença de lubrificantes adulterados no mercado, desenvolvemos uma nova geração da correia, com formulação ainda mais resistente à contaminação e à degradação química provocada por óleos de baixa qualidade.
Ainda assim, a nossa recomendação técnica permanece a mesma: utilização do lubrificante conforme o manual do veículo e substituição da correia aos 240 mil quilômetros — mesmo prazo de garantia do componente.
Como trocar o filtro de ar?
Bolsa Família 2025: pagamentos de agosto começam nesta segunda; veja calendário
Bolsa Família 2025: veja as regras e o calendário de pagamentos de agosto
A Caixa Econômica Federal inicia os pagamentos de agosto do Bolsa Família 2025 nesta segunda-feira (18). Os primeiros a receber serão os beneficiários com Número de Identificação Social (NIS) com final 1. (veja mais abaixo o calendário completo)
O dinheiro vai ser disponibilizado nos últimos 10 dias úteis de cada mês, de forma escalonada. A exceção é o mês de dezembro, quando os pagamentos são antecipados.
Confira o calendário do Bolsa Família para agosto de 2025:
Final do NIS: 1 - pagamento em 18/8
Final do NIS: 2 - pagamento em 19/8
Final do NIS: 3 - pagamento em 20/8
Final do NIS: 4 - pagamento em 21/8
Final do NIS: 5 - pagamento em 22/8
Final do NIS: 6 - pagamento em 25/8
Final do NIS: 7 - pagamento em 26/8
Final do NIS: 8 - pagamento em 27/8
Final do NIS: 9 - pagamento em 28/8
Final do NIS: 0 - pagamento em 29/8
Ao longo do ano, a previsão de pagamentos é:
Setembro: de 17/9 a 30/9;
Outubro: de 20/10 a 31/10;
Novembro: de 14/11 a 28/11;
Dezembro: de 10/12 a 23/12.
Bolsa Família
Luis Lima Jr/FotoArena/Estadão Conteúdo
Veja abaixo perguntas e respostas sobre o Bolsa Família.
Quem pode receber o Bolsa Família?
A principal regra para receber o benefício é ter renda mensal familiar de até R$ 218 por pessoa.
Para se enquadrar do programa, é preciso somar a renda total e dividir pelo número de pessoas. Caso o valor fique abaixo dos R$ 218, a família está elegível ao Bolsa Família.
Os beneficiários também precisam arcar com contrapartidas, como:
manter crianças e adolescentes na escola;
fazer o acompanhamento pré-natal (no caso de gestantes);
manter as carteiras de vacinação atualizadas.
Onde se cadastrar?
Os beneficiários precisam se inscrever no Cadastro Único (CadÚnico) — principal instrumento do governo federal para a inclusão de famílias de baixa renda em programas sociais — e aguardar uma análise de enquadramento.
Estar no Cadastro Único não significa a entrada automática nos programas sociais do governo, uma vez que cada um deles tem regras específicas. Mas o cadastro é pré-requisito para que a inscrição seja avaliada.
VEJA COMO FAZER O CADASTRO ÚNICO DO GOVERNO FEDERAL
Como sacar o Bolsa Família?
Os beneficiários recebem e podem movimentar os valores pelo aplicativo Caixa TEM e internet banking. Assim, não é necessário ir até uma agência da Caixa Econômica Federal — que é responsável pelo pagamento do Bolsa Família — para realizar o saque.
Segundo a Caixa, os beneficiários também podem utilizar o cartão do programa para realizar compras nos estabelecimentos comerciais, por meio da função de débito.
Além disso, há a opção de realizar saques nos terminais de autoatendimento, casas lotéricas e correspondentes Caixa Aqui, além das agências da Caixa.
Confira receita de doce de mamão verde enroladinho
Aprenda a fazer doce de casca de limão galego com queijo O Globo Rural deste domingo (17) mostrou como preparar o doce de mamão verde enroladinho. Confira a receita a seguir. Ingredientes 2 mamões médios verdes. Linha e agulha para costurar os mamões enrolados. 2 kg de açúcar. 1 litro de água. Modo de preparo Corte o mamão em fatias ou em tiras finas. Enrole em formato de anéis e costure como se fosse fazer um colar. Ferva os "colares" em 1 litro de água. Retire os "colares" da água do cozimento, coloque-os na calda e os cozinhe por 40 minutos em fogo médio. Espere esfriar e retire o cordão ou linha, ➡️Veja mais receitas do Globo Rural
Veja como fazer doce de casca de limão galego com queijo
Aprenda a fazer doce de casca de limão galego com queijo O Globo Rural deste domingo (17) mostrou como preparar o doce de casca de limão galego com queijo. Confira a receita a seguir. Ingredientes 1 kg de limão 4 litros de água 3,5 kg de açúcar 1 kg de queijo curado ralado 8 ovos Modo de preparo Limão: Higienize os limões, corte-os ao meio, e os cozinhe por 40 minutos, até a polpa se soltar. Depois de esfriar, use uma colher para retirar a polpa. Deixe o limão sem a polpa descansando em outro recipiente com água por um dia. Coloque as cascas de limão na calda e cozinhe por mais 40 minutos. Queijo: Misture o queijo e os ovos até ter uma massa homogênea. Faça bolinhas e cozinhe por 20 minutos na calda, feita usando 1 litro de água e 500 g de açúcar. Junção de limão e queijo: Faça a calda para o doce pronto usando 1 litro de água com 2 kg de açúcar; Coloque as bolinhas de queijo dentro da casca de limão e mergulhe na calda. ➡️Veja mais receitas do Globo Rural
As histórias de quem passou a vida na lida na roça
Vida no campo é marcada por vínculos afetivos, respeito e paixão pela rotina rural
TV TEM/Reprodução
Durante mais de meio século, o campo foi o cenário de trabalho, amizade e conquistas de Antônio Carlos de Sousa, conhecido como “Barão”, gerente de produção em uma fazenda de Palestina (SP).
Contratado ainda adolescente, ele começou cuidando de cavalos e se destacou na pecuária leiteira, ensinando colegas e ajudando a consolidar um laticínio que já tem 30 anos de história.
Ao lado do patrão, Antônio Alves de Toledo Neto, construiu uma relação que ultrapassa as cercas da fazenda. Entre as lembranças mais marcantes, está a foto de Barão a cavalo com o filho caçula do patrão, Ricardo, hoje engenheiro agrônomo.
O vínculo profissional se transformou em um legado familiar: os dois filhos, a nora e o genro de Barão também trabalham no laticínio. Embora tenha casa na cidade, ele prefere morar na fazenda, onde agora também cuida do neto.
Histórias como a dele se repetem na zona rural paulista. Em Onda Verde (SP), José Cerino Simões, aposentado, vive no sítio onde começou aos 23 anos, tirando leite manualmente por mais de três décadas. Mesmo com o trabalho arrendado para a cana, mantém um pequeno rebanho “para ter ocupação”.
Outro exemplo é Antônio Ferreira, tratorista que soma 52 anos na mesma propriedade. “Essa geração nova chega e logo vai embora. Eu gosto de ficar no lugar”, diz. Conhecido por resolver qualquer serviço difícil, ele continua ajudando na fazenda e aproveitando o sossego do campo.
Para todos eles, a permanência no mesmo local é mais que estabilidade: é uma escolha de vida marcada por vínculos afetivos, respeito e paixão pela rotina rural.
Veja a reportagem exibida no programa em 17/08/2025:
As histórias de quem passou a vida na lida na roça
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Produtores do interior de SP colhem safra de mandioca
Agricultores se sustentam com o cultivo da mandioca no interior de São Paulo
TV TEM/Reprodução
Com um pouco de força, um agricultor arranca da terra as raízes que sempre ajudaram a alimentar sua família e que, aos poucos, se tornaram sua fonte de renda.
Na pequena plantação, Tiago Coneglian cultiva, em dois hectares, tanto mandioca de mesa quanto para produção de farinha. De acordo com ele, a seleção é feita no próprio canteiro. “As raízes que não estão com qualidade boa para comércio vão ser usadas para alimentar o gado”, diz.
Tiago explica que as mandiocas que não estão com qualidade boa para comércio são usadas para alimentar o gado. Em períodos em que a estiagem atinge a plantação, a colheita se torna mais difícil e reduz a produtividade.
O agricultor Paulo Roberto da Silva também planta mandioca. Sua plantação passa dos 600 mil pés, que ele colhe aos poucos ao longo do ano, o que garante renda durante vários meses.
“Eu levo todo dia de oito a dez caixas. É um dinheirinho que não dá para ficar rico, mas está sempre ali. Uma coisa que não falta é dinheiro no bolso”, conta.
O manejo da mandioca é realizado manualmente, sempre com cuidados para controlar as pragas que surgem durante o ciclo e as plantas daninhas. Além disso, a produção se torna mais eficiente em áreas amplas.
Em 2024, o Estado de São Paulo produziu mais de um milhão e seiscentas mil toneladas de mandioca, e a previsão é que a quantidade diminua um pouco este ano, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, de toda forma, o cultivo garantirá o sustento de muitas famílias de agricultores do interior.
Veja a reportagem exibida no programa em 17/08/2025:
Produtores do interior de SP colhem safra de mandioca
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Cuidar do solo é fundamental para garantir uma boa produtividade
Produtor de Jundiaí (SP) analisa a terra durante os cuidados para a recuperação de seus nutrientes
Reprodução/TV TEM
Cuidar do solo é o primeiro passo para garantir bons frutos. E na região de Jundiaí (SP), o produtor Alfredo de Frascesco aposta neste cuidado para ter resultados positivos. No primeiro contato com o local, ele encontrou um terreno sem fertilidade, mesmo sabendo que antes havia sido de grande produtividade.
Alfredo decidiu devolver ao terreno a sua capacidade produtiva. Para isso, precisou cuidar da terra devolvendo os nutrientes, dando ao solo a capacidade produtiva. Ele explica que foram dois anos de adubação verde, fosfatagem e calagem. “Vale a pena investir no preparo, porque a planta se desenvolve muito melhor”, afirma o produtor.
Atualmente, ele cultiva mais de cinco mil pés de uva e espera colher cinco toneladas do fruto neste ano. Mesmo com a terra já produzindo, mantém o manejo, que inclui matéria orgânica, carvão e preparados de fungos. Segundo ele, isso estimula a vida microbiana, fortalecendo o ecossistema debaixo do solo.
O pesquisador Afonso Peche Filho, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), explica que a saúde do solo pode ser verificada por qualquer agricultor usando apenas ferramentas simples, como uma enxada. Entre os dez pontos a serem observados estão a característica da cobertura, a presença de decompositores, a porosidade e até o cheiro da terra.
Outro produtor, Guilherme Lourenço, também aplica essa técnica de cuidado com o solo, utilizando análises laboratoriais em sua plantação de 15 mil pés de uva Niágara rosada. Com essa prática, ele garante a troca equilibrada entre a natureza e os cuidados com a terra. “Quando se trata da natureza, tudo o que a gente faz, ela retribui”, finaliza.
Veja a reportagem exibida no programa em 17/08/2025:
Cuidar do solo é fundamental para garantir uma boa produtividade
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Air Canada vai retomar operações neste domingo após determinação do governo canadense; greve afetou voos no Brasil
A Air Canada deve retomar as operações neste domingo (17) após uma determinação do Ministério do Trabalho canadense. Neste sábado (15), companhia aérea suspendeu todas as suas operações depois que mais de 10 mil comissários de bordo entraram em greve.
Segundo a agência de notícias Reuters, a previsão é de que os voos sejam retomados a partir das 21h, no horário de Brasília.
No sábado, o governo do Canadá anunciou medidas para encerrar a greve dos comissários de bordo da Air Canada, alegando que era preciso agir de forma imediata para evitar prejuízos econômicos de longo prazo.
A ministra do Trabalho, Patty Hajdu, informou que pediu ao Conselho Canadense de Relações Industriais a imposição de uma arbitragem obrigatória entre as partes, determinando o fim imediato da greve.
“Exerci minhas autoridades sob a Seção 107 do Código Trabalhista Canadense para direcionar o Conselho Canadense de Relações Industriais a ordenar que as partes retomem e continuem suas operações e deveres, a fim de garantir a paz trabalhista e proteger os interesses do Canadá, dos canadenses e da economia”, afirmou.
A suspensão atingiu rotas com passagem pelo Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, que têm como destino ou origem as cidades de Toronto, Montreal e Buenos Aires.
🛫 Segundo uma consulta ao painel de voos do aeroporto na manhã deste sábado, três partidas (para Buenos Aires, Toronto e Montreal) e duas chegadas (de Toronto e Buenos Aires) foram canceladas.
🛬 O aeroporto de Guarulhos orienta que os passageiros procurem a companhia para mais informações.
O g1 entrou em contato com a Air Canada para saber se mais voos no Brasil foram afetados, mas ainda não obteve resposta.
No mundo todo, segundo a companhia, mais de 700 voos foram suspensos.
Passageiros aguardam atendimento em balcão da Air Canada no Aeroporto Internacional em Québec na sexta-feira (15)
Christinne Muschi/The Canadian Press via AP
Em nota, a Air Canada lamentou os transtornos causados pelo cancelamento e orientou que os clientes afetados não se dirijam aos aeroportos.
"A companhia notificará os clientes com viagens previstas em breve sobre voos adicionais que venham a ser cancelados e as respectivas opções disponíveis. Para os clientes com voos próximos ainda não cancelados, a Air Canada implementou uma política de cortesia que permite remarcar a viagem ou obter crédito para uso futuro", diz a nota.
Segundo o porta-voz do Sindicato Canadense dos Empregados Públicos (CUPE), Hugh Pouliot, a greve começou após falta de acordo entre os funcionários e a companhia por reajuste salarial.
Os comissários iniciaram a paralisação por volta da 1h da manhã (5h no horário de Brasília) neste sábado. A paralisação total deve impactar cerca de 130 mil pessoas por dia, incluindo 25 mil canadenses que podem ficar retidos no exterior. A Air Canada opera cerca de 700 voos pelo mundo diariamente.
A Air Canada e o Sindicato Canadense dos Empregados Públicos estão em negociações contratuais há cerca de oito meses. Ambos os lados reconhecem que seguem distantes de um acordo referente à questão salarial e ao trabalho não remunerado dos comissários quando os aviões não estão em voo.
O sindicato recusou na sexta-feira (15) o pedido da companhia para levar o caso para intermediação do governo, uma medida que eliminaria o direito de greve e transferiria a decisão sobre os termos do acordo a um mediador independente.
A proposta mais recente da companhia incluía aumento de 38% na remuneração total — incluindo benefícios e aposentadoria — ao longo de quatro anos, o que, segundo a empresa, “tornaria nossos comissários os mais bem remunerados do Canadá”.
O sindicato, no entanto, rejeitou a proposta, alegando que o reajuste de 8% no primeiro ano não seria suficiente diante da inflação.
Painel de voos cancelados e atrasados da Air Canada no Aeroporto Internacional de Québec
Christinne Muschi/The Canadian Press via AP
O que acontece quando há atraso ou cancelamento de voo?
Assim que a companhia aérea tiver conhecimento de que haverá o atraso ou cancelamento de voos, deve notificar imediatamente o consumidor.
Devem, ainda, partir da própria empresa as seguintes medidas:
Manter o passageiro informado a cada 30 minutos quanto à previsão de partida dos voos atrasados;
Oferecer gratuitamente, de acordo com o tempo de espera, assistência material (veja mais abaixo);
Oferecer reacomodação, reembolso integral ou execução do serviço por outra modalidade de transporte, cabendo a escolha ao passageiro, quando houver atraso de voo superior a 4 horas ou cancelamento.
Tire todas as suas dúvidas aqui.
Voo atrasado ou cancelado? Veja os direitos do passageiro
Como uma façanha evolutiva nos deu as batatas — e por que elas não existiriam sem os tomates
Além de terem um passado comum, batatas e tomates combinam muito bem
AFP/Via BBC
Há muito tempo atrás — cerca de 8 ou 9 milhões de anos —, onde mais tarde foi chamado de América do Sul, quando os Andes ainda eram jovens, a vegetação era selvagem e os humanos eram inexistentes. Havia duas plantas.
"Mais como duas populações de plantas", diz Sandra Knapp, taxonomista de plantas do Museu de História Natural de Londres, em entrevista à BBC News Mundo, serviços de notícias em espanhol da BBC.
"Elas foram as ancestrais do que hoje reconhecemos como tomates (Solanum lycopersicum) e de um grupo de plantas chamado Solanum etuberosum, cujas três espécies atuais são encontradas no Chile e nas Ilhas Juan Fernández [arquipélago chileno no Pacífico]", acrescenta.
'Não conhecia rúcula, salsa, couve': como a agricultura mudou vidas em um deserto alimentar do Brasil
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Como você deve ter notado pelos nomes, elas eram parentes, e entre elas aconteceu algo que acontece até nas melhores famílias: elas tiveram relações sexuais.
Especialistas chamam isso de hibridização interespecífica, e ela ocorre com frequência, às vezes com resultados parcial ou totalmente infelizes.
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De onde vem: batata 'dorme' por meses e só suas netas vão para os mercados
A mula, por exemplo, nasce de um encontro íntimo entre uma égua e um burro e, embora seja um híbrido bem-sucedido, apreciado desde a antiguidade, não tem capacidade de reprodução.
No reino vegetal, diz Knapp, os cruzamentos entre espécies "acontecem com frequência: é assim que frequentemente obtemos nossas plantas de jardim".
Naturalmente ou por intervenção humana, "às vezes elas se hibridizam e criam uma geração de plantas que parecem intermediárias entre suas progenitoras, mas às vezes são estéreis, de modo que não se desenvolvem em uma nova população", explica a especialista.
Mas quando a combinação de ingredientes é ideal, o fruto da união supera as expectativas.
Foi o que aconteceu aqui: daquele encontro casual, milhões de anos atrás, entre duas espécies da família Solanaceae, nasceu a batata.
À esquerda, Solanum lycopersicum; à direita, Solanum etuberosum: os descendentes dos progenitores da batata
LOC/Biblioteca do Patrimônio da Biodiversidade
"É fascinante que algo tão cotidiano e importante para nós como a batata tenha uma origem tão antiga e extraordinária", entusiasma-se Knapp.
"Finalmente resolvemos o mistério da origem da batata", comemora Sanwen Huang, pesquisadora da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas.
"O tomate é a mãe e o etuberosum é o pai", acrescenta a cientista, que liderou a equipe internacional que conduziu o estudo revelador publicado na revista Cell.
A origem não foi o único mistério desvendado.
Como foi feita a descoberta
O ponto de partida foi algo que já era conhecido.
Embora, se as virmos no mercado, a batata — dura e rica em amido — não se pareça muito com o tomate — vermelho e suculento —, "eles são muito, muito parecidos", observa Knapp.
"Se você observar as plantas, as folhas são muito parecidas, as flores, embora de cores diferentes, também são muito parecidas, e se você tiver a sorte de ter uma planta de batata que produza frutos, verá que ela se parece com um pequeno tomate verde."
Além do que se vê, acrescenta a taxonomista, "sabemos há muito tempo que batatas, tomates e etuberosum eram intimamente relacionados."
"O que não sabíamos", continua ela, "era qual era o mais próximo das batatas, porque genes diferentes nos contavam histórias diferentes."
Cientistas passaram décadas tentando desvendar o enigma da origem do popular tubérculo, mas encontraram uma dificuldade: a genética da batata é incomum.
Enquanto a maioria das espécies de seres vivos, incluindo nós, possui duas cópias de cromossomos em cada célula, a batata possui quatro.
Batatas e tomates são tão semelhantes que enxertá-los produz uma planta que produz ambos, como esta chamada TomTato, produzida pela empresa de horticultura Thompson & Morgan
Thompson & Morgan/Via BBC
Para resolver o paradoxo, a equipe analisou mais de 120 genomas de dezenas de espécies abrangendo os grupos batata, tomate e etuberosum.
O que eles descobriram foi que os genomas de batata que sequenciaram exibiam aproximadamente a mesma divisão tomate-etuberosum. O ancestral "não era um ou outro: eram ambos", enfatiza Knapp.
Foi assim que eles descobriram esse romance no sopé das montanhas sul-americanas, milhões de anos atrás.
Foi uma união tremendamente bem-sucedida "porque gerou combinações de genes que permitiram que essa nova linhagem prosperasse nos habitats de alta altitude recém-criados dos Andes", explica ela.
Isso se deveu principalmente ao fato de que, embora a planta de batata acima do solo se assemelhasse muito aos seus pais, havia algo oculto que nenhum deles tinha: tubérculos.
Tê-los é como ter uma lancheira com você o tempo todo: eles armazenam energia, o que ajuda a sobreviver ao inverno, à seca ou a quaisquer outras condições desfavoráveis de crescimento.
E os cientistas descobriram algo fascinante: a planta desenvolveu esses tubérculos ganhando uma loteria genética.
A letra 'C' no gráfico mostra os frutos da batata, que são como pequenos tomates
Getty Images/Via BBC
Acontece que cada um de seus progenitores tinha um gene crucial para a formação do tubérculo.
Nenhum era suficiente por si só, mas, combinados, eles desencadearam o processo que transformou os caules subterrâneos em batatas saborosas.
A equipe chinesa com a qual Knapp trabalhou até conseguiu provar isso, diz a taxonomista: "Eles fizeram muitos experimentos muito elegantes", eliminando esses genes para confirmar sua hipótese, "e sem eles, os tubérculos não se formaram".
Uma façanha
A hibridização que criou a batata foi mais do que um feliz acidente.
Especialistas que comentaram o estudo enfatizam que esse cruzamento entre os ancestrais do tomateiro e os do Etuberosum criou um novo órgão.
E esse órgão, a batata, marca uma façanha evolutiva.
Sua existência permitiu que a planta se reproduzisse sem a necessidade de sementes ou polinizadores.
Assim, ela se adaptou a diversas altitudes e condições e se expandiu, levando a uma explosão de diversidade.
Ainda hoje, "existem mais de 100 espécies selvagens, encontradas apenas nas Américas, do sudoeste dos Estados Unidos, ao Chile e Brasil", diz Knapp.
No entanto, essa capacidade de se propagar assexuadamente também a prejudicou.
Para cultivar batatas, você planta pedaços pequenos, o que significa que, se você tiver um campo com apenas uma variedade, elas são essencialmente clones.
"Por serem geneticamente uniformes, são muito suscetíveis a doenças, porque se uma nova espécie aparece e não têm defesas contra ela, todas sofrem igualmente", explica Knapp.
Isso nos leva ao motivo que levou os cientistas a realizar esta pesquisa.
Knapp conta que a equipe chinesa "quer criar batatas que possam ser reproduzidas a partir de sementes, para que possam ser geneticamente modificadas mais facilmente, introduzindo genes de espécies selvagens e, assim, criando variedades que possam resistir às mudanças climáticas e a outras questões ambientais".
"Eu e os outros biólogos evolucionistas envolvidos neste estudo, por nossa vez, queríamos descobrir quem era o parente mais próximo das batatas e por que elas são tão diversas", acrescenta.
"Então, abordamos a pesquisa de perspectivas muito diferentes e pudemos fazer perguntas a partir de cada uma das nossas perspectivas, o que tornou o estudo muito divertido de se participar e trabalhar."
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Verde ou vermelho? Produtores têm perdas maiores quando café é colhido antes do tempo, comprova estudo
Estudo analisa tempo de maturação do grão do café conilon para evitar perdas na produção
Pesquisadores do curso de Agronomia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em São Mateus, no Norte do estado, estudaram o tempo certo de maturação do grão do café conilon e chegaram a uma conclusão que interfere na produtividade e até nos ganhos ou perdas dos produtores.
O levantamento mostrou que quando o produto é colhido antes do tempo, com os grãos ainda verdes, a perda é muito maior. Além disso, concluíram que o melhor aproveitamento do produto é feito com os frutos na cor vermelha.
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O Espírito Santo é o maior produtor de café conilon no país, responsável por aproximadamente 70% da produção nacional. Essa cultura é a principal fonte de renda em 80% das propriedades rurais capixabas localizadas em terras quentes.
Com isso, a pesquisa da Ufes busca ajudar o produtor a ter uma maior produtividade e qualidade do café colhendo os grãos no tempo certo da colheita para evitar prejuízos. Segundo o estud , as perdas podem passar de R$ 15 mil (apesar de o valor varia de acordo com o tamanho da produção de cada propriedade).
Verde ou vermelho? Produtores têm perdas maiores quando café é colhido antes do tempo, comprova estudo da Ufes, no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Metodologia
Durante dois anos, laboratórios da universidade analisaram em seis genótipos o processo de maturação dos grãos em várias etapas para calcular a perda nas lavouras conforme o período em que a colheita acontece.
O café foi colhido de 14 em 14 dias para mostrar ao produtor o momento certo para retirada dos grãos.
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Verde ou vermelho? Produtores têm perdas maiores quando café é colhido antes do tempo, comprova estudo da Ufes, no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
No estudo, o grão totalmente verde traz uma perda de até 40%. A medida em que o café vai maturando, esse percentual vai caindo e a perda chega a zerar. O nível ideal para a colheita é quando atinge esse nível.
O professor da Ufes, Fábio Partelli, explicou que a cor do grão está relacionado com a saúde do pé de café, e o vermelho aponta um grão saudável e cheio de nutrientes.
"Quando você consegue colher tudo assim, vermelho cereja, maduro, você tem 100% de aproveitamento. A partir do momento em que você antecipa essa colheita, você vai ter perda na produção. A gente sabe que não consegue colher sempre com o grão todo maduro, porque pode demorar dois ou três meses, por infraestrutura ou falta mão de obra. E isso afeta os ganhos ou as perdas. Mas a análise que a gente faz é que a maioria dos cafeicultores poderia esperar um pouco mais do que normalmente", destacou.
Na prática
Os pesquisadores apontaram que em uma mesma plantação é possível encontrar o pé de café nos dois tipos de coloração: tanto vermelho, pronto para a colheita, quanto verde, o que significa que o produtor precisa esperar um pouco para não ter perdas.
"Analisando uma planta inteira, dá para perceber que ela têm muito verde na ponta ainda. Se eu colho ela desse jeito, ela vai dar uns 30% ou 40% de verde, e isso mostra que eu vou ter perda de até 15% do café. Se a gente for pensar em uma perda de 10%, estamos falando de uma lavoura de 100 sacas por hectare, sendo dez sacas a menos na produção. Dez sacas a menos é, na verdade, mais de R$ 15 mil", explicou o professor.
Estudantes de agronomia de Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) comprovaram em laboratório que quando café não é colhido no ponto certo, produtores podem ter prejuízos de mais de R$ 15 mil
Reprodução/TV Gazeta
Segundo o professor, a análise foi feita porque vários produtores de café no estado não esperam o melhor momento para colher por motivos variados. A ideia, então, foi apresentar aos produtores dados científicos.
"Todas as amostras que estão presentes no nosso laboratório foram trazidas diretamente da nossa área experimental. E todos os grãos que estão aqui passaram pelo mesmo processo", explicou o aluno de agronomia, Júlio César Pereira Machado.
José Sartorio Altoé é produtor de café conilon em Jaguaré, no Norte do estado. O agricultor comentou que, seguindo as orientações do estudo, agora espera a maior parte dos pés que têm na propriedade ficarem no ponto de maturação, o significa melhor momento para a colheita.
"Eu acredito que devo esperar para colher até meados de maio. Do dia 20 em diante, espero conseguir já começar a colher, porque o café já vai estar maduro. Até lá, o café aguenta, está verde. Depois do dia 20 já tenho que começar a colher porque se não já pode passar do ponto. Aí dá a broca. Fazendo da nova forma, esperando mais, dá um café melhor, de mais qualidade e ganho de peso também", contou.
Verde ou vermelho? Produtores têm perdas maiores quando café é colhido antes do tempo, comprova estudo da Ufes, no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Altoé relatou que na colheita passada teve prejuízo por colher antes do tempo. Mas, na época, ele precisou fazer isso por causa da falta de mão de obra. Para o futuro, o produtor pensa em adquirir máquinas para ajudar no serviço.
"Eu gosto muito de participar de palestras porque é bom a gente ouvir e adquirir conhecimento, errar menos. A programação que a gente está fazendo aqui agora é plantar o café no final do ano na bitola, para essa máquina colher", revelou.
Pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) mostrou que quanto mais verde o grão, maior a perda na produção de café
Reprodução/TV Gazeta
VÍDEOS: tudo sobre o Espírito Santo
Veja o plantão de últimas notícias do g1 Espírito Santo
Consignado CLT: portabilidade de dívidas pela carteira digital começa no fim do mês; entenda como vai funcionar
Os trabalhadores formais do setor privado poderão fazer a portabilidade do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) de um banco para outro por meio da plataforma da Carteira de Trabalho Digital a partir do dia 25 de agosto, informou o Ministério do Trabalho.
Até então, para fazer a portabilidade, ou seja, para levar a dívida de um banco para o outro, os clientes têm de buscar as instituições financeiras. Com a mudança, será mais fácil para o trabalhador fazer a troca do empréstimo entre os bancos.
Procurada pelo g1, a Dataprev, responsável pela gestão da plataforma, não respondeu se a carteira digital estará pronta no próximo dia 25 para que os trabalhadores possam fazer a portabilidade das dívidas. Informou apenas que "cumprirá os prazos pactuados" com o Ministério do Trabalho.
➡️O governo diz que o objetivo é beneficiar os detentores de contratos antigos de empréstimos consignados — fechados antes da autorização para oferecer o FGTS como garantia — que, em tese, possuem juros maiores.
➡️O Ministério do Trabalho informou que o banco original, que detém o contrato do crédito do trabalhador, poderá cobrir a oferta da instituição financeira para o qual o trabalhador desejar fazer a portabilidade, em um tipo de leilão. Nesse caso, poderá oferecer juros menores ainda do que a nova instituição financeira está autorizando.
➡️Atualmente, o programa conta com 70 instituições financeiras habilitadas para operar a modalidade, segundo o Ministério do Trabalho. Veja a lista.
Segundo Eduardo Lopes, presidente da Zetta, uma associação criada por empresas de tecnologia com objetivo de promover a competitividade, a inovação e a inclusão no setor financeiro, o início da portabilidade pela Carteira Digital contribui para baixar os juros cobrados nas operações.
"Esse é um produto que tem uma agenda de evolução que está em curso ainda. O marco da portabilidade, pela plataforma, que facilite a obtenção de ofertas, é uma etapa muito importante. Mas têm outras que devem vir até que a gente veja uma queda maior da taxa de juros, como é esperado por todo mundo", disse Eduardo Lopes, da Zetta.
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Volume do consignado e taxas de juros
De acordo com o Ministério do Trabalho, o consignado para o setor privado, fechado depois de 21 de março, já tem um volume superior a R$ 27 bilhões, concedido a 3,8 milhões de trabalhadores.
De acordo com dados do Banco Central, a taxa média de juros na linha de crédito consignado ao setor privado somou 3,79% ao mês em junho.
O patamar ainda é o dobro da registrada no crédito com desconto em folha para aposentados (1,83% ao mês) e servidores públicos (1,84% ao mês) no mesmo período.
Veja as taxas médias de juros de outras linhas de crédito em junho:
➡️ Crédito pessoal não consignado: 6,32% ao mês;
➡️ Cheque especial das pessoas físicas: 7,47% ao mês;
➡️ Cartão de crédito rotativo: 15,11% ao mês.
➡️A modalidade conta com garantia do FGTS, mas essa ainda não foi regulamentada pelo governo. A expectativa do Ministério do Trabalho é de que a regulamentação seja feita em 10 de setembro — quando se reúne o Conselho Curador do FGTS.
"Embora desde a edição da Medida Provisória o trabalhador já possa dar o seu FGTS em garantia, até hoje não tem uma forma de, se necessário, executar essa garantia [buscar os recursos] por falta da regulamentação. Nossa expectativa é que esse seja mais um elemento que vá ajudar a reduzir o risco das operações, e, portanto, contribuir para redução da taxa de juros", avaliou Eduardo Lopes, da Zetta.
O empréstimo consignado CLT pode ser simulado à vontade
Pegatroco/Divulgação
Ranking do Banco Central
O Banco Central divulgou um ranking com as taxas de juros praticadas pelos bancos entre os dias 24 e 30 de julho. As taxas variam de 1,47% a 6,1% ao mês.
➡️ As taxas médias divulgadas pelo BC não garantem que esse será o juro final para os trabalhadores. O valor efetivo dependerá da análise de risco feita pelas instituições financeiras, considerando fatores como garantia oferecida, tempo de trabalho e histórico de crédito.
➡️A recomendação de especialistas é de que os trabalhadores façam uma ampla pesquisa no aplicativo da Carteira de Trabalho digital, promovendo concorrência entre as instituições financeiras, antes de fechar um empréstimo.
Sem teto no consignado ao setor privado
Até o momento, não há teto nos juros da nova linha de crédito do consignado ao setor privado. As taxas cobradas são definidas livremente pelas instituições financeiras com base no perfil de cada cliente.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) tem defendido que não é necessário fixar um teto para os juros, pois as taxas cobradas, segundo a entidade, serão mais baixas com a garantia dos recursos do FGTS.
No lançamento da nova modalidade de crédito, em cerimônia no Palácio do Planalto na semana passada, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que, caso seja "observado que o sistema financeiro esteja abusando, o governo poderá estabelecer teto de juros no futuro".
Em março, o governo publicou um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinando que o Comitê Gestor das Operações de Crédito Consignado será responsável por definir os parâmetros, termos e condições dos contratos para empréstimos garantidos com recursos do FGTS.
Com isso, o governo abriu a porta para que seja criado, no futuro, um teto de juros na nova modalidade de crédito – caso julgue ser necessário.
Nova linha de crédito
A nova modalidade de crédito, com garantia do FGTS, foi lançada oficialmente em 21 de março, por meio de plataforma disponibilizada pelo governo.
🔎 As regras incluem o uso de até 10% do saldo do FGTS como garantia e, também, 100% da multa rescisória na demissão sem justa causa (que equivale a 40% do valor do saldo). As garantias, porém, ainda não foram regulamentadas.
💲 Nesta linha de crédito, as parcelas são quitadas com desconto no contracheque, ou seja, no salário do funcionário que pega um empréstimo em uma instituição financeira.
💲 O consignado ao setor privado já existia, mas, com as regras antigas, havia uma exigência de um acordo entre as empresas e os bancos — o que travava a liberação dos recursos.
💲 Desde 21 de março, a busca pelo crédito pode ser feita pelos trabalhadores diretamente por meio do aplicativo da Carteira de Trabalho Digital (CTPS Digital), sem a necessidade de acordo com os empregadores.
💲Desde 25 de abril, os trabalhadores podem contratar o empréstimo também por meio dos canais eletrônicos dos bancos habilitados.
💲De 16 de maio em diante, os trabalhadores do setor privado podem renegociar sua dívida utilizando a chamada "portabilidade" para outro banco, mas têm de procurar as instituições financeiras.
Tarifaço: maior parte do pacote para empresas ainda aguarda regulamentação
Lula assina medida provisória para socorrer empresas impactadas pelo tarifaço dos EUA
A equipe econômica divulgou nesta quarta-feira (13) — duas semanas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinar o tarifaço elevando a alíquota de importação para 50% a quase dois mil produtos brasileiros — um pacote para atenuar o seu impacto para as empresas exportadoras.
Entretanto, apesar de a medida provisória (MP) do pacote já ter sido publicada, a maior parte das medidas ainda não está em vigor, pois depende de votação pelo Congresso Nacional ou de regulamentação e adequação de sistemas bancários para sair do papel.
➡Esse é o caso, por exemplo, da principal ação anunciada pelo governo: uma linha de crédito de R$ 30 bilhões destinada a incrementar as vendas externas.
Trump adia tarifaço ao Brasil e anuncia lista com quase 700 produtos que não vão ser taxados em 50%
"Estamos falando de uma primeira leva de medidas e não excluímos a eventual necessidade de editar outras em relação a outros temas. A gente segue trabalhando, vai seguir trabalhando com os Estados Unidos em decorrência da situação", disse o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, nesta semana.
Levantamento divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que pouco mais da metade das exportações brasileiras aos Estados Unidos têm tarifa de 50% para entrar no país.
Neste sábado (16), o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, afirmou que o Congresso Nacional precisa dar uma resposta rápida na análise do pacote de ajuda aos exportadores afetados pelo tarifaço.
"O governo fez parte da legislação por Medida Provisória e parte por projeto de lei complementar. Tenho certeza que vai ser rapidamente analisada e votada pelo Congresso", acrescentou Alckmin.
Entenda a situação de cada medida anunciada
➡️Linha de crédito de R$ 30 bilhões para exportadores: depende da aprovação de normas regulamentadoras, em especial pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e da adequação operacional das instituições financeiras, que, segundo o governo, "vêm trabalhando em conjunto com o governo para viabilizar a oferta das linhas o mais rápido possível".
➡Segundo o Ministério da Fazenda, a medida ainda não está em vigor. Os atos normativos estão previstos para a próxima semana, assim como a reunião do Conselho Monetário Nacional, diz o governo.
"As condições [incluindo taxas de juros] e os critérios das novas linhas de crédito serão definidos em atos normativos infralegais. Paralelamente, as instituições financeiras já estão adequando seus sistemas para que a operacionalização ocorra o mais rápido possível após a publicação dessas normas", informou o governo.
➡️Seguro à exportação: governo anunciou instrumentos para proteger o exportador contra riscos como inadimplência ou cancelamento de contratos, permitindo que bancos e seguradoras utilizem essa garantia em mais tipos de operações.
Com esse objetivo, realizará aportes em fundos garantidores por fora das metas fiscais.
➡Para ter validade, a medida ainda precisa que os aportes previstos para os fundos garantidores sejam feitos, e que atos normativos sejam publicados.
"A Câmara de Comércio Exterior [Camex] estabelecerá as diretrizes, limites e condições para a utilização dos fundos como seguro à exportação", diz o Ministério da Fazenda.
➡️A Receita Federal foi autorizada a fazer diferimento (adiamento) de cobrança de impostos para as empresas mais afetadas pelo tarifaço.
Essa prática já havia sido adotada anteriormente durante a pandemia da Covid-19. A ideia é que sejam postergados para novembro e dezembro impostos que deveriam ser pagos em setembro e outubro.
➡Segundo o governo, essa medida também não foi regulamentada até o momento. Portanto, ainda não está valendo. "Ato do Ministério da Fazenda nos próximos dias irá definir condições e critérios", informou a pasta.
➡️Isenção de insumos para exportações: o governo anunciou a prorrogação, por um ano, do prazo para que as empresas consigam exportar mercadorias que tiveram insumos beneficiados pelo chamado "drawback".
O mecanismo foi criado para incentivar as exportações e permite a suspensão ou isenção de tributos na importação de insumos utilizados para fabricar produtos que serão exportados em seguida.
➡Segundo o Ministério da Fazenda, essa medida está em vigor desde a publicação da medida provisória, nesta semana, desde que atendidos seus critérios operacionais.
➡️Novo Reintegra: o governo também anunciou que as empresas exportadoras terão crédito tributário (valores a abater em impostos) para que suas vendas ao exterior sejam desoneradas.
As grandes e médias empresas passam a contar com até 3,1% de alíquota, e as micro e pequenas, com até 6%. Essa medida que diminui a arrecadação terá impacto de R$ 5 bilhões até o fim de 2026, valor que também está fora das metas fiscais.
➡Segundo o Ministério da Fazenda, a ação também não está em vigor, pois ainda depende de aprovação de projeto de lei complementar que trará a previsão legal necessária para garantir o crédito tributário.
➡️Compras públicas: Foi anunciado que a União, estados e municípios poderão fazer compras públicas para seus programas de alimentação (para merenda escolar, hospitais etc.).
➡A medida, que vale apenas para produtos afetados pelas sobretaxas dos EUA, está em vigor e já começou a ser implementada quando o governo anunciou compras públicas de R$ 2,4 bilhões ao Sistema Único de Saúde (SUS).
➡️Diversificação de mercados: o governo anunciou, ainda, que continuará trabalhando para diversificar mercados, ou seja, buscando novos países compradores dos produtos sobretaxados pelos Estados Unidos.
➡Essa medida já está sendo trabalhada nas últimas semanas, quando o governo orientou suas embaixadas, com participação dos adidos agrícolas, a intensificar a busca por novos mercados aos produtos brasileiros.
➡️Câmara Nacional de Acompanhamento do Emprego: governo anunciou que as empresas que se beneficiarem das linhas de crédito deverão manter os empregos. Essa câmara será responsável pelo acompanhamento.
➡A Câmara já foi instalada, por ato normativo publicado no "Diário Oficial da União", embora as linhas de crédito ainda não estejam disponíveis para contratação.
A menos de dois dias do início do tarifaço, governo dá aval para contestação na Organização Mundial do Comércio
Reprodução/TV Globo
Veja repercussão do pacote
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, considerou positivas as medidas anunciadas pelo governo federal para reduzir os efeitos do tarifaço de 50%.
"Recebemos positivamente pelo fato de contemplar muitas das demandas feitas pelas indústrias, federações e associações setoriais, e também porque englobou dois conceitos básicos: continuar negociando como prioridade e, o segundo, se novas medidas forem necessárias elas serão tomadas”, declarou Alban, da CNI.
O presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria (SIMPI Nacional), Joseph Couri, avaliou positivamente as medidas anunciadas pelo governo.
"As ações são positivas, mas o impacto das tarifas continua a prejudicar uma parte significativa das exportações, especialmente para aqueles negócios que não conseguem redirecionar seus produtos ou renegociar com os compradores americanos. O governo tomou a decisão correta em focar nas pequenas empresas, mas é necessário continuar acompanhando as necessidades dessas empresas que ainda não estão totalmente amparadas", afirmou Joseph Couri, do SIMPI Nacional.
Pedro Da Matta, CEO da Audax Capital, disse que o pacote ajuda, mas que os exportadores devem antecipar recebíveis e diversificar compradores.
"O impacto do tarifaço nos produtos do agro exige soluções financeiras que mantenham a operação de ponta a ponta funcionando. Linhas de crédito emergenciais ajudam, mas é o financiamento estruturado que garante previsibilidade e liquidez em um ambiente de custos elevados, risco fiscal e incerteza no câmbio", disse Pedro Da Matta, da Audax Capital.
Jorge Kotz, CEO da Holding Grupo X, avaliou que o pacote do governo, com linhas subsidiadas e apoio às exportações, oferece fôlego para reorganizar capital de giro e manter operações ativas.
"Porém, com a dívida pública elevada e riscos de pressão sobre câmbio e Selic, o momento pede líderes preparados para agir rápido, preservar margens e buscar novos mercados. Mais do que resistir à crise, é hora de fortalecer cultura organizacional, capacitar equipes e alinhar todos à mesma visão de futuro, garantindo que a empresa saia desse cenário mais competitiva", afirmou Jorge Kotz, da Holding Grupo X.
Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
Arte/g1
Chevrolet Onix 2026: o que ficou bom e o que precisa melhorar na nova versão do hatch; veja o teste
Chevrolet Onix fica mais moderno e segura motor para desconto de IPI Verde
Apresentado há algumas semanas, o novo Chevrolet Onix chega ao Brasil com preço reduzido pelo programa Carro Sustentável. Agora, parte de R$ 99.990, valor inferior ao preço original de R$ 102.990.
Com desconto, além de melhorias na mecânica e no design, o modelo busca reverter a queda nas vendas dos últimos anos. Por seis anos o carro mais vendido do Brasil, hoje ocupa um amargo sexto lugar entre os mais vendidos, fora o fardo da correia banhada a óleo — que foi reformada para que a fama ruim passasse.
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O Onix 2026 recebeu nova dianteira, trocou o painel de instrumentos analógico por um digital e aumentou o tamanho da central multimídia. O objetivo é reconquistar antigos clientes e atrair consumidores que hoje preferem concorrentes mais tecnológicos, como o Volkswagen Polo e o Peugeot 208.
Há outro desafio: os SUVs já respondem por mais da metade das vendas de carros zero no país. Com preço na faixa dos R$ 100 mil, o Onix concorre diretamente com boas opções de SUVs de entrada.
O g1 testou o novo Onix na versão hatch pelo interior de São Paulo, percorrendo trechos de estrada, áreas urbanas e até vias de terra, para avaliar os pontos fortes e fracos do modelo. Será possível voltar aos dias de glória?
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Chevrolet Onix 2026
divulgação/GM
Quem já dirigiu um Onix lançado nos últimos quatro anos dificilmente notará mudanças. O modelo preserva o conforto característico do compacto.
O volante tem resposta leve, graças ao eficiente sistema de assistência elétrica. Curvas e mudanças de faixa mais rápidas foram feitas com segurança, sem transmitir instabilidade ou sensação de perda de controle.
O motor perdeu pouco da potência, mas é praticamente o mesmo: passou de 121 para 115 cv, mantendo o torque em torno de 16 kgfm. Segundo a GM, essa redução é consequência da diminuição do IPI prevista no programa Carro Sustentável.
Manter o torque é mais importante do que a potência bruta, pois ele garante a força nas arrancadas. Mas o Onix não chega a ser "esperto" e nota-se um tempo maior para o motor alcançar o desempenho necessário em situações como ultrapassagens.
Ao acelerar com força, o carro leva quase três segundos para responder, mesmo em linha reta. É preciso elevar o giro do motor antes de qualquer tentativa de ultrapassagem, como ao passar por um caminhão.
Com o tempo, o motorista se adapta. O fato de o motor não ter sido alterado é que proprietários de versões anteriores já conhecem seu desempenho e sabem o que esperar.
Outro ponto mudou: o Onix continua usando a polêmica correia dentada banhada a óleo, mas agora com nova formulação para resistir melhor ao contato com lubrificantes que não seguem exatamente as especificações do manual do veículo.
De forma resumida: a partir de 2019, o Onix passou a utilizar uma correia dentada banhada a óleo, o que deixou o motor três cilindros mais silencioso — algo que pudemos comprovar. De fato, o hatch apresenta menos ruído em comparação com modelos concorrentes de mesma configuração.
No entanto, esse tipo de correia exige atenção especial ao óleo do motor, já que é dele que vem a lubrificação necessária para reduzir o ruído. Se o proprietário não seguir as recomendações do manual e utilizar um óleo inadequado, a correia pode se deteriorar precocemente, com fragmentos se acumulando em partes do motor, como o filtro da bomba de vácuo.
Correia dentada banhada a óleo utilizada pelo Onix
André Fogaça/g1
Como consequência, o sistema de freios perde o suporte da bomba, a turbina se torna menos eficiente e o veículo sofre perda de potência. Com o tempo, esses problemas tendem a se agravar. Para evitar esse cenário, a GM reformulou a correia e afirma que ela está mais resistente ao uso de óleos sem a certificação Dexos — selo emitido pela própria montadora e disponível em diferentes marcas de lubrificantes.
É cedo para saber se a mudança reduzirá as reclamações. As primeiras avaliações sobre o novo componente devem surgir apenas após a primeira troca de óleo, prevista para 10 mil quilômetros ou um ano de uso.
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Onix finalmente ganhou mais telas
Por fora, o novo Onix traz poucas mudanças. A grade frontal está mais larga, mas a entrada de ar não ocupa toda a peça. Esse detalhe lembra a ideia de ponteira de escapamento falsa, comum em modelos com apenas uma saída, mas que buscam um visual mais esportivo.
Um problema externo parece ter sido resolvido, ao menos durante o teste: o para-choque agora apresenta ângulo de ataque 30% maior que o da versão anterior. Em outras palavras, a dianteira está mais alta, o que deve facilitar a passagem por lombadas e valetas.
Em velocidades altas e baixas, o resultado foi positivo: as lombadas não encostaram na parte inferior do para-choque.
Na traseira, o porta-malas mantém 303 litros, suficiente para acomodar bem uma mala grande. Uma outra mala precisaria ser colocada no banco traseiro.
Chevrolet Onix 2026
divulgação/GM
Por dentro estão as novidades mais marcantes. O Onix agora tem painel de instrumentos digital, ainda que o display pudesse contar com opções de personalização mais práticas.
Todos os ajustes — como consumo de combustível, conta-giros ou apenas a velocidade — são feitos pela central multimídia. Ela que também aumentou para 11 polegadas, e agora se integra visualmente à mesma moldura do painel de instrumentos.
Vale para as versões mais caras, mas o conjunto é bem mais bonito e transmite a impressão de uma única peça, mais ampla, evitando que a central pareça uma tela separada.
Chevrolet Onix 2026 por dentro
Infelizmente, o Onix hatch ou sedã com motor aspirado — tanto automático quanto manual — mantém os ponteiros analógicos e a central multimídia de 8 polegadas, igual àquela do modelo anterior.
Alguns outros itens fazem falta no pacote do Onix. Não há retrovisor com antiofuscamento automático, e o carregador de celular por indução posiciona o aparelho muito próximo da alavanca do câmbio. Na posição P, os dedos tocam o celular à frente.
Outro ponto negativo é o uso excessivo de plástico rígido, como é de praxe nos carros de entrada. Apesar das texturas variadas, o toque macio aparece apenas no apoio de braço da porta. O material facilita a limpeza, mas transmite uma sensação menos sofisticada.
Onix ou Tracker? Ou outro?
O Onix tenta retomar uma época gloriosa. Em 2019, no auge, foram emplacados mais de 240 mil unidades do modelo, mais que o dobro do segundo colocado. Em 2024, o hatch não conseguiu ultrapassar a barreira dos 100 mil veículos vendidos.
Em entrevista exclusiva ao g1 em março, o vice-presidente da General Motors Brasil, Fabio Rua, apontou que a falta de atualização era um dos fatores que contribuíram para o veículo não retomasse o sucesso no pós pandemia.
Pois a atualização chegou, mas os desafios são enormes. O principal é que os hatches têm perdido amplo espaço na preferência dos compradores brasileiros.
Em 2025, eles respondem por 53,9% das vendas, enquanto os hatches registraram metade desse volume, com 24,5% dos emplacamentos. Os dados são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
E, por R$ 100 mil, o consumidor encontra opções interessantes dos SUVs subcompactos de marcas concorrentes.
Citroën Basalt: a partir de R$ 93.990.
Fiat Pulse: a partir de R$ 99.990;
Volkswagen Tera: a partir de R$ 105.890;
A própria GM terá duas ameaças ao Onix em seu portfólio. O próprio Fábio Rua confirmou que a Chevrolet vai entrar na briga dos pequenos SUVs. Não disse quando chega, nem onde será produzido, mas espera-se que venha com preços abaixo do SUV de linha, o Tracker.
Falando nele, a versão avaliada do Onix, a Premier (R$ 129.190), custa mais do que o Tracker com motor turbo (a partir de R$ 119.900).
O utilitário deixa de oferecer alguns itens presentes no compacto testado, como:
Central multimídia menor, com 8 polegadas;
Painel digital analógico, mas com tela colorida de 3,5 polegadas
Ausência de alerta de ponto cego;
Lanternas em lâmpada halógena;
Ar-condicionado sem função automática;
Carregador de celular por indução ausente.
Porém, ele entrega:
Porta-malas maior, de 303 para 393 litros;
Motor mais forte, de 16,8 kgfm para 18,9 kgfm;
Maior espaço interno;
Acionamento remoto do motor.
O dilema não é de hoje: quem procura um carro mais equipado e não faz questão de um porta-malas espaçoso encontra uma boa opção no Onix Premier. Mas é tentador economizar R$ 10 mil e optar por mais espaço, um carro mais robusto e da mesma marca.
Se quiser seguir a moda do SUV, o Citroën Basalt tem valor mais baixo (R$ 93.990). E o Fiat Pulse tem um motor mais potente na versão Turbo 200 AT (130 cv), preço mais acessível (R$ 116,9 mil), e uma boa lista de equipamentos.
As investidoras que querem provar que empresas lideradas por mulheres dão mais lucro
Jaana Goeggel e Erica Fridman querem levantar R$ 25 milhões para investir em empresas fundadas por mulheres
BBC/ Reprodução
Microsoft, Amazon, Meta, Alphabet (controladora do Google), Nvidia e tantas outras. As empresas mais valiosas do mundo foram em sua grande maioria fundadas por homens e são lideradas por homens.
Não faltam mulheres talentosas capazes de serem CEOs, mas, quando decidem empreender, elas costumam esbarrar em uma sucessão de barreiras que muitas vezes as impede de chegar ao topo.
Foi essa avaliação que levou a brasileira Erica Fridman e a suíça Jaana Goeggel a uma empreitada que nos próximos anos vai investir R$ 25 milhões em empresas fundadas por mulheres.
Elas são gestoras do fundo de capital de risco (venture capital) Sororitê, estabelecido no fim do ano passado com foco em empresas de tecnologia inovadoras (startups) que estejam em estágio inicial e que tenham pelo menos uma mulher entre os fundadores — o primeiro fundo desse tipo no Brasil.
Segundo Erica Fridman, nove das dez empresas de tecnologia que hoje são as maiores do mundo hoje receberam investimento de fundos de venture capital, um recurso fundamental para acelerar seu crescimento: Apple, Microsoft, Nvidia, Amazon, Alphabet, Meta, Tesla, Broadcom e Tencent.
A única exceção da lista é a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC).
"Eu vejo o poder dessa indústria de gerar impacto econômico e social, o poder que tem uma Meta, um Google… tem gente que escolheu colocar dinheiro ali atrás, e não fomos nós, mulheres, porque a gente não está jogando este jogo", diz Fridman à BBC News Brasil.
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O que dizem maridos de mulheres CEOs
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BBC/ Reprodução
'Seu marido trabalha?'
As estatísticas mais recentes disponíveis na plataforma Pitchbook mostram que startups lideradas só por mulheres receberam apenas 0,04% do capital investido em 2020 no Brasil – se incluídas as empresas com homens e mulheres entre os fundadores, o índice é de 2,2%.
Fridman, que durante muito tempo trabalhou para as multinacionais americanas Johnson & Johnson e Procter & Gamble antes de entrar no mundo do venture capital, diz que a razão por trás dos números ficou clara quando começou a ouvir os relatos de mulheres empreendedoras decepcionadas depois das reuniões com possíveis investidores.
"A fundadora está lá fazendo o 'pitch' [apresentação para vender o projeto], a pessoa vira e pergunta: 'Seu marido trabalha?', 'Você tem filhos?'... Ou então fala: 'Nossa, como você é bonita!'", ela exemplifica.
"Eu falo com fundadoras o dia inteiro e não tem uma que não me traz uma história triste de perguntas inapropriadas ou perguntas em que o investidor, em vez de abordar o potencial do negócio, coloca empecilhos, fica tentando achar o furo", conta Fridman, ao falar sobre os vieses conscientes e inconscientes que levam os gestores de recursos a achar que as mulheres não conseguem dar conta da pressão de empreender.
"Nunca alguém achou que eu era menos capaz do que um homem dentro de nenhuma das empresas em que trabalhei. Eu me deparei com isso quando fui pra indústria do venture", acrescenta a brasileira.
"É uma dúvida de competência e uma dúvida de resiliência. Será que ela vai conseguir enfrentar essa jornada tão dura e árdua? E, se ela é mulher, vai ser uma boa líder?"
Curiosamente, os números, segundo ela, mostram que as empresas lideradas por mulheres são, na verdade, mais lucrativas.
Informações reunidas pelo Pitchbook apontam que elas consomem 25% menos caixa por mês, e dados da Ewing Marion Kauffman Foundation apontam que dão retorno 35% maior sobre o investimento feito no negócio.
Fridman diz que são muitas as pesquisas nesse sentido, mas elas também são olhadas com ceticismo por quem toma a decisão sobre quem recebe investimento.
"Tem gente que não acredita. Como que a gente resolve isso? Eu não consigo resolver imediatamente, mas, a partir do momento em que o fundo começa a trazer liquidez, eu posso ir para o mercado e falar: 'Gente, eu investi em 22 startups lideradas por mulheres e fiz sete vezes o investimento'. Essa é a melhor forma de provar", ela argumenta.
"'Oh, essa daqui tá com um valuation [avaliação do valor da empresa] de US$ 1 bilhão'. Não tem o que questionar se ela tem filhos, se tem marido, se ela teve tempo. Então é isso que a gente quer fazer."
No momento, o fundo está em fase de captação, ou seja, está aberto àqueles que quiserem aportar dinheiro na expectativa de que ele traga retorno quando as empresas que receberem o recurso crescerem e multiplicarem seu valor. Até agora o Sororitê tem 43 cotistas, sendo 40 mulheres e três homens, e levantou R$ 13 milhões.
Mesmo antes de fechar os R$ 25 milhões, o fundo investiu em duas empresas no ano passado, uma de tecnologia do setor imobiliário (proptech) e outra de cibersegurança ligada ao Pix, e neste ano pretende investir em mais seis.
Meta tem programa de diversidade, equidade e inclusão, mas fundador enalteceu 'energia masculina'
REUTERS
'Energia masculina' de Zuckerberg
O investimento acontece justamente em um momento em que cresce na política e no mundo corporativo e da tecnologia, especialmente nos Estados Unidos, uma reação contrária à diversidade, entre elas de gênero.
Em entrevista ao podcast de Joe Rogan em janeiro, o CEO da Meta e cofundador do Facebook, Mark Zuckerberg, disse acreditar que as empresas precisavam de mais "energia masculina" e que a cultura corporativa teria se aproximado demais de algo "neutro".
Questionada pela reportagem sobre o episódio, Fridman resumiu dizendo que Mark Zuckerberg era "decepcionante em muitos níveis".
E, se existe uma "energia masculina", existiria também uma "energia feminina" no mundo dos negócios? A gestora responde que "cada pessoa tem seu estilo", mas que as mulheres de forma geral são mais perfeccionistas e inseguras, o que faz com que elas estudem e se preparem muito mais.
"Eu falo assim: a gente compra o livro, a gente lê, grifa, faz o resumo e mesmo assim acha que não está preparada o suficiente para falar sobre o livro", ela ilustra.
A falta de confiança, ela continua, está de certa forma ligada aos mesmos obstáculos que impedem muitas vezes as mulheres de se tornarem líderes — e que ela espera ver mudar quando mais mulheres alcançarem essas posições.
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Mesmo mais escolarizadas, mulheres ganham 21% menos que homens
Mega-Sena, concurso 2.902: prêmio acumula e vai a R$ 65 milhões
O sorteio do concurso 2.902 da Mega-Sena foi realizado na noite deste sábado (16), em São Paulo. Nenhuma aposta acertou as seis dezenas, e o prêmio para o próximo sorteio acumulou em R$ 65 milhões.
Clique aqui para seguir o canal de Loterias do g1 no WhatsApp
Veja os números sorteados: 08 - 21 - 22 - 42 - 45 - 48.
5 acertos - 70 apostas ganhadoras: R$ 40.125,94
4 acertos - 4.919 apostas ganhadoras: R$ 941,23
O próximo sorteio da Mega será na terça-feira (19).
Mega-Sena, concurso 2.902
Reprodução
Entenda como funciona a Mega-Sena e qual a probabilidade de ganhar o prêmio
Para apostar na Mega-Sena
As apostas podem ser realizadas até as 19h (horário de Brasília) em qualquer lotérica do país ou por meio do site e aplicativo Loterias Caixa, disponíveis em smartphones, computadores e outros dispositivos.
O pagamento da aposta online pode ser realizado via PIX, cartão de crédito ou pelo internet banking, para correntistas da Caixa. É preciso ter 18 anos ou mais para participar.
Probabilidades
A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada.
Para um jogo simples, com apenas seis dezenas, que custa R$ 6, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa.
Já para uma aposta com 20 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 232.560,00, a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 1.292, ainda de acordo com a instituição.
Bilhetes da Mega-Sena, em imagem de arquivo
Marcelo Brandt/G1
Datafolha: 35% culpam Lula pelo tarifaço de Trump; 22% apontam Bolsonaro como responsável
Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (16) no site do jornal "Folha de S.Paulo" aponta que 35% dos entrevistados acreditam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o maior culpado pelo tarifaço imposto ao Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (22%) e o deputado Eduardo Bolsonaro (17%) são, respectivamente, o segundo e o terceiro mais citados como principais responsáveis.
Eduardo (PL-SP) se licenciou do mandato para viver nos Estados Unidos. Ele é investigado por buscar influenciar o governo americano a adotar medidas contra o Brasil. O objetivo é pressionar as autoridades para evitar a condenação do pai, que será julgado no Supremo Tribunal Federal (STF) por articular um golpe de Estado em 2022.
Segundo o Datafolha, 15% apontam o ministro Alexandre de Moraes, do STF, como responsável pelo tarifaço.
A pergunta feita pelo instituto aos entrevistados foi: "Na sua opinião, das figuras brasileiras quem é o principal culpado pela taxa de até 50% imposta pelo governo dos EUA?".
Veja os números:
Lula: 35%;
Jair Bolsonaro: 22%;
Eduardo Bolsonaro: 17%;
Alexandre de Moraes: 15%;
Não sabem responder: 7%;
Nenhuma das figuras listadas: 3%;
Todos —Lula, Bolsonaro, Eduardo e Moraes— são culpados: 1%.
O Datafolha realizou 2.002 entrevistas em 113 municípios entre os dias 11 e 12 de agosto. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, num nível de confiança de 95%.
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A pesquisa também revelou que a percepção sobre o culpado pelo tarifaço varia conforme o voto dos entrevistados na eleição de 2022.
Entre os eleitores de Lula, apenas 11% consideram o petista o principal responsável pelo tarifaço. Nesse grupo, 38% culpam Bolsonaro e 35%, Eduardo.
Entre os eleitores de Jair Bolsonaro, 58% apontam Lula como culpado pela sobretaxa e 25%, Moraes.
Prisão de Bolsonaro
O Datafolha mostra ainda que 40% dos entrevistados acreditam que, após a decretação da prisão domiciliar de Bolsonaro, Trump tomará medidas que prejudicarão ainda mais a economia brasileira.
Por outro lado, 28% apostam que o republicano não se preocupará com a prisão de Bolsonaro e aceitará negociar medidas que causem menos impacto econômico.
Cerca de 20% dos consultados acreditam que as medidas permanecerão inalteradas, sem ampliar ou reduzir seus efeitos. Por fim, 12% não souberam opinar.
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Legislativo tem que dar resposta rápida, diz Alckmin sobre pacote de ajuda aos exportadores
Geraldo Alckmin
Jornal Nacional
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, afirmou neste sábado (16) que o Congresso Nacional precisa dar uma resposta rápida na análise e votação do pacote de ajuda aos exportadores afetados pelo tarifaço, apresentado nesta semana pelo governo federal.
Durante visita a uma concessionária de automóveis em Brasília, ele foi questionado sobre denúncias envolvendo o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e se isso poderia atrasar a votação da medidas de ajuda aos exportadores. Ele disse não ter informação sobre o tema.
"Mas entendo que o Legislativo tem um papel importante a cumprir, que é dar resposta rápida. Fui constituinte. Por que criamos a Medida Provisória? Porque no Estado moderno as mudanças são rápidas. Nosso tempo é o tempo da mudança, e da velocidade da mudança. Você precisa agir rápido. Por isso, na Constituinte, estabelecemos o princípio da MP. O governo fez parte da legislação por Medida Provisória e parte por projeto de lei complementar. Tenho certeza que vai ser rapidamente analisada e votada pelo Congresso", acrescentou Alckmin.
Pacote de ajuda aos exportadores
O pacote de ajuda aos exportadores, anunciado nesta semana, traz uma série de medidas, como linhas de crédito, adiamento do prazo de pagamento de tributos e seguro às vendas externas, por exemplo.
Lula recebe medidas de Alckmin contra tarifaço
A maior parte delas consta em Medida Provisória, já publicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que precisa ser votada em até 120 dias pelo Congresso Nacional. Mesmo com a MP em vigor, várias ações ainda não estão vigorando, pois aguardam regulamentação por parte do Executivo.
Uma das medidas, porém, foi encaminhada por meio de projeto de lei, e precisa ser votada pelo Congresso para ter validade. Trata-se do crédito tributário (valores a abater em impostos) que as empresas terão direito em suas vendas ao exterior. Essa medida terá impacto de R$ 5 bilhões até o fim de 2026, por fora das metas fiscais.
Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
Arte/g1
Air Canada suspende operação em meio a greve de funcionários; voos são afetados no Brasil
Passageiros aguardam atendimento em balcão da Air Canada no Aeroporto Internacional em Québec na sexta-feira (15)
Christinne Muschi/The Canadian Press via AP
A Air Canada suspendeu todas as suas operações depois que mais de 10 mil comissários de bordo entraram em greve na madrugada deste sábado (16).
A suspensão também atingiu rotas com passagem pelo Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, que têm como destino ou origem as cidades de Toronto, Montreal e Buenos Aires.
🛫 Segundo uma consulta ao painel de voos do aeroporto na manhã deste sábado, três partidas (para Buenos Aires, Toronto e Montreal) e duas chegadas (de Toronto e Buenos Aires) foram canceladas.
🛬 O aeroporto de Guarulhos orienta que os passageiros procurem a companhia para mais informações.
O g1 entrou em contato com a Air Canada para saber se mais voos no Brasil serão afetados, mas ainda não obteve resposta.
Em nota, a Air Canada lamentou os transtornos causados pelo cancelamento e orientou que os clientes afetados não se dirijam aos aeroportos.
"A companhia notificará os clientes com viagens previstas em breve sobre voos adicionais que venham a ser cancelados e as respectivas opções disponíveis. Para os clientes com voos próximos ainda não cancelados, a Air Canada implementou uma política de cortesia que permite remarcar a viagem ou obter crédito para uso futuro", diz a nota.
Segundo o porta-voz do Sindicato Canadense dos Empregados Públicos (CUPE), Hugh Pouliot, a greve começou após falta de acordo entre os funcionários e a companhia por reajuste salarial.
Os comissários iniciaram a paralisação por volta da 1h da manhã (5h no horário de Brasília) neste sábado. A paralisação total deve impactar cerca de 130 mil pessoas por dia, incluindo 25 mil canadenses que podem ficar retidos no exterior. A Air Canada opera cerca de 700 voos pelo mundo diariamente.
A Air Canada e o Sindicato Canadense dos Empregados Públicos estão em negociações contratuais há cerca de oito meses. Ambos os lados reconhecem que seguem distantes de um acordo referente à questão salarial e ao trabalho não remunerado dos comissários quando os aviões não estão em voo.
O sindicato recusou na sexta-feira (15) o pedido da companhia para levar o caso para intermediação do governo, uma medida que eliminaria o direito de greve e transferiria a decisão sobre os termos do acordo a um mediador independente.
A proposta mais recente da companhia incluía aumento de 38% na remuneração total — incluindo benefícios e aposentadoria — ao longo de quatro anos, o que, segundo a empresa, “tornaria nossos comissários os mais bem remunerados do Canadá”.
O sindicato, no entanto, rejeitou a proposta, alegando que o reajuste de 8% no primeiro ano não seria suficiente diante da inflação.
No sábado, o governo do Canadá anunciou medidas para encerrar a greve dos comissários de bordo da Air Canada, alegando que era preciso agir de forma imediata para evitar prejuízos econômicos de longo prazo.
A ministra do Trabalho, Patty Hajdu, informou que pediu ao Conselho Canadense de Relações Industriais a imposição de uma arbitragem obrigatória entre as partes, determinando o fim imediato da greve.
“Exerci minhas autoridades sob a Seção 107 do Código Trabalhista Canadense para direcionar o Conselho Canadense de Relações Industriais a ordenar que as partes retomem e continuem suas operações e deveres, a fim de garantir a paz trabalhista e proteger os interesses do Canadá, dos canadenses e da economia”, afirmou.
Painel de voos cancelados e atrasados da Air Canada no Aeroporto Internacional de Québec
Christinne Muschi/The Canadian Press via AP
Passageiros ficam em situação de incerteza
Ainda não se sabe por quanto tempo os aviões da companhia ficarão em solo, mas o diretor de Operações da Air Canada, Mark Nasr, afirmou que pode levar até uma semana para retomar totalmente a programação de voos se um acordo provisório for firmado.
O canadense Alex Laroche, de 21 anos, morador de Montreal, e a namorada estavam economizando desde o Natal para uma viagem à Europa. Agora, os US$ 8 mil gastos para o passeio, com hospedagem não reembolsável, estão em risco enquanto aguardam uma posição da Air Canada sobre o voo de sábado à noite para Nice, na França.
Laroche contou que chegou a considerar comprar passagens em outra companhia, mas os voos estavam quase lotados e custavam mais que o dobro dos US$ 3 mil pagos originalmente. “Neste momento, é apenas um jogo de espera”, disse ele à agência Associated Press.
A companhia disse também que tentará oferecer alternativas em outras companhias aéreas canadenses e estrangeiras, quando possível. Mas alertou que não há garantia de remarcação imediata, já que os voos de outras empresas estão lotados devido à alta temporada.
*Com informações da Associated Press
O que acontece quando há atraso ou cancelamento de voo?
Assim que a companhia aérea tiver conhecimento de que haverá o atraso ou cancelamento de voos, deve notificar imediatamente o consumidor.
Devem, ainda, partir da própria empresa as seguintes medidas:
Manter o passageiro informado a cada 30 minutos quanto à previsão de partida dos voos atrasados;
Oferecer gratuitamente, de acordo com o tempo de espera, assistência material (veja mais abaixo);
Oferecer reacomodação, reembolso integral ou execução do serviço por outra modalidade de transporte, cabendo a escolha ao passageiro, quando houver atraso de voo superior a 4 horas ou cancelamento.
Tire todas as suas dúvidas aqui.
Voo atrasado ou cancelado? Veja os direitos do passageiro
Tarifaço de Trump: por que o dólar e a bolsa não reagiram tão mal aos efeitos negativos?
A uma semana de tarifaço, dólar sobe e Ibovespa tem queda
Quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, a primeira reação do mercado financeiro foi de pânico: o dólar disparou e o Ibovespa caiu.
Mas, desde que de fato entrou em vigor na última quarta-feira (6), a medida parece ter provocado pouco — ou nenhum — impacto no mercado financeiro. A moeda americana acumula uma desvalorização de 3,62% neste mês, enquanto a bolsa de valores subiu 1,98%.
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Mais que isso: o dólar chegou a bater o menor valor em um ano e meio nesta semana. E a bolsa está a pouco mais de 3% de seu recorde de pontuação.
Segundo os especialistas ouvidos pelo g1, embora o tarifaço possa gerar perdas para a economia brasileira, o pessimismo dos investidores diminuiu desde o anúncio inicial.
Um dos principais motivos é que quase 700 produtos foram mantidos com a tarifa de 10%, ficando de fora do aumento. Entre eles estão suco de laranja, minério de ferro, fertilizantes e itens da aviação civil.
Leonel Mattos, analista sênior de Inteligência de Mercado da StoneX, explica que, para investidores que aguardavam um aumento generalizado de 50%, o tarifaço acabou sendo visto como “menos pior” do que o inicialmente previsto.
“A preocupação com o impacto no Brasil diminuiu bastante após a divulgação da ordem executiva, que incluiu diversas exceções. Dos produtos exportados para os EUA, cerca de 36% foram atingidos pela tarifa de 50%”, diz o analista.
Tarifaço “precificado” na bolsa
Outro ponto que abrandou os efeitos do tarifaço é de que não há um impacto sistêmico no Brasil, afetando apenas uma parte das exportações para os EUA.
Grande parte desse risco já havia sido antecipada pelo mercado e incorporada aos preços. Marco Noernberg, sócio da Manchester Investimentos, lembra que a bolsa de valores, por exemplo, já registrava quedas antes da efetivação das tarifas.
Em julho, o Ibovespa caiu 4,17%, registrando o pior desempenho mensal do ano até agora e a maior baixa desde dezembro de 2024.
Ainda assim, ele ressalta que o impacto negativo do tarifaço sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é estimado em cerca de 0,1% — ruim, mas insuficiente para desestabilizar o mercado.
“[O tarifaço] não é positivo, mas também não é algo que vá desestabilizar as ações negociadas em bolsa. Grande parte desse risco já havia sido incorporada, e as empresas mais expostas sentiram os efeitos antes mesmo da aplicação das tarifas.”
Ou seja, o mercado já havia refeito as posições de investimento antes de a medida entrar em vigor, o que contribuiu para a queda da bolsa de valores no mês passado.
Desvalorização mundial do dólar
Por outro lado, a recente queda do dólar — que nesta semana voltou a níveis próximos aos de junho de 2024 — tem pouca relação com o tarifaço sobre produtos brasileiros e está mais associada ao cenário político e econômico dos EUA.
Dados do Banco Central mostram que, entre 13 de julho e 13 de agosto, o real se valorizou 3,7% frente ao dólar — a maior alta entre as principais moedas globais, mesmo com o tarifaço em vigor.
Outras moedas também se valorizaram em relação ao dólar, como o rand sul-africano (+1,8%), o forint húngaro (+1,3%), o peso chileno (+1,2%), a libra esterlina (+0,5%), o peso mexicano (+0,8%), o zloty polonês (+0,1%) e o euro (+0,1%).
Leonel Mattos explica que a queda do dólar em relação a outras moedas reflete a perda de confiança dos investidores nos EUA, motivada, entre outros fatores, pelo temor de interferências políticas nas instituições econômicas.
“A própria Casa Branca agrava o cenário ao anunciar medidas e recuar logo em seguida, o que gera insegurança jurídica e desconfiança no mercado. Com menos investimentos nos EUA e no dólar, os recursos acabam migrando para outros países e moedas”, afirma.
Mapa do tarifaço
Arte/g1
Desaceleração econômica nos EUA
Além da instabilidade provocada pelas decisões de Trump, a economia norte-americana apresenta sinais de pressão estagflacionária — quando há, ao mesmo tempo, crescimento fraco, inflação alta e aumento do desemprego.
Segundo Mattos, esse cenário impõe desafios adicionais ao Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, que já enfrenta riscos como as tarifas impostas por Trump e a desvalorização do dólar — fator que, por si só, encarece as importações e pressiona os preços para os consumidores americanos.
“Isso coloca o Fed em uma encruzilhada: reduzir juros para conter o risco de desaceleração econômica ou elevá-los para controlar a inflação”, afirma o analista sênior da StoneX.
Atualmente, a taxa de juros nos EUA está entre 4,25% e 4,5% ao ano. Segundo estimativas da ferramenta FedWatch, da CME, 84% dos investidores esperam um corte já em setembro.
Bolsa e câmbio de olho no Fed
Os movimentos da política de juros dos EUA também influenciam a economia brasileira. André Muller, estrategista e economista da AZ Quest, destaca que esse deve ser um dos fatores mais relevantes para a trajetória do real nos próximos meses.
“Se aumentar a expectativa de cortes de juros pelo Fed, o dólar deve continuar se desvalorizando frente a várias moedas, incluindo o real”, afirma.
Na bolsa de valores, o cenário é parecido. Segundo Noernberg, da Manchester Investimentos, quando os títulos soberanos dos EUA — considerados de baixo risco — oferecem rendimentos menores, os investidores tendem a buscar mercados com retornos mais altos.
“E esses investidores acabam vindo para o Brasil, favorecendo o real e o Ibovespa. Um corte de juros pelo Fed pode impulsionar a bolsa e pressionar o dólar para baixo”, completa.
Lula planeja nova rodada de ligações a líderes de países para discutir alternativas ao tarifaço
Em nova declaração, Trump mistura tarifaço com Bolsonaro e Lula responde
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve intensificar nesta semana as ligações para presidentes e primeiros-ministros a fim de discutir alternativas ao tarifaço determinado pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Desde 6 de agosto está em vigor uma sobretaxa de 50% para entrada de produtos brasileiros nos EUA. Lula anunciou um pacote de socorro às empresas afetadas, com uma linha de crédito de R$ 30 bilhões, e tenta buscar novos mercados, movimento reforçado pelas ligações a líderes estrangeiros.
Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
Arte/g1
Em falas recentes, Lula afirmou que pretende telefonar para líderes de países como África do Sul (Cyril Ramaphosa), México (Claudia Sheinbaum), França (Emmanuel Macron), Alemanha (Friedrich Merz) e Reino Unido (Keir Starmer), além da União Europeia (Ursula von der Leyen).
Segundo integrantes do governo, a primeira ligação deve ser para o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa. A África do Sul é parceira do Brasil no Brics e, dos fundadores do bloco, Lula só não conversou com Ramaphosa.
Lula já conversou com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping.
Busca por novos mercados
Desde que Trump enviou uma carta pública a Lula e anunciou a tarifa de 50%, o governo federal está em busca de ampliar o mercado de exportação do Brasil para tentar amenizar os impactos da taxação às empresas brasileiras.
Trump tem criticado países do Brics, acusando o bloco de países emergentes de promover "políticas antiamericanas" – nos casos de Brasil e Índia, a tarifa é de 50%.
O governo brasileiro entende que a negociação com os EUA estão travadas por decisão de Trump, que deseja influenciar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).
Lula, Donald Trump, Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes são os principais atores políticos da notícias de julho.
Evaristo Sa/AFP//Antonio Augusto/STF//Adriano Machado/Reuters//Patrick Semansky/AP
Segundo interlocutores do governo, as ligações feitas também tentam alinhar um discurso de defesa do sistema multilateral de comércio. A avaliação é que as medidas de Trump afeta a todos os países e vai muito além do Brics.
Disputa na OMC
Na semana passada, em um evento no Palácio do Planalto, Lula afirmou que vai pedir aos países, nessas ligações, "que tomem decisão sobre o que está acontecendo".
Em 11 de agosto, o Brasil solicitou consultas à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre as tarifas impostas por Trump. O pedido inicia formalmente uma disputa na OMC.
🔎As consultas dão às partes a oportunidade de discutir a questão e encontrar uma solução sem prosseguir para um julgamento. Caso as consultas não resolvam a disputa dentro de 60 dias, o reclamante — no caso, o Brasil —poderá pedir que um painel da OMC decida sobre o caso.
A reforma da OMC é um dos temas no radar de Lula e pode entrar em um encontro virtual com líderes do Brics. O Brasil está na presidência do bloco e tenta acertar uma data para esse diálogo.
A defesa do multilateralismo e a reforma da OMC são temas que aliados de Lula consideram passíveis de uma posição afinada dentro do Brics, já que cada integrante tem negociado o tarifaço de forma própria com os EUA.
Tarifaço: futuro da relação comercial com os EUA passa pelo julgamento da Seção 301; entenda
O futuro das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, já impactadas pelo tarifaço do presidente Donald Trump, vai depender dos desdobramentos do julgamento da Seção 301, mecanismo usado pelos EUA para adotar medidas unilaterais contra o que consideram práticas comerciais desleais.
O Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) iniciou uma investigação comercial contra o Brasil a pedido do presidente Donald Trump, sob alegação de que o país comete “práticas comerciais desleais”. O anúncio foi feito em um documento oficial divulgado em 15 de julho.
🔎A medida norte-americana foi tomada com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 — legislação que prevê a investigação de práticas estrangeiras desleais que impactam o comércio americano. O julgamento ocorrerá nos EUA.
Alguns dos alvos da investigação são o PIX, tarifas chamadas de injustas e preferenciais, aplicação de medidas anticorrupção, proteção da propriedade intelectual e a comercialização do etanol brasileiro. Os Estados Unidos alegam que essas supostas práticas desleais estariam prejudicando “empresas, trabalhadores, agricultores e inovadores tecnológicos dos EUA”.
Caso a investigação conclua que o Brasil comete práticas desleais, os Estados Unidos podem aplicar mais tarifas, suspender benefícios comerciais, dentre outras retaliações. Mas, se não for identificado nenhuma irregularidade, o governo norte-americano pode reduzir ou medidas retaliatórias.
Trump, ao aplicar o tarifaço, atacou decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) para adequar redes sociais norte-americanas às leis brasileiras e o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Isso foi visto pelo governo brasileiro como chantagem.
Gerson Camarotti: Trump escala crise com Brasil
Negociações x via judicial
Segundo o embaixador aposentado José Alfredo Graça Lima, a busca pelo entendimento sobre a elevação da alíquota à 50% sobre as exportações brasileiras pode ser divida em duas etapas.
Uma era a negociação, que não alcançou o resultado esperado pelo Brasil:
“Aquela em que parecia ver uma janela de oportunidade, de acordo com a própria carta, de 9 de julho, parágrafos finais que apontavam para a possibilidade de reverter, minimizar o dano. Parecia que havia como, com todos os outros países, uma possibilidade de entendimento através de concessões por parte, no caso do Brasil, para que a redução se efetuasse. Isso não aconteceu”, contextualiza.
Para ele, quando a Embraer e outros setores foram excluídos da tarifa, para evitar prejuízos para os Estados Unidos, ficou nítida a prevalência da “lógica econômica comercial".
Por isso, a etapa restante é a via judicial.
“Agora, a partir do momento em que a parte norte-americana decide abrir uma investigação sobre a seção 301, fica claro essa divisão que eu estava me referindo. Você tem uma etapa em que nada foi, nada terá sido pedido ao Brasil e, agora, uma etapa nova, sobretudo, a partir das audiências públicas de setembro, uma demanda por parte dos Estados Unidos”, acrescenta.
Produção de tilápia no interior de São Paulo; setor de pescados é afetado por tarifaço
Nelson Almeida/AFP
Estratégia do Brasil
Ao g1, o Itamaraty informou que coordena com demais áreas do governo uma manifestação escrita “robusta”.
“Para isso, foi criada uma força-tarefa composta por servidores com ampla experiência nos temas envolvidos que, em articulação com os órgãos competentes da Esplanada, têm elaborado os comentários do governo brasileiro, atualmente em estágio avançado de preparação”, explicam.
Para o conselheiro consultivo internacional do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), Hussein Kalout, a resposta do Brasil não é “pro forma”, tem “peso” e deve apresentar os argumentos técnicos contra o tarifaço.
Segundo Kalout, os três produtos mais exportados pelos EUA para o Brasil entram sem taxação, o que por si só já rebate o argumento americano.
Ex-secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência, Hussein Kalout diz que Lula deve manter a posição de não aceitar discutir a situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro, uma vez que seria até inconstitucional o petista tentar interferir no Supremo Tribunal Federal (STF).
Brasil ‘não vai desistir’
Em uma rede social, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que o Brasil “não vai desistir de negociar” com os Estados Unidos.
O Itamaraty acrescentou ainda que o país “é bom em cultivar amizades”.
Nos bastidores, diplomatas dizem que, apesar das conversas entre integrantes dos dois governos, as negociações não avançam. Avaliam que, até agora, Donald Trump não deu aval a nenhum assessor direto para que negocie de fato as tarifas. Dizem os diplomatas, de forma reservava, que o governo americano tem agido com “truculência”.
“Trump não quer negociar, quer impor a sua vontade. […] Ele ignora os fatos deliberadamente”, desabafou um diplomata a par das conversas com emissários do presidente americano.
Esse diplomata acrescentou ainda ver a investigação aberta pelos EUA como “mais um instrumento de pressão econômica” contra o Brasil.
Segundo ele, essa pressão tem sido demonstrada na “seletividade” das tarifas americanas, buscando penalizar países comandados por presidentes que “não se curvam” a Trump e beneficiando países alinhados ao presidente americano.
Na avaliação do embaixador Graça Lima, "se houve alguma tentativa de negociação ela se esgotou naquele período, até a entrada em vigor do tarifaço, de modo que a partir daí, enfim, não vejo nenhum tema que possa ser objeto de discussão sobretudo, negociação", diz. "O processo hoje está definido pela investigação sobre a Seção 301", conclui.
Entenda por que a conta de luz deve subir mais do que a inflação em 2025
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) projeta que a conta de luz deve ter um reajuste médio de 6,3% em 2025, o que indica que as tarifas de energia elétrica devem subir mais do que a inflação neste ano – a última projeção do mercado financeiro é de um índice de 5,05%.
A inflação no Brasil registrou leve alta em julho, mas veio abaixo do esperado pelo mercado
O aumento da estimativa é influenciado, principalmente, pelo orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) de 2025, fixado em R$ 49,2 bilhões. O valor é 8,6 bilhões acima do previsto anteriormente.
🔎A CDE é um fundo setorial abastecido, principalmente, por cobranças embutidas nas contas de luz de todos os consumidores, além de multas e aportes do Tesouro Nacional.
O fundo financia políticas públicas no setor elétrico, como:
tarifa social para famílias de baixa renda;
programa Luz Para Todos;
geração de energia em regiões isoladas;
subsídios para fontes renováveis;
compensações para consumidores que geram a própria energia, como os que usam painéis solares.
Impacto no consumo das famílias
Para especialistas ouvidos pelo g1, a projeção de alta preocupa, pois a energia elétrica tem peso relevante no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – cerca de 4% da cesta de consumo das famílias.
Professor do Ibmec, José Ronaldo Souza Jr explica que reajustes nas tarifas refletem diretamente na inflação. Em julho passado, por exemplo, a alta da conta de luz sozinha adicionou 0,12 ponto percentual ao índice mensal.
"Quando a tarifa média de energia cresce mais que a inflação projetada para o ano, significa que a eletricidade está ficando mais cara em termos reais em relação ao conjunto dos demais preços da economia", acrescenta o professor, que vê consequências tanto para os consumidores quanto para a política monetária.
Reajustes nas tarifas de energia elétrica refletem diretamente na inflação.
Divulgação/Energisa
"Para os consumidores, isso reduz o poder de compra e pesa especialmente sobre famílias de baixa renda, que destinam maior parte do orçamento para pagar a conta de luz. Porém, a mudança recente na política de tarifa social atenua os efeitos sobre essa população de renda mais baixa", contextualiza.
Em maio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a medida provisória (MP) que altera regras do setor elétrico e amplia descontos na tarifa de energia. A proposta determina a ampliação da tarifa social. Segundo dados do governo, cerca 55 milhões de brasileiros serão beneficiados com desconto e 60 milhões com a isenção. O custo da isenção é estimado em R$ 3,6 bilhões por ano.
Na avaliação de Souza Jr., esse tipo de choque cria desafios para a política monetária. "Mesmo sendo um preço administrado, fora do controle direto do Banco Central, ele pressiona o IPCA e pode contaminar expectativas e reajustes salariais. Assim, aumenta a dificuldade de trazer a inflação de volta à meta sem manter juros elevados por mais tempo", adiciona.
Pressão sobre a inflação dificulta o trabalho do Banco Central.
Marcello Casal/Agência Brasil
A economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, vai na mesma linha. "Os maiores reajustes refletem a elevação dos custos principalmente encargos no setor, além de carregar a inércia, ou seja, a inflação passada, que está mais alta por um tempo mais prolongado", explica.
"Esses reajustes acabam estendendo ainda mais esse período de inflação mais alta que estamos vendo, mesmo com preços industriais em queda. Com isso, a inflação mais persistente acaba adiando a discussão de corte de juros, apesar da Selic no elevado patamar em 15%", avalia a economista.
Clima e bandeiras tarifárias
Além do orçamento da CDE, a atualização da projeção foi influenciada também por fatores como os hidrológicos e bandeiras tarifárias.
“Com afluências abaixo da média em todo o país, observa-se redução na geração das hidrelétricas. Esse cenário eleva os custos de geração de energia, devido à necessidade de acionamento de fontes mais caras, como as usinas termelétricas”, diz boletim da Aneel, divulgado no início desta semana.
No mesmo informe, a agência destaca que o acionamento das bandeiras tarifárias deve continuar até o início da recuperação do nível de armazenamento esperado para o final do ano.
🔎O sistema de bandeiras tarifárias foi criado pela Aneel para sinalizar o custo da geração de energia. Quando o custo de produção aumenta, com o acionamento de usinas termelétricas, a bandeira muda de cor. Em agosto, a bandeira está no nível vermelho 2.
Segundo projeções da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), há possibilidade de retorno da bandeira verde em dezembro, com o início do período úmido e recuperação dos reservatórios, aumentando a participação das hidrelétricas na matriz energética.
"Enquanto a bandeira verde não retorna, os consumidores continuam pagando adicionais (como os R$ 7,87 a cada 100 kWh da bandeira vermelha 2), o que mantém a conta de luz mais cara.
A previsão de bandeira verde apenas em dezembro significa que só no fim do ano deve haver alívio, quando a tarifa cairá com a retirada do adicional, podendo inclusive contribuir para uma inflação menor no fechamento do ano", avalia José Ronaldo Souza Jr.
GWM inicia produção em SP, na segunda grande fábrica de carros chineses no Brasil; veja os planos
Inauguração da fábrica da GWM em Iracemápolis (SP) contou com a presença do presidente Lula
Divulgação/GWM
A GWM inaugurou nesta sexta-feira (15) sua fábrica em Iracemápolis (SP), interior de São Paulo. Esta é a segunda grande instalação de uma montadora chinesa a se estabelecer no mercado automotivo brasileiro.
Assim como a BYD — que inaugurou sua unidade no mês passado, em Camaçari (BA) —, a GWM ainda importa parte dos componentes, que serão montados posteriormente no Brasil.
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O sistema é chamado pela marca de “peça por peça”, porque alguns componentes já têm produção local. A meta é alcançar 60% de conteúdo nacional nos carros até 2026.
Segundo Marcio Alfonso, diretor de produção da fábrica, neste momento a localização de itens na linha de montagem envolve cerca de 60 componentes. “São itens como pintura, vedação, verniz, solda e ajustes em sistemas e sensores de auxílio ao motorista, o ADAS”, disse o executivo.
“Começamos com partes com curto período de desenvolvimento, mas no futuro, no mínimo em quatro anos, ampliaremos para motores, inversores, módulos e outras partes feitas aqui.”
O primeiro modelo a sair da linha de montagem será o SUV Haval H6. Seguirão o mesmo processo a picape Poer P30 e o SUV Haval H9. A previsão é que a produção desses modelos comece ainda em agosto.
Fábrica da GWM em Iracemápolis (SP)
De acordo com a montadora, o investimento total da GWM no Brasil será de R$ 10 bilhões ao longo de 10 anos. A nova fábrica é apenas a terceira da empresa fora da China e já conta com 600 funcionários. A expectativa é alcançar 1 mil trabalhadores até o fim de 2025.
A marca também terá, ao lado da nova fábrica, seu primeiro centro de pesquisa na América Latina. O espaço contará com 60 técnicos e engenheiros dedicados ao desenvolvimento de motores híbridos flex, à adaptação dos veículos às preferências do consumidor brasileiro, entre outras funções.
Haval H6
Inauguração da fábrica da GWM em Iracemápolis (SP)
Divulgação/GWM
O Haval H6 foi o primeiro modelo da GWM lançado no Brasil. Ele está disponível em cinco versões, sendo quatro delas com características bem distintas.
Todas as versões são híbridas: três adotam o sistema convencional (HEV) e outras duas contam com baterias maiores no sistema plug-in (PHEV), oferecendo até 113 quilômetros de autonomia no modo exclusivamente elétrico.
O Haval H6 tem dimensões:
Comprimento: 4,72 metros para as versões HEV e PHEV, 4,68 metros para a versão GT;
Largura: 1,88 metros para as versões HEV e PHEV, 1,94 metros para a versão GT;
Altura: 1,73 metro para todas as versões.
Haval H9
GWM Haval H9
Divulgação | GWM
O Haval H9 é um SUV de sete lugares que chega ao Brasil para competir com o Caoa Chery Tiggo 8, atualmente vendido por R$ 199.990.
O modelo da GWM vem equipado com motor 2.4 Turbo Diesel, que entrega 184 cv de potência e 48,9 kgfm de torque, associado a uma transmissão automática de nove marchas.
Em dimensões, o SUV traz:
Comprimento: 4,95 metros;
Largura: 1,97 metro;
Altura: 1, 93 metro.
Os itens de série são:
Faróis em LED;
Assentos revestidos em couro;
Assentos climatizados;
Central multimídia de 14,6 polegadas;
Câmera 360 graus;
Controle remoto de funções do carro via aplicativo;
Carregador de celular por indução;
Piloto automático adaptativo e sistemas de auxílio ao motorista (ADAS).
Poer P30
GWM Poer P30
Divulgação | GWM
Já a picape Poer P30 compartilha o mesmo motor turbo diesel e os itens de série, mas apresenta diferenças nas dimensões da carroceria:
Comprimento: 5,41 metros;
Largura: 1,94 metro;
Altura: 1, 88 metro.
Concorrentes fazem quase o mesmo
BYD e GWM não são as únicas montadoras que adotam o modelo de produção baseado na montagem de componentes pré-fabricados. Praticamente todas as marcas chinesas que atuam no Brasil seguem esse formato.
Abaixo, veja quais já possuem fábricas ou têm planos de produzir localmente:
Montadoras chinesas no Brasil
Arte/g1
BYD: inaugurou sua fábrica em Camaçari (BA), em julho. No local, funcionava a antiga planta da Ford. A capacidade prevista é de 150 mil veículos por ano. Os modelos produzidos serão Dolphin Mini, King e Song Pro.
GWM: abriu sua fábrica em Iracemápolis (SP), em agosto. O espaço abrigava a planta da Mercedes-Benz. A capacidade inicial é de 30 mil veículos por ano, com expectativa de chegar a 50 mil em três anos. Os primeiros modelos serão os SUVs Haval H6 e H9, além da picape Poer P30.
GAC: tem planos de abrir sua fábrica em 2026, em Catalão (GO), utilizando a estrutura da HPE Automotores. Enquanto a produção não começa, a marca opera um centro de distribuição de peças em Cajamar (SP).
Geely: ainda não anunciou uma fábrica própria, mas vai utilizar a unidade da Renault em São José dos Pinhais (PR). As duas empresas são parceiras tanto na montagem quanto na produção de motores, por meio da marca Horse. Não foram confirmados os primeiros modelos, mas o SUV elétrico EX5 é um forte candidato.
Chery: uma das primeiras montadoras chinesas a instalar uma fábrica no Brasil, tem duas unidades. Uma delas fica em Jacareí (SP), foi inaugurada em 2014 e fechada em 2022 para modernização. A expectativa é que ela produza os modelos das marcas Omoda e Jaecoo, que pertencem ao grupo Chery. Hoje, a Chery produz seus veículos na fábrica de Anápolis (GO), de onde saem os modelos Tiggo 5X, 7 e 8. A capacidade dessa planta é de 80 mil veículos por ano.
Está se sentindo desestimulado e apático no trabalho? Você pode estar sofrendo de 'rust out'
O rust out é o declínio mental e emocional causado por tarefas repetitivas e monótonas, que leva à desmotivação profissional
Getty Images via BBC
Funcionários tensos e sobrecarregados em qualquer lugar reconhecem as características do burnout: exaustão, despersonalização (sentir-se desligado dos outros ou de você mesmo no trabalho) e uma sensação reduzida de realização pessoal. Isso acontece quando o estresse crônico no trabalho não é administrado de forma adequada.
No outro extremo do espectro do estresse está o "rust out". Você talvez já tenha passado por isso. É quando os funcionários ficam entediados, apáticos ou desmotivados, frequentemente fazendo o mínimo necessário no trabalho. Isso pode levar à procrastinação, fazer com que eles passem muito tempo nas redes sociais ou busquem algo que os estimule em outro lugar.
Rust out é o declínio mental e emocional causado por tarefas repetitivas e monótonas e pela estagnação profissional contínua. Ao contrário do burnout, que resulta em sobrecarga de trabalho, o rust out surge da subutilização e da falta de tarefas estimulantes.
Essa condição pode ser agravada quando um ambiente de trabalho valoriza mais a eficiência e cumprimento de metas do que o engajamento profissional, levando as pessoas a se sentirem invisíveis ou substituíveis. Em outras palavras, acontece quando a pessoa não é desafiada o suficiente.
Pode parecer uma reclamação estranha para quem adoraria pensar um pouco menos em trabalho. Mas, a longo prazo, isso pode levar à insatisfação com a carreira e afetar a saúde mental.
Ainda assim, em muitas profissões, o rust out continua sendo um problema que não é falado. Talvez isso se deva à expectativa não oficial de que o trabalho seja algo entediante.
Falta de oportunidades no desenvolvimento de carreira e desafios pode gerar sentimentos de rust out
Getty Images via BBC
Nossa pesquisa investigou o rust out em uma profissão específica: a dos formadores de professores. Eles são professores universitários que treinam futuros professores. Um total de 154 desses profissionais responderam um questionário e, com 14 deles, realizamos entrevistas.
Embora a maioria tenha dito gostar do trabalho, nós encontramos sintomas e experiências que indicam rust out. Acreditamos que nossas descobertas possam ter relevância para outros contextos profissionais.
O rust out pode parecer um pouco com a tendência das redes sociais chamada quiet quitting (ou demissão silenciosa, na tradução para o português).
Contudo, os formadores de professores com quem nós conversamos não estavam deliberadamente se afastando de suas funções ou planejando sair. Na verdade, eles permaneciam altamente comprometidos com seus alunos — o que tornava a situação ainda mais frustrante.
Com frequência, eles viam a profissão como uma vocação e sentiam orgulho em guiar novos professores para a carreira. Muitos contaram sobre a alegria que era possível encontrar no trabalho e sobre os jovens brilhantes e inspiradores que eles ajudaram a formar. No entanto, alguns haviam perdido esse entusiasmo.
Pilhas cada vez maiores de documentos de trabalho os obrigaram a desviar o foco daquilo que eles amavam. E, de forma crucial, havia a sensação de que eles não faziam mais o trabalho para o qual haviam se candidatado.
Foco nos formadores de professores
Os formadores de professores no ensino superior equilibram múltiplas responsabilidades: dar aulas, supervisionar os estágios de seus alunos, orientar e realizar um extenso trabalho administrativo. Essas demandas deixam pouco espaço para o envolvimento com pesquisa, que é cada vez mais valorizada em universidades orientadas por métricas.
Descobrimos que a burocratização do ensino superior na Irlanda e no Reino Unido tem levado a um excesso de papelada, tarefas de compliance e mudanças constantes nos sistemas. Um professor nos disse: "Cerca de 70% da minha carga de trabalho agora é quase só administração, o que é muito deprimente."
Em conjunto, isso pode deixar pouco tempo para aspectos mais criativos ou profissionalmente enriquecedores da função, como o desenvolvimento de currículo, o ensino ou a pesquisa. "Eu geralmente sinto que eu não produzi nada no fim da semana e não há sensação de desenvolvimento", disse outro educador.
A satisfação profissional é fundamental para o bem-estar dos funcionários e sucesso de uma empresa
Getty Images via BBC
O rust out também pode acontecer quando há um desalinhamento entre as aspirações profissionais e as demandas do trabalho.
Por exemplo, no nosso estudo, alguns formadores de professores altamente qualificados, com experiência significativa em pesquisa, ensino e liderança, se sentiam sobrecarregados com tarefas repetitivas e de baixo valor, em vez de realizarem atividades mais alinhadas à sua expertise.
Um profissional disse: "As pessoas podem ser colocadas em uma função e permanecer naquela zona de conforto, em vez de serem desafiadas ou convidadas a tentar algo novo que poderia estimular a criatividade."
Alguns podem ficar confortáveis com o rust out por um tempo, mas ficar preso nessa situação pode levar à insatisfação profissional.
O crescimento profissional restrito pode gerar sentimentos de rust out. Isso inclui oportunidades limitadas para mudança de carreira, estruturas rígidas e falta de apoio ao desenvolvimento de carreira no ambiente de trabalho.
Se os funcionários são vistos como uma espécie de "porto-seguro", que podem ajudar a manter a operação em andamento, a satisfação profissional deles não é levada em conta.
"A conversa não acontece; é apenas 'você fez o trabalho?'", disse um formador de professores. "Não se trata de satisfação no trabalho; mas de você ter sorte de ter um emprego."
Os custos escondidos do rust out
O rust out traz consequências tanto pessoais quanto institucionais. A nível individual, ele leva ao desengajamento profissional, apatia e redução da motivação. Um dos entrevistados pela pesquisa disse estar "funcionando sem prosperar", com tarefas repetitivas corroendo seu senso de propósito.
Muitos formadores de professores relataram não conseguir falar sobre a insatisfação devido à cultura do ambiente de trabalho e às expectativas de desempenho.
"O rust out existe na formação de professores. Com certeza. Contudo, eu não tenho nenhuma experiência de conversar sobre isso com alguém", disse um professor.
Isso pode acontecer porque é conveniente para todos não falar sobre o assunto. Nada é abalado quando a equipe está trabalhando e cumprindo suas funções.
Esse silêncio beneficia as instituições a curto prazo, já que mantém a estabilidade e adia conversas difíceis. Mas, a longo prazo, pode contribuir para problemas de retenção, um clima organizacional negativo e possivelmente redução da inovação.
Acreditamos que o rust out deve entrar na agenda de saúde mental nos locais de trabalho, assim como acontece com o burnout. Os empregadores precisam reconhecer que o bem-estar de seus funcionários é parte essencial para o sucesso.
* Sabrina Fitzsimons é professora de Educação e co-diretora do Centro de Pesquisa Colaborativa em Formação de Professores na Dublin City University (DCU), na Irlanda.
David Smith é professor na Escola de Estudos Sociais Aplicados na Robert Gordon University, no Reino Unido.
Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês).
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No interior de São Paulo, toneladas de tilápias estão prontas para seguir ao frigorífico, mas o destino delas é incerto após o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros.
Com mais de 60% de suas exportações para os Estados Unidos, a indústria do pescado sofre como poucas com a taxa de 50%, em vigor desde 6 de agosto. Os lucros das empresas e os empregos do setor enfrentam um panorama sombrio.
Segunda exportadora de tilápia do Brasil, a empresa Fider Pescados tem 400 tanques de criação e engorda no rio Grande, em São Paulo. Eles abastecem seu frigorífico em Rifaina, pequena cidade no interior do estado, onde processa 9.600 toneladas por ano.
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Tanques para produção de tilápia em Rifaina, no interior de São Paulo
Nelson Almeida/AFP
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Antes do tarifaço, 40% deste volume iam para o mercado norte-americano. Desde que a taxa entrou em vigor, as exportações já diminuíram quase um terço.
"A expectativa agora é que as exportações aos Estados Unidos fiquem zeradas. A taxação de 50% é inviável", diz o diretor da empresa, Juliano Kubitza.
O ciclo da tilápia, peixe de carne branca e consumo popular, leva oito meses. "Não é como o frango, que tem um ciclo de 40 dias e você pode recalcular. O peixe é como um trem em movimento: não dá para frear rapidamente", lamenta.
A diretoria da Fider corre contra o tempo para abrir novos mercados, mas reconhece que não existem outros países com o mesmo consumo dos EUA.
Tilápia é um dos peixes mais consumidos pela população
Nelson Almeida/AFP
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Funcionários temem demissões
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Pescados, cerca de 20 mil trabalhadores podem ser afetados em cortes e paralisações.
A Fider emprega cerca de 500 pessoas em Rifaina, cidade de 4 mil habitantes às margens do rio Grande, e em municípios vizinhos.
"Eu já comentei com os meninos: 'Olha, o tarifaço vem para dar uma rebatida na gente. Querendo ou não, isso vai impactar no nosso emprego e na produção, porque aqui exportamos muito'", admite Sérgio Secco, de 43 anos, líder de equipe nos tanques da empresa.
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Trabalhador em tanque para produção de tilápia no interior de São Paulo
Nelson Almeida/AFP
Enquanto corta filés de pescado na linha de produção, Rafaela Ferreira do Nascimento, de 26 anos, admite que os funcionários estão com receio de ficar sem trabalho.
Mas, por enquanto, demitir os funcionários não é opção: a redução do pessoal a impediria de processar a tempo as toneladas de tilápia que estão prontas para sair da água.
Produção de tilápia no interior de São Paulo
Nelson Almeida/AFP
Mercado interno pode ser alternativa
Quando o peixe atinge peso ideal nos tanques, deve seguir para o frigorífico para abate, processamento e envio ao destino, fresco ou congelado.
Os Estados Unidos consomem principalmente tilápia fresca, que tem uma margem de lucro maior. Com a queda nas exportações, a empresa terá que congelar parte dos peixes que seriam vendidos frescos, afirma o supervisor de produção Samuel Araújo Carvalho.
Tanque para produção de tilápia no interior de São Paulo
Nelson Almeida/AFP
"Se olharmos para fora, tem poucos países onde poderíamos chegar com produto fresco", acrescenta o diretor da Fider, Juliano Kubitza.
Por isso, a aposta imediata é aumentar as vendas no Brasil, que já recebe metade da produção.
Mas não se conquista um mercado da noite para o dia. A empresa terá que vender por preços menores do que previa antes do tarifaço.
"Com esse negócio das taxas, [a Fider] veio nos oferecer um precinho. Mas eles sempre nos venderam caro e agora nós não vamos comprar", diz o dono de um restaurante em Rifaina, que prefere não se identificar.
Enquanto procura novos clientes, a Fider suspendeu um plano para aumentar a produção em 35%.
"O desempenho dos próximos meses vai ditar o que faremos no ano que vem. Agora é sangue frio e buscar para quem vender", afirma Kubitza.
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Mega-Sena pode pagar R$ 55 milhões neste sábado
Mega-Sena
Marcelo Brandt/G1
O concurso 2.902 da Mega-Sena pode pagar um prêmio de R$ 55 milhões para os acertadores das seis dezenas. O sorteio ocorre às 20h deste sábado (16), em São Paulo.
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No concurso da última quinta-feira (14), ninguém levou o prêmio máximo.
A aposta mínima para a Mega-Sena custa R$ 6 e pode ser realizada também pela internet, até as 19h – saiba como fazer a sua aposta online.
A Mega tem três sorteios semanais: às terças, quintas e sábados.
Entenda como funciona a Mega-Sena e qual a probabilidade de ganhar o prêmio
Para apostar na Mega-Sena
As apostas podem ser realizadas até as 19h (horário de Brasília) em qualquer lotérica do país ou por meio do site e aplicativo Loterias Caixa, disponíveis em smartphones, computadores e outros dispositivos.
É necessário ter 18 anos ou mais para participar. O pagamento, nesse caso, é realizado de forma online, com opção via PIX.
Probabilidades
A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada. Para um jogo simples, com apenas seis dezenas, que custa R$ 6, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa.
Já para uma aposta com 20 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 232.560,00, a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 1.292, ainda de acordo com a instituição.
Brasil não tem tratamento desleal ou discriminatório contra EUA, diz confederação do agro
Trump dá entrevista à imprensa
Mandel NGAN / AFP)
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) negou que o Brasil tenha práticas comerciais que possam ser consideradas “desleais ou discriminatórias” contra os EUA. A entidade protocolou, nesta sexta-feira (15), uma defesa contra a investigação aberta a pedido do presidente Trump, em julho.
A investigação realizada pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) tem por base a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974. Essa legislação prevê a apuração de práticas estrangeiras desleais que impactam o comércio americano.
Essa lei permite que os EUA adotem medidas para tentar corrigir práticas comerciais desleais, como a aplicação de tarifas ou sanções contra o país-alvo da investigação.
A investigação misturou declarações comerciais e políticas para tentar justificar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Envolveu desmatamento e até a ferramenta PIX, do Banco Central, e o comércio da 25 de março.
A defesa do CNA aborda 3, dos 6 eixos temáticos apontados pelos EUA na investigação. Confira abaixo.
Tarifas preferenciais
Qual é a acusação: o documento diz que o Brasil concede tarifas reduzidas e vantajosas a determinados parceiros comerciais estratégicos, o que colocaria as exportações dos EUA em desvantagem competitiva.
O que diz a CNA: a entidade alega que o Brasil concede tratamento tarifário preferencial de forma limitada, com base em acordos compatíveis com o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) e com a Cláusula de Habilitação da Organização Mundial do Comércio (OMC), como os celebrados com México e Índia.
Esses acordos representariam apenas 1,9% das importações brasileiras, segundo a confederação. Além disso, a organização afirma que os EUA possuem acordos de livre comércio em vigor com 20 países.
Por estas razões, "não há tratamento discriminatório contra os EUA e a rede atual de acordos preferenciais do Brasil é limitada e não prejudica as relações comerciais bilaterais com o país", diz o documento.
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Acesso ao mercado de etanol
Qual é a acusação: o texto diz que o país "recuou de seu compromisso de oferecer tratamento praticamente livre de tarifas ao etanol dos EUA e agora impõe tarifas substancialmente mais altas às exportações americanas".
O que diz a CNA: a confederação informa que entre 2010 e 2017 houve uma isenção tarifária para o etanol dos EUA. Depois deste período, foi adotada a tarifa de Nação Mais Favorecida (NMF), que é de 18% — ainda inferior o imposto aplicado aos países do Mercosul, que é de 20%.
A entidade aponta também que o programa RenovaBio, que estimula a produção e consumo de combustíveis renováveis, é aberto a produtores estrangeiros que atendam aos critérios técnicos e ambientais exigidos.
Desmatamento ilegal
Qual é a acusação: segundo o documento, “o Brasil aparentemente não está fazendo cumprir de maneira eficaz as leis e regulamentações destinadas a combater o desmatamento ilegal, o que compromete a competitividade dos produtores americanos de madeira e produtos agrícolas”.
O que diz a CNA: a organização defende que o Brasil possui legislação ambiental robusta e avançada, como o Código Florestal, a Lei de Crimes Ambientais, o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas (PPCD), além de sistemas de monitoramento.
O documento divulgado nesta sexta-feira alega também que o Brasil possui ferramentas como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que garantem rastreabilidade e conformidade da produção agropecuária.
Também são citados o Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor) e o Documento de Origem Florestal (DOF+), que fazem um controle da exploração de madeira no Brasil, com rastreabilidade obrigatória e certificações reconhecidas
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Quais são os outros 3 eixos?
Na defesa da CNA, ficaram de fora os seguintes eixos presentes no documento da investigação do USTR:
➡️Comércio digital e serviços de pagamento eletrônico
Segundo o documento dos EUA, o Brasil pode estar prejudicando a competitividade de empresas americanas nesses setores, ao adotar medidas de retaliação contra companhias que se recusam a censurar discursos políticos ou o impor restrições à sua atuação no mercado nacional.
➡️Aplicação de medidas anticorrupção
“A falha do Brasil em aplicar medidas de combate à corrupção e de transparência levanta preocupações em relação às normas internacionais contra suborno e corrupção”, afirma o texto.
➡️Proteção da propriedade intelectual
De acordo com o documento, o Brasil aparenta falhar na garantia de proteção eficaz e fiscalização rigorosa dos direitos de propriedade intelectual, o que impacta negativamente os trabalhadores americanos que atuam em setores baseados em inovação e criatividade.
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Justiça dos EUA poupa Argentina de entregar ações da estatal YPF enquanto avalia recursos
Apoiadores do projeto de lei de nacionalização do petróleo acenam com bandeiras que dizem: 'Lutar e devolver a YPF', em frente ao Congresso em Buenos Aires, na Argentina, em 25 de abril de 2012.
AP/Natacha Pisarenko
Um tribunal de apelações de Nova York aceitou, nesta sexta-feira (15), o pedido do governo da Argentina para suspender a entrega de 51% das ações da YPF.
A decisão vale enquanto os recursos relacionados à sentença que obriga o país a indenizar duas empresas afetadas pela estatização da petroleira são analisados.
A YPF é uma empresa estatal petroquímica estatizada em 2012, durante a gestão da então presidente Cristina Kirchner.
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Na época, a Argentina assumiu o controle de 51% das ações da YPF, então parcialmente controlada pelo gigante espanhol Repsol, que recebeu US$ 5 bilhões de indenização dois anos depois (R$ 10,2 bilhões na cotação do período).
Acionistas minoritários, como Petersen Energía e Eton Park Capital, não receberam indenização, o que os levou, em 2015, a entrar com uma ação alegando que o país não realizou a oferta pública de aquisição (OPA) prevista em lei.
Após decidir contra a Argentina em setembro de 2023, a juíza federal norte-americana Loretta Preska determinou, em 30 de junho, que o Estado argentino entregasse 51% das ações da YPF.
A medida, conforme a decisão, tinha o objetivo de garantir "parcialmente" o pagamento de US$ 16,1 bilhões (R$ 86,8 bilhões) a duas empresas que detinham 25,4% do capital da petroleira antes da nacionalização.
A Argentina recorreu da decisão e pediu a suspensão da ordem de Preska, um pedido aceito nesta sexta-feira por um tribunal de apelações em Nova York.
"Após a devida consideração, por meio desta, ordena-se que sejam aceitas as moções de suspensão e que as ordens do tribunal distrital de 30 de junho de 2025 fiquem suspensas enquanto se resolvem as apelações", determinou em seu despacho Catherine O'Hagan Wolfe, secretária do Tribunal do Segundo Circuito de Manhattan.
A gestão do presidente Javier Milei celebrou a decisão. Em comunicado, o governo afirmou que a medida "garante que a República Argentina mantenha a participação majoritária do Estado Nacional na companhia enquanto avança a apelação".
A ordem do tribunal "não afeta o curso da apelação de mérito contra a sentença emitida em setembro de 2023", acrescentou.
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Por que grandes frigoríficos brasileiros não deverão sentir tanto o tarifaço dos EUA
Carne bovina do Brasil é um dos alvos do tarifaço de Trump
CNA e Reuters
Grandes produtores de alimentos, JBS, Marfrig e Minerva estão entre as maiores exportadoras brasileiras de carne bovina, com unidades dentro e fora do Brasil. Essa flexibilidade provavelmente fará com que essas empresas não sintam tanto o peso do tarifaço de 50% dos EUA.
Marfrig e Minerva já disseram que não dependem exclusivamente dos seus frigoríficos brasileiros para atender ao mercado norte-americano, segundo maior comprador de carne do país.
Um dia depois de Donald Trump anunciar o tarifaço de 50%, no início de julho, a Minerva divulgou para o mercado que a sobretaxa para compra de produtos brasileiros pelos EUA poderia afetar, no máximo, 5% de sua receita total.
Além do Brasil, a empresa envia produtos para os EUA pelas suas indústrias na Argentina, no Paraguai, no Uruguai e na Austrália.
Segundo a Minerva, no último ano, as exportações para os EUA representaram 16% do seu faturamento, sendo que o Brasil respondeu por apenas 30% dessa fatia.
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DESAFIO: redirecionar o que não for comprado pelos EUA para novos mercados não é tão simples
A Marfrig manda carne para o país de Trump a partir de fábricas no Brasil, no Uruguai e na Argentina, segundo comunicado feito para investidores no início deste mês.
A empresa informou que, em 2025, as exportações de carne bovina e processados do Brasil para os EUA representaram somente 1,4% das vendas totais da companhia na América do Sul e 0,18% de toda a operação global.
A JBS disse, na última quinta-feira (14), que ainda é cedo para estimar qual será efeito do tarifaço de 50%. Mas que não houve impacto da sobretaxa nos resultados da empresa no segundo trimestre do ano: em abril, Trump já tinha imposto uma tarifa extra de 10% sobre os produtos brasileiros; somente a partir de agosto ela passou para 50%.
"Se você olhar só para a Friboi no Brasil, no geral o impacto não é relevante. Mas, em algumas plantas específicas que exportavam mais para os EUA, talvez", contextualizou o CEO global, Gilberto Tomazoni, durante a divulgação dos resultados.
"Mas essa é a vantagem da nossa plataforma global, que permite redirecionar a produção e mitigar bastante o impacto", destacou.
Tomazoni afirmou à agência Reuters, na quarta-feira (13), que algumas fábricas da JBS no Brasil que interromperam brevemente a produção retomaram as atividades para redirecionar alguns produtos para outros mercados.
Como o tarifaço de Trump impacta nas exportações de carne bovina do Brasil?
Indústria de carne nos EUA vive desafio
Questionada pelo g1, a JBS não informou de quais países partem os embarques para os EUA, além do Brasil. A empresa também tem unidades no México e na Austrália, além dos EUA, onde a Marfrig também atua.
Além de São Paulo, a JBS passou a negociar suas ações na Bolsa de Nova York, em junho deste ano, e anunciou novos investimentos nos EUA nesta quinta, incluindo US$ 200 milhões em plantas no Texas e no Colorado.
Vale lembrar que os rebanhos dos americanos estão no nível mais baixo da história, o que tem feito as compras do alimento de países estrangeiros dispararem — e o preço da carne nos EUA também.
A própria JBS prevê que a disponibilidade de gado nos EUA vai melhorar gradualmente apenas a partir do final de 2027.
Quantidade de bois no território americano ao longo dos anos.
Arte/g1
Outro fator que impacta a operação de carne bovina da JBS nos EUA, segundo a empresa, é o fechamento da fronteira com o México, em maio, devido à ocorrência da bicheira-do-Novo Mundo, um parasita.
Possíveis perdas para o Brasil
Mesmo com a possibilidade de sentirem menos o tarifaço, Marfrig e JBS têm articulado com empresas e com o governo dos EUA para livrar a carne bovina brasileira da sobretaxa, afirmou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Perosa, em evento na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), no último dia 12.
Ainda que os EUA comprem um volume de carne bovina bastante inferior ao da China, maior cliente do Brasil, a associação estima que as perdas com o tarifaço para o setor podem chegar a US$ 1 bilhão em 2025.
As exportações para os EUA, que foram recordes no início do ano, começaram a cair a partir de maio, na comparação mensal, já impactadas pela sobretaxa de 10%, que começou a valer no mês anterior.
Mesmo assim, as vendas totais de carne brasileira para o exterior bateram recorde em julho, segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).
Raio X: veja dados da exportação de carne bovina brasileira
Arte / g1
Tarifaço do Trump: agro quer mais detalhes e agilidade na aplicação de medidas de socorro a exportadores
Governo Federal anuncia socorro aos exportadores prejudicados pelo tarifaço americano
O agro quer mais detalhes e agilidade do governo federal na aplicação das medidas de socorro a empresas afetadas pelo tarifaço de 50% que os EUA impuseram aos produtos brasileiros.
O governo anunciou o pacote na quarta-feira (13), mas grandes entidades, como a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) e a Associação Brasileira Agronegócio (Abag), não se manifestaram até esta sexta-feira (15).
A assessoria de imprensa da Abag disse que isso se deve à “complexidade das medidas que ainda serão definidas pelo governo”.
Apenas os exportadores de frutas divulgaram nota no dia do anúncio. Associações de café, mel, frutas e pescados se manifestaram um dia depois, mas ainda têm com dúvidas sobre:
quais serão as taxas de juros e os prazos de pagamento da linha de crédito de R$ 30 bilhões;
se o crédito poderá ser usado para pagar empréstimos já contratados, como o adiantamento de contrato de câmbio, em que o exportador recebe recursos antes do embarque das mercadorias;
se os benefícios tributários irão valer apenas para as vendas aos EUA, ou para todos os países.
Apesar da urgência do setor, a implementação das medidas não deve ser rápida. Parte delas depende da publicação de 20 atos normativos para terem efeito prático, e o governo ainda não deu prazo para isso acontecer.
É o caso da linha de crédito de R$ 30 bilhões. Em resposta ao g1, o Ministério da Fazenda disse que as condições do empréstimo ainda estão sendo definidas e que precisam ser aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CNM).
Abaixo, veja o que associações de café, frutas e mel pensam sobre o pacote.
Café ☕
Dentre as medidas anunciadas, o Reintegra é uma das que têm potencial para ajudar o setor, afirma o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), Aguinaldo Lima.
Este é um programa que devolve para o exportador parte dos impostos pagos ao longo da produção. Para grandes e médias empresas, essa devolução será de 3,1% do valor da venda, enquanto para as micro e pequenas, de 6%.
➡️Por exemplo, se um grande exportador faz uma venda de R$ 100 mil, ele recebe de volta 3% desse montante.
Mas Lima diz que essa medida só ajudará o setor se for aplicada nas exportações de café para todos os países, e não somente para os EUA, algo que o governo ainda não esclareceu.
"Nosso café vai ficar 50% mais caro nos EUA. Se eu recebo 3% de volta, significa que eu vou poder reduzir meu preço de venda para os EUA em 3%. Isso é bom, mas não compensa todas as perdas que eu terei naquele mercado", comenta Lima.
"Agora, se eu consigo diminuir meu preço em 3% para todos os países, eu me torno mais competitivo em outros mercados, e consigo compensar o que eu eventualmente perder para os EUA", acrescenta.
De qualquer forma, Lima destaca que a demanda principal é incluir o café na lista de isenção de tarifas dos EUA. O país é hoje o maior comprador de café solúvel brasileiro, respondendo por 20% de todas as exportações nacionais do setor.
Outra demanda da Abics é esclarecer se a linha de crédito de R$ 30 bilhões será destinada aos Adiantamentos de Contrato de Câmbio (ACC), modalidade de empréstimo bastante utilizada pelo setor, que permite aos exportadores antecipar recursos antes do embarque das mercadorias.
O diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, disse que, em relação à linha de crédito, é preciso ter um detalhamento dos limites por empresa e das taxas de juros.
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Arte/g1
Frutas 🥭
A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas) disse, em nota, que o anúncio do governo federal foi um avanço, e que algumas das medidas anunciadas, como o drawback e o adiamento de tributos, atenderam a pleitos do setor.
Além disso, a entidade diz que a compra pública de frutas pode minimizar parte das perdas.
No entanto, afirmam que o pacote não alcança todos os produtores.
"O pequeno agricultor, que comercializa sua produção para empresas exportadoras, corre o risco de ficar desamparado neste plano, uma vez que os instrumentos anunciados priorizam diretamente o exportador direto", disse a associação.
"Sem medidas que cheguem efetivamente à base da produção, há risco de retração nas compras e prejuízo à renda e à permanência desses produtores no campo", acrescenta.
Segundo a entidade, os pequenos agricultores representam a maior parte da fruticultura.
Mel 🐝
Já os produtores de mel estão preocupados com o tempo que as medidas levarão para chegar, de fato, às mãos dos exportadores, afirma Renato Azevedo, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel).
Ele explica que os exportadores fecharam contratos com empresas dos EUA para os próximos três, quatro meses, com um preço de venda já definido.
Com o tarifaço, esses contratos foram suspensos, e muitos exportadores estão agora com produtos estocados. Além disso, empresas americanas estão querendo diminuir o preço pago pelo mel.
"Isso causa um descompasso financeiro para as empresas, e as medidas precisam ser efetivadas a tempo para evitar esse problema", diz Azevedo.
Apesar disso, ele ressalta que o governo também contemplou pedidos do setor, e que a linha de crédito é uma das medidas que mais pode ajudá-los.
"As compras públicas podem ajudar em algumas regiões, como o Nordeste, que é um grande produtor de mel orgânico – quase 100% exportado e não tem um alto consumo interno", afirma Azevedo.
"Se não houver compras, o mel pode ser desvalorizado e ter seu preço reduzido ao de um mel convencional", acrescenta.
Pescados 🐟
O presidente executivo da Peixe BR, Francisco Medeiros, disse que as medidas são um importante avanço nas políticas de exportação.
"As principais expectativas, principalmente na questão de recursos e compra governamentais, ainda dependem de regularização", afirma
"Após esses regulamentos, poderemos avaliar a real oportunidade de ajuda que o programa possa nos trazer imediatamente, de forma emergencial", acrescenta.
O g1 procurou a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), mas a entidade não respondeu até a publicação dessa reportagem.
Entenda o impacto do tarifaço de Donald Trump para o agro do Brasil
São Paulo Innovation Week: capital paulista sediará conferência global de inovação e tecnologia em 2026
Rio Innovation Week 2025
Divulgação
A capital paulista será, pela primeira vez, sede de um dos maiores eventos de inovação e tecnologia do país. A primeira edição do São Paulo Innovation Week foi anunciada para maio de 2026 nesta sexta-feira (15), último dia da edição do Rio Innovation Week, no Pier Mauá.
O SPIW será realizado em parceria entre a Base — organizadora do Rio Innovation Week — e o Estadão. A expectativa é atrair cerca de 30 mil visitantes por dia.
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Os palcos principais ficarão no Mercado Livre Arena Pacaembu e na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), mas a programação também vai se espalhar por equipamentos culturais na periferia da cidade. Os locais ainda vão ser definidos.
A programação terá como base as principais trilhas da economia e prevê: 24 conferências, mais de 1,5 mil palestrantes, 1 mil startups e 150 expositores, em uma área de 50 mil m².
“A expansão para São Paulo é um caminho natural depois de cinco edições muito bem-sucedidas no Rio de Janeiro. A São Paulo Innovation Week vai permitir aprofundar temas como finanças, agronegócio e empreendedorismo, que fazem parte do DNA da cidade e do estado", afirmou Jerônimo Vargas, cofundador e diretor-geral do evento.
Terceiro dia do Rio Innovation Week reúne tecnologia, inovação e histórias inspiradoras no Píer Mauá
O projeto prevê trilhas temáticas que vão da inteligência artificial ao agronegócio, passando por saúde global, moda digital, transição energética, esportes, mobilidade e varejo.
Segundo os organizadores, a conferência será uma oportunidade de oferecer ao público acesso antecipado a ideias e tendências que impactam o mercado e a sociedade.
A programação também incluirá eventos paralelos gratuitos na periferia, com painéis de jovens empreendedores locais e encontros sobre transformação digital e cultural.
A novidade paulista não significa o fim do evento carioca de inovação, que em 2025 chegou a sua 5ª edição.
"O Rio continuará sendo a nossa casa, pois é onde a nossa história começou. Ter o evento nas duas maiores metrópoles do país vai potencializar oportunidades de negócios e conexões entre os participantes de ambas as cidades", afirmou Vargas.
Conferências previstas para o SPIW
Temáticas gerais:
Plenária SP Innovation Week
SPIW Talks
Temáticas segmentadas:
AI in Action
Agro Tech
Ciência para Todos (com Marcelo Gleiser)
Edutech
Fintech
Futuro (Mercado de Trabalho)
Geopolítica e Geoeconomia
Global Health
E-Gov
Humanare – DHO
Luxo Contemporâneo
Moda e Beleza Digital
Nova Mobilidade
Open Innovation
Real State Tech
Retail Talks
Sports Tech Revolution
Sociedade 5.0
SP Creative Mind
Tech Trends
Transição Energética & Green Future
Aprenda a época certa para plantar diferentes frutas e hortaliças
O produtor rural Daltro, de Júlio de Castilhos (RS), procurou o Globo Rural para entender qual é a melhor época para plantar diferentes frutas e hortaliças. Nós te indicamos um catálogo desenvolvido pelo Sebrae, em parceria com a Embrapa Hortaliças. A publicação traz dicas sobre os meses mais indicados para o plantio de 50 espécies das mais comercializadas no Brasil — sempre considerando as particularidades de cada região do país. O material é gratuito e está disponível online. 📲 Acesse aqui
Desemprego cai em 18 estados brasileiros no 2º trimestre de 2025, diz IBGE
Jovens negras são mais afetadas pelo desemprego no Brasil
A taxa de desemprego caiu em 18 estados brasileiros no segundo trimestre de 2025, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Trimestral, divulgada nesta sexta-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nas outras nove unidades da federação (UFs), o índice ficou estável, com oscilações menos expressivas na comparação com o primeiro trimestre do ano. Veja abaixo.
Tiveram queda na taxa de desemprego: Santa Catarina (SC), Goiás (GO), Espírito Santo (ES), Rio Grande do Sul (RS), Mato Grosso do Sul (MS), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Ceará (CE), Maranhão (MA), Alagoas (AL), Amapá (AP), Piauí (PI), Paraíba (PB), Minas Gerais (MG), Pará (PA), Bahia (BA), Amazonas (AM), Rio Grande do Norte (RN)
Tiveram estabilidade: Pernambuco (PE), Distrito Federal (DF), Sergipe (SE), Acre (AC), Roraima (RR), Tocantins (TO), Paraná (PR), Mato Grosso (MT), Rondônia (RO)
As maiores taxas foram de Pernambuco (10,4%), Bahia (9,1%) e Distrito Federal (8,7%) e as menores, de Santa Catarina (2,2%), Rondônia (2,3%) e Mato Grosso (2,8%).
De acordo com o IBGE, a média geral de desemprego no Brasil foi de 5,8%, uma queda em relação ao primeiro trimestre, quando a taxa era de 7%. Este é também o menor índice registrado para o período desde que o IBGE passou a calcular o indicador, em 2012.
🔎 O IBGE considera desocupadas as pessoas que não têm trabalho, mas estão ativamente procurando uma oportunidade, mesmo critério usado em padrões internacionais.
"O primeiro trimestre mostrou que o mercado conseguia absorver grande parte da mão de obra temporária. Agora, os dados do segundo trimestre confirmam que o mercado continua resistente a pioras, indicando um cenário positivo", afirma William Araújo, pesquisador do IBGE.
Segundo ele, isso explica o aumento do emprego formal e a redução da informalidade no país.
INFOGRÁFICO - Taxa de desemprego em 27 estados da federação
Arte/g1
Menor escolaridade concentra maior taxa de desemprego
A pesquisa do IBGE divulgada nesta sexta-feira também compara os níveis de desemprego segundo gênero, cor ou raça e nível de escolaridade.
Na série histórica, o desemprego foi mais alto entre quem não concluiu o ensino médio, chegando a 22,7% no 2º trimestre de 2021.
No segundo trimestre de 2025, a taxa de desocupação foi de 4,8% entre os homens e 6,9% entre as mulheres.
Por cor ou raça, o índice ficou abaixo da média nacional entre os brancos (4,8%) e acima entre pretos (7,0%) e pardos (6,4%).
Entre quem tem nível superior incompleto, a taxa alcançou 5,9%, quase o dobro da observada entre os que concluíram o nível superior (3,2%).
Redução no tempo de busca por emprego
No segundo trimestre de 2025, menos pessoas estavam desempregadas em todas as categorias de tempo que elas levam para procurar trabalho, se comparado ao mesmo período de 2024.
Algumas faixas de tempo registraram os menores números já vistos para um segundo trimestre desde 2012, mostrando melhora histórica no mercado de trabalho.
As exceções foram:
Pessoas que procuram emprego há menos de um mês: o número caiu, mas o menor registro anterior havia sido em 2016.
Pessoas que buscam trabalho há 2 anos ou mais: ainda eram 1,3 milhão, mas esse número caiu 23,6% em relação ao mesmo período de 2024.
Maranhão registra a maior proporção de desalentados e informais; Santa Catarina, a menor
O percentual de desalentados — pessoas que gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar emprego — no país chegou a 2,5% no segundo trimestre de 2025.
Maranhão (9,3%), Piauí (7,1%) e Alagoas (6,9%) apresentaram os maiores percentuais, enquanto os menores foram registrados em Santa Catarina (0,3%) e Mato Grosso do Sul (0,8%). Em seguida, vinham Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e São Paulo (todos com 0,9%).
Já a taxa de informalidade, ou seja, trabalhadores sem carteira assinada, foi de 37,8% da população ocupada no país.
As maiores taxas ficaram com Maranhão (56,2%), Pará (55,9%) e Bahia (52,3%) e as menores, com Santa Catarina (24,7%), Distrito Federal (28,4%) e São Paulo (29,2%).
Segundo William Araújo, Santa Catarina, onde os índices eram os menores, é a unidade da federação com a maior participação na indústria, com 23% da população ocupada no setor, o maior percentual do país.
Santa Catarina tem taxa de desemprego abaixo da média nacional.
Foto: Roberto Zacarias/SECOM
Dólar fecha a semana a R$ 5,39, à espera de encontro entre Trump e Putin; Ibovespa recua
Trump e Putin se encontram nesta sexta (15).
O dólar fechou em queda de 0,35% nesta sexta-feira (15), cotado a R$ 5,3983. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, teve leve queda de 0,01%, aos 136.341 pontos.
O principal assunto do dia é o aguardado encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o presidente russo, Vladimir Putin , no Alasca. Eles discutem um possível acordo de cessar-fogo na Ucrânia, mas a Casa Branca não descarta uma segunda cúpula que envolva o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
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▶️ No Brasil, investidores seguem atentos aos efeitos da tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros.
Ontem, Trump criticou o Brasil, chamando o país de “péssimo parceiro comercial”. Além disso, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, disse esperar novas tarifas e possíveis sanções a autoridades brasileiras.
Os EUA também cancelaram o visto da esposa e da filha de 10 anos de Alexandre de Padilha, ministro da Saúde do governo Lula (PT). Ambas estão no Brasil. Padilha não foi afetado porque seu visto está vencido desde 2024.
O governo dos EUA afirma que o Programa Mais Médicos, criado por Padilha no primeiro governo Dilma Rousseff (2011 a 2014), representou um “golpe diplomático”.
▶️ Enquanto isso, o presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, marcou para 2 de setembro a primeira sessão de julgamento da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado.
Serão julgados o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus do chamado núcleo crucial do golpe, formado por aqueles considerados os principais integrantes da suposta organização criminosa denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
▶️ Na bolsa, investidores reagem ao balanço do segundo trimestre do Banco do Brasil. O lucro líquido do banco foi de R$ 3,8 bilhões, queda de 60% em relação ao mesmo período do ano anterior e abaixo das expectativas do mercado.
▶️ O IBGE divulgou a PNAD Contínua trimestral, que mostrou queda na taxa de desemprego em 18 estados brasileiros no segundo trimestre.
🔎 A PNAD Contínua é uma pesquisa domiciliar que acompanha a evolução da força de trabalho e outras informações socioeconômicas, apresentando dados trimestrais sobre a população ocupada e desocupada, além de indicadores anuais sobre temas como educação, trabalho infantil e outros assuntos relevantes.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -0,69%;
Acumulado do mês: -3,62%;
Acumulado do ano: -12,64%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: +0,31%;
Acumulado do mês: +2,46%;
Acumulado do ano: +13,35%.
Trump critica o Brasil
Na quinta-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que o Brasil é um "péssimo parceiro comercial". Ao ser questionado sobre as tarifas aplicadas a países da América Latina e à aproximação deles com a China, principalmente após a medida, Trump afirmou que não está preocupado.
No entanto, ele não poupou críticas ao Brasil:
"O Brasil tem sido um péssimo parceiro comercial em termos de tarifas — como você sabe, eles nos cobram tarifas enormes, muito, muito maiores do que as que nós cobramos, e, basicamente, nós nem estávamos cobrando nada”, disse Trump.
Apesar disso, dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que o país tem déficit na relação comercial com os Estados Unidos desde 2009. Em 2024, considerando produtos e serviços, o déficit foi superior a US$ 28 bilhões.
O presidente americano também voltou a defender Bolsonaro, afirmando que “o Brasil tem algumas leis muito ruins acontecendo”.
Falando no ex-presidente brasileiro, o seu filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado, disse ontem à Reuters que, após reuniões com autoridades norte-americanas, não vê como o Brasil negociar a redução da tarifa de 50% imposta pelo governo Trump sem que haja “concessões” do Supremo.
Encontro com Putin
Donald Trump e Vladimir Putin, presidente da Rússia, voltarão a ficar cara a cara nesta sexta-feira (15) — em um encontro com potencial de "selar a paz mundial", como disse esperar Putin.
A reunião, que ocorrerá a partir das 16h pelo horário de Brasília em uma base militar do Alasca que já foi usada para espionagem à ex-União Soviética — em território norte-americano, portanto — não terá a presença do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Segundo a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, a exclusão de Zelensky ocorreu porque partiu de Putin a ideia do encontro com Trump.
Embora tenham trocado críticas e ameaças nos últimos meses, tanto Trump como Putin sinalizaram, na véspera da reunião, estar esperançosos que será um bom encontro.
Indicadores econômicos dos EUA no radar
Esta sexta-feira é marcada pela divulgação de indicadores econômicos nos EUA, que devem orientar as expectativas dos investidores sobre as pressões inflacionárias no país.
O dia começou com a divulgação das vendas no varejo em julho, que cresceram 0,5% no mês passado, após alta revisada para 0,9% em junho. Parte desse aumento pode estar relacionada a elevação de preços impulsionada por tarifas, e não necessariamente ao aumento do volume vendido.
A previsão de economistas ouvidos pela Reuters era de avanço de 0,5%, após um aumento de 0,6%.
Em seguida, o Escritório de Estatísticas do Trabalho do Departamento do Trabalho informou que os preços de importados, excluídas as tarifas, subiram 0,4% no mês passado, após queda revisada para 0,1% em junho.
Economistas previam estabilidade nos preços de importados, após avanço de 0,1%.
Em seguida, a Pesquisa de Consumidores da Universidade de Michigan mostrou que o Índice de Confiança do Consumidor caiu para 58,6 neste mês, ante 61,7 em julho.
Economistas consultados pela Reuters esperavam que o índice subisse levemente para 62.
Balanço do Banco do Brasil decepciona
Ontem, o Banco do Brasil divulgou seus resultados financeiros do 2º trimestre. No período, a estatal registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,784 bilhões.
O resultado representa queda de 60% em relação ao mesmo período do ano passado e também ficou abaixo da previsão do mercado, que estimava cerca de R$ 5 bilhões para o trimestre.
Como o balanço foi divulgado após o fechamento da bolsa, os resultados foram avaliados pelos investidores no pregão desta sexta-feira.
Com a queda no lucro, a revisão para baixo do payout (percentual do lucro distribuído aos acionistas como dividendos) e a ausência de anúncio de dividendos, as ações chegaram a cair mais de 2% na abertura do mercado.
Ao fim do dia, subiram 4%, após terem operado em leilão pela manhã (quando uma ação sai do pregão por um curto período, sem deixar de ser negociada).
Desemprego cai no Brasil
A taxa de desemprego caiu em 18 estados brasileiros no segundo trimestre de 2025, segundo a PNAD Contínua Trimestral, divulgada nesta sexta-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A média nacional do desemprego foi de 5,8%, queda em relação ao primeiro trimestre, quando a taxa foi de 7%. O resultado é o menor para o período desde que o IBGE iniciou o cálculo do índice, em 2012.
Tiveram queda na taxa de desemprego: Santa Catarina (SC), Goiás (GO), Espírito Santo (ES), Rio Grande do Sul (RS), Mato Grosso do Sul (MS), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Ceará (CE), Maranhão (MA), Alagoas (AL), Amapá (AP), Piauí (PI), Paraíba (PB), Minas Gerais (MG), Pará (PA), Bahia (BA), Amazonas (AM), Rio Grande do Norte (RN);
Tiveram estabilidade: Pernambuco (PE), Distrito Federal (DF), Sergipe (SE), Acre (AC), Roraima (RR), Tocantins (TO), Paraná (PR), Mato Grosso (MT), Rondônia (RO).
Bolsas globais
Em Nova York, o índice Dow Jones fechou em alta após atingir um recorde nesta sexta-feira, com um salto das ações da UnitedHealth depois que a Berkshire Hathaway aumentou sua participação na seguradora de saúde. Os outros índices de Wall Street caíram, com os dados mistos da economia.
De acordo com dados preliminares, o S&P 500 perdeu 0,29%, para 6.449,68 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq caiu 0,40%, para 21.626,68 pontos. O Dow Jones subiu 0,10%, para 44.955,09 pontos.
Na Europa, investidores reagem aos balanços trimestrais das empresas e mantêm a expectativa em relação ao encontro entre Trump e Putin, que pode avançar em um acordo de paz para a Ucrânia.
O índice pan-europeu STOXX 600 teve leve queda de 0,06%, a 553,56 pontos, depois de atingir o maior nível em quase cinco meses mais cedo.
Na Ásia, as ações da China subiram e registraram o maior ganho semanal em nove meses. No fechamento, o índice de Xangai avançou 0,83%, enquanto o CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, subiu 0,7%.
Por outro lado, o índice Hang Seng, de Hong Kong, caiu 0,98%. Já o Nikkei, da bolsa do Japão, avançou 1,71%, para 43.378 pontos.
Dólar vive disparada nos últimos dias
Cris Faga/Dragonfly/Estadão Conteúdo
*Com informações da agência de notícias Reuters
Por que consumidores na América Latina têm comprado menos Coca-Cola e Pepsi no supermercado
Inflação cai em julho
Os mexicanos estão entre os povos que mais bebem refrigerante no mundo. Em média, quase 270,9 litros por domicílio por ano, contra 76,6 litros no Brasil, 114 litros no Reino Unido e 40 em Portugal, segundo os números da empresa de pesquisa Worldpanel by Numerator.
Tem gente que toma em todas as refeições, inclusive no café-da-manhã, conta Marcela Botana, que há muitos anos pesquisa os hábitos de consumo dos latino-americanos.
As marcas mais consumidas são, de longe, Coca-Cola e Pepsi — especialmente a primeira, que chega a mais de 90% dos lares do país.
Mas mesmo no México as duas marcas americanas vêm enfrentando uma dupla concorrência que tem reduzido a frequência com que vêm sendo compradas em supermercados na América Latina, Brasil incluído.
De um lado, está a percepção de que os refrigerantes não são saudáveis e, de outro, a emergência de marcas locais.
A dinâmica foi observada no conjunto de 15 países da região acompanhados pela pesquisa Brand Footprint América Latina, que analisa o comportamento de consumo no varejo dos moradores da região em relação a marcas globais. O relatório de 2025 foi adiantado com exclusividade à BBC News Brasil.
Consumo na América Latina é bastante sensível a preços, diz especialista
Getty Images via BBC
Colombiana, Pritty, Itubaína
A categoria de refrigerantes foi a que mais perdeu alcance em 2024, de acordo com a medida usada pela pesquisa, os Consumer Reach Points, ou CRP (pontos de alcance do consumidor, em tradução literal), que medem quantas vezes as marcas são escolhidas nas gôndolas pelos consumidores.
Acompanhando os gastos mensais de milhares de famílias, a análise olha para categorias como alimentos, bebidas e produtos de higiene pessoal (o grupo que no jargão do setor é conhecido pela sigla FMCG, de "fast-moving consumer goods", ou "bens de consumo de rápida movimentação", em tradução literal).
A queda foi puxada pelas duas marcas que dominam o mercado, a Cola-Cola, com redução de 4,7% em relação ao ano anterior, e a Pepsi, de 4,9%.
Uma das razões identificadas para o movimento é uma dinâmica recorrente quando se trata de América Latina: aumento de preços.
A trajetória de alta da inflação no último ano, especialmente de alimentos, reduziu o poder de compra de muitas famílias e as obrigou a fazer escolhas que acabaram diminuindo a frequência com que escolhiam as marcas no supermercado.
"Na América Latina, a gente sabe lidar com essa questão [da inflação]. O consumidor equilibra", comenta Botana.
Uma das consequências dessa busca por equilíbrio financeiro foi o aumento do consumo de marcas locais, que geralmente são mais baratas.
Caso da Red Cola no México, da Cunnington e da Pritty na Argentina, da Colombiana na Colômbia e do Itubaína no Brasil. A marca brasileira, que hoje pertence ao Grupo Heineken, registrou o maior aumento de CRP em relação ao ano anterior, de mais de 50%.
Botana destaca que a chance de entrar na casa das pessoas é uma oportunidade para as marcas menores tentarem ser mais conhecidas — um movimento bastante difícil num mercado dominado por duas grandes multinacionais.
"A partir do momento em que essas marcas começam a ser repetidas [compradas mais de uma vez], elas passam a atrair mais consumidores. É uma construção de relevância pra elas", destaca a especialista, emendando que o levantamento não observou um movimento de rejeição a essas marcas menores, com compras isoladas que não se repetiram.
Lei de rotulagem para produtos ultraprocessados ganhou fôlego na região
Getty Images via BBC
'Alto em açúcar adicionado'
Em paralelo à motivação econômica, a análise identificou outra força impulsionando a redução de frequência no consumo de Coca e Pepsi, a ideia de que refrigerantes fazem mal à saúde.
Em um levantamento recente da Worldpanel by Numerator, 89% dos latino-americanos declararam enxergar bebidas açucaradas como negativas e 38% disseram querer diminuir o consumo de refrigerantes em algum momento nos três meses seguintes.
Em entrevista recente à BBC News Brasil, a nutricionista do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec), Mariana Ribeiro, ressaltou que os consumidores brasileiros estão cada vez mais interessados em verificar o que de fato estão consumindo e se informar sobre o rótulo dos produtos.
Em 2022, o país tornou obrigatória a inclusão de selos de alerta sobre o conteúdo nutricional de alimentos industrializados, chamando atenção para aqueles que têm alto teor de sal, gordura saturada e açúcar adicionado.
A medida se encaixa em uma tendência mais ampla que nos últimos anos tem ganhado espaço em diversos países da América Latina.
O Equador foi o primeiro, em 2014, com o "semáforo nutricional", que destaca em vermelho ingredientes de baixo teor nutricional que existam em grande quantidade, em amarelo em média e verde, pequena (por exemplo: alimento alto em açúcar e baixo em sal).
O Chile veio na sequência, com implementação entre 2016 e 2019, depois Peru (2019 a 2021), Argentina (2021), Brasil e Colômbia (2022) e México (2020 a 2025).
No momento, outros cinco países da região têm projetos de implementação da lei: República Dominicana, Guatemala, El Salvador, Costa Rica e Panamá.
Botana diz que a medida deixou os consumidores muito mais atentos sobre o que ingerem.
Os números acompanhados pela Worldpanel, segundo ela, não indicam que as pessoas deixaram de consumir os produtos que ganharam rótulos negativos, mas apontam que, em muitas ocasiões, elas reduziram a frequência com que os levam pra casa.
Foi o que aconteceu com os refrigerantes. Enquanto isso, vem crescendo a frequência de consumo de produtos vistos como mais saudáveis pelos consumidores, como água natural engarrafada e isotônicos.
A especialista destaca que, apesar do cenário, Coca-Cola e Pepsi ainda têm grande popularidade na América Latina.
Mesmo com a retração, a Coca ainda ficou em primeiro lugar no ranking da Brand Footprint na América Latina, posição que sustenta de forma praticamente ininterrupta nos mais de dez anos em que a pesquisa vem sendo realizada.
Ela foi a marca mais escolhida pelos consumidores na região em 2024, com maior número de Consumer Reach Points. A Pepsi ficou em terceiro.
"Essas marcas 'principais' realmente ocupam espaço, a gente está falando de outro patamar de alcance. O poder que elas têm pra se recuperar é gigantesco", pontua Botana.
Nesse sentido, ambas têm buscado se adaptar às mudanças no cenário de consumo lançando bebidas "zero açúcar", produtos em embalagens menores e até retornáveis, nesse último caso em um aceno à sustentabilidade.
A reportagem procurou as duas empresas para que se manifestassem sobre o relatório caso desejassem. A Coca-Cola não retornou o contato e a Pepsi respondeu que preferia não comentar.
Antiamericanismo?
A reportagem questionou a especialista sobre a possibilidade de que a redução na frequência de consumo das duas marcas pudesse também estar ligada a uma reação dos consumidores às tarifas impostas pela gestão de Donald Trump a diversos países e à retórica por vezes considerada hostil do presidente americano em relação ao restante do mundo.
Botana afirmou que há alguns meses a Worldpanel tem investigado essa possibilidade em um conjunto de 10 marcas globais que consideram ser as mais associadas aos EUA, avaliando o comportamento de consumidores em todo o mundo.
No momento, conforme os resultados parciais, já é possível verificar uma correlação entre redução de consumo e uma espécie de boicote entre países como Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia. Na América Latina, contudo, esse movimento não tem sido observado.
"Nos países nórdicos a gente viu de fato isso acontecendo bem rapidamente, com algumas quedas de penetração já mais marcadas", ressalta Botana.
"A gente não esperava nenhuma grande mudança na América Latina, porque a questão do preço aqui é muito importante", ela acrescenta, referindo-se ao fato de que os consumidores elegem algumas categorias de produtos, como refrigerantes, por exemplo, por razões financeiras, para evitar opções mais caras.
Por que consumidores na América Latina têm comprado menos Coca-Cola e Pepsi no supermercado
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Entenda por que Azul diz que corte de até 30 aeronaves não afeta operações da companhia
Azul se vê 'mais leve' e projeta saída de processo de recuperação judicial
A Azul defende que a devolução de até 30 aeronaves, uma das ações dentro do processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, não vai afetar a capacidade operacional da companhia. Segundo o CEO John Rodgerson, a medida envolve o corte de aviões que estão fora de operação, que geram custos em vez de receitas.
Com a empresa "mais leve", pela redução de custos dessas aeronaves em solo, e a otimização da frota em rotas mais lucrativas, a Azul projeta aumento das receitas - no 2º trimestre, registrou alta de 18% na comparação com o mesmo período de 2024.
"Muitas dessas aeronaves já estavam paradas, e estavámos pagando aluguel por aeronaves que não iam voar mais. O processo do Chapter 11 vai permitir tirar a obrigação de pagar aluguel por uma aeronave que não está gerando mais receita. Isso vai deixar a Azul mais leve. Não vamos ficar menor, vamos ficar onde estamos, e crescer um pouco mais modesto daqui para frente. Todas as obrigações vão sair do nosso balanço e deixar a gente mais leve daqui para a frente", defendeu o CEO.
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Essa otimização passa, por exemplo, pelo encerramento de voos em destinos com pouca demanda. Ao longo do ano, a Azul fechou operações em 14 cidades brasileiras que que representavam 0,3% da receita líquida - veja lista abaixo.
Crateús(CE)
São Benedito(CE)
Sobral (CE)
Iguatú (CE)
Campos (RJ);
Correia Pinto (SC)
Jaguaruna (SC)
Mossoró (RN)
São Raimundo Nonato (PI)
Parnaíba (PI)
Rio Verde (GO)
Barreirinhas (MA)
Três Lagoas (MS)
Ponta Grossa (PR)
A companhia defende que vai focar em rotas com maior demanda partindo de hubs como Campinas (SP), Confins (MG), Recife (PE) e Porto Alegre (RS), por exemplo.
Um dos aumentos de demanda apontados no resultado financeiro positivo da companhia envolve os voos internacionais. A oferta de assentos nas operações entre Brasil e Estados Unidos pela Azul, por exemplo, cresceu 52% entre janeiro e julho, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Oferta de voos/2025: 1.114
Oferta de assentos/2025: 279.545
Oferta de voos/2024: 736
Oferta de assentos/2024: 183.841
Recuperação judicial
Após a sétima audiência do processo do Capítulo 11 da Lei de Falências, nos Estados Unidos, a Azul prevê apresentar em setembro o plano de reestruturação completo, com a expectativa de deixar o processo de recuperação judicial até dezembro.
"Recuperação judicial é para tirar aquele peso do passado dos nossos ombros. Para tirar aquelas aeronaves que não estão operando, e para tornar a Azul uma empresa mais eficiente. Tirando aquela dívida que nós pegamos em 2020 e 2021, quando não tivemos nenhum aporte governamental, como outras empresas aéreas em outros locais do mundo tiveram. Nós estamos tirando aquela dívida para andar muito mais leve", disse Rodgerson.
Assim, entre as ações já estabelecidas no processo estão a devolução de aeronaves: 12 já foram concretizadas, e o número pode chegar a 30.
Redução de frota? Entenda o que prevê Azul no plano de recuperação judicial nos EUA
A Azul projeta que a redução da frota total ao fim do processo será menor que o corte dessas aeronaves fora de operação, pois haverá chegada de novos aviões.
Atualmente são 180 aeronaves, e a projeção é que após o processo de recuperação, a companhia opere com 20 a menos.
Companhia aérea azul voos Araxá e Patos de Minas
Azul/Divulgação
Recuperação judicial
A recuperação judicial da empresa, aprovada na Justiça dos Estados Unidos na primeira audiência do processo, em 29 de maio, prevê um financiamento de US$ 1,6 bilhão para eliminar a dívida.
Segundo a empresa, a intenção é manter todos os seus ativos, podendo continuar com a operação, negociar um possível adiamento de suas dívidas e, com aprovação judicial, conseguir um novo empréstimo.
O que está por trás da suspensão? g1 entrevista CEO, que revela corte de custos
"Parte desse capital será usada para comprar uma parte da dívida e parte para custear a operação da empresa durante esse período", disse, após a primeira audiência, o vice-presidente da institucional da Azul, Fábio Campos.
Nesta quinta (14), Fábio Campos explicou que até o momento não houve qualquer objeção da justiça e dos credores dentro das ações apresentadas pela companhia em sete audiências, e que tudo ocorre dentro do cronograma estimado.
A apresentação do plano estutural completo, em setembro, marca, segundo Fábio, o começo da caminhada para a saída da recuperação judicial nos Estados Unidos, com a expectativa pelo encerramento do processo em dezembro.
Azul anuncia suspensão de operações em 12 cidades brasileiras; oito são do Nordeste
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Prefeitura de SP fará ação nas ruas do Brás nesta sexta para mapear vagas em lojas e intermediar contratações
Anúncios de vagas de emprego no Brás e no Bom Retiro
Alobrás/Paola Patriarca/g1
A Prefeitura de São Paulo fará nesta sexta-feira (15) uma ação nas ruas do Brás para identificar e cadastrar vagas de emprego oferecidas por lojistas da região.
A medida faz parte de uma parceria com a Associação de Lojistas do Brás (Alobrás) com o Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo (Cate) para tentar reduzir o déficit de cerca de 10 mil postos abertos no comércio local.
O g1 mostrou no dia 7 de agosto que placas com anúncios de vagas de emprego estão tomando conta das vitrines de lojas no Brás e na Rua José Paulino, no Bom Retiro, tradicionais comércios populares. Lojistas relataram dificuldade para contratar funcionários (leia mais abaixo).
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Conforme a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, equipes do Cate irão percorrer nesta sexta, a partir das 10h, as ruas Oriente, Miller e Casemiro de Abreu para apresentar os serviços de intermediação de mão de obra da administração municipal e cadastrar as vagas disponíveis dos lojistas interessados.
Ainda conforme a pasta, outra ação com a Alobrás será o Contrata SP – Brás, que é um mutirão de empregabilidade. Ele está programado para ocorrer em setembro.
"Estimativas da entidade apontam que há por volta de 10 mil vagas de emprego no comércio local, nos mais variados perfis e em cargos operacionais como de vendas, administrativos, fabris, entre outros", enfatizou a secretaria em nota enviada ao g1.
Escassez de mão de obra
Lojistas do Brás e do Bom Retiro relatam dificuldade para contratar
De acordo com Lauro Pimenta, vice-presidente da Alobrás, as principais vagas são para vendedor, caixa, cortador, overloquista, repositor, área administrativa, mas há oportunidades até para gerentes.
“No mínimo 80% das lojas precisam de pelo menos uma pessoa. Queremos colocar um link do Cate dentro do site da Alobrás para ajudar a preencher essas vagas”, afirmou.
Ainda conforme Lauro, todos os lojistas da associação estão "em uma corrida antecipada". "Falta mesmo mão de obra. Se deixarmos para a época que sempre procurávamos, que é de setembro em diante, não vamos achar, porque, hoje, um autônomo se vê mais recompensado que um CLT. A escala 6x1 também afasta as pessoas mais novas."
Plaquinha permanente
Anúncios de vaga de emprego no Brás, Centro de SP
Lauro Pimenta/Alobrás
Heloilson de Castro do Canto Leite é comerciante há 31 anos e tem uma loja que vende bolsas, malas e sacolas no Brás. Ao g1, ele relatou que precisa de 10 funcionários.
“Faz mais de um ano que eu não tiro mais a placa da frente [da loja]. Sempre está precisando de embalador, principalmente jovens de 18 anos até 30 anos, além de funcionária para atendimento. Está todo mundo passando por essa dificuldade”, afirmou.
A comerciante Sandra Maria da Silva conta que tinha uma loja no Brás desde 2014, mas precisou fechar as portas em fevereiro deste ano por encontrar dificuldade em contratar mais pessoas e não conseguir se manter com apenas dois funcionários. Agora, ela vende as mercadorias através de plataformas on-line.
“O horário dos funcionários era das 4h às 13h, e o salário, de R$ 2.500. Atraía muita gente. Mas no máximo de 15 dias já pediam demissão. Chegavam atrasados, faltavam às segundas-feiras, deixavam a loja sozinha ou até dormiam”, relatou.
Sandra também afirma que, mesmo com o modelo on-line, a dificuldade de contratar funcionários persiste.
“Estou procurando alguém para ajudar na separação de pedidos, embalagem, impressão de etiquetas e emissão de notas fiscais. Mas é difícil por três motivos: muitos não sabem mexer no computador, mesmo com treinamento; outros desistem logo após o primeiro salário, às vezes trabalham só quatro dias; e há os que ficam, mas faltam às segundas e aos sábados”, explica.
Dunia Saed é comerciante há 16 anos no Brás e tem cerca de 30 vagas abertas em suas lojas. “Desde vendas, reposição, estoque e também na parte de atendimento digital, como e-commerce, SAC e marketing. Não encontramos mão de obra, nem qualificada e nem não qualificada”, ressalta.
E complementa: “Essas vagas ficam abertas o ano todo porque, na maioria dos casos, além da dificuldade de encontrar essas pessoas qualificadas para a vaga, a rotatividade de colaboradores está muito grande. Alguns deles nem sequer passam do período de experiência, e não é porque nossa empresa não quer registrar, eles mesmos não se adaptam à empresa e acabam saindo”.
Sete meses de procura
Anúncio de vaga na rua José Paulino, Bom Retiro
Paola Patriarca/g1
O g1 também esteve na Rua José Paulino e constatou que a situação é a mesma que no Brás. Mais de 40 lojas estão com anúncios nas vitrines para vagas de emprego — desde vendedor até gerente. Uma vendedora relatou que a loja em que trabalha ficou sete meses tentando contratar funcionários.
“Ninguém quer mais trabalhar aqui, e isso sobrecarrega quem ainda está, porque ficam poucas vendedoras atendendo as clientes que chegam do país todo”, afirmou a vendedora.
Segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas do Bom Retiro, duas em cada três lojas estão com falta de mão de obra em vários setores. Uma representante ouvida pelo g1 e que preferiu não se identificar informou que a prefeitura ajuda, mas não se encontra quem queira trabalhar no comércio.
Em nota, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho informou que mantém diálogo com todos os setores que podem ajudar a gerar empregos e renda na cidade.
Segundo o comunicado, a pasta recebeu em 1º de agosto "representantes da Associação do Brás, e as equipes técnicas do Cate estão analisando as demandas da entidade para desenvolver ações conjuntas ainda neste ano. Essas ações visam facilitar a entrada de novos profissionais no mercado de trabalho. O Brás é conhecido pelo seu comércio vibrante, o que demanda uma mão de obra constante para atender a clientela de todo o país que frequenta esse importante polo de compras na capital".
O que causa a escassez no comércio popular?
Segundo Vivian Almeida, professora de economia do Ibmec, num cenário com baixas taxas de desemprego, a oferta de mão de obra tende a ser menor para postos que costumam pagar menos, que não exigem uma habilidade técnica específica ou têm alta rotatividade.
A taxa de desemprego no Brasil foi de 5,8% no segundo trimestre de 2025, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada em 31 de julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice do trimestre encerrado em junho representa a menor taxa da série histórica iniciada em 2012.
"Se você primeiro ultrapassa a barreira de reduzir o desemprego e, com isso, atinge um público maior, mais pessoas ofertam a sua força de trabalho. As pessoas começam a ter a possibilidade de escolher os seus trabalhos. Para que ela troque aquela situação, ela precisa ter uma oferta melhor em termos de renda, que é basicamente o que a gente procura quando oferta a nossa força de trabalho", afirma.
Segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de São Paulo, Mauricio Stainoff, a escassez de mão de obra atinge não só o chamado comércio popular, mas também diversos outros segmentos do comércio, como supermercados e shoppings, por exemplo.
"A rotatividade supera 30% dos empregos, o que dificulta e encarece o treinamento. O comércio é a porta de entrada para o mercado de trabalho, pois a exigência de qualificação é menor e os salários, especialmente os não comissionados, são mais baixos. A remuneração está diretamente relacionada à produtividade", afirmou.
"A produtividade brasileira, de forma geral, é baixa se comparada à de países mais desenvolvidos, pois está limitada pela baixa qualidade do nosso ensino e pelo alto custo da mão de obra, em que o trabalhador recebe apenas metade do custo total que representa para a empresa naquele posto de trabalho".
Ainda conforme Mauricio, é natural que o jovem troque de emprego ao conseguir uma colocação melhor. "Soma-se a isso o horário de trabalho, com jornadas que se estendem aos sábados e, em shoppings e supermercados, também aos domingos".
"Esse problema não é recente, porém se intensificou durante a pandemia. Muitos buscaram trabalhos ou empreendimentos informais, onde o horário é flexível e a remuneração é diretamente proporcional ao esforço, mesmo sem garantias trabalhistas", complementou.
Mais de 40 mil postos de trabalho formais em junho
O estado de São Paulo fechou junho com 40.089 novos postos formais, resultado de 678.491 admissões e 638.402 desligamentos. Os números são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgado na segunda-feira (4) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Conforme os dados, no acumulado do ano, São Paulo acumula 349.904 novos empregos formais entre janeiro e junho de 2025. Como comparação, em todo o ano de 2024, o estado paulista gerou 455.252 novos postos de trabalho com carteira assinada.
Em junho, São Paulo apresentou desempenho positivo nos cinco grandes grupamentos de atividades econômicas avaliados. O destaque foi o setor de serviços, que terminou o mês com saldo de 23.013 vagas.
Na sequência aparecem:
Comércio: 9.109
Agropecuária: 6.378
Construção: 947
Indústria: 642
A capital paulista foi o município paulista com melhor saldo em junho, com 16.859 novos postos. A cidade tem um estoque de 5 milhões de empregos formais.
Na sequência dos municípios com melhores desempenhos no estado aparecem: Barueri (3.634), Osasco (2.511), Guarulhos (1.903) e São José dos Campos (1.618).
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Visto de Padilha para os EUA está vencido há meses, diz ministro
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse nesta quinta-feira (14) ao blog que o seu visto para os Estados Unidos está vencido há vários meses. Padilha, que comandava a pasta em 2013, quando foi criado o Mais Médicos, afirmou que, por esse motivo, não poderia ter o visto cassado pelo governo americano. O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (13) a revogação dos vistos americanos de Mozart Júlio Tabosa Sales, secretário do Ministério da Saúde do Brasil, e Alberto Kleiman, um ex-funcionário do governo brasileiro. A decisão foi revelada pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. Ele disse que o programa Mais Médicos, em que o governo federal brasileiro contratou cubanos para conseguir preencher vagas no Sistema Único de Saúde (SUS), foi "um golpe diplomático inconcebível". Mais Médicos: o que é o programa e como foi a participação cubana no projeto Sanções e críticas dos EUA O anúncio das sanções foi acompanhado de uma postagem da embaixada americana em Brasília, atribuída à Agência para as Relações com o Hemisfério Ocidental. No texto, o Mais Médicos é descrito como "um golpe diplomático que explorou médicos cubanos, enriqueceu o regime cubano corrupto e foi acobertado por autoridades brasileiras e ex-funcionários da Opas". A publicação acrescenta: "Não restam dúvidas: os EUA continuarão responsabilizando todos os indivíduos ligados a esse esquema coercitivo de exportação de mão de obra". Criado no governo Dilma Rousseff e retomado no governo Luiz Inácio Lula da Silva, o programa tem como objetivo levar profissionais de saúde a regiões carentes, como o interior do país e periferias de grandes cidades. Parte dos médicos veio do exterior, especialmente de Cuba, por meio de uma cooperação com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Defesa do programa Após o anúncio, Padilha defendeu o Mais Médicos e disse que o programa “sobreviverá a ataques injustificáveis de quem quer que seja”. Segundo ele, “o programa salva-vidas e é aprovado por quem mais importa: a população brasileira”. O presidente Lula também saiu em defesa da iniciativa. Ele afirmou ser “importante” que os Estados Unidos saibam que a relação do Brasil com Cuba é de “respeito de um povo que é vítima de um bloqueio há 70 anos”. Ao se dirigir a Mozart Sales, atual secretário de Atenção Especializada do Ministério da Saúde e um dos atingidos pelas sanções, Lula disse: “Há muitos lugares para você conhecer dentro do Brasil”.
Caso Ultrafarma: o que é crédito de ICMS e como a reforma tributária pode ajudar a evitar corrupção
Dono da Ultrafarma é preso em operação em São Paulo
O dono da Ultrafarma, Sidney Oliveira, e o diretor estatutário da Fast Shop, Mario Otávio Gomes, foram presos nesta semana após o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) revelar um esquema bilionário de fraudes envolvendo créditos de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
Segundo as investigações, Artur Gomes da Silva Neto, auditor fiscal de alto escalão da Secretaria da Fazenda de São Paulo (Sefaz-SP), atuava como o "cérebro" do esquema, que movimentou cerca de R$ 1 bilhão em propinas desde 2021.
Silva Neto é apontado pelo MP-SP como o responsável por manipular processos administrativos e facilitar o pagamento de créditos de ICMS para a Ultrafarma e a Fast Shop. Ele também foi preso.
Mas como funcionam os créditos de ICMS? E como a reforma tributária, que passa a vigorar integralmente em 2033, pode ajudar a coibir esse tipo de fraude?
O g1 conversou com especialistas para entender. Veja nos tópicos abaixo:
O que são os créditos de ICMS
Determinados setores podem acumular mais crédito
Como funciona a devolução dos valores
Morosidade e burocracia são principais desafios
De que maneira a reforma tributária pode ajudar a coibir fraudes
Como funcionava o esquema envolvendo Ultrafarma e Fast Shop
O que dizem as empresas envolvidas e a Sefaz-SP
O empresário Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, em imagem de 03/10/2013.
José Patrício/Estadão Conteúdo
O que são os créditos de ICMS
O crédito de ICMS é gerado quando uma empresa adquire produtos, mercadorias ou serviços ligados à sua atividade principal e paga o imposto nessas operações — por exemplo, uma fábrica de calçados que compra couro para confeccionar o produto final.
Esse imposto pago na aquisição da matéria-prima gera um crédito que pode ser usado para descontar o tributo devido pela empresa ao Estado na venda dos produtos.
🔎 Esse mecanismo é chamado de não cumulatividade. Na prática, significa que o ICMS pago na compra de insumos pode ser abatido do ICMS devido nas vendas. Se o imposto das vendas for maior que o crédito das compras, a empresa paga apenas a diferença ao Estado.
"Em tudo que eu adquiro para realizar minha atividade, e que tem relação com ela, eu posso tomar [o ICMS já pago] como crédito", explica Fabio Florentino, sócio da área tributária do Demarest.
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Determinados setores podem acumular mais crédito
Em algumas situações, as empresas acumulam mais créditos do que débitos, destaca Marcelo Moreno da Silveira, advogado do Juri Consultoria Empresarial.
"Dependendo do segmento ou da atividade da empresa, pode haver crédito na entrada superior ao débito apurado na saída. O saldo é transferido para uso posterior e se acumula mês a mês nos livros fiscais, gerando o saldo credor de ICMS", diz.
Isso pode acontecer, segundo tributaristas ouvidos pelo g1, em casos de empresas que atuam com:
Exportações. As vendas para o exterior, por serem isentas do imposto, não geram débito de ICMS. Na prática, a empresa obtém crédito na entrada (ao pagar ICMS na compra de insumos), mas não o utiliza na saída (na venda), resultando no acúmulo desse crédito.
Diferença de alíquotas. Isso também ocorre quando a alíquota de ICMS (tributo estadual) na entrada é maior que a aplicada na saída para outros estados. Um exemplo é uma empresa que compra um produto em São Paulo, com alíquota de 18%, e o vende para outro estado, onde a alíquota é menor, de 7%. Essa diferença gera acúmulo de crédito.
Substituição Tributária (ICMS-ST). Nessa modalidade, o imposto é recolhido antecipadamente, geralmente pelo fabricante ou importador, para cobrir todas as operações subsequentes até a venda ao consumidor final. Sem débito de ICMS a compensar, o crédito se acumula.
Fabio Florentino, do Demarest, afirma que o acúmulo de créditos de ICMS acontece com frequência no varejo — como os casos da Ultrafarma e da Fast Shop — por conta, principalmente, do processo de substituição tributária.
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Como funciona a devolução dos valores
Para recuperar os créditos acumulados mensalmente, as empresas precisam formalizar requerimentos à Secretaria da Fazenda do respectivo estado.
Marcelo Silveira, do Juri Consultoria Empresarial, explica que o processo é o seguinte:
Os contribuintes apuram o crédito acumulado de ICMS ao enviar arquivos digitais que comprovem suas operações.
A partir desse envio, inicia-se o processo administrativo.
"Esse processo é distribuído à Delegacia Regional Tributária, para início da fiscalização das operações da empresa no período. Após a validação das informações, o pedido é deferido pela Fazenda, que irá homologar o montante do crédito a que o contribuinte tem direito", explica Silveira.
Segundo informações do MP-SP, a fraude do auditor fiscal estadual no caso Ultrafarma e Fast Shop teria ocorrido, principalmente, na etapa do processo administrativo.
🔎 As investigações apontam que o auditor coletava a documentação, acelerava a aprovação dos pedidos para esse ressarcimento e garantia que eles não fossem revisados internamente. Em alguns casos, os valores liberados eram maiores que os devidos, e o prazo para pagamento, reduzido.
Fabio Florentino, do Demarest, explica que as principais formas de uso ou devolução do crédito são:
Recebimento direto do crédito em dinheiro pelo Fisco;
Autorização para transferência do crédito para outro contribuinte do mesmo estado, que pode utilizá-lo para abater seus próprios débitos de ICMS.
Edson Hideki, sócio da Revio, diz que essa transferência pode ser feita, por exemplo, a fornecedores ou clientes, para abater o valor de novas compras. Ele acrescenta que o pedido de ressarcimento em dinheiro é mais burocrático.
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Morosidade e burocracia são principais desafios
Morvan Meirelles Costa Junior, advogado e sócio do escritório Meirelles Costa Advogados, ressalta que o aproveitamento de créditos acumulados de ICMS é complexo, enfrenta morosidade na análise e exige extensa documentação.
"A complexidade pode, de fato, abrir margem para irregularidades e práticas de corrupção na liberação desses valores, tendo em vista, inclusive, o tempo que esses processos chegam a levar até a efetiva homologação do crédito de ICMS pleiteado — de até 2 anos", diz.
Segundo os tributaristas ouvidos pelo g1, essa lentidão faz com que muitos contribuintes, especialmente em São Paulo, não consigam utilizar os valores acumulados. O total pendente de utilização ou transferência pode chegar, hoje, a R$ 10 bilhões, estimam.
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De que maneira a reforma tributária pode ajudar a coibir fraudes
Os especialistas veem a reforma tributária como uma ferramenta promissora para reduzir a ocorrência de fraudes e agilizar a recuperação de créditos. A nova legislação foi promulgada pelo Congresso Nacional em 2023 e teve regulamentação aprovada em janeiro deste ano.
O texto estabelece, entre outros pontos, que cinco tributos serão substituídos por dois Impostos sobre Valor Agregado (IVAs) — um gerenciado pela União e outro com gestão compartilhada entre estados e municípios:
Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS): com gestão federal, vai unificar IPI, PIS e Cofins;
Imposto sobre Bens e Serviços (IBS): com gestão compartilhada estados e municípios, unificará ICMS (estadual) e ISS (municipal).
O ICMS será extinto definitivamente em 2033, quando se encerra o período de transição da reforma tributária e as novas regras passam a valer integralmente.
Fabio Florentino, do Demarest, cita ao menos três pontos da reforma tributária que poderão ajudar a coibir ou desincentivar fraudes.
Unificação e centralização da apuração: A extinção do ICMS (imposto estadual) e a criação do IBS irão unificar a legislação tributária em todo o país. Isso evitará diferenças de alíquotas entre estados e permitirá um controle mais eficiente sobre a geração de créditos tributários.
Prazos expressos para devolução: A Lei Complementar 214/2025, que regulamenta a reforma, estabelece prazos que variam de 60 a 180 dias para a devolução dos créditos. Atualmente, não há um prazo legal definido, o que contribui para a morosidade.
Comitê Gestor do IBS: O dinheiro dos impostos ficará em um comitê gestor, um órgão à parte das Secretarias da Fazenda dos estados. Isso pode desvincular a devolução dos créditos da necessidade de caixa dos estados, agilizando o processo.
Além disso, a reforma prevê automatização dos processos e o mecanismo de "split payment" (pagamento dividido), em que o imposto é retido automaticamente na transação e direcionado ao Fisco.
Edson Hideki, da Revio, destaca que isso "elimina a possibilidade de liberar crédito sem pagamento real".
Morvan Meirelles Costa Junior, do Meirelles Costa Advogados, destaca que a criação da CBS e do IBS trará uma revolução na recuperação de créditos fiscais ao adotar a "não cumulatividade plena".
Isso permitirá às empresas aproveitar créditos sobre "praticamente todos os bens e serviços utilizados em suas atividades", incluindo os de uso indireto, o que amplia significativamente a base de créditos recuperáveis comparado ao sistema atual de ICMS, diz.
Fabio Florentino, do Demarest, lembra que atualmente existem muitas discussões sobre quais produtos geram crédito dentro dos processos de uma empresa. Segundo ele, a nova legislação deve reduzir, inclusive, as controvérsias jurídicas sobre o tema.
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Como funcionava o esquema envolvendo Ultrafarma e Fast Shop
Segundo investigação, um auditor fiscal facilitava o processo de ressarcimento de créditos para favorecer empresas em troca de propinas de mais de R$ 1 bilhão.
Arte/g1
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O que dizem as empresas envolvidas e a Sefaz-SP
No dia da operação do MP-SP, Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, informou que celebrou há alguns meses um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) com o Ministério Público, no qual reconheceu irregularidades tributárias, e foi homologado pela Justiça.
Disse também que os valores devidos foram parcelados e estão sendo pagos. Sobre a prisão, seu advogado afirmou que iria analisar os motivos que levaram à decisão judicial.
No mesmo dia, a Fast Shop afirmou que não tinha tido acesso ao conteúdo da investigação e declarou que está colaborando com as autoridades para esclarecer os fatos.
A Sefaz-SP disse que está à disposição das autoridades e que irá colaborar com os desdobramentos da investigação por meio de sua Corregedoria da Fiscalização Tributária (Corfisp). Afirmou também que instaurou processo administrativo para apurar a conduta do auditor fiscal.
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Quem é Sidney Oliveira, fundador da Ultrafarma preso nesta terça (12) em SP
CNH sem autoescola: especialista em segurança mostra os pontos positivos e negativos da medida
Governo estuda acabar com obrigatoriedade de autoescola
Desde que o ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou o plano do governo federal de por fim à obrigatoriedade de aulas em autoescolas para obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), especialistas discutem se será possível aprender a dirigir por outros meios antes dos exames teórico e prático.
O debate ganhou força devido ao custo atual das autoescolas, que varia de R$ 3 mil a R$ 4 mil. No início de agosto, o presidente da Associação Nacional dos Detrans (AND), Givaldo Vieira, reuniu-se com o ministro para discutir alternativas ao modelo tradicional de formação de condutores.
Após o encontro, Vieira concedeu entrevista à GloboNews, em que expressou preocupação com os impactos da proposta na segurança viária e destacou o alto custo da CNH.
"[Esse custo] exclui pessoas, limita o número de profissionais para o mercado, e coloca nas ruas pessoas não habilitadas que conduzem veículos. [...] Por isso, a AND faz a CNH social, pagando a habilitação para milhares de pessoas", explicou.
Diante do número elevado de condutores sem habilitação, Vieira defende mudanças no modelo atual de formação e propõe uma ampla reforma nas regras de instrução. "Existem muitas exigências desnecessárias que tornam o processo mais caro, lento e burocrático."
Mas será possível simplesmente eliminar a exigência das autoescolas sem prejuízo à segurança no trânsito? O g1 procurou um especialista no tema.
O que diz o especialista?
O presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária, Paulo Guimarães, discorda que essa seja a melhor solução. Para ele, a formação de condutores é um dos pilares da segurança no trânsito e não pode ser negligenciada.
“Não é apenas ensinar a passar na prova ou guiar o carro. Trata-se de preparar alguém para lidar com situações reais e tomar decisões seguras. Retirar a obrigatoriedade das aulas sem um modelo alternativo eficiente pode comprometer a qualidade da formação”, afirmou Guimarães.
Embora a proposta possa reduzir o custo da CNH, os riscos são claros: “Mais motoristas despreparados, mais acidentes e dificuldade para manter um padrão de qualidade. No trânsito, a consequência de uma má decisão pode ser irreversível”, alertou.
Segundo ele, tirar a obrigatoriedade das aulas pode:
✅ Reduzir a burocracia;
✅ Diminuir o custo para obtenção da licença;
❌ Levar motoristas despreparados às ruas;
❌ Aumentar o número de acidentes.
Por isso, antes de eliminar a exigência de frequentar autoescolas é necessário estruturar um sistema eficiente de formação. “Precisamos modernizar o processo e criar alternativas seguras. Apenas retirar a obrigatoriedade não resolve — pode até piorar”, afirmou.
Ele defende que a exigência aumente, e não diminua. “O segredo está em provas teóricas e práticas mais rigorosas, examinadores bem treinados, uso de tecnologia para registrar as aulas e auditorias constantes. Não basta ter uma prova final: é preciso garantir que todo o processo seja sério e transparente”, disse.
Segundo o Observatório, a formação ideal deve seguir oito passos:
Tornar o conteúdo mais prático e realista;
Preparar o condutor para diferentes condições;
Manter um núcleo mínimo de aulas obrigatórias;
Atualizar o conteúdo com novos métodos e tecnologias;
Rediscutir o uso de simuladores;
Investir em direção defensiva;
Ensinar a convivência com ciclistas, motociclistas e pedestres;
Criar um sistema progressivo de habilitação.
“Esse modelo já funcionou em países com bons resultados. Oferecer conteúdos e metodologias que aprimorem a percepção de risco e a autoavaliação dos condutores faz com que os motoristas tomem decisões mais seguras”, concluiu.
Como tirar a CNH
Arte/g1
O que diz a Senatran?
Na tarde da última quinta-feira (13), Givaldo Vieira e o secretário nacional de Trânsito, Adrualdo Catão, se reuniram para debater os próximos passos da proposta.
Em nota enviada ao g1, a AND informou que ainda não há definições sobre mudanças na formação de condutores, mas confirmou que haverá uma consulta pública. Confira a íntegra:
"Na data de hoje, a AND, acompanhada por presidentes e representantes de Detrans de diversos estados, esteve na sede da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) para conhecer, na íntegra, as propostas divulgadas na imprensa. Durante o encontro, os Detrans apresentaram questionamentos técnicos e operacionais, além de solicitar esclarecimentos sobre os impactos das alterações previstas.
Os Detrans solicitaram a proposta, e a Senatran se comprometeu a enviá-la no prazo de 15 dias, antes da realização da consulta pública. Após o recebimento do inteiro teor, os Detrans irão avaliar tecnicamente o conteúdo, a fim de se posicionarem."
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Mais que a metade dos donos de moto no Brasil não possui CNH
Um estudo da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), divulgado em setembro do ano passado, revelou que mais da metade dos proprietários de motocicletas no Brasil não possui CNH de categoria A.
O Brasil conta com 34,2 milhões de donos de motocicletas, motonetas e ciclomotores. Destes, 17,5 milhões não são habilitados para pilotá-los — ou seja, 53,8% dos proprietários não poderiam estar rodando com suas motos.
Entre os habilitados com categoria A, a maioria (61%) não possui uma motocicleta própria. Em resumo: a maior parte dos proprietários de moto não tem CNH, e a maioria dos habilitados não possui moto.
Governo diz que autoescolas são muito caras
Governo avalia fim de autoescola obrigatória para baratear preço da CNH, diz Renan Filho
Em entrevista à GloboNews, o ministro Renan Filho destacou que o custo elevado — entre R$ 3 mil e R$ 4 mil — tem levado milhões de brasileiros a dirigir sem habilitação.
“Qual o problema do Brasil? É que a gente tem uma quantidade muito grande de pessoas dirigindo sem carteira porque ficou impeditivo tirar uma carteira no Brasil. Entre R$ 3 mil e R$ 4 mil. O cidadão não aguenta pagar isso”, afirmou o ministro.
“Quando o custo de um documento é impeditivo, o que acontece? A informalização. As pessoas dirigem sem carteira. E esse é o pior dos mundos porque o nível da qualificação. (...) Isso aumenta o risco para ela, aumenta o risco de acidentes.”
Segundo o ministro, o governo estuda formas de reduzir ao máximo o custo da CNH, permitindo que mais pessoas possam se qualificar e obter o documento.
Renan Filho afirmou que cerca de 20 milhões de brasileiros dirigem sem habilitação atualmente, e outros 60 milhões têm idade para obter a CNH, mas ainda não possuem o documento. “A pesquisa que fizemos apontou o custo como o principal motivo”, disse.
Como fica o risco de acidentes?
'O grande problema é que as pessoas já dirigem sem carteira', diz Renan Filho
Ao ser questionado sobre o risco de acidentes com a flexibilização da exigência, o ministro afirmou que os cursos continuarão disponíveis, ministrados por instrutores qualificados e supervisionados pela Senatran e pelos Detrans.
“O grande problema é que as pessoas já dirigem sem carteira. (...) E se você for olhar, por exemplo, as pessoas que compram moto, 40% delas, quando a gente faz um cruzamento entre o CPF de quem comprou e se ele tem ou não habilitação, não possuem habilitação”, disse.
“Se as pessoas dirigem sem curso algum, a gente está propondo garantir cursos para que as pessoas melhorem, tenham mais qualificação na hora de dirigir.”
Renan Filho também destacou as desigualdades sociais no acesso à CNH, afirmando que, em muitos casos, as mulheres são excluídas do processo de habilitação.
“Se a família tem dinheiro para tirar só uma carteira, muitas vezes escolhe tirar a do homem. A mulher fica inabilitada justamente por essa condição.”
Máfias das autoescolas
Facilitar a vida do cidadão tira o incentivo econômico para criação de máfias da CNH, diz Renan Filho
Renan Filho também criticou o modelo atual, que, segundo ele, favorece a atuação de máfias em autoescolas e nos exames. “É tão caro que não basta a pessoa pagar uma vez o preço alto. Quem pode pagar, muitas vezes, é levado a ser reprovado para ter que pagar de novo”, afirmou.
“O que que acaba com isso? Desburocratizar, baratear, facilitar a vida do cidadão tira o incentivo econômico para criação dessas máfias.”
Segundo o ministro, o Brasil emite entre 3 e 4 milhões de CNHs por ano. Com os preços atuais, isso representa um gasto anual entre R$ 9 bilhões e R$ 16 bilhões para a população.
“Se isso for barateado, esse dinheiro vai para outros setores da economia, (...) que geram empregos competindo internacionalmente. Isso ajuda a economia brasileira a se dinamizar.”
Como colocar em vigor?
Facilitar a CNH deve incentivar a formação de motoristas profissionais, diz Renan Filho
Questionado sobre a necessidade de aprovação legislativa, o ministro afirmou que a proposta pode ser colocada em prática por meio de regulamentação, sem passar pelo Congresso.
“Não precisa passar pelo Congresso essa parte da modificação. Construímos um projeto que pode funcionar a partir daquilo que o próprio governo pode fazer. Não vamos mexer em leis profundamente.”
Para Renan Filho, a proposta configura apenas uma mudança regulatória. “A gente acredita que a gente pode, por meio da regulamentação das normas, facilitar, desburocratizar para o cidadão, que o que certamente facilita o debate político.”
O ministro também afirmou que a medida deve incentivar a formação de trabalhadores, permitindo o acesso antecipado a vagas que exigem carteiras de habilitação profissional.
“Condutores de ônibus, de caminhões, de vans de transporte, essas pessoas precisam ter uma carteira que não é essa que a gente está discutindo. A gente está discutindo a carteira A e B. (...) E, se as pessoas tiverem mais cedo, elas vão ter condição de acessar com mais facilidade o mercado de trabalho, é, de garantir melhoria na sua própria vida.”
Abono salarial PIS-Pasep 2025 terá último lote de pagamento nesta sexta; veja quem vai receber
Veja se você tem direito a receber os valores esquecidos no PIS/Pasep
José Cruz/Agência Brasil
O abono salarial PIS-Pasep 2025, referente ao ano-base 2023, terá novo pagamento nesta terça-feira (15). Desta vez, o benefício será destinado aos trabalhadores que nasceram nos meses de novembro e dezembro.
Os valores ficarão disponíveis para saque até o encerramento do calendário em 29 de dezembro de 2025. (confira as datas abaixo)
➡️ O abono salarial é um benefício no valor de até um salário-mínimo concedido anualmente a trabalhadores da iniciativa privada (PIS) e a servidores públicos (Pasep) que atendem aos requisitos do programa.
No geral, têm direito ao abono pessoas que trabalharam durante pelo menos 30 dias no ano-base e receberam até dois salários-mínimos por mês. (veja os requisitos abaixo)
O banco de recebimento, data e os valores, inclusive de anos anteriores, estão disponíveis para consulta no aplicativo Carteira de Trabalho Digital e no portal gov.br. (veja como consultar abaixo)
Assim como em 2024, o calendário de pagamento de 2025 foi unificado: tanto os trabalhadores da iniciativa privada como os servidores públicos vão receber de acordo com o mês de nascimento de cada beneficiário.
Ao todo, em 2025, serão disponibilizados R$ 30,7 bilhões para pagamento do benefício a cerca de 25,8 milhões de trabalhadores, segundo o Ministério do Trabalho.
Em abril, o Ministério do Trabalho já efetuou o pagamento para os nascidos nos meses de março e abril. Em maio, foi a vez dos trabalhadores que nasceram nos meses de maio e junho.
No mês passado, receberam os nascidos nos meses de setembro e outubro. Veja o calendário completo, além de perguntas e respostas:
Veja perguntas e respostas:
Como consultar? (passo a passo)
Quem tem direito ao abono salarial?
Quem não tem direito ao abono salarial?
Qual é o valor?
Como são os pagamentos?
Canal de dúvidas
1. Como consultar? (passo a passo)
Para fazer a consulta pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, siga o passo a passo:
Certifique-se de que o aplicativo esteja atualizado;
Acesse o sistema com seu número de CPF e a senha utilizada no portal gov.br;
Toque em "Benefícios" e, em seguida, em "Abono Salarial". A tela seguinte irá informar se o trabalhador está ou não habilitado para receber o benefício.
Vale lembrar que trabalhadores do setor privado também podem consultar a situação do benefício e a data de pagamento nos aplicativos Caixa Trabalhador e Caixa Tem.
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Consulta ao abono salarial PIS-Pasep 2025 já está liberada
2. Quem tem direito ao abono salarial?
Os trabalhadores devem atender aos seguintes critérios para ter direito ao benefício:
estar cadastrado no programa PIS/Pasep ou no CNIS (data do primeiro emprego) há pelo menos cinco anos;
ter trabalhado para empregadores que contribuem para o Programa de Integração Social (PIS) ou para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep);
ter recebido até 2 salários-mínimos médios (no valor em vigor no ano-base) de remuneração mensal no período trabalhado;
ter exercido atividade remunerada durante pelo menos 30 dias, consecutivos ou não, no ano-base da apuração (2023);
ter os dados informados pelo empregador (pessoa jurídica ou governo) corretamente na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) ou no eSocial do ano-base considerado para apuração (2023).
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3. Quem não tem direito ao abono salarial?
empregado(a) doméstico(a);
trabalhadores rurais empregados por pessoa física;
trabalhadores urbanos empregados por pessoa física;
trabalhadores empregados por pessoa física equiparada a jurídica.
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4. Qual é o valor?
O valor do abono salarial é proporcional ao tempo de serviço do trabalhador no ano-base em questão.
O cálculo corresponde ao valor atual do salário-mínimo dividido por 12 e multiplicado pela quantidade de meses trabalhados no ano-base. Assim, somente quem trabalhou os 12 meses do ano-base recebe o valor total de um salário-mínimo.
Com o aumento do salário mínimo, o valor do abono salarial passará a variar de R$ 126,50 a R$ 1.518,00, de acordo com a quantidade de meses trabalhados. Veja no gráfico abaixo:
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5. Como são os pagamentos?
O pagamento do PIS (Programa de Integração Social) aos trabalhadores da iniciativa privada é administrado pela Caixa Econômica Federal. São quatro opções para receber:
As pessoas que possuem conta corrente ou poupança na Caixa receberão o abono automaticamente, informou o banco.
Também é possível receber os valores por meio da Poupança Social Digital, cuja movimentação é feita pelo aplicativo Caixa Tem.
Outra opção é fazer o saque com o cartão social e senha nos terminais de autoatendimento, unidades lotéricas e Caixa Aqui.
Se o trabalhador não possuir cartão social, o pagamento também pode ser realizado em qualquer agência da Caixa com a apresentação de um documento de identificação.
Já o Pasep (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público) é válido para os servidores públicos, e os depósitos são feitos pelo Banco do Brasil.
Nesse caso, o pagamento será realizado prioritariamente como crédito em conta bancária, transferência via TED, via PIX ou presencial nas agências de atendimento, informou o Ministério do Trabalho.
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6. Ainda tem dúvidas?
Mais informações podem ser solicitadas nos canais de atendimento do Ministério do Trabalho e nas unidades das Superintendências Regionais do Trabalho, pelo telefone 158 ou pelo e-mail: trabalho.uf@economia.gov.br (substituindo os dígitos UF pela sigla do estado do trabalhador).
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Saiba regras do PIS-Pasep:
Consulta ao abono salarial PIS-Pasep 2024 é liberada
Triangulação: por que mandar produtos para outro país antes dos EUA para driblar tarifaço é ilegal; veja o que é permitido
Socorro contra tarifaço terá R$ 30 bi em crédito
Mandar produtos brasileiros para um país intermediário e, de lá, enviá-los para os EUA poderia ser uma alternativa para o Brasil escapar da tarifa de 50% imposta por Trump? Não, disseram advogados ouvidos pelo g1.
Esse tipo de ação é ilegal e pode sair caro para os importadores norte-americanos, que são os que pagam o tarifaço quando compram produtos estrangeiros.
✅ O que é permitido? Produtos brasileiros até podem passar por outros países antes de chegarem aos EUA. Mas só se houver a industrialização do alimento: ele sai do Brasil e é transformado em outro produto em um país intermediário, para, então, ser vendido por esse país aos norte-americanos. É algo que acontece com o café, por exemplo.
E existem ainda empresas brasileiras que possuem unidades de produção em outros países e não dependem totalmente do que é feito no Brasil para exportar para os EUA, que é o caso de grandes frigoríficos. Mas esta saída requer altos investimentos.
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Brasil é um dos maiores exportadores de alimentos do mundo
Reprodução/TV Globo
O que não se pode fazer
Na chamada triangulação, o país de origem mandaria o produto para um destino intermediário, por exemplo algum país que tenha sobretaxa menor do que o Brasil. E, de lá, o produto embarcaria para o país de Trump, com os importadores pagando apenas a taxa correspondente à daquele fornecedor.
O Brasil recebeu a maior sobretaxa do governo Trump, de 50%. Apenas a Índia tem um tarifaço semelhante.
"Um exemplo [do que seria ilegal] é a empresa simular para os EUA que a mercadoria veio do México, quando, na verdade, ela é brasileira. Assim, paga as taxas de importação do México, não do Brasil", descreve Renata Emery, advogada especializada em direito tributário do escritório TozziniFreire, em São Paulo.
A triangulação de exportações viola princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC), que determina que a mercadoria deve pagar taxas correspondentes ao seu país de origem, explica William Crestani, especialista em direito tributário do escritório Pinheiro Neto Advogados, em São Paulo.
Renata Emery também destaca que a prática foi explicitamente proibida por um decreto assinado por Trump em 31 de julho, na mesma semana em que ele confirmou as sobretaxas ao Brasil e a outros países.
Segundo a decisão, empresas flagradas tentando a manobra terão que pagar a tarifa do país de origem, uma taxa adicional de 40%, além de outras possíveis penalidades.
"Para o exportador brasileiro, o efeito é indireto. Como o importador não vai querer assumir esse risco, mesmo que uma empresa do Brasil queira triangular, não vai encontrar compradores norte-americanos dispostos a isso", diz.
Brasil começa disputa na OMC sobre tarifaço de Trump
Mudar local de industrialização é permitido
Os especialistas explicam que até existem maneiras legais de o produto sair do Brasil, passar por outro país e chegar aos EUA sem estar sujeito à tarifa de 50% sobre os itens brasileiros.
Uma delas é enviar a carga para outro país e transformá-la significativamente por lá, processo conhecido como industrialização.
“Se houver uma transformação relevante, ele pode ter a origem no país onde passou por essa mudança e, consequentemente, pagar as tarifas daquele país”, explica o advogado tributarista William Crestani.
O problema, segundo ele, é que:
Os EUA não definem claramente o que é uma transformação substancial, e cada caso precisa ser analisado individualmente, sem garantia de que a alfândega dos EUA aceite.
Mudar a cadeia produtiva é caro e complexo, viável apenas para empresas que já tenham estruturas capazes de fazer transformações substanciais no produto em outros países.
Entre os setores brasileiros, Crestani aponta que a carne bovina teria mais chances de se enquadrar.
“Um boi transportado vivo para outro país, onde é abatido, embalado e só então vendido para os EUA, tem mais chances de ser considerado um novo produto, com nova tarifa”, afirma.
"Além disso, alguns frigoríficos brasileiros já têm operações em outros países, principalmente, da América do Sul", diz.
Tarifaço pode encarecer ou baratear o preço dos alimentos no Brasil?
Tarifaço de Trump: entenda o impacto para o agro do Brasil (e para os EUA) em 5 pontos
Operar dentro e fora do Brasil também é saída legal
JBS, Marfrig e Minerva estão entre as maiores exportadoras brasileiras de carne bovina, com operações dentro e fora do Brasil.
Marfrig e Minerva afirmam que não dependem exclusivamente dos seus frigoríficos brasileiros para atender ao mercado norte-americano.
ENTENDA: Por que grandes frigoríficos brasileiros não deverão sentir tanto o tarifaço dos EUA
Além do Brasil, a Minerva envia produtos para os EUA pelas suas indústrias na Argentina, no Paraguai, no Uruguai e na Austrália.
Um dia depois do anúncio do tarifaço de 50%, a empresa divulgou para o mercado que a medida poderia afetar no máximo 5% de sua receita total.
E que, no último ano, as vendas para os EUA representaram 16% do faturamento, sendo que o Brasil respondeu por apenas 30% dessa fatia.
Como o tarifaço de Trump impacta nas exportações de carne bovina do Brasil?
A Marfrig manda carne para o país de Trump a partir de plantas no Brasil, no Uruguai e na Argentina.
A empresa informou os investidores que, em 2025, as exportações de carne bovina e processados do Brasil representaram somente 1,4% das vendas totais da companhia na América do Sul e 0,18% de toda a operação global.
Marfrig e JBS também têm operação nos EUA. Em entrevista à Reuters, o CEO global Gilberto Tomazoni afirmou que a JBS responde por cerca de 15% das exportações brasileiras de carne bovina para lá.
Questionada pelo g1, a empresa não informou de quais países partem os embarques para os EUA, além do Brasil. A JBS também tem unidades no México e na Austrália.
Ela passou a negociar suas ações na Bolsa de Nova York em junho e anunciou novos investimentos nos EUA nesta quinta-feira (14), incluindo US$ 200 milhões em plantas no Texas e no Colorado.
Vale lembrar que os rebanhos dos americanos estão no nível mais baixo da história, o que tem feito as compras do alimento de países estrangeiros dispararem — e o preço da carne nos EUA também.
A própria JBS prevê que a disponibilidade de gado nos EUA vai melhorar gradualmente apenas a partir do final de 2027, relatou Reuters nesta quinta-feira (14).
Quantidade de bois no território americano ao longo dos anos.
Arte/g1
Outro fator que afeta a operação de carne bovina da JBS nos EUA é o fechamento da fronteira com o México, em maio, devido à ocorrência da bicheira-do-Novo Mundo, um parasita.
Apesar de menos impactadas pelo tarifaço, Marfrig e JBS têm articulado com empresas e com o governo dos EUA para livrar a carne bovina brasileira da sobretaxa, afirmou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Perosa, em evento na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), no último dia 12.
Rota europeia para o café brasileiro
O setor cafeeiro do Brasil não tem tantas operações no exterior como os exportadores de carne bovina, segundo o advogado tributarista William Crestani.
Mas existem países que compram o grão brasileiro para fazer modificações, industrializar, e, em seguida, reexportar, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cacafé).
A Alemanha é um exemplo. Sem produção significativa de café, o país é o segundo maior importador do grão brasileiro no mundo, atrás apenas dos EUA, mas também é um grande vendedor do produto.
Café brasileiro à venda em uma loja de produtos importados em Nova York em 15 de julho de 2025
Adam Gray/Reuters
O país europeu foi o maior reexportador de café entre maio de 2024 e abril de 2025, com 13 milhões de sacas vendidas, segundo a Organização Internacional do Café, que mapeia esse tipo de operação.
O Cecafé destacou que a reexportação é uma iniciativa dos importadores, como a Alemanha, e não dos exportadores da matéria-prima, como o Brasil.
Com o tarifaço, esse cenário deve se intensificar, afirmou o economista José Roberto Mendonça de Barros no podcast O Assunto (ouça abaixo) da última quinta.
Segundo ele, o exportador brasileiro vende o grão, por exemplo, para um produtor europeu que vai transformar isso em café pronto, na lata. "A Europa faz muito isso. Esse café entra lá e, de lá, vai para os EUA. Isso eu acho que vai acontecer", diz.
Tarifaço pode encarecer ou baratear o preço dos alimentos no Brasil?
Entenda o impacto do tarifaço de Donald Trump para o agro do Brasil
Lula diz a Motta que não interessa ao governo o enfraquecimento do presidente da Câmara
Hugo Motta diz que não pode ter preconceito com pautas
No encontro de reaproximação na noite da última terça-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse a Hugo Motta (Republicanos-PB), que preside a Câmara dos Deputados, que não interessa para o governo o seu enfraquecimento.
Segundo relato de interlocutores de Lula ao blog, o presidente reafirmou o apoio a Motta, mesmo depois da crise entre parlamento e Executivo por conta da derrubada do decreto que aumentava o IOF.
“Lula afirmou que não interessa ao governo um presidente da Câmara fraco”, disse um ministro.
O encontro teve também um momento de discussão da relação entre os dois poderes. Ao citar a derrubada do decreto presidencial sobre o IOF, Motta disse a Lula eleito por uma gama de parlamentares da esquerda à direita, e que precisa negociar e atender a todos.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT)(e), e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), durante a cerimônia de assinatura da medida provisória da reforma do setor elétrico, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), em 21 de maio de 2025.
Wilton Junior/Estadão Conteúdo
O governo avalia que, ao final, se saiu vitorioso no episódio, já que o decreto foi parcialmente restituído por decisão do STF.
Motta e Lula discutiram também a pauta da Câmara no segundo semestre.
Lula pediu para que dois projetos tenham prioridade:
a ampliação da isenção do imposto de renda para R$ 5 mil;
a medida provisória que amplia a tarifa social de luz, com isenção para famílias do cadastro único que consomem até 80kwh por mês.
O encontro teve como motivo a apresentação do pacote de auxílio a empresas afetadas pelo tarifaço do governo dos EUA às exportações brasileiras.
A medida provisória do governo precisa ser aprovada nas duas casas para valer por mais de 120 dias. Também na terça, Lula almoçou com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
De devolução de aeronaves paradas a aumento da receita, Azul se vê 'mais leve' e projeta saída de processo de recuperação judicial
Azul se vê 'mais leve' e projeta saída de processo de recuperação judicial
"Não vamos ficar menor, vamos ficar onde estamos. Bem mais leve". Foi assim que classificou John Rodgerson, CEO da Azul Linhas Aéreas, ao comentar os resultados operacionais e o andamento do processo de recuperação judicial pelo qual a companhia passa nos Estados Unidos, na noite desta quinta-feira (14).
Após a sétima audiência do processo do Capítulo 11 da Lei de Falências, nos Estados Unidos, a Azul prevê apresentar em setembro o plano de reestruturação completo, com a expectativa de deixar o processo de recuperação judicial até dezembro.
Ao divulgar os dados do 2º trimestre, a Azul informou que alcançou receita operacional de R$ 4,9 bilhões, alta de 18% no comparativo com abril a junho de 2024. Um resultado impulsionado principalmente pela alta demanda registrada, entre eles a participação dos mercados internacionais.
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'Mais leve'
Ao falar que a companhia fica mais leve, Rodgerson destacou como "peso" o pagamento de aluguel por aeronaves paradas, fora de operação, que davam custos à Azul sem a possibilidade de receita.
"Recuperação judicial é para tirar aquele peso do passado dos nossos ombros. Para tirar aquelas aeronaves que não estão operando, e para tornar a Azul uma empresa mais eficiente. Tirando aquela dívida que nós pegamos em 2020 e 2021, quando não tivemos nenhum aporte governamental, como outras empresas aéreas em outros locais do mundo tiveram. Nós estamos tirando aquela dívida para andar muito mais leve", disse.
Assim, entre as ações já estabelecidas estão a devolução de aeronaves: 12 já foram concretizadas, e o número pode chegar a 30.
"Muitas dessas aeronaves já estavam paradas, e estavámos pagando aluguel por aeronaves que não iam voar mais. O processo do Chapter 11 vai permitir tirar a obrigação de pagar aluguel por uma aeronave que não está gerando mais receita. Isso vai deixar a Azul mais leve. Não vamos ficar menor, vamos ficar onde estamos, e crescer um pouco mais modesto daqui para frente. Todas as obrigações vão sair do nosso balanço e deixar a gente mais leve daqui para a frente", defendeu o CEO.
A Azul projeta que a redução da frota total ao fim do processo será menor que o corte dessas aeronaves fora de operação, pois haverá chegada de novos aviões.
Atualmente são 180 aeronaves, e a projeção é que após o processo de recuperação, a companhia opere com 20 a menos.
Redução de frota? Entenda o que prevê Azul no plano de recuperação judicial nos EUA
Otimizar hubs
A melhora nos resultados operacionais passa por atuar em rotas com maior demanda, o que explica, por exemplo, o encerramento de operações de voos em 14 cidades brasileiras em 2025.
As mudanças ocorreram em março e parte havia sido anunciada em janeiro - quando a companhia comunicou a suspensão em 12 municípios.
Em uma apresentação para investidores, a companhia informou, no início de agosto, que o encerramento das operações nas cidades "não lucrativas" representava a eliminação de 53 rotas - veja lista abaixo.
Na coletiva desta quinta, a empresa destacou que os destinos cancelados representavam 0,3% da receita líquida de companhia.
"Com as mudanças, a companhia adaptou sua malha para a operação dos próximos meses, quando se inicia o período da alta temporada. A Azul fez um planejamento de malha com oferta de 3,6 mil voos extras e oferta de 520 mil assentos em todo o país, com destaque para operações inéditas a partir do aeroporto de Congonhas. Pela primeira vez, a Companhia converterá 45% dos voos originalmente voltados ao público corporativo em operações sazonais de lazer para atender a intensa demanda do período", destacou a empresa, em comunicado.
Lista de cidades
Crateús(CE)
São Benedito(CE)
Sobral (CE)
Iguatú (CE)
Campos (RJ);
Correia Pinto (SC)
Jaguaruna (SC)
Mossoró (RN)
São Raimundo Nonato (PI)
Parnaíba (PI)
Rio Verde (GO)
Barreirinhas (MA)
Três Lagoas (MS)
Ponta Grossa (PR)
Agora, a companhia afirma que irá focar em seus hubs - o principal deles é o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP). Entre as principais operações também estão Confins (MG) e Recife (PE), mas a Azul informou que haverá investimentos para aumento nas operações em Porto Alegre (RS).
Companhia aérea azul voos Araxá e Patos de Minas
Azul/Divulgação
Recuperação judicial
A recuperação judicial da empresa, aprovada na Justiça dos Estados Unidos na primeira audiência do processo, em 29 de maio, prevê um financiamento de US$ 1,6 bilhão para eliminar a dívida.
Segundo a empresa, a intenção é manter todos os seus ativos, podendo continuar com a operação, negociar um possível adiamento de suas dívidas e, com aprovação judicial, conseguir um novo empréstimo.
O que está por trás da suspensão? g1 entrevista CEO, que revela corte de custos
"Parte desse capital será usada para comprar uma parte da dívida e parte para custear a operação da empresa durante esse período", disse, após a primeira audiência, o vice-presidente da institucional da Azul, Fábio Campos.
No início de julho, a companhia informou ao g1 que obteve a aprovação final de todas as petições feitas durante segunda audiência que envolve a recuperação judicial.
Cronograma da recuperação judicial
Nesta quinta (14), Fábio Campos explicou que até o momento não houve qualquer objeção da justiça e dos credores dentro das ações apresentadas pela companhia em sete audiências, e que tudo ocorre dentro do cronograma estimado.
A apresentação do plano estutural completo, em setembro, marca, segundo Fábio, o começo da caminhada para a saída da recuperação judicial nos Estados Unidos, com a expectativa pelo encerramento do processo em dezembro.
Anúncio da suspensão em 12 cidades
Azul anuncia suspensão de operações em 12 cidades brasileiras; oito são do Nordeste
Em janeiro, quando fez o anúncio da suspensão das operações em 12 cidades, a companhia destacou que "as mudanças fazem parte do planejamento operacional, e os clientes impactados estão sendo comunicados previamente e receberão a assistência necessária, conforme prevê a resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)".
Na época, antes mesmo do processo de recuperação judicial nos EUA, a companhia citou os impactos causados pela crise global na cadeia de suprimentos e a alta no dólar, somada às questões de disponibilidade de frota e de ajustes de oferta e demanda entre as justificativas para a suspensão.
Pelos mesmos motivos, anunciou na mesma ocasião que os voos para Fernando de Noronha (PE) seriam operados somente a partir de Recife (PE) e que os de Juazeiro do Norte (CE) teriam como destino o Aeroporto de Viracopos.
As operações no aeroporto de Caruaru (PE) também foram "readequadas" devido à baixa ocupação. Os voos passaram a ser operados por aeronaves Cessna Grand Caravan, com capacidade para nove clientes.
A companhia ressaltou que “como empresa competitiva, reavalia constantemente as operações em suas bases, como parte de um processo normal de ajuste de capacidade à demanda”. Disse ainda que “está sempre avaliando as possibilidades e necessidades de mercado e, consequentemente, mudanças fazem parte do planejamento operacional”.
VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região
Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Campinas.
Mega-Sena, concurso 2.901: prêmio acumula e vai a R$ 55 milhões
G1 | Loterias - Mega-Sena 2901
O sorteio do concurso 2.901 da Mega-Sena foi realizado na noite desta quinta-feira (14), em São Paulo. Nenhuma aposta acertou as seis dezenas, e o prêmio para o próximo sorteio acumulou em R$ 55 milhões.
Clique aqui para seguir o canal de Loterias do g1 no WhatsApp
Veja os números sorteados: 02 - 20 - 28 - 38 - 44 - 47.
5 acertos - 38 apostas ganhadoras: R$ 59.141,96
4 acertos - 3.111 apostas ganhadoras: R$ 1.190,77
O próximo sorteio da Mega será no sábado (16).
concurso 2.901 da Mega-Sena
Caixa / Reprodução
Entenda como funciona a Mega-Sena e qual a probabilidade de ganhar o prêmio
Para apostar na Mega-Sena
As apostas podem ser realizadas até as 19h (horário de Brasília) em qualquer lotérica do país ou por meio do site e aplicativo Loterias Caixa, disponíveis em smartphones, computadores e outros dispositivos.
O pagamento da aposta online pode ser realizado via PIX, cartão de crédito ou pelo internet banking, para correntistas da Caixa. É preciso ter 18 anos ou mais para participar.
Probabilidades
A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada.
Para um jogo simples, com apenas seis dezenas, que custa R$ 6, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa.
Já para uma aposta com 20 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 232.560,00, a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 1.292, ainda de acordo com a instituição.
Bilhetes da Mega-Sena, em imagem de arquivo
Marcelo Brandt/G1
Banco do Brasil tem lucro de R$ 3,8 bilhões no 2º trimestre, queda de 60% em um ano
Sede do Banco do Brasil, em Brasília
Adriano Machado/Reuters
O Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,784 bilhões no segundo trimestre, um tombo de 60% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (14) pela instituição.
Projeções compiladas pela LSEG apontavam lucro líquido de R$ 5 bilhões para o período.
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O BB atualizou estimativas que tinha suspendido anteriormente, entre elas a de lucro líquido ajustado, agora calculado entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões em 2025. Antes de suspender em maio, previa entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões.
Em fato relevante divulgado ao mercado, o banco também anunciou revisão do payout para 2025 para 30%, versus entre 40% e 45% anteriormente. Payout é a percentagem do lucro distribuída aos acionistas como dividendos.
Investidores aguardavam com ansiedade pela divulgação dos números do segundo trimestre, após o resultado do primeiro trimestre, apresentado em meados de maio, ser "pior do que se temia", como escreveram analistas do BTG Pactual após os dados.
Nos primeiros três meses do ano, o BB mostrou um resultado bem aquém das previsões no mercado, com lucro líquido ajustado de R$ 7,37 bilhões, pressionado pelo agravamento da inadimplência de parte da carteira de agronegócios e novas regras contábeis.
O banco de controle estatal suspendeu na ocasião várias previsões sobre o desempenho em 2025, incluindo para o lucro. No primeiro pregão após a divulgação do balanço, as ações chegaram a desabar quase 15% no pior momento.
Desde então, em meio a revisões de perspectivas para o banco pelo mercado e novos ruídos envolvendo números do Banco Central sobre o setor, os papéis acumularam uma perda de mais de 30%.
Banco Central do Brasil sobe selic para 15% ao ano